sexta-feira, 22 de maio de 2015

NEGÓCIOS: Bolsa cai no dia ao menor nível em 1 mês e fecha a semana com perda de 5%

Do UOL, em São Paulo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 1,33% nesta sexta-feira (22), a 54.377,29 pontos. É o menor nível de fechamento desde 20 de abril, quando a Bolsa encerrou a sessão a 53.761,27 pontos. 
Com isso, a Bovespa fecha a semana com desvalorização de 5,02%. No mês, acumula baixa de 3,29%, mas, no ano, tem ganho de 8,74%. 
Na véspera, a Bolsa havia subido 0,38%. 
Petrobras e bancos puxam queda
O mau desempenho das ações da Petrobras e dos bancos BB (Banco do Brasil), Bradesco e Itaú Unibanco puxaram a queda da Bolsa nesta sessão. As quatro empresas têm grande peso sobre o Ibovespa. 
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4), com prioridade na distribuição de dividendos, recuaram 2,75%, R$ 13,08. As ordinárias (PETR3), com direito a voto, perderam 2,22%, a R$ 14,10. 
Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 3,39%, a R$ 23,35; os do Bradesco (BBDC4) recuaram 2,12%, a R$ 29,10, e os do Itaú (ITUB4) perderam 2,11%, a R$ 35,30. 
Dólar tem 2ª alta e fecha a R$ 3,095
No mercado de câmbio, o dólar comercial teve a segunda alta seguida, subindo 1,73%, a R$ 3,095 na venda. É o maior valor de fechamento desde 13 de abril, quando o dólar encerrou a R$ 3,125. 
Com isso, o dólar encerra a semana com valorização de 3,24%. No mês, acumula ganho de 2,72% e, no ano, alta de 16,41%. 
Bolsas internacionais
As principais Bolsas da Europa fecharam sem tendência definida.
Inglaterra: +0,26%
Itália: +0,18%
Portugal: -0,04%
França: -0,07%
Espanha: -0,36%
Alemanha: -0,42% 
As principais Bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam em alta.
China: +2,83%
Hong Kong: +1,7%
Coreia do Sul: +1,1%
Taiwan: +0,63%
Japão: +0,3%
Cingapura: +0,3%
Sydney: +0,04%
(Com Reuters)

ECONOMIA: Ibovespa fecha em baixa de 1,33%

UOL

São Paulo, 22 mai (EFE).- O Ibovespa fechou nesta sexta-feira em baixa de 1,33%, aos 54.377 pontos.
No mercado de câmbio, o dólar comercial subiu e fechou cotado a R$ 3,091 para compra e R$ 3,093 para venda.

EMPREGO: País fecha 97,8 mil vagas com carteira assinada; é o pior abril desde 1992

Do UOL, em São Paulo

O Brasil fechou 97.828 postos de trabalho com carteira assinada em abril, depois de registrar criação de vagas em março. É a primeira vez desde 1992, quando começou a série histórica, que o mês de abril registra um resultado negativo. Naquele ano, houve fechamento de 63.175 vagas.
Os dados foram divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (22) e fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). 
De dezembro a fevereiro, o país registrou três meses seguidos de vagas fechadas. Em março, houve uma recuperação, com a criação de 19.282 vagas com carteira assinada. 
Na comparação com março, abril registrou uma queda de 0,24% no número de pessoas com carteira assinada. 
No acumulado deste ano, foram fechadas 137.004 vagas --uma queda de 0,33% em relação ao mesmo período do ano passado.
No acumulado dos últimos 12 meses, são 263.493 vagas a menos.
Esses números são ajustados, ou seja, incluem dados enviados pelas empresas ao ministério fora do prazo.
Só agropecuária abriu vagas em abril
O resultado de abril foi influenciado, sobretudo, pelo corte de empregos na indústria de transformação, construção civil, comércio e serviços.
Dez dos doze segmentos da indústria de transformação apresentaram fechamento de vagas no período, com um saldo negativo total de 53.850 vagas, queda de 0,65%.
Apenas a agropecuária abriu vagas no mês, com 8.740 novos postos. 
Nordeste tem maior queda por região
Quatro das cinco regiões brasileiras registraram fechamento de postos de trabalho com carteira assinada em abril. Apenas o Centro-Oeste, com 421 novas vagas, não ficou no negativo.
A maior perda foi no Nordeste, com 44.477 postos a menos, queda de 0,66%. O Norte fechou 8.371 vagas (-0,43%); o Sudeste, 31.912 (-0,15%); e o Sul, 13.489 (-0,18%).
Por Estado, a maior perda foi em Pernambuco, com 20.154 vagas a menos (-3,63%), mas a maior variação registrada foi em Alagoas, com 3,63% a menos. 
Goiás, Distrito Federal, Piauí, Mato Grosso do Sul e Acre foram os únicos Estdos que não tiveram cortes de postos.
Desemprego em abril é o maior em quatro anos
Na véspera, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o desemprego em abril foi de 6,4%, o maior registrado em quatro anos.
Mesmo assim, a taxa mostrou estabilidade em comparação com o mês anterior, segundo o instituto, quando foi de 6,2%.
Os dados fazem parte da PME (Pesquisa Mensal de emprego), que leva em conta as regiões metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. 
(Com Reuters e Valor)

GESTÃO: Após veto de Dilma, BNDES vai liberar parte de dados sobre Cuba e Angola

FOLHA.COM
VALDO CRUZ
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Em uma medida para tentar atenuar as reações contrárias à decisão da presidente Dilma de vetar texto aprovado pelo Congresso que determinava o fim do sigilo nos empréstimos e financiamentos concedidos pelo BNDES, o banco de fomento deve liberar parcialmente dados das operações da instituição para Cuba e Angola, retirando na próxima semana o selo de sigilo para negócios com estes dois países.
A decisão não inclui, por exemplo, dados protegidos pelo sigilo bancário, como taxas de juros. Segundo assessores, com a medida, Cuba e Angola vão ficar no mesmo patamar dos demais países, com a liberação de dados de contratos.
Alan Marques/ Folhapress

Embora o BNDES seja integralmente pertencente à União e não tenha concorrentes, os dados a respeito de seus empréstimos têm divulgação restrita. Revelam-se nomes de clientes e resumos dos projetos, mas não, por exemplo, as taxas de juros — que, no caso do banco estatal, são subsidiadas.
Numa derrota do governo, a regra havia sido incluída pela oposição em uma medida provisória que injetou R$ 30 bilhões do Tesouro Nacional no banco.
Multiplicadas nos últimos anos, as operações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) têm sido questionadas tanto no mundo político quanto por economistas de linha mais liberal.
Para os críticos, os financiamentos do banco, que só no ano passado somaram R$ 188 bilhões, significam intervenção estatal excessiva no mercado e abrem brechas para o favorecimento político a grupos privados.
Na justificativa para o veto, o Palácio do Planalto diz que "a divulgação ampla e irrestrita das demais informações das operações de apoio financeiro do BNDES feriria sigilos bancários e empresariais e prejudicaria a competitividade das empresas brasileiras".
A Presidência argumenta ainda, no "Diário Oficial" desta sexta-feira (22), que a quebra do sigilo é inconstitucional.
O veto ainda pode ser derrubado pelo Congresso Nacional, mas não há data para o exame do tema.
A aprovação do fim do sigilo das operações do banco foi articulada pela oposição para ter acesso aos dados de financiamento do BNDES na construção do Porto de Mariel, em Cuba. As obras custaram US$ 957 milhões e receberam aporte de US$ 682 milhões da instituição de fomento brasileira.

