sexta-feira, 27 de abril de 2018

LAVA-JATO: Delação de braço direito de Pezão atinge governador, Cabral e pré-candidatos

FOLHA.COM
Italo Nogueira
RIO DE JANEIRO

Ele afirmou ter repassado dinheiro para o senador Romário (Podemos) e o deputado federal Índio da Costa (PSD)

O governador de Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), que é atingido pela proposta de delação do ex-secretário de Obras - Pedro Ladeira - 1.mar.18/Folhapress

A proposta de delação do ex-secretário de Obras do Rio de Janeiro Hudson Braga atinge o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), o antecessor Sérgio Cabral (MDB), e ao menos dois pré-candidatos à sucessão do Palácio Guanabara.
Braga afirmou ter repassado recursos em dinheiro para o senador Romário (Podemos) e o deputado federal Índio da Costa (PSD), ambos analisando uma candidatura ao governo estadual. Disse também que fazia pagamentos mensais de R$ 100 mil a Pezão.
A proposta de delação de Braga, braço direito de Pezão desde 2007, foi revelada pelo Radar, coluna da revista Veja, e confirmada pela Folha.
Segundo a reportagem apurou, os anexos para uma eventual colaboração foram entregues à equipe do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot há mais de um ano. As negociações, contudo, ainda avançaram pouco com Raquel Dodge, atualmente no cargo.
De acordo com Braga, o governador tem cerca de R$ 5 milhões em dinheiro guardados na empresa JRO Engenharia, enviadas para o local em troca de notas promissórias. Seriam recursos acumulados da mesada de R$ 100 mil arrecadados junto a empreiteiras.

O ex-secretário de Obras do Rio de Janeiro Hudson Braga, que fez uma proposta de delação - Fernanda Almeida - 16.abr.10/Secom

A JRO Engenharia pertence a Cláudio Fernandes Vidal, que transferiu sua sede para Piraí em 2005 após aproximação com Pezão. Os dois ficaram amigos e se encontravam frequentemente.
A empresa contratou em 2014 o escritório de advocacia do filho de Pezão, Roberto Horta, para defendê-lo em ações trabalhistas. O governador sempre negou conflito de interesses.
Segundo Braga, Romário recebeu R$ 3 milhões para apoiar Pezão na eleição de 2014. No encontro, segundo o relato de Braga, o senador indicou o valor necