sábado, 19 de julho de 2014

MUNDO: Ucrânia acusa rebeldes de roubar provas do acidente de avião

Do ESTADAO.COM.BR
AGÊNCIA ESTADO

Segundo porta-voz do governo ucraniano, separatistas pró-Rússia estão dificultando o trabalho das equipes
O porta-voz do governo ucraniano informou neste sábado que separatistas pró-Rússia estão restringindo o movimento das equipes de resgate no local da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines e também confiscando evidências do acidente.
Participantes dos trabalhos de busca resgataram até agora 186 corpos de uma área de 25 metros quadrados no leste da Ucrânia, atualmente controlada pelos rebeldes. O governo ucraniano montou em Kharkiv um centro de gestão da crise, e os separatistas fizeram o mesmo em Mariupol, uma das cidades ao leste do país que estão sob seu domínio.
Participantes dos trabalhos de busca resgataram até agora 186 corpos de uma área de 25 metros quadrados no leste da Ucrânia
Ainda não está claro se os corpos foram recolhidos ou recuperados, disse Andriy Lysenko, porta-voz do Conselho de Defesa e Segurança Nacional. "Há trabalhadores do serviço federal de emergências no local...Mas eles não têm liberdade de movimento. Eles não são autorizados a deixar a zona (sob o controle dos rebeldes). Os terroristas estão pegando todas as evidências que eles coletam", contou Lysenko, sem especificar se os separatistas também estão confiscando os corpos, partes da aeronave ou outros itens.
A Ucrânia vai liderar a investigação sobre o acidente aéreo e uma equipe multinacional se reúne em Kiev para colaborar com o caso. Investigadores até o momento têm acesso limitado em meio ao conflito entre os rebeldes e o governo ucraniano.
Líderes de várias partes do mundo, incluindo o presidente norte-americano Barack Obama, pediu transparência na investigação. Os Estados Unidos e seus aliados culparam os separatistas pró-Rússia por disparar o míssil que derrubou a aeronave.
Investigadores buscam evidências para determinar o que aconteceu e a localização das caixas-pretas que armazenam a informação do voo e as gravações da conversa entre o piloto e o co-piloto. O governo federal ainda não dispõe de informação precisa sobre o paradeiro das caixas-pretas, de acordo com Lysenko.
O Ministro de Transportes malaio, Liow Tiong Lai, expressou preocupação sobre as dificuldades durante a investigação. "A integridade do local (do acidente) está comprometida, e há indícios de que evidências vitais não foram preservadas." Fonte: Dow Jones Newswires.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

ECONOMIA: Bovespa sobe 2,5% e passa dos 57 mil pontos pela 1ª vez em mais de 16 meses

Do UOL, em São Paulo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 2,47% nesta sexta-feira (18), a 57.012,9 pontos. É a primeira vez que a Bolsa passa dos 57 mil pontos desde 14 de março do ano passado, quando encerrou a sessão a 57.281,02 pontos. É também a maior alta percentual diária desde 6 de junho deste ano, quando a Bolsa subiu 3,04%. 
Com isso, a Bovespa encerra a semana com alta de 4,06%. No mês, acumula valorização de 7,23%, e no ano, ganhos de 10,69%. 
Analistas consultados pela agência de notícias Reuters e pelo jornal "Valor Econômico" afirmaram que a Bolsa subiu após a divulgação, na véspera, da última pesquisa eleitoral. De acordo com o Datafolha, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) aparecem tecnicamente empatados em um eventual segundo turno nas eleições presidenciais de outubro.
A notícia vem em um momento de descrença do mercado na administração da presidente Dilma e críticas em relação ao que consideram intervenção excessiva em estatais. Diante disso, as estatais subiram, ajudando a Bolsa a fechar no azul. 
O bom desempenho das ações dos bancos Bradesco e Itaú Unibanco, que têm grande peso sobre o índice, também influenciaram a alta da Bolsa.
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou em queda de 1,35%, cotado a R$ 2,228 na venda. Na semana, a moeda acumulou alta de 0,31%.

