Do blog do NOBLAT
“O que uma pessoa sensata faz no começo, os tolos fazem no
fim” (Warren Buffet).
Não deixa de ser um tanto patético que em pleno ano de 2012, quando o século
começa a dar seus passinhos de pré-adolescente , ainda se discuta nas mesas de
botequim se aquilo que a dona Dilma quer fazer com vários itens da dizimada
infra-estrutura brasileira deva ser chamado de privatização ou de concessão.
Imaginem a China discutindo isso. Vê lá se Deng Xiao Ping, que achava
glorioso enriquecer e não se importava com a cor do gato, desde que ele caçasse
o rato, tendo que dar um jeito de alimentar 1,2 bilhões de pessoas, perderia seu
tempo em debate desse tipo de besteira. Provavelmente os chineses ainda estariam
fumando ópio.
Mas que nada: o Brasil é um país extremamente adiantado, e embora ainda não
passe do 84º lugar no Indice de Desenvolvimento Humano e do 88º no ranking
mundial de educação, e ainda tenha que garantir a sobrevivência de uma terça
parte de sua população alimentando-a, praticamente, a cupons de subsistência,
discute nos jornais, nas cátedras acadêmicas e nos botequins da esquina se a
concessão é uma privatização ou se a privatização é uma concessão.
A falta de senso de ridículo é uma das fragilidades que atestam o
subdesenvolvimento mental de uma Nação. Ser a sexta economia do mundo às vezes
pode não significar nada além do registro de um acúmulo de produção de riquezas
agrícolas ou minerais que não tem nenhum parentesco com qualquer espécie de
desenvolvimento civilizacional.
Ou seja: plantar e colher toneladas de soja ou escavar toneladas de minério
de ferro não significa necessariamente parentesco ou proximidade com a
civilização.
A presidente anunciou na quarta feira um ambicioso programa de privatização,
que mesmo com todo o esforço que ela fez para apelidar de concessão, vem a dar
na mesma: à iniciativa privada serão dadas condições de investir 133 bilhões de
reais em estradas e ferrovias para duplicar a sua capacidade em 5 anos.
Somando tudo isso aos investimentos previstos em portos e aeroportos (estes
mais urgentes por causa da proximidades da Copa e dos Jogos Olímpicos) o governo
não apenas reconhece que grande parte da infraestrutura do País está
estraçalhada, como o fato óbvio de que não tem recursos para recuperá-la e nem
capacidade gerencial para executar essa recuperação.
E o que é mais gritante e óbvio: não há mais tempo a perder, sob pena de
paralisar de vez a capacidade produtiva do País, já contida por uma série de
gargalos.
A discussão estúpida pode continuar nas cátedras, nos partidos, nas redes
sociais, nos cafofos e nos bilhares do boteco da esquina: privatização ou
concessão, esse programa é a última chance de tirar o país do sucateamento.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor
do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação
da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do
livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani
Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br
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