ECONOMIA: Governo anuncia corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento de 2015

OGLOBO.COM.BR
POR CRISTIANE BONFANTI, CRISTIANE JUNGBLUT E PAULO CELSO PEREIRA

Ministério das Cidades sofreu o maior contingenciamento: R$ 17,23 bilhões
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab - Givaldo Barbosa / Arquivo O Globo

BRASÍLIA - O governo realizou um corte de R$ 69,9 bilhões nas despesas do Orçamento de 2015. O número foi divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério do Planejamento para garantir o cumprimento da meta de superávit primário — a economia para o pagamento de juros da dívida pública — de R$ 66,3 bilhões ou 1,13% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) este ano.
O Ministério do Planejamento informou que o contingenciamento foi seletivo (não-linear) para garantir os investimentos e as ações sociais prioritárias. O maior corte ocorreu no orçamento do Ministério das Cidades, com contingenciamento R$ 17,23 bilhões. Em seguida, o Ministério da Saúde teve corte de R$ 11,77 bilhões em seu orçamento. O Ministério da Educação teve o terceiro maior corte, de R$ 9,42 bilhões.O Ministério dos Transportes teve redução de R$ 5,73 bilhões em seu orçamento e o da Defesa, de R$ 5,61 bilhões.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) teve um corte de R$ 25,7 bilhões, que corresponde a 39,5% da programação para o ano que era cerca de R$ 65 bilhões.
Outro corte profundo foi no campo das emendas parlamentares. Foram contingenciados R$ 21,4 bilhões, sendo 100% das emendas de bancada e coletivas. As emendas individuais, que tem sua execução obrigatória, teve a verba reduzida de R$ 7,69 bilhões para apenas R$ 4,63 bilhões.
O governo está prevendo uma retração maior da economia em 2015. Foi fixado um PIB negativo de 1,2% em 2015, quando antes a previsão era de um PIB negativo de 0,9%. Já a inflação ficou em 8,26% (IPCA). O salário mínimo ficou mantido em R$ 788.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou a defender um contingenciamento de R$ 80 bilhões. Desde janeiro, as despesas que não são obrigatórias sofreram um corte preventivo de 33%. As obrigatórias são gastos com salários e Previdência, por exemplo. Como a aprovação do Orçamento 2015 atrasou e só aconteceu em março, o contingenciamento para os primeiros meses do ano foi estabelecido por meio de dois decretos. Com o anúncio de hoje, o governo cumpre o prazo de 30 dias a partir da sanção presidencial da Lei Orçamentária Anual (LOA) para publicar o contingenciamento.
Além de reduzir despesas, o governo tem optado por elevar a arrecadação por meio da elevação de tributos. Nesta sexta-feira, o governo federal publicou medida provisória elevando de 15% para 20% a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga pelos bancos. A alteração foi realizada por meio da MP 675, publicada no Diário Oficial da União, como forma de compensar parte as perdas fiscais com as mudanças feitas pelo Congresso Nacional nas medidas provisórias que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas. Segundo a Receita Federal, a medida levará a uma arrecadação extra de aproximadamente R$ 747 milhões em 2015 e R$ 3,8 bilhões em 2016.
Nesta sexta-feira, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde afirmou que o contingenciamento de cerca de R$ 70 bilhões no Orçamento é um sinal de "coragem" e de comprometimento do governo brasileiro com o ajuste fiscal. A responsabilidade fiscal tem sido um assunto constantemente abordado pelo Fundo nos comentários sobre o país. Lagarde declinou, no entanto, avaliar se o corte será suficiente para ajustar as contas públicas.
– O que será anunciado hoje claramente demonstra a coragem política e a determinação para entregar as metas de superávit primário. Esse é o jeito certo. Não vou apressar conclusões se é muito, pouco ou suficiente. Precisa ser estudado claramente. Precisa ser avaliado em relação à inflação, ao crescimento. Nossos técnicos olharão os detalhes do decreto – destacou Lagarde.

EDUCAÇÃO: Dívidas da Universidade Federal da Bahia já ultrapassam R$ 28 milhões

METRO1
Por Bárbara Siveira

Foto: Divulgação
De acordo com o reitor na Universidade Federal da Bahia (Ufba), Jão Carlos Sales, a instituição possui um deficit financeiro que já ultrapassa os R$ 28 milhões, que são resultado de despesas ainda referentes ao ano de 2014. Em entrevista à Rádio Metrópole na última quinta-feira (21), Sales convidou a população para participar do ato público em defesa da universidade que será realizado na próxima segunda-feira (25), a partir das 9h30, no Salão Nobre da Reitoria, no Canela.
"Estamos fazendo um chamado para defender a universidade. Cada um se defende como pode, vamos fazer um ato público na reitoria. É uma maneira de reagir aos cortes no orçamento anunciados pelo governo federal", afirmou. Segundo o reitor, tem sido preciso administrar o corte no orçamento. "Tem sido repassado o limite de crédito para a universidade, não estamos recebendo cerca de 40% do dinheiro por mês, estamos com o orçamento apertado. Ficamos sem pagar os fornecedores, os terceirizados são os que mais sofrem. É uma situação triste, delicada, que estamos passando. O ato começa às 9h30 do dia 25", explicou.

COMENTÁRIO: Deixa cair a 664

Por MIRIAM LEITÃO - OGLOBO.COM.BR

A Medida Provisória 664, do ajuste fiscal, perdeu grande parte do que economizaria e passou a carregar um enorme risco de aumento de gastos. Como está, é preferível o governo deixar cair e não aprovar. O Congresso, em vez de aprovar o ajuste fiscal, está criando desajustes, e isso porque o governo tem demonstrado total incapacidade de liderança política.
Era para diminuir o gasto com pensão por morte das viúvas jovens - reduzindo o valor e o tempo que a pessoa receberia o benefício - mas a MP foi tão alterada que perdeu grande parte do ganho. Além disso, recebeu a emenda que muda a aposentadoria pela fórmula 85/95 pontos. Isso, na prática, aumentará o custo com a Previdência Social. Este é o entendimento de dois especialistas que ouvi ontem na Globonews sobre a reforma da Previdência. Tanto Paulo Tafner, do Ipea, quanto Fábio Giambiagi escreveram livros sobre o assunto. O de Tafner sairá no mês que vem com o título: “Reforma da Previdência. A visita da velha senhora.” Fábio acha que é preferível não aprovar a MP 664.
“Se é para deixar a MP 664 do jeito que está, é melhor não aprovar. Porque o principal componente, que era a redução do valor das futuras pensões, acabou naquela noite numa negociação do relator. Esse item das viúvas jovens começou a pesar mais nas estatísticas há pouco tempo, mas não é a causa do grande rombo da Previdência. A MP, como está, faz um pequeno ajuste e em compensação produz um grande desajuste por conta da alteração do fator previdenciário. Como cidadão brasileiro, preocupado com o futuro dos nossos filhos, olhando para 30 anos à frente, definitivamente eu preferiria que essa medida 664 não fosse aprovada.”
Paulo Tafner fez um cálculo que mostra o enorme peso que pode recair sobre o País se a ideia de alterar a Previdência para a fórmula 85/95 for mantida. “Fiz as contas. Se essas mudanças passarem, e nada mais for alterado, nós exigiremos das próximas gerações que elas produzam uma riqueza no País a uma taxa de 4% ao ano. Ou seja, o Brasil terá que crescer a 4% ao ano daqui até 2050 para não aumentar o gasto previdenciário em proporção ao PIB. Como o aumento da Previdência limita o potencial de crescimento, vamos legar para nossos filhos e nossos netos uma tragédia econômica.”
Os dois especialistas no assunto disseram que o País tem muito pouco tempo para fazer as mudanças necessárias para nos preparar para o envelhecimento da população. “A próxima década é crucial. Até 2030, o País passará por muitas transformações. A população em idade ativa atingirá seu máximo, e o porcentual de idosos aumentará drasticamente. Hoje, são 10% com mais de 60 anos e, daqui a 25 anos a 30 anos, seremos 30%”, diz Tafner. “Nós temos hoje o perfil etário que o Japão tinha em 1970. Nós seremos, no futuro, o Japão de hoje, sem as vantagens que eles têm”, acrescentou Giambiagi.
“Envelhecer pobre é muito difícil. Teríamos que aumentar muito a capacidade produtiva desses jovens para sustentar a Previdência Social amanhã. Se não fizermos a reforma, estaremos condenando a geração seguinte à pobreza”, diz Tafner.
Como é que o País chegou ao ponto de fazer o oposto do que deveria fazer? Está aumentando o custo da Previdência, em vez de reduzir. Tafner acha que o governo é o responsável: “Cabe à Presidência, principal agente político do País, sinalizar o que pode e o que não pode acontecer. E isso não foi feito. Se empurrarmos esse problema para a frente, vamos chegar ao ponto em que terão que ser cortados benefícios de qualquer maneira, como aconteceu com Grécia, Portugal e Espanha, Irlanda. Com corte na carne.”
O curioso é que, no primeiro momento, se essa medida for aprovada, ela pode postergar os pedidos de aposentadoria, na opinião de Fábio: “Algumas pessoas podem ter a chance de ganhar até 40% a mais se esperarem um pouco para receber uma previdência sem a incidência do fator, que reduz o ganho. Uma pessoa, por exemplo, que teria um fator de 0,75 e passará a ter fator igual a um. Essa informação vai se difundir e, se a medida for aprovada, o que o pode acontecer é que nós vamos ter um certo represamento das aposentadorias por um ano, ano e meio e dois, e depois ter um fluxo muito grande.”

ECONOMIA: Dólar opera em alta, perto de R$ 3,07, e Bovespa cai

UOL

O dólar comercial operava em alta nesta sexta-feira (22), mesmo após subir mais de 1% na véspera, e a Bolsa caía. Por volta das 11h, a moeda norte-americana avançava 0,83%, a R$ 3,068 na venda, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, perdia 0,35%, a 54.919,79 pontos. Investidores aguardavam o anúncio dos cortes de gastos que deve ser feito pelo governo nesta tarde. (Com a Reuters)

COMENTÁRIO: Governo em risco

Por MERVAL PEREIRA - OGLOBO.COM.BR

A ressaca da comemoração da aprovação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fachin chegou rápido para o governo, que acabou a semana parlamentar com dor de cabeça: tanto na Câmara quanto no Senado foram adiadas votações importantes para o ajuste fiscal pelo perigo de uma derrota do governo.
O Senado adiou para a próxima terça-feira a votação da Medida Provisória 665, que endurece as regras do pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial. Na Câmara, a votação do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de salários, um dos principais pontos do ajuste fiscal do governo, foi adiada para a segunda semana de junho.
Pior: o relator do projeto, deputado Leonardo Picciani, muito ligado ao presidente da Câmara Eduardo Cunha, quer definir apenas para dezembro a entrada em vigor das novas medidas.Tudo isso significa atraso no reajuste fiscal, que terá de buscar em outro lugar o dinheiro que pretendia economizar ainda este ano.
E o risco de derrota não é devido apenas à oposição. Onze senadores do PT, PMDB, PSOL, PDT e PSB, mais movimentos sociais como MST e CUT, além de petistas como Tarso Genro e Valter Pomar, assinaram um "Manifesto pela mudança na política econômica e contra o ajuste".
A perspectiva de que a base aliada do governo estivesse sendo reagrupada pelo trabalho de bastidores do vice-presidente Michel Temer, que abriu as torneiras de nomeações, já estava sendo comemorada pelo Palácio do Planalto, mas mostrou-se vã com as reações da Câmara e do Senado, que até mesmo quando seus líderes se desentendem encontram caminhos convergentes para fragilizar o governo.
A derrota na Câmara do projeto de manutenção do Fator Previdenciário será apoiada pelo Senado, que já antecipou postura semelhante através de seu presidente Renan Calheiros.
Todos esses movimentos vistos em conjunto significam que o governo já perdeu a condição política de assegurar à equipe econômica a aprovação de pontos importantes do reajuste fiscal.
O que parecia apenas um incômodo de parte da base aliada, especialmente do PT e de partidos de esquerda, em apoiar um programa de cortes de gastos que atinge especialmente classes sociais menos protegidas como os aposentados e pensionistas, e aumenta os custos das empresas com o fim das desonerações, está se transformando em um movimento político que rejeita as linhas mestras do ministro da Fazenda escolhido nas hostes adversárias para fazer o trabalho que o petismo não sabe e não quer fazer, isto é, acabar com o desperdício e equilibrar as contas públicas.
O problema é que, como a oposição vem cobrando desde o primeiro momento, não há nenhum gesto do governo para cortar seus próprios gastos, o que transforma o Congresso em instrumento de medidas impopulares.
O ministro da Fazenda Joaquim Levy já mandou seu recado recentemente à base rebelada: ou faz o ajuste, ou tem que aumentar imposto. Claro que o governo não gostaria de aumentar imposto, porque é uma medida antipática, prejudica a sociedade de maneira geral e o único culpado seria ele.
O melhor caminho seria economizar com medidas aprovadas pelo Congresso, mas como deputados e senadores, aparentemente, não estão dispostos a assumir nenhuma medida antipática para ajudar o governo, vai ser um problema.
Ele terá de assumir uma parte desse sacrifício com aumento de impostos e estará sujeito a críticas, que já começam a aparecer em forma de manifestos da base aliada que lhe tiram poder político.
Sem apoio político de sua própria base, e às voltas com as pressões do PMDB através dos presidentes da Câmara e do Senado, empenhados em vetar a recondução do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot ao cargo em agosto, a presidente Dilma fica sem condições práticas de fazer o ajuste fiscal, única maneira de reequilibrar a economia e permitir o superávit de 1,2% prometido por Joaquim Levy ao mercado.
Os únicos argumentos que o governo tem para reverter a situação é ameaçar com o aumento de impostos ou com o risco de rebaixamento da nota de crédito pelas agências internacionais, o que afetaria definitivamente a combalida economia brasileira, que fechou o trimestre com PIB negativo e inflação e desemprego em alta.

COMENTÁRIO: Impeachment or not impeachment

Por Eliane Cantanhêde - ESTADAO.COM.BR

O PSDB e seus aliados, DEM, PPS, PSC e Solidariedade, miraram no que viram e acertaram no que não viram: ao entrarem com uma ação penal contra a presidente Dilma Rousseff, deixam o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na maior saia justa. A principal decisão depende dele.
O esforço da oposição é para se equilibrar entre a pressão da opinião pública pelo impeachment e a constatação, nua e crua, de que não há ambiente jurídico e político para a empreitada. Por isso, oposicionistas debatem com entusiasmo uma questão de ordem semântica: a palavra “impeachment” não integra nenhum texto legal no Brasil e o importante é pedir, em bom e claro português, o “afastamento” da presidente. Não importam os meios (jurídicos), importam os objetivos (práticos e políticos). Logo, a oposição não trabalha pelo impeachment, mas pelo afastamento de Dilma. Dá para entender?
Esse contorcionismo vem desde que o ex-presidente Fernando Henrique desautorizou a estratégia do pedido de impeachment e piorou agora, quando o jurista Miguel Reale Jr. apresenta um detalhado parecer concluindo que não há elementos que justifiquem um pedido de afastamento de Dilma com base em crime de responsabilidade, mas há elementos para enquadrá-la em crime comum.
A oposição acusa Dilma de, no seu primeiro mandato, ter fechado artificialmente as contas públicas atrasando os repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos pagarem benefícios sociais. A manobra, ou maquiagem, foi apelidada de “pedalada fiscal” e é considerada crime. “Collor caiu por uma Elba, Dilma vai cair por uma bicicleta”, anima-se o líder tucano, Cássio Cunha Lima. Dilma, porém, não pode ser acusada de crime de responsabilidade – ou seja, não pode sofrer processo de impeachment tradicional – por atos anteriores ou estranhos ao exercício do cargo. Logo, o jeito tucano é processá-la por crime comum.
O artigo 86 da Constituição é claro. No crime de responsabilidade, o (ou a) presidente é julgado(a) politicamente pelo Senado e, no crime comum, é julgado(a) juridicamente pelo Supremo Tribunal Federal. Nos dois casos, o presidente é afastado (na prática, “impeachado”), se o Supremo recebe a denúncia ou quando o Senado instaura o processo.
Há um longo caminho entre a vontade e a concretização. Na terça-feira, os cinco partidos entrarão com ação penal contra Dilma na Procuradoria-Geral. Depois, cabe a Janot dizer sim ou não. Se disser sim, o Supremo terá ainda de consultar a Câmara. O processo só irá em frente se dois terços dos deputados autorizarem. E, “last but not least”, se passar por tudo isso, a ação depende da decisão final dos 11 ministros do Supremo.
Ou seja: há muitos “se”, muitos “mas” e muitos “talvez” nessa operação toda para que se possa levar realmente a sério a denúncia de tucanos e afins contra Dilma. Haverá muitas declarações, fotos e documentos, mas a hipótese de prosperar é remota.
De outro lado, não seria muito diferente se o processo fosse com base em crime de responsabilidade, ou “impeachment”. Nesse caso, a Câmara também teria de se manifestar e a decisão final seria do Senado. A conclusão é a mesma, com outro tempo verbal: a hipótese de prosperar seria remota.
A Câmara pressiona Dilma, o Senado estica a corda, o próprio PT é um empecilho para um bom ajuste fiscal e os senadores petistas Lindberg Farias e Paulo Paim passaram das palavras aos atos contra as mexidas trabalhistas e previdenciárias. Mas, no final, mesmo que meio estropiado, o ajuste vai acabar passando.
Isso se repete com o impeachment, ops!, com o afastamento da presidente. Cidadãos e cidadãs clamam por isso, as pesquisas dão resultados alarmantes para o Planalto, as oposições vão entrar com a ação penal. Mas, no final, mesmo que meia estropiada, Dilma vai acabar passando.
Presidentes têm muitas armas. E a vida da oposição é dura.

ECONOMIA: Moody's retira grau de investimento da Eletrobras

OGLOBO.COM.BR
POR RAMONA ORDOÑEZ / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Nota passou de Baa3 para Ba1, em revisão para futuro rebaixamento
- Bloomberg/amin Talaie/30-09-2011

RIO e NOVA YORK - A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating da Eletrobras para “Ba1”, ante “Baa3”, retirando da estatal o grau de investimento, espécie de selo de referência ao mercado de boa pagadora. A Moody’s, que colocou o rating sob revisão para possível novo rebaixamento, disse que os indicadores de crédito da empresa não eram condizentes com o grau de investimento, mesmo após a melhora dos resultados do primeiro trimestre.
A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 1,255 bilhão de janeiro a março. Em 2013, a empresa teve prejuízo de R$ 3 bilhões.
Durante o período de revisão do rating, a Moody’s irá avaliar a capacidade da Eletrobras de melhorar mais as margens operacionais, assegurar o financiamento de longo prazo para a maioria de seus projetos de energia e melhorar a sua posição de liquidez.
RISCO DE NOVO CORTE NA NOTA
Em comunicado, a agência deixou claro que, caso os indicadores não melhorem substancialmente nos próximos 12 a 18 meses ou se Moody’s perceber uma deterioração acentuada da liquidez da empresa, o rating poderá ser rebaixado novamente.
Para José Ronaldo Souza Júnior, professor de Economia do Ibmec/RJ, a perda do grau de investimento da Moody’s vai fazer com que a Eletrobras tenha mais dificuldades de acesso ao mercado financeiro internacional, além de ficar sujeita a taxas de juros bem mais altas.
— A Eletrobras tem investimentos elevados e precisa captar financiamentos para a execução. Ao perder um grau de investimento terá menos financiamento disponível e vai pagar mais caro — destacou o professor.
Segundo Souza Júnior, muitos investidores poderão deixar de aplicar recursos na companhia. E alertou para o risco de a Eletrobras perder também o grau de investimento de outras duas agências, a Fitch e a Standard & Poor’s.
Procurada, a Eletrobras não quis comentar o assunto.

POLÍTICA: Eduardo Cunha diz que interromperá reforma política caso Senado altere medidas do ajuste fiscal

OGLOBO.COM.BR
POR ISABEL BRAGA

Presidente da Câmara afirma que não engavetará MPs e que não tem ‘o direito de negar ao Executivo a governabilidade’
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Serra (PSDB-SP) no Salão Verde da Câmara. Foto: Ailton de Freitas/ Agência O Globo - Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que se o Senado fizer alterações nas medidas provisórias do ajuste fiscal, irá interromper a votação da reforma política. Cunha lembrou que as MPs perdem a vigência em primeiro de junho.
— Se por acaso o Senado modificar na semana que vem as MPs, não vamos deixar cair. Vamos votar, nem que a gente interrompa a apreciação da reforma política e aprecie. Eu farei isso. Uma coisa é o projeto (de desonerações) que não tem prazo, não perde validade. Outra coisa é uma MP terminando em primeiro de junho — disse Cunha, acrescentando:
— Se o Senado me devolver quarta-feira, não vou simplesmente colocar na gaveta, vou interromper momentaneamente e votar. Não tenho o direito de negar ao Poder Executivo a sua governabilidade. E o Senado pode legitimamente alterar. Não quero dar a sinalização de que a Câmara está contra o ajuste fiscal porque parou de apreciar matéria que tem prazo para apreciar a reforma política. Seria a antítese de tudo o que a gente prega até agora.
Segundo Cunha, no caso do projeto de lei das desonerações, que não tem prazo de vigência, é melhor articular sua votação na Câmara. Para ele, há arestas a serem aparadas, a base aliada precisa se entender porque a oposição está contra a proposta:
— Não te mal sinal para o mercado. É preferível aparar as arestas, mesmo votando em, junho. Mandar mais redondo. A intenção é fazer o projeto sair daqui mais acordado porque há obstrução grande da oposição. Se a base não se entender, pode fracassar