COMENTÁRIO: Quadro preocupante

Por Merval Pereira - O Globo

Apesar de ter variado para menos na margem de erro e de seus competidores mais próximos não terem saído do lugar, a presidente Dilma tem na pesquisa do Datafolha/TV Globo divulgada ontem um quadro prospectivo preocupante. No mais longo prazo, a redução da diferença que a separa de Aécio Neves, do PSDB, no segundo turno leva a um empate técnico pela primeira vez, com a tendência de queda de Dilma se confirmando, enquanto o candidato tucano cresce.
Também para o candidato do PSB, Eduardo Campos, a diferença num hipotético segundo turno foi reduzida para sete pontos percentuais apenas, de 45% para 38%. Isso quer dizer que, quando a presidente Dilma é confrontada diretamente com seus principais opositores, a possibilidade de que ela perca aumenta a cada pesquisa, embora os dois sejam bem menos conhecidos do que ela.
Há outros dados preocupantes para a candidatura oficial. Ela continua sendo a mais rejeitada de todos os candidatos, com 35% de índice, o dobro da rejeição de Aécio e o triplo da de Campos. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, a rejeição de Dilma atinge nada menos do que 47%.
A presidente Dilma, no entanto, continua vencendo em praticamente todas as regiões do país, com exceção do Sudeste, onde está em empate técnico com o candidato tucano Aécio Neves. O Nordeste continua sendo sua fortaleza, embora a pesquisa Datafolha tenha detectado uma queda de sua popularidade na região.
Ela vence Aécio de 49% a 10%, mas tinha 55% na pesquisa anterior. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos aparece com apenas 12% na região em que é mais conhecido politicamente.
O que deve estar preocupando a campanha da presidente Dilma é o ânimo do eleitorado, que não está nada otimista. A maioria acha que a inflação e o desemprego vão aumentar, que o poder de compra vai ser reduzido, embora 70% dos entrevistados tenham dito que não temem perder o emprego, e a maioria, embora considere que a perspectiva econômica é ruim para o país, considera que sua vida pessoal vai melhorar ou continuar como está.
A Copa do Mundo não teve nenhuma influência na aprovação dos candidatos, tanto que Aécio, com 20%, e Campos com 8% (tinha 9% no levantamento anterior) mantiveram-se no mesmo lugar e a própria presidente Dilma caiu na margem de erro, de 38% para 36%. Apesar disso, a maioria acha que a presidente Dilma foi a mais beneficiada pela realização do campeonato mundial de futebol, o que pode ser um indício ruim para ela, pois mesmo assim ela perdeu pontos.
Outro índice muito analisado nas pesquisas eleitorais, o que mede a avaliação do eleitor sobre o governo do candidato(a) à reeleição, está, há alguns meses, dentro da margem que indica dificuldade para a eleição do(a) incumbente. Dilma caiu de 35% para 32% entre aqueles que consideram seu governo “ótimo ou bom”, e a marca de 35% já é o início do ponto negativo nessa avaliação.
Somente os governantes que estão acima de 35% de “ótimo ou bom” entram na faixa de reeleição mais provável. Nesta mesma época, quando tentaram a reeleição, os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso tinham 38% de “ótimo e bom”.
Todos esses dados ficam piores quando se sabe que a presidente Dilma é conhecida por 99% dos eleitores, sendo que 53% dizem que a conhecem “muito bem”. Já o candidato Aécio Neves é conhecido por 81% dos eleitores, mas somente 17% dizem que o conhecem “bem”. O candidato do PSB, Eduardo Campos, tem ainda mais espaço para crescer: apenas 59% dos eleitores dizem conhecê-lo, mas somente 7% consideram que o conhecem “muito bem”.

CORRUPÇÃO: 'Nunca vi tanto dinheiro', diz Janot sobre Operação Lava Jato

Do ESTADAO.COM.BR
ERICH DECAT - AGÊNCIA ESTADO

Segundo procurador-geral, esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar R$ 10 bilhões envolve 'destinos e destinatários' diversos
Brasília - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta sexta-feira que o esquema de lavagem de dinheiro investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, envolve vários "destinos e destinatários" e teria movimentado uma quantia de recursos que ele nunca viu na vida.
A Lava Jato foi desencadeada em março, quando 24 pessoas foram presas, entre elas o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. A PF, que suspeita que o esquema tenha movimentado R$ 10 bilhões, inidicou 46 investigados.
"O que eu posso dizer é que é um esquema enorme de lavagem de dinheiro. E esse dinheiro era utilizado em mais de uma utilidade. Então, tem campanha, corrupção, enfim. São vários os destinatários e destinos dessas importâncias", afirmou Janot. A polícia citou parlamentares na investigação como destinatários de valores repassados pelo grupo de Youssef.
Segundo procurador-geral, dinheiro era utilizado em mais de uma utilidade. "Tem campanha, corrupção, enfim. São vários os destinatários e destinos dessas importâncias", declarou
Questionado se o montante ultrapassaria as primeiras estimativas de desvios de R$ 10 bilhões, o procurador afirmou: "Está difícil fazer uma estimativa ainda, mas é muito dinheiro, nunca vi tanto dinheiro na minha vida".
O procurador não quis dar detalhes sobre as investigações, que corre em segredo de Justiça, mas afirmou que, assim que o processo estiver "maduro" para ser encaminhado à Justiça, revelará os nomes dos envolvidos.
Na lista deve constar a participação, por exemplo, de alguns congressistas. "A gente está atrás dessas pessoas [parlamentares] e assim que tivermos condição de revelar os nomes, revelaremos". Segundo Janot, o fato de nos próximos meses o País passar por um período eleitoral não influenciará num possível adiamento da divulgação dos envolvidos.
"Esses fatos aconteceram todos antes do processo eleitoral. As investigações começaram antes do processo eleitoral. O que a gente não pode fazer é deixar de trabalhar em razão de um processo eleitoral. o que a gente não pode fazer, e não faremos, é fazer o uso político de uma investigação", afirmou. "Não vou revelar ou deixar de revelar nome para que eu deliberadamente interfira no processo eleitoral. Esses nomes serão revelados quando a investigação estiver madura para ir para juízo", acrescentou.
O procurador informou ainda que já está de posse dos dados fornecidos pelo governo da Suíça, que pode ter informações referentes a movimentações bancárias de Paulo Roberto Costa naquele país. No mês passado, o Ministério Público da Suíça bloqueou US$ 23 milhões depositados em contas atribuídas ao ex-diretor da estatal.

MUNDO: Obama cita "evidências" de que o MH17 foi abatido por separatistas e responsabiliza a Rússia

Do UOL, em São Paulo

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou nesta sexta-feira (18) que "evidências indicam que o MH17 foi abatido por um míssil terra-ar de uma área controlada por separatistas apoiados pela Rússia".
"Também sabemos que não é a primeira vez que uma aeronave foi derrubada no leste da Ucrânia", acrescentou o presidente, lembrando que os separatistas têm recebido ajuda constante da Rússia, inclusive de armas pesadas. 
Embora tenha dito que "não gostaria de se antecipar aos fatos" e que "não sabemos exatamente o que aconteceu", Obama afirmou que os separatistas não teriam como operar do modo sofisticado que têm feito sem treinamento russo. 
"Sabemos que os separatistas estão pesadamente armados e treinados, e isso acontece por causa do apoio russo. Não é possível que eles funcionem do jeito que funcionam com o equipamento que têm. Um grupo de separatistas não pode derrubar um avião comercial com o equipamento que tem sem o apoio da Rússia."
"O que aconteceu não foi um acidente. Aconteceu porque eles [separatistas] tiveram apoio."
Arte/UOL
Voo ia de Amsterdã (Holanda) para Kuala Lumpur (Malásia)
O líder americano apelou ainda para que tanto a Rússia, como a Ucrânia e também os separatistas façam um cessar-fogo para que uma investigação sobre a queda da aeronave possa acontecer. Mas avaliou que cabe à Rússia tomar ações para diminuir a tensão na região. 
"[O presidente russo, Vladimir] Putin é a pessoa com maior controle sobre a situação de violência na Ucrânia e até aqui não o está exercitando", afirmou. 
"Deixei claro para Putin que nosso caminho preferido é o diplomático, mas eles têm de fazer uma decisão estratégica: continuar dando apoio aos separatistas ou que estão prontos para trabalhar com o governo da Ucrânia", acrescentou.
Segundo ele, estão a caminho da Ucrânia agentes do FBI e do National Transport Safety Board como parte da ajuda dos EUA oferecida àquele país. 
Americano morto
O presidente confirmou que pelo menos um cidadão americano foi morto na queda do avião da Malaysia Airlines, na fronteira da Ucrânia com a Rússia: Quinn Lucas Shanzmen.
Segundo ele, o que aconteceu com os passageiros do MH17 "é um absurdo de proporções indizíveis". 
"É uma tragédia global - um avião asiático com passageiros europeus caiu no território ucraniano."
Lista divulgada pela Malaysia Airlines na manhã desta sexta aponta que, dentre os 283 passageiros e 15 tripulantes, havia 189 holandeses, 44 malasianos (sendo 15 da tripulação mais duas crianças), 27 australianos, 12 indonésios (sendo uma criança), nove britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense, um neozelandês e um chinês de Hong Kong. 
Obama também lembrou os cerca de 100 especialistas em Aids que estavam a bordo do avião, a caminho de uma conferência na Austrália. Eram "homens e mulheres que dedicaram suas vidas para salvar a vida dos outros."

POLÍTICA: Grupos de Dilma e Lula se estranham na campanha petista

Do ESTADAO.COM.BR

VERA ROSA - O ESTADO DE S.PAULO
Disputa por mais influência sobre o comitê da reeleição é pano de fundo de críticas trocadas nos bastidores por auxiliares da presidente e de seu antecessor
BRASÍLIA - A campanha de Dilma Rousseff à reeleição vive uma disputa interna entre dois grupos. Um ligado à presidente e outro mais próximo de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora o coro de "volta, Lula" tenha sido abafado na convenção que oficializou a candidatura de Dilma, em 21 de junho, a queda de braço entre as duas alas continua nos bastidores.
Em conversas reservadas, dirigentes do PT dizem que amigos de Lula são alvo de "armação" dos "dilmistas". A rede de intrigas aborrece Lula, que tem uma sala montada para ele no comitê da reeleição, em Brasília, mas nenhum compromisso previsto para ocupá-la.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, esteve na quarta-feira no comitê. Conversou com o presidente do PT, Rui Falcão, e apresentou a ele um plano de trabalho para a corrida presidencial, na tentativa de aproximar Dilma da Igreja e dos movimentos sociais.
Isolamento. Ex-chefe de gabinete de Lula, de 2003 a 2010, Carvalho está isolado no governo Dilma. No comitê, petistas dizem que ele recusou convite para integrar a coordenação da campanha. O ministro, porém, jura que nunca foi convidado, embora prefira continuar suas funções no Palácio do Planalto até dezembro.
Três funcionários da Secretaria-Geral da Presidência foram indicados por Carvalho para a campanha de Dilma, mas ele próprio não tem intenção de entrar nesse núcleo. Cândido Hilário Garcia de Araújo, Geraldo Magela e José Claudenor Vermohlen despacham na Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais, subordinada ao ministério comandado por Carvalho, e deixarão o governo na segunda-feira para trabalhar no comitê.
Mata-mata. No Instituto Lula, sede da organização não governamental dirigida pelo ex-presidente, a avaliação é que a campanha do PT está em ponto morto, o que atiça o jogo de "mata-mata" entre o grupo mais próximo de Dilma e seguidores fiéis ao ex-presidente. No Planalto, o Instituto Lula foi batizado de "Serpentário do Ipiranga", numa referência ao bairro que abriga a sede da ONG, em São Paulo.
A briga por mais poder e influência na campanha de Dilma começou no quartel general da comunicação, atingindo justamente Franklin Martins - homem de Lula no comitê. Ex-ministro do governo Lula, Martins está sendo acusado pelos dilmistas de querer "mandar demais", provocando tensão desnecessária ao publicar posts agressivos, como o que alvejou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, no site "Muda Mais". Criado há cerca de três meses na conta do PT, o site dá suporte à campanha de Dilma.
Lulistas afirmam que um dos focos da "queimação" é o quarto andar do Planalto, onde fica a Casa Civil da Presidência, ocupada por Aloizio Mercadante.
Minas. O mata-mata também tem uma "ponta" no PT de Minas Gerais, reproduzindo a disputa protagonizada na eleição de 2010 por aliados de Fernando Pimentel, hoje candidato do partido ao governo mineiro, para tirar o poder de Falcão na comunicação da campanha.

ECONOMIA: Bovespa chega a subir 2,8%; Dólar opera em queda, perto de R$ 2,24

Do UOL

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, operava em forte alta nesta sexta-feira (18). Por volta das 11h35, o índice saltava 2,8%, a 57.197,4 pontos. Analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters e pelo jornal Valor Econômico afirmam que a Bolsa subia após a última pesquisa eleitoral, divulgada na véspera pelo Datafolha. A presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) estão tecnicamente empatados em um eventual segundo turno nas eleições presidenciais de outubro, mostrou a pesquisa. No mercado de câmbio, o dólar comercial caía 0,77%, a R$ 2,242 na venda. Nesta sessão, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias e mais tarde realiza mais um leilão para rolar parte dos swaps que vencem em 1º de agosto.

COMENTÁRIO: O emprego fraqueja

Por Celso Ming - ESTADAO.COM.BR

Ontem saíram mais três dados sobre o desempenho da economia. Dois deles continuaram apontando fraqueza. O terceiro ficou perto do desastre.
Os dados fracos vieram do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) e da Pesquisa Mensal de Serviços. O quase desastre apareceu no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O IBC-Br foi montado pelo Banco Central em 2010 para antecipar o comportamento do PIB, que só é divulgado trimestralmente, quatro meses depois de fechado o trimestre. E o que o IBC-Br mostrou ontem a respeito do que ocorreu em maio foi até um pouco melhor do que se esperava: queda de 0,18% em relação à situação de abril (veja o gráfico). Mesmo mais atenuados, os números de maio podem não refletir corretamente o que passou a acontecer, porque outras informações sobre o comportamento da produção mostraram problemas mais graves em junho, que se repetem nas primeiras semanas de julho.
O setor de serviços, que vinha bombando há alguns meses, também mostrou perda de vitalidade. Os dados do IBGE apontaram avanço nominal de 6,6% em maio de 2014, quando comparado com maio de 2013. Como a inflação do período ficou em 6,3%, fica claro que, em termos reais, o faturamento do setor de serviços está enfrentando uma fase próxima da paradeira, de acordo com o que já vem ocorrendo na indústria.
Os dados lastimáveis vieram com a criação de empregos formais (com carteira de trabalho assinada). Em junho, só foram criadas 25,4 mil vagas, o pior mês de junho desde 1998 (veja o Confira). Ainda ontem, a Fiesp apontou novos dados coerentes com esse: queda de 0,64% no nível de emprego na indústria paulista também em junho, em comparação com o mês de maio. É o pior mês de junho desde 2006.
Até agora, a única área macroeconômica que vinha mostrando força era o mercado de trabalho. Mês após mês, o IBGE indicava redução no nível de desocupação e as avaliações mostravam situação de pleno-emprego. No entanto, os dados do Caged mostraram ontem que até o mercado de trabalho começa a fraquejar, mesmo num mês de Copa do Mundo, quando se imaginava que tivessem sido criados muitos empregos, ainda que temporários.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, já não alardeia que a economia vai criar 1,5 milhão de empregos neste ano. Contenta-se se for 1 milhão. Para que essa meta se cumpra, será preciso que nos seis meses seguintes se criem 69 mil vagas mensais, o que parece difícil. O ministro Dias não consegue esconder que junho é o terceiro mês seguido de desaquecimento e que julho e agosto não prometem retomada sustentável.
Toda essa salada de estatísticas não teria grandes consequências não fosse este o início de um quentíssimo momento político, o da campanha eleitoral. E não há nenhuma indicação de que o governo saiba como enfrentar essa situação inegavelmente adversa para seus objetivos.

COMENTÁRIO: Pesquisa Datafolha traz más notícias para Dilma

Por Ricardo Noblat - Do blog do NOBLAT

A se levar em conta a pesquisa Datafolha de intenção de votos para presidente da República divulgada há pouco no Jornal Nacional, frustrou-se a tentativa do PT de tornar Dilma uma vítima depois que ela foi vaiada e insultada pelos torcedores no jogo de abertura da Copa do Mundo. Foi também no jogo final.
De outra parte, frustrou-se esforço do governo e da própria Dilma de elevá-la à condição de gestora de primeira, capaz de comandar a realização bem-sucedida do que chamou de Copa das Copas. De fato foi a Copa das Copas, segundo a maioria dos estrangeiros que por aqui estiveram. Mas a quem creditar o êxito?
Acima de tudo ao distinto povo brasileiro que se mostrou alegre e receptivo.
Dilma oscilou dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Tinha 38% na anterior, aplicada em junho. Caiu para 36%.
Aécio ficou com o que estava – 20%. E Eduardo perdeu um pontinho. De 9% para 8%. A pesquisa ouviu 5.377 eleitores esta semana.
Más notícias para Dilma: pela primeira vez, em simulação de segundo turno, ela e Aécio empataram tecnicamente. Ela com 44%, dois pontos a menos do que tinha na pesquisa anterior. Aécio com um ponto a mais – de 39% para 40%
O percentual dos que consideram o governo Dilma ótimo ou bom caiu de 35% para 32%. E subiu de 26% para 29% o percentual dos que apontam o governo como ruim ou péssimo.
Dilma é a campeã de rejeição: 35% garantem que não votarão nela de jeito nenhum. Contra 17% que garantem o mesmo em relação a Aécio e 12% em relação a Eduardo.