NEGÓCIOS: Promessas não cumpridas da China somam US$ 24 bilhões

FOLHA.COM
FABIANO MAISONNAVE, DE SÃO PAULO

Em Barreiras (BA), um megaprojeto de processamento de soja parou na terraplenagem. No porto do Açu (RJ), a siderúrgica Wisco desistiu de ter uma unidade no Brasil quando Eike Batista começou a desmoronar. Em Mato Grosso e no Pará, o acordo para o financiamento de uma ferrovia está parado há três anos.
Em comum, trata-se de projetos bilionários com capital chinês anunciados com estardalhaço nos últimos cinco anos, mas que nunca saíram do papel. Somadas, essas promessas não cumpridas ou redimensionadas para baixo somam ao menos US$ 24 bilhões, segundo levantamento da Folha.
Esse montante seria maior caso entrasse na conta a fabricante de eletrônicos taiwanesa Foxconn. Em visita a Pequim em 2011, o governo Dilma anunciou que a empresa investiria US$ 12 bilhões, mas ficou bem distante disso.
Editoria de arte/Folhapress 

Esses antecedentes têm provocado ceticismo sobre os anúncios feitos durante a visita do primeiro-ministro Li Keqiang ao Brasil, nesta semana, como a construção de uma ferrovia transoceânica e um fundo de investimento de até US$ 53 bilhões.
Levantamento da Folha publicado nesta quinta-feira (21) mostra que apenas 14 dos 35 acordos recém-assinados têm recursos assegurados e compromissos mais firmes.
MONTADORAS
O esvaziamento dos planos ocorreu em vários setores. No ramo automotivo, alguns fabricantes de automóveis ainda não implantaram projetos industriais no Brasil –casos da Lifan, da Hafei e da Zotye.
Outros investimentos acabaram dependentes de dinheiro brasileiro. Em Camaçari (BA), onde a JAC Motors planeja uma fábrica de R$ 1 bilhão, a obra está parada à espera de um financiamento estadual de R$ 122 milhões. Os chineses arcarão com 66%, e o restante virá do sócio local, o Grupo SHC.
No caso da fábrica da Foton Caminhões, que está sendo erguida em Guaíba (RS), todo o capital de R$ 400 milhões é brasileiro; a China entrará com a tecnologia.
No caso da soja, um dos principais produtos de exportação brasileira para a China, investimentos de pelo menos US$ 8,7 bilhões, que incluiriam compra de terras e infraestrutura para escoamento, não se materializaram.
Em telecomunicações, a visita da presidente Dilma Rousseff à ZTE, em Xian (China), em 2011, não foi suficiente, até agora, para a empresa implantar uma fábrica de US$ 200 milhões em Hortolândia (SP).
Por outro lado, a Huawei cumpriu a promessa na mesma época de abrir um centro de pesquisa e desenvolvimento em Campinas (SP), orçado em US$ 300 milhões.
Os empresários chineses costumam se desanimar com os custos e a burocracia. Eles estão decepcionados também com o crescimento pífio –boa parte dos anúncios ocorreu ente 2010 (quando o país cresceu 7,6%) e 2011.
INFRAESTRUTURA
O Brasil tampouco conseguiu atrair os chineses para grandes obras de infraestrutura. As empresas do país são pouco receptivas ao modelo de concessão e a participar de licitações. O Planalto não teve êxito, por exemplo, em envolver Pequim no projeto do trem-bala entre Campinas e Rio, várias vezes adiado.

ECONOMIA: Governo vai aumentar imposto sobre lucro dos bancos para reforçar o ajuste fiscal

OGLOBOM.COM.BR
POR CATARINA ALENCASTRO, GERALDA DOCA, ELIANE OLIVEIRA E ISABEL BRAGA

Tributo deve subir de 15% para 20% e gerar arrecadação extra entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões


BRASÍLIA - Na véspera do anúncio do corte do Orçamento deste ano, que deve ficar em torno de R$ 70 bilhões, a presidente Dilma Rousseff decidiu aumentar o imposto sobre os bancos e, após pressão do Congresso, recuou na mudança do pagamento do abono salarial. A decisão foi tomada para conseguir viabilizar a aprovação das Medidas Provisórias (MPs) do ajuste fiscal no Senado na próxima semana. Na quarta, o governo não conseguiu encaminhar a votação de uma das matérias. A presidente queria primeiro aprovar o ajuste, para depois fechar o corte. Mas o prazo legal para o contingenciamento a obrigará a publicá-lo hoje. Ela garantiu, ontem, que o corte não paralisará o governo.
— Tem gente que acha que o contingenciamento do governo vai ser pequeno. Não vai. Vai ser um contingenciamento não tão grande que não seja necessário, nem tão pequeno que não seja efetivo, que não provoque nada. Ele tem de ser absolutamente adequado. Nenhum contingenciamento paralisa governo. O governo gasta menos em algumas coisas. Nós vamos fazer uma boa economia para que o país possa crescer e ter sustentabilidade no crescimento — afirmou Dilma.
Como forma de compensar as perdas fiscais com as mudanças feitas no Congresso nas medidas provisórias (MPs) que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas, o governo resolveu editar hoje uma nova MP aumentando a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que tributa os bancos, dos atuais 15% para 20%. A previsão é que, com a medida, a União arrecade entre R$ 3 a 4 bilhões ao ano.
SEM MEXER NO ABONO, GOVERNO PERDE R$ 9 BILHÕES
O aumento de impostos foi o caminho encontrado pelo governo para equilibrar as contas públicas, diante das dificuldades em aprovar as medidas de ajuste no Congresso. A economia de R$ 18 bilhões em 2015, projetada inicialmente pela equipe econômica com as Medidas Provisórias 664 (que mexe na pensão por morte e auxílio-doença) e 665 (que altera o acesso ao abono salarial e seguro-desemprego), cairá para menos da metade.
Com relação ao abono salarial, ficou decidido que Dilma vai vetar o dispositivo que estabelece três meses de emprego ininterrupto para que o trabalhador que recebe até dois salários mínimos ganhe o benefício. Com isso, volta a vigorar o modelo antigo, em que o abono era pago para quem trabalhasse por pelo menos 30 dias. A conclusão saiu da reunião realizada ontem pela manhã no Palácio do Jaburu entre o vice-presidente Michel Temer, líderes da base aliada no Congresso e os ministros da Fazenda (Joaquim Levy), do Planejamento (Nelson Barbosa), da Casa Civil (Aloizio Mercadante), do Trabalho (Manoel Dias) e da Previdência (Carlos Gabas).
Inicialmente, o governo queria um prazo de seis meses, mas o relator da matéria, senador Paulo Rocha (PT-PA), reduziu o tempo para três meses. Segundo o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o veto também atingirá a proporcionalidade no pagamento, como ocorre com o 13º salário: a pessoa receberá proporcionalmente ao número de meses trabalhados.
— Está tudo certo. Haverá o veto e será retirada a carência. E vamos respeitar a Constituição. Já conversei com o ministro Levy sobre isso — disse o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).
Além de ter que aceitar regras mais brandas para o seguro-desemprego e pensões, o Executivo teve que abrir mão de um ganho de R$ 9 bilhões, segundo cálculos do Ministério do Trabalho, com as mudanças do abono salarial (PIS). Agora, o governo aposta todas as suas fichas na aprovação das medidas no Senado na próxima semana. Fontes do Planalto dizem que as pendências e discordâncias serão resolvidas por meio de vetos da presidente Dilma. A negociação do governo com a base foi feita dessa forma porque, se o Senado mexer nos textos, eles voltam para análise da Câmara e não haveria tempo hábil para aprová-las, já que perdem a validade no dia 1º de junho.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), manifestou a gravidade da situação afirmando que “o país quebra” se as medidas não forem aprovadas.
— Se alterar no Senado, não haverá tempo hábil de a Câmara votar novamente as medidas antes de perder a vigência. O Senado precisa ter essa dimensão. Não tem como, porque semana que vem a Casa vai votar a reforma política. Se os senadores têm questões não contempladas, podem discutir em outras MPs. O país quebra se não votarmos as MPs — defendeu.
Guimarães criticou o grupo de senadores que anunciou anteontem que votaria contra a medida que trata de seguro-desemprego e abono salarial. O grupo é formado por parlamentares da base aliada, inclusive do PT, e da oposição.
— Isso é um erro. Estou falando isso como vice-presidente nacional do PT. Tem gente do PT que adora bater foto com a Dilma quando ela vai nos estados, mas adora também fazer movimentos contrários. Deputado do PT e senador do PT tem que ser solidário com a presidente Dilma — afirmou o líder.
Além do aumento da CSLL, a equipe econômica mira a distribuição de lucros das empresas para elevar a arrecadação. No radar do Ministério da Fazenda há uma proposta, para vigorar a partir de janeiro de 2016, que obriga as empresas que declaram Imposto de Renda com base no lucro presumido a pagaraem o tributo sobre o resultado excedente. Atualmente, pessoas jurídicas pagam o imposto com base no valor presumido, e, caso o lucro seja maior, distribuem o excedente entre os sócios sem pagar imposto. O ministro da Fazenda tentou emplacar a mudança no projeto da terceirização, mas não conseguiu o apoio dos parlamentares.
Em outra frente, a Fazenda quer recuperar uma proposta antiga para acabar com o benefício fiscal dado a empresas e bancos quando distribuem lucros na forma de juros sobre o capital próprio. O benefício foi instituído em 1996 e é considerado uma jabuticaba (só existe no Brasil). Pelas regras, se o investidor aplica R$ 10 milhões em uma empresa, independente de ter lucro ou não, pode aplicar a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) à quantia e distribuir o valor entre os sócios, com isenção de impostos.
O governo ainda depende da aprovação do projeto que acaba com a desoneração da folha de salários e eleva de 1% para 2,5% e de 2% para 4,5% a contribuição patronal para a Previdência sobre o faturamento. A equipe econômica defende que a mudança entre em vigor ainda este ano, mas o Congresso insiste em aumento escalonado, a partir de dezembro deste ano. O relator Leonardo Picciani (PMDB-RJ) quer deixar alguns setores de fora da medida.
A relação do Planalto com o Congresso está tão fragilizada que o ministros próximos à presidente, como o das Comunicações, Ricardo Berzoini, e o da Previdência, Carlos Gabas, passaram a defender internamente que não haja veto às mudanças no fator previdenciário, com criação da fórmula 85/95 (somando tempo de contribuição e idade para mulheres e homens para ter acesso à aposentadoria, sem deságios), conforme aprovado pela Câmara dos Deputados.
Além do receio de que um eventual veto seja derrubado, como já sinalizou o Legislativo, há o argumento de que no curto prazo (até 2018), o resultado é positivo. Ou seja, o governo gastará menos com benefícios e arrecadará mais com o fato de os trabalhadores adiarem um pouco a aposentadoria para receber um benefício maior. As projeções apontam para um ganho entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões só nos primeiros 12 meses. Por outro lado, a médio e longo prazos, as perdas serão elevadas, diante do aumento da expectativa de vida e dos riscos de passivos judiciais (“desaposentação” e pedido de recálculo de benefícios concedidos sob as regras antigas).
A assessoria do Ministério da Previdência nega que Gabas esteja atuando para que seja mantida a mudança no fator, sem veto. Em nota, a pasta alega que Dilma proibiu qualquer manifestação até a conclusão da votação no Congresso.

ECONOMIA: Corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento será menor nas áreas sociais

FOLHA.COM
VALDO CRUZ,DE BRASÍLIA


Pedro Ladeira/Folhapress
Joaquim Levy acertou com Dilma os cortes para tentar atingir superávit primário de R$ 66,3 bilhões

O corte de R$ 69,9 bilhões que o governo Dilma anuncia nesta sexta-feira (22) mantém três áreas com gastos acima dos patamares de 2013: saúde, educação e Bolsa Família, que devem ficar com despesas 13% superiores às daquele ano, definido pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) como parâmetro para a execução do Orçamento da União deste ano.
Segundo a Folha apurou, o Ministério da Saúde ficará com gastos R$ 13 bilhões acima do mínimo determinado pela Constituição e o Ministério da Educação com R$ 4,1 bilhões acima do mínimo constitucional. No Ministério do Desenvolvimento Social, o corte preserva o orçamento do Bolsa Família, de R$ 27,7 bilhões.
Ainda assim, os cortes no MEC e na Saúde deverão estar entre os maiores em termos absolutos, devido às dimensões orçamentárias das duas pastas.
Nas últimas reuniões com a presidente Dilma, Joaquim Levy acertou com a chefe que o corte do Orçamento deste ano, para buscar sinalizar ao mercado que o governo vai cumprir a meta de superávit primário de R$ 66,3 bilhões (equivalente a 1,1% do PIB), faria os gastos de 2015 ficarem no mesmo patamar de 2013. O ano de 2014, de eleição, foi considerado "fora da curva" e para não ser repetido.
Com a preservação das três áreas sociais, outras terão cortes maiores, já que o contingenciamento de R$ 69,9 bilhões equivale a manter as despesas da União às efetuadas em 2013.
No mesmo dia do anúncio do corte o governo editou medida provisória elevando a cobrança de tributos de bancos na busca de reforçar o caixa, num momento de queda de receitas, e para mostrar que suas medidas também atingem o "andar de cima". A alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) sobe de 15% para 20% para instituições financeiras, com potencial de geração de R$ 4 bilhões de recursos extras.
ABONO SALARIAL
O governo prepara ainda outros impostos que podem subir caso o pacote de ajuste fiscal seja muito desfigurado na votação no Senado. A presidente Dilma, por exemplo, foi obrigada a ceder às pressões de senadores petistas para aprovar a MP 665, que trata de benefícios trabalhistas. Ela concordou em vetar a criação de uma carência de três meses para que o trabalhador tenha direito ao recebimento do abono salarial de até dois salários mínimos.
O acordo é que o Senado vote a MP 665 como saiu da Câmara, mas a presidente vete o dispositivo. Com isto, volta a valer a regra atual, que dá ao trabalhador o direito de receber o abono desde que tenha trabalhado pelo menos 30 dias.