POLÍTICA: Datafolha revela empate técnico entre Dilma e Aécio no segundo turno

DE OGLOBO.COM.BR
POR LEONARDO GUANDELINE, JÚNIA GAMA E GERMANO OLIVEIRA

No primeiro turno, presidente tem 36%, contra 20% do tucano e 8% de Eduardo Campos
Datafolha faz levantamento de candidatos à Presidência - Arte O Globo
SÃO PAULO E BRASÍLIA — Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira pela TV Globo e pela “Folha de S. Paulo" mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda lidera a disputa com 36% das intenções de voto contra 20% de Aécio Neves (PSDB), mas, pela primeira vez, a diferença dela para o tucano no segundo turno caiu para apenas quatro pontos percentuais, a mais baixa do levantamento feito pelo instituto, configurando empate técnico, já que a pesquisa tem margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos. Se a eleição do segundo turno fosse hoje entre Dilma e Aécio, a petista teria 44% dos votos e o tucano teria 40%.
Na pesquisa anterior sobre o segundo turno, realizada nos dias 1 e 2 de julho, Dilma tinha 46% contra 39% de Aécio, com uma diferença de sete pontos. Na disputa de Dilma com Eduardo Campos (PSB), a presidente teria agora 45% contra 38% do ex-governador de Pernambuco. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 48% e Campos, 35%.
Segundo a pesquisa Datafolha, que ouviu 5.377 pessoas nos dias 15 e 16 de julho, Dilma ainda lidera a disputa e teria 36% das intenções de voto, contra 20% de Aécio, 8% de Eduardo Campos (PSB) e 3% do Pastor Everaldo. Os votos brancos e nulos eram 13% e os que não sabiam em quem votar eram 14%. Dilma oscilou negativamente dois pontos, já que na pesquisa realizada nos dias 1º e 2 de julho ela tinha 38% (contra 20% de Aécio e 9% de Eduardo Campos). Na última pesquisa, feita nos dias 1º e 2 de julho, Dilma tinha 38%, Aécio 20%, e Eduardo Campos 9%. Os brancos e nulos eram 13% e não sabiam em quem votar eram 11%.
Juntos, todos os candidatos rivais de Dilma somam 36%, mesmo percentual atribuído à petista, o que fortalece ainda mais a expectativa de realização de segundo turno.
DESAPROVAÇÃO BATE RECORDE
Na medida em que o segundo turno fica mais próximo, também aumenta a desaprovação ao governo da presidente Dilma: 29% desaprovam a gestão da presidente petista. Na pesquisa realizada nos dias 1º e 2 de julho, Dilma era desaprovada por 26%, que disseram que seu governo era ruim ou péssimo. O total de eleitores que classificam a administração como boa ou ótima é de 32%, praticamente o mesmo percentual apurado em junho de 2013. Naquela época, a taxa de aprovação à gestão da presidente despencou de 57% para 30%. Os que acham que o governo é regular somam 38%. A taxa de 29% de desaprovação da gestão Dilma é a maior da série, desde março de 2011.
A taxa de rejeição da presidente Dilma também subiu de 32% para 35%. Depois dela, o candidato mais rejeitado é o Pastor Everaldo (PSC) com 18% de rejeição. Aécio oscilou de 16% para 17% e Eduardo Campos manteve os 12% da pesquisa anterior.
O empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves divulgado pelo Instituto Datafolha em simulação de segundo turno está diretamente relacionado à queda na avaliação do governo da presidente. Essa é a opinião do cientista político Fernando Antônio de Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). O professor ainda acrescenta que, “pela primeira vez, a oposição vislumbra uma possibilidade efetiva de ganhar as eleições deste ano”.
— Esse dado (empate técnico no segundo turno) está relacionado com a avaliação do governo da presidente. O ruim/péssimo está muito próximo do ótimo/bom, com número expressivo de avaliação regular — avalia Azevedo.
A exemplo de Azevedo, o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que a eleição deve ser muito disputada. Ele observa que, nas simulações de segundo turno, os candidatos da oposição têm apresentado curvas ascendentes nas últimas pesquisas, enquanto que Dilma registra o contrário. Couto salienta que a avaliação positiva do governo da presidente tem caído após uma ligeira recuperação e os índices estão próximos aos registrados após os protestos de junho do ano passado.
— Há uma tendência de piora na avaliação do governo. A melhora após queda em julho do ano passado foi revertida. Houve uma piora com índices num patamar muito parecido com aquele pós-manifestações. E a presidente volta a ter essa pior avaliação às vésperas da disputa eleitoral — disse Couto.
Para ele, é “altamente improvável” que a eleição seja vencida no primeiro turno.
LÍDER DO PT DISCORDA DE NÚMEROS
A assessoria da campanha da presidente Dilma Rousseff informou que, como sempre, a candidata não comentaria pesquisas. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), no entanto, disse não acreditar nos números.
— Não assusta, nem surpreende, e não acredito que isso corresponda a um dado de realidade. Mas não vou discutir com pesquisa. No momento que começarmos a campanha propriamente dita, não tenho dúvida de que vamos ganhar bem — afirmou Costa.
Aécio Neves comemorou o resultado:
— É mais uma pesquisa que aponta claramente na direção de que teremos segundo turno. Quanto mais caminho pelo Brasil, percebo que o sentimento de mudança é crescente e acredito que é o que vai prevalecer. Cabe a nós cada vez mais apresentarmos nossas propostas e discuti-las com a sociedade para que o Brasil faça sua escolha — disse o tucano.
Coordenador-geral da campanha de Aécio, o senador José Agripino Maia (DEM) ressaltou que o dado mais relevantes contra a presidente Dilma foi a queda dos indicadores de avaliação de seu governo.
— Candidato de governo com avaliação “bom e ótimo” igual a “ruim e péssimo” está morto. Eu nunca vi candidato de governo com esse tipo de avaliação ganhar a eleição. Não é para tirar os pés do chão nem comemorar, mas as chances da oposição são reais —afirmou Agripino Maia.
A assessoria de Eduardo Campos considera positivo resultado da pesquisa. Avalia que a sondagem mostra uma continuidade na queda da Dilma e que a eleição caminha para o segundo turno "com boa chance" de derrota da presidente Dilma e de vitória da oposição.

COMENTÁRIO: Água morna

Por Dora Kramer - ESTADAO.COM.BR

O eleitorado já fez a parte que lhe cabe nessa altura: posicionou-se quanto ao que espera de quem venha a comandar o País nos próximos quatro anos, dizendo que deseja mudanças; um Brasil melhor, portanto.
Emprego, renda, devolução dos impostos na forma de bons serviços, oportunidades, representação política com um mínimo de qualidade, estabilidade nos preços, segurança e a elevação do grau de maturidade no diálogo entre Estado e sociedade.
Os candidatos a presidente da República, contudo, ainda estão devendo uma resposta à altura desses anseios. E que não peçam para cada cidadão ler atentamente os programas de governo registrados na Justiça Eleitoral.
A conquista da emoção e da razão do público se dá no ambiente da interlocução que consigam construir mostrando que estão identificados com os desejos e sabem exatamente como realizá-los. De preferência, pensando em algo que ainda não tenha ocorrido ao eleitor, mas que uma vez dito desperte o inconsciente coletivo.
Isso quer dizer ir além do óbvio, fazer a diferença e ousar com vontade de acertar. Hoje os principais concorrentes parecem todos na defensiva, com muito mais medo de errar.
O governo tentando se equilibrar na sua zona de conforto das realizações passadas e promessas vagas de "fazer mais" e a oposição igualmente genérica, não raro demagógica e temerosa de se confrontar com programas governamentais de resultado inócuo.
Um exemplo? Aécio Neves prometendo reformular o programa Mais Médicos. Segundo ele, vai rever as regras de contratação com o governo cubano. Conversa de mineiro, pois sabe perfeitamente bem que a questão da saúde pública não se resolve com a importação de profissionais.
Podemos citar também a proposta do candidato Eduardo Campos sobre o passe livre para estudantes do transporte público. Isso lá é assunto para pretendente à Presidência de uma República complexa como a do Brasil?
A ideia aí é atrair a juventude. Sacada boa, porém óbvia demais e pequena ante a intenção de quem se propõe a dar um choque de renovação na política.
Esse poderia ser um bom tema para todos eles. Mas nenhum deles se atreve (no sentido original do termo, clarear as trevas) a propor algo de realmente inovador: a mudança do modelo das relações entre Executivo e Legislativo.
Eduardo Campos, em tese, propõe. Na prática, faz todo tipo de aliança na eleição e diz que isso é tática para tentar se eleger. Por que não seria para, se eleito, governar? Sobre a reforma política, nenhum dos três sai do lugar.
Dilma quer plebiscito e financiamento público, ambos as sugestões inexequíveis; Aécio defende um voto distrital que sozinho não faz verão; Campos sobre o misto de financiamento público e privado junto com lista fechada e limitação de mandatos legislativos.
O eleitor só fica olhando enquanto nenhum deles dá uma palavra sobre voto obrigatório ou facultativo, porque não lhes interessa a quebra dessa reserva de mercado.

Carochinha. Uma graça a justificativa de suas excelências para a suspensão dos trabalhos legislativos até as eleições: livrar o contribuinte do risco da aprovação de propostas demagógicas que resultem em aumento de gastos públicos.
Quanto a obrigar o contribuinte a pagar-lhes os salários enquanto cuidam das respectivas vidas políticas no lugar de exercer o mandato, os congressistas já não têm restrições.
Ademais, se a preocupação com o populismo é assim tão séria, bastaria que os líderes partidários usassem o mesmo poder que tiveram de suspender as sessões deliberativas para derrubar por votação simbólica as tais propostas demagógicas.

Vitamina. Quanto mais se noticia o afastamento entre a presidente Dilma e o coordenador de internet da campanha, Franklin Martins, mais os dois se reaproximam.

MUNDO: Netanyahu ordena ‘expansão significativa’ da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza

De OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ação militar no território palestino mata mais de 20 palestinos e um soldado israelense
Tropas israelenses entram na Faixa de Gaza - HANDOUT / REUTERS
TEL AVIV — O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta sexta-feira que havia ordenado para os militares se prepararem para a possibilidade de “expansão significativa” da operação terrestre na Faixa de Gaza. Segundo o premier, o foco da ofensiva é eliminar a ameaça apresentada por túneis do Hamas, além de garantir a segurança da população israelense, mas reconheceu que “não há garantia de 100% de sucesso” na ação militar.
— Nós não temos nenhuma garantia de 100% de sucesso, mas estamos fazendo tudo o que pudermos para alcançar o máximo — declarou disse Netanyahu.
Netanyahu também ofereceu condolências à família do soldado israelense morto horas depois da entrada das Forças Armadas na Faixa de Gaza na noite da quinta-feira. Eitan Barak, de 20 anos, morreu durante a ofensiva terrestre e Tel Aviv investiga se o fogo amigo está envolvido em sua morte. Segundo fontes médicas palestinas, mais de 20 moradores de Gaza foram mortos, entre eles um bebê de 4 meses, duas crianças e uma mulher de 70 anos.
Hamas, o grupo palestino que controla a Faixa de Gaza, disse que Israel vai “pagar um preço alto” pela invasão. Fontes palestinas relataram pesado fogo de artilharia em todo o território.
— Eles estão atirando em todas as direções, tudo aqui está tremendo — disse um morador de Gaza ao jornal “Haaretz”.
O sargento Barak foi a segunda vítima israelense do conflito, que começou em 8 de julho. Agências de notícias informaram que o soldado foi baleado perto de Beit Hanoun, no Nordeste de Gaza, possivelmente a partir de fogo amigo. Na noite de terça-feira, um civil de 37 anos foi morto por morteiros a partir de Gaza quando ele distribuía comida para soldados perto da fronteira.
A escalada da violência começou com o sequestro de três jovens israelenses em um assentamento na Cisjordânia. Ao menos seis palestinos morreram em operações de busca pelos adolescentes e centenas foram presos. Logo após os corpos serem encontrados um jovem palestino foi sequestrado e assassinado em Israel, despertando a indignação dos palestinos.
Essa foi a primeira ofensiva terrestre desde o início da operação Limite Protetor, há dez dias. O movimento ocorre após o fim de um cessar-fogo temporário para levar ajuda humanitária à Gaza. Durante a noite, milhares de soldados entraram no território palestino, apoiados por tanques e artilharia, e atingiram mais de cem alvos, entre eles 20 plataformas de lançamento de mísseis e nove túneis, informaram oficiais.
GAZA SEM LUZ
Quase 70% da Faixa Gaza está sem energia elétrica desde o início da ofensiva terrestre israelense na quinta-feira à noite. A pior situação ocorreu no Norte do território palestino, onde houve corte total das linhas.
— Todas as nossas linhas com Israel estão cortadas. Geralmente, recebemos 120 MW. Hoje não recebemos nada — disse o diretor da agência de energia elétrica de Gaza, Fathi Sheikh Khalil. — Pedimos a ajuda da Cruz Vermelha e aos serviços israelenses de energia elétrica para reparar algumas linhas, mas nos informaram que era muito perigoso — acrescentou.
As linhas foram cortadas após o início da operação terrestre contra o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, submetida a um rígido bloqueio israelense desde 2006. Os habitantes de Gaza sofrem em períodos normais de 8 a 12 horas de cortes cotidianos de energia elétrica no território de mais de 1,5 milhão de habitantes. Quase 30% da energia elétrica de Gaza é gerada em uma usina abastecida por Israel.