CASO PETROBRAS: Papéis apontam que ex-diretores abriram contas em Mônaco

FOLHA.COM
FLÁVIO FERREIRA
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

Documentos enviados à força-tarefa da Operação Lava Jato por autoridades do Principado de Mônaco apontam que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada controlavam contas naquele país por meio de empresas constituídas no Panamá, um paraíso fiscal na América Central.
Há fichas de abertura de contas com a assinatura de Duque e de Zelada, cópias dos passaportes dos dois e até conta de luz com o endereço de Zelada no Rio. Atas das empresas que eles abriram no Panamá trazem os nomes de dos dois como os operadores das contas bancárias.
Paraíso fiscal é um tipo de país em que é mais difícil descobrir quem é o verdadeiro dono da empresa; daí, o uso desses locais por quem recebe dinheiro sujo.
Duque está preso desde 16 de março sob acusação de ter transferido para Mônaco € 20 milhões (R$ 67,6 milhões) que tinha na Suíça. Zelada, por sua vez, tem € 12 milhões (R$ 40,6 milhões) bloqueados no mesmo principado.
Editoria de Arte/Folhapress
Autoridades de Mônaco bloquearam os € 32 milhões (R$ 108,2 milhões) dos dois por causa da suspeita de que se trata de dinheiro desviado da Petrobras, o que ambos negam enfaticamente.
A transferência dos € 20 milhões foi um dos principais motivos apontados pelos procuradores da Lava Jato para pedir a prisão de Duque.
MESMAS ESTRUTURAS
Os documentos também mostram que os dois ex-diretores da Petrobras usaram as mesmas estruturas, em épocas próximas, para criar as companhias e abrir contas bancárias num mesmo banco em Mônaco, o Julius Bär, fundado em 1890 na Suíça.
Os advogados de Duque e Zelada, Renato de Moraes e Eduardo de Moraes, respectivamente, negam que seus clientes sejam titulares de contas no exterior.
As apurações das autoridades de Mônaco apontam que Duque era beneficiário econômico de três empresas com sede no Panamá, a Milzart Overseas Holdings Inc., a Pamore Assets Inc. e a Loren Ventures S.A., e de um "trust" na Ilhas Virgens Britânicas, outro paraíso fiscal no Caribe ("trust" é um tipo de empresa cujo sigilo sobre os seus donos é dos mais elevados).
Quanto a Zelada, a documentação indica que ele era o controlador da companhia Rockfield International S.A., constituída também no Panamá. Ele tinha também uma conta em Mônaco em seu próprio nome, segundo o Ministério Público Federal.
A Rockfield de Zelada foi aberta no Panamá em janeiro de 2011, quando ele ainda era da diretoria internacional da Petrobras –o executivo foi afastado em 2012. Já a Pamore de Duque foi criada em março daquele ano. Sessenta dias depois, ambas abriram contas em Mônaco.
O mesmo escritório de advocacia criou as empresas panamenhas deles: o Alemán, Cordero, Galindo & Lee

FRAUDE: PF realiza busca e apreensão na casa do ex-dono da Vasp

ESTADAO.COM.BR
ERICH DECAT - O ESTADO DE S. PAULO

Wagner Canhedo seria o chefe de um grupo de empresários que constituíam empresas de fachada para movimentar livremente os recursos que deveriam saldar dívidas

BRASÍLIA - A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira a operação Patriota com o objetivo de apurar um esquema de fraude à execução fiscal, lavagem de capitais, formação de quadrilha e falsidade ideológica realizada por gestores de um grupo empresarial comandado por Wagner Canhedo, ex-dono da Vasp.
Segundo o Estado apurou, agente federais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência de Canhedo, em Brasília. No local, foram encontradas armamento sem documentação, o que poderá levar à prisão, em flagrante, do empresário por porte ilegal de armas. Ao todo, foram cumpridos 29 mandados judiciais, sendo 18 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva. 
As investigações, iniciadas em meados de 2014, revelam que os gestores do grupo empresarial comando por Canhedo constituíam empresas de fachada, em nome de "testas de ferro", o que possibilitava movimentar livremente os recursos que deveriam saldar suas dívidas, dentre as quais as tributárias, que somam aproximadamente R$ 875 milhões.

ECONOMIA: Dilma veta aumento do limite do empréstimo consignado de 30% para 40%

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Para presidente, medida poderia comprometer renda das familias ‘para além do desejável’. Fim do sigilo de operações do BNDES também foi negado
Presidente Dilma diz que consumidor ficaria sem proteção - Givaldo Barbosa / Agência O Globo

SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff vetou o aumento do limite de crédito consignado de 30% para 40% da renda do trabalhador e o fim do sigilo a qualquer operação do BNDES, ao sancionar nesta sexta-feira lei que garante crédito de até R$ 30 bilhões ao banco de fomento.
No caso dos empréstimos com desconto em folha de pagamento, a presidente argumentou que “sem a introdução de contrapartidas que ampliassem a proteção ao tomador do empréstimo, a medida proposta poderia acarretar um comprometimento da renda das famílias para além do desejável e de maneira incompatível com os princípios da atividade econômica”.
“A proposta levaria, ainda, à elevação do endividamento e poderia resultar na ampliação da inadimplência, prejudicando as próprias famílias e dificultando o esforço atual de controle da inflação”, segundo publicado no Diário Oficial da União.
Hoje as empresas podem reter 10% do salário para cobrir gastos do trabalhador com plano de saúde, remédios e previdência privada. Com o novo limite do consignado, o desconto total poderia chegar a 50%.
A inadimplência do crédito com desconto em folha de pagamento é de apenas 2,4% (atraso de mais de 90 dias). Por isso, no momento atual de crise econômica, aumento do desemprego e dos juros, as instituições financeiras querem incentivar esse tipo de crédito.
RENDA DIMINUIRIA
Especialistas concordam com os riscos apontados pela presidente Dilma, conforme O GLOBO publicou em 11 de abril, quando a Câmara aprovou a emenda. O professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), afirmou que o aumento é ruim pela falta de educação financeira das famílias, o que pode até gerar alta de inadimplência de outras linhas de crédito do país, já que as prestações do consignado são retidas diretamente do salário.
Mauro Calil, especialista em finanças pessoais, disse que o crédito consignado é uma espécie cruel de financiamento, por reduzir diretamente a renda das pessoas, e que esse limite maior poderia simplesmente destruir uma família.
Segundo o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, o ideal é que todo o financiamento de uma família não chegue nem a 25% da renda.
SIGILO DE EMPRESAS SERIA FERIDO, DIZ DILMA
A presidente também vetou artigo da lei dizendo que não poderia “ser alegado sigilo ou definidas como secretas as operações de apoio financeiro do BNDES, ou de suas subsidiárias, qualquer que seja o beneficiário ou interessado, direta ou indiretamente, incluindo nações estrangeiras.”
No entendimento de Dilma, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “já divulga em transparência ativa diversas informações a respeito de suas operações, tais como clientes, projetos e, no caso de operações internas, os valores contratados em cada empréstimo”.
“A divulgação ampla e irrestrita das demais informações das operações de apoio financeiro do BNDES feriria sigilos bancários e empresarias e prejudicaria a competitividade das empresas brasileiras no mercado global de bens e serviços”, complementou.
Também foram vetados outros três artigos, um deles que autorizaria o BNDES a refinanciar dívidas de mutuários com renda anual acima de R$ 2,4 milhões no segmento de transporte rodoviário de carga, sem subvenção de juros pela União.
Segundo texto no Diário Oficial, “o dispositivo ampliaria consideravelmente o escopo de refinanciamento ao incluir empresas de todos os portes, o que traria impactos financeiros negativos” para o banco de fomento.