MUNDO: Rússia e separatistas ficam sob forte pressão após acidente de avião da Malaysia Airlines

De OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Duas caixas-pretas da aeronave são encontradas pelos serviços de emergência da Ucrânia
Pertences pessoais são vistos no local do acidente do voo MH17 da Malaysian Airlines - MAXIM ZMEYEV / REUTERS
HRABOVE, Ucrânia — A derrubada do avião da Malaysia Airlines por um míssil no Leste da Ucrânia na quinta-feira deixou a Rússia e separatistas sob forte pressão da comunidade internacional. Os lados opostos do conflito ucraniano — russos e rebeldes contra o governo central de Kiev e o Ocidente — fizeram acusações mútuas sobre a autoria do suposto ataque. Após uma busca entre escombros espalhados por quilômetros, os serviços de emergência da Ucrânia encontraram nesta sexta-feira duas caixas-pretas, segundo a agência Interfax, que citou um assessor do governo da região de Donetsk, no Leste. Até o momento, 181 corpos dos 298 passageiros que estavam a bordo do voo MH17 foram recuperados, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores ucraniano. O Itamaraty informou que não há confirmação de brasileiros entre os passageiros do avião.
Para facilitar a investigação do acidente em uma área da Ucrânia controlada por rebeldes, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta sexta-feira um cessar-fogo no país, apelo que foi repetido pelo presidente russo, Vladimir Putin. Durante a tradicional entrevista coletiva de verão em Berlim, ela cobrou uma solução política e culpou a Rússia pela crise ucraniana.
— O importante agora é realizar uma investigação independente o mais rápido possível. Para isto, um cessar-fogo é necessário e isto é crucial para que os responsáveis (pela tragédia) sejam levados à justiça — disse Merkel, admitindo ter “divergências” com Putin, mas destacou que os pontos de vista podem “convergir”. — Esses fatos nos mostraram mais uma vez que é necessária uma solução política e, acima de tudo, a Rússia é responsável pelo que está acontecendo na Ucrânia no momento.
Putin, por sua vez, declarou nesta sexta-feira que está em contato com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e espera que a crise no país se resolva de maneira definitiva, informaram as agências russas de notícias.
— Espero que possa propor a todo o povo ucraniano, independentemente de onde viva, um meio (...) que permita alcançar uma paz definitiva, completa e duradoura neste território — disse o presidente russo.
Críticas também vieram da ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que defendeu medidas enérgicas caso se comprove uma ligação da Rússia com a derrubada do avião. Durante uma entrevista ao jornalista Charlie Rose, ela afirmou que a Europa deve liderar uma resposta ao acidente.
SEPARATISTAS PERMITEM ACESSO A LOCAL DO ACIDENTE
De acordo com a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), os separatistas pró-Moscou permitirão que investigadores internacionais acessem o local do acidente. Eles prometeram proteger o local e permitir a recuperação de corpos. Suspeita-se que um míssil Buk terra-ar tenha sido utilizado para abater a aeronave, que saiu de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur.
A recuperação das caixas-pretas gerou polêmica, com agência Interfax relatando anteriormente que uma delas havia sido encontrada por combatentes separatistas na quinta-feira e entregue a Moscou. Observadores disseram que a entrega, se confirmada, poderia causar controvérsia internacional. A Rússia, no entanto, negou que tenha planos de buscar o equipamento que teria sido capturado por separatistas.
— Apesar do que Kiev está dizendo, não temos planos de pegar essas caixas-pretas. Não pretendemos violar os padrões internacionais vigentes para essas situações — disse nesta sexta-feira o chanceler russo, Sergei Lavrov, em entrevista à televisão estatal russa.
Homem deposita flores em frente à embaixada da Malásia em Moscou - ALEXANDER NEMENOV / AFP
Uma análise preliminar confidencial da Inteligência dos EUA concluiu que o míssil foi provavelmente disparado por separatistas, de acordo com um funcionário da Defesa dos EUA, que falou sob condição de anonimato. O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, classificou a derrubada do voo MH17 um “crime internacional” e uma “guerra contra o mundo”.
— Todos os limites foram ultrapassados — disse ele.
O Conselho de Segurança da ONU reúne-se nesta sexta-feira em caráter de urgência para discutir a tragédia, atendendo a uma solicitação do Reino Unido. O secretário-geral Ban Ki-moon havia pedido uma “investigação internacional completa e transparente” sobre a fatalidade. O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, disse suspeitar que os rebeldes apoiados pela Rússia estavam por trás do disparo contra o avião.
Mais cedo, os Estados Unidos afirmaram que o Boeing 777 da Malaysia Airlines foi derrubado por um míssil, segundo fontes do governo aos principais meios de comunicação americanos. O voo MH17 partira da Holanda às 12h14m (horário local) com 295 pessoas a bordo, sendo 283 passageiros e 15 tripulantes. Segundo as autoridades ucranianas, não parece haver sobreviventes. Os EUA se disseram “horrorizados” e pediram uma investigação “rápida” e sem obstáculos' sobre queda de avião.
Pelo menos cem corpos foram observados num raio de 15 quilômetros. Entre as vítimas estava o cientista holandês Joep Lange, figura internacional da luta contra a pandemia. Além dos 154 holandeses, o avião transportava 43 malaios, incluindo 15 membros da tripulação, 27 australianos, 12 indonésios, nove britânicos, quatro alemães, cinco belgas, três filipinos e um canadense. Estavam na aeronave 80 crianças. A nacionalidade de 39 passageiros ainda não foi confirmada.
Muitos passageiros viajavam para uma conferência mundial sobre a Aids que acontecerá no fim de semana em Melbourne, anunciou o diretor UNAIDS (agência da ONU para o combate ao HIV), Michel Sidibe.
Um sistema de radar teria detectado um míssil terra-ar seguindo a aeronave pouco antes de ela cair, informou uma fonte à rede CNN. Um segundo sistema detectou um rastro de calor. Os Estados Unidos analisam agora a trajetória para saber de onde a arma foi disparada, disse a fonte.
A informação reforça a declaração que o vice-presidente Joe Biden deu em viagem a Detroit.
— Aparentemente...E digo aparentemente porque não temos todos os detalhes ainda, foi derrubado. Não foi um acidente. Houve uma explosão no ar — disse Biden.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, também descartou um acidente e determinou a criação de uma comissão para investigar o caso.
— Isso não é nem um acidente, nem uma catástrofe, é um ato terrorista — afirmou o porta-voz, Sviatoslav Tsegolko, no Twitter, atribuindo a declaração a Poroshenko e usando uma expressão normalmente utilizada para se referir aos separatistas.
COMUNIDADE INTERNACIONAL PEDE INVESTIGAÇÃO CONFIÁVEL
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusou a Rússia diretamente nesta sexta-feira.
— Os russos foram longe demais. É um crime internacional cujos responsáveis devem ser julgados em Haia — afirmou.
Já o presidente dos EUA, Barack Obama, pediu uma investigação rápida e sem obstáculos durante uma conversa por telefone com Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda, de onde procediam 154 passageiros que viajavam no avião. A imprensa holandesa denunciou um crime atroz.
O governo dos Estados Unidos exigiu a todas as partes envolvidas — Ucrânia, separatistas pró-Moscou e Rússia —um cessar-fogo imediato. Serviços de inteligência americanos afirmaram que as informações estão sendo revisadas para determinar se o míssil foi ou não lançado por separatistas pró-Rússia.
Para o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o que aconteceu é consequência de uma crise na Ucrânia alimentada pelo apoio russo aos separatistas, inclusive com armas, material e treinamento. Putin, por sua vez, afirmou em conversa telefônica com o primeiro-ministro holandês que a tragédia demonstrou de novo a necessidade de uma solução urgente e pacífica para a crise aguda na Ucrânia.
A imprensa russa questiona a identidade dos responsáveis pela tragédia. Mensagens incluídas em sites dos rebeldes, rapidamente apagadas, e conversas interceptadas pelos serviços de segurança ucranianos dão a entender que o avião pode ter sido derrubado por engano pelos insurgentes, que teriam confundido o Boeing com um avião militar ucraniano. Se for confirmada a hipótese, que deve ser encarada com prudência no contexto de uma violenta guerra de propaganda e desinformação, a posição dos separatistas e de seu aliado, o presidente Putin, sofreria um abalo considerável.
PUTIN: REBELDES NÃO TÊM CONDIÇÕES DE OPERAR EQUIPAMENTO
Tanto o governo russo, quanto os separatistas do Leste ucraniano e também Kiev negaram envolvimento na queda do avião. A Rússia e a Ucrânia possuem mísseis Buk, e funcionários do Ministério da Defesa e da Segurança Nacional ucranianos informaram que os rebeldes também têm o armamento. Segundo os separatistas, o avião teria sido abatido por um jato ucraniano.
Putin afirmou desconhecer que os rebeldes tivessem lançadores de mísseis Buk. E, segundo ele, mesmo que o possuíssem, não seriam capazes de operá-lo. Uma versão de que o alvo poderia ser o presidente russo foi noticiada pela agência estatal do país.
— Posso dizer que o avião do presidente russo e o Boeing malaio se cruzaram no mesmo ponto e no mesmo nível de voo. Isso aconteceu perto de Varsóvia, numa altitude de 10.100 metros. O avião de Putin estava lá às 16h21m, hora de Moscou, o avião malaio às 15h44, hora de Moscou — disse uma fonte da Aviação Russa.
Putin enviou “profundas condolências” ao primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, que disse estar “chocado com a notícia”. O premier britânico, David Cameron, também expressou tristeza pelo acidente.
O governo ucraniano resgata os acontecimentos dos últimos dias para provar que se tratou de um ataque.
— Este é o terceiro incidente trágico nos últimos dias depois de aeronaves militares ucranianas An-26 e SU-25 terem sido derrubadas a partir do território russo. Nós não descartamos que este avião também tenha sido abatido e ressaltamos que o Exército não tomou nenhuma ação para destruir alvos no ar — afirmou na quinta-feira o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
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