ECONOMIA: Prévia da inflação atinge 8,24% em 12 meses, maior nível em mais de 11 anos

Do UOL, em São Paulo

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,6% em maio. Isso significa uma desaceleração em relação a abril, quando a taxa foi de 1,07%.
No acumulado de doze meses, índice ficou em 8,24%, maior nível desde janeiro de 2004 (8,46%). 
O objetivo do governo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais --ou seja, variando entre 2,5% e 6,5%. 
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Energia elétrica dá trégua
A prévia da inflação de maio apresentou resultado bem menos elevado que o de abril em razão, principalmente, da energia elétrica. Com peso de 3,88% na despesa das famílias, as contas de energia tiveram alta de 13,02% em abril, enquanto que, em maio, a variação foi de 1,41%. Isto fez o índice do grupo Habitação recuar de 3,66% para 0,85%.
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15 os preços foram coletados no período de 14 de abril a 14 de maio de 2015 e comparados com aqueles vigentes de 14 de março a 13 de abril de 2015.
O indicador refere-se às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

DIREITO: STF - Suspensa nova sabatina para ministros que permanecerem no cargo após 70 anos

Por maioria de votos, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) concederam, na sessão de hoje (21), liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5316, proposta por três associações de magistrados, e suspenderam a aplicação da expressão constante da Emenda Constitucional 88/2015 que condicionava a uma nova sabatina no Senado Federal a permanência no cargo de ministros do Supremo, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU), após os 70 anos de idade. Numa análise preliminar do caso, o Plenário entendeu que a expressão apresenta inconstitucionalidade.
O entendimento do STF é o de que a exigência viola o núcleo essencial do princípio da separação dos Poderes, constituindo uma interferência política imprópria que colocaria em risco a liberdade e a independência dos magistrados.
A liminar foi concedida nos termos do voto do relator da ADI, ministro Luiz Fux, que suspendeu a aplicação da expressão “nas condições do artigo 52 da Constituição Federal”, contida no final do artigo 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) – com a redação introduzida pela EC 88 –, “por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação de Poderes, cláusula pétrea inscrita no artigo 60, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal”.
Quanto à parte remanescente da emenda, o Plenário assentou que o artigo 100 do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos, até que seja editada a lei complementar nacional a que se refere o artigo 40, parágrafo 1º, inciso II, da Constituição, sendo que, quanto à magistratura, esta lei complementar será de iniciativa do STF, nos termos do artigo 93 da Constituição. O Plenário esclareceu que lei complementar estadual não poderá tratar do tema. 
Também foi suspensa a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação da nova idade para aposentadoria compulsória a magistrados, até o julgamento definitivo desta ADI. O Plenário ainda declarou sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial e administrativo que tenha interpretado a emenda para assegurar a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo após os 70 anos de idade.
De acordo com o ministro Fux, não há dúvidas de que a intenção dos senadores foi condicionar a permanência dos ministros a uma nova sabatina, e isso viola o núcleo essencial do princípio da separação dos Poderes. “É tormentoso imaginar que o exercício da jurisdição possa ser desempenhado com isenção quando o julgador, para permanecer no cargo, carece de confiança política do Poder Legislativo, cujos atos, cabe observar, são muitas vezes questionados perante aquele mesmo julgador. Nós julgados contra a maioria do Parlamento quando a lei é inconstitucional”, afirmou.
Divergências
O ministro Teori Zavascki divergiu parcialmente do relator. Ele votou pela concessão da liminar, mas propôs que fosse dada interpretação conforme a Constituição por acreditar que a expressão “nas condições do artigo 52 da Constituição Federal” foi acrescentada ao corpo da emenda como “mera explicitação” do que já existe no texto constitucional, ou seja, a necessidade de sabatina pelo Senado para que ministros do STF, Tribunais Superiores e TCU sejam investidos no cargo. O ministro também divergiu do relator ao considerar que os magistrados podem ser alcançados por lei complementar que altere a idade para aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos, caso esta lei seja aprovada antes da lei de iniciativa privativa do STF.
O ministro Marco Aurélio deu intepretação conforme a Constituição para excluir entendimento no sentido da necessidade de segunda sabatina considerado o mesmo cargo. Para o ministro, ao se afastar a eficácia da expressão – nos termos requeridos na ação – o STF também alteraria a previsão constitucional quanto ao processamento do crime de responsabilidade pelo Senado. Isso porque o mesmo artigo 52 prevê o Senado como foro para processar os crimes de responsabilidade cometidos por ministros do STF. O ministro, por outro lado, indeferiu o pedido de suspensão dos processos que tratam sobre a matéria, por entender que as ações devem ter seu curso regular, perante as devidas instâncias.

DIREITO: STF - TCU pode declarar inidoneidade de empresa para licitar com a administração

Na sessão desta quinta-feira (21), por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou Mandado de Segurança (MS 30788) impetrado na Corte por uma empresa de informática impedida de licitar com a administração pública, por cinco anos, em razão de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Ao analisar o caso, questionado por meio do mandado de segurança, os ministros concluíram que o TCU tem competência para declarar a inidoneidade de empresas privadas que cometerem fraudes a processos licitatórios.
A empresa questionava a competência do TCU para impor esse tipo de sanção, prevista no artigo 46 da Lei 8.443/1992 (Lei Orgânica do TCU). De acordo com o advogado da empresa, o Tribunal de Contas da União não teria competência para aplicar a sanção, considerada a redação do parágrafo 3º e do inciso III do artigo 87 da Lei 8.666/93. O dispositivo diz que incumbe a ministros de estado ou a secretários estaduais ou municipais decidir sobre a suspensão temporária de participação em licitação.
Constitucionalidade
De acordo com os ministros que votaram contrários à concessão do MS, a base normativa que legitima, a partir da própria Constituição, o exercício desse dever poder de fiscalizar, controlar e reprimir fraude e condutas ilícitas é o artigo 46 da Lei Orgânica do TCU, que já teve sua constitucionalidade confirmada pelo Supremo.
O decano da Corte, ministro Celso de Mello, lembrou em seu voto que o Plenário do STF, em, 2006, no julgamento da Petição (PET) 3606, já se manifestou no sentido da constitucionalidade da competência dada ao TCU para declarar a inidoneidade de empresa privada para participar de licitações promovidas pela administração pública. O Supremo entendeu, na ocasião, que a previsão do artigo 46 da Lei 8.443/1992 não se confunde com o disposto no artigo 87 da Lei de Licitações (8.666/93).
De acordo com o ministro Luiz Fux, existe uma diferença de eficácia entre o que dispõem as duas leis. No caso, não se deve aplicar o princípio de que uma lei posterior revoga uma anterior. Para o ministro, as duas leis convivem.
O ministro Gilmar Mendes explicou, por sua vez, que o parágrafo único do artigo 70 da Constituição Federal submete ao controle do TCU não apenas as pessoas de direito público, mas também as pessoas jurídicas de direito privado e as pessoas naturais.
Relator
O relator do caso, ministro Marco Aurélio, foi o único a votar no sentido de conceder a ordem, por considerar inconstitucional o artigo 46 da Lei Orgânica do TCU, segundo o qual, “verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação, o Tribunal declarará a inidoneidade do licitante fraudador para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal”. Para o relator, o dispositivo ampliaria o rol das competências dadas ao TCU pelo artigo 71 da Constituição Federal.
Leia a íntegra do voto do relator, ministro Marco Aurélio.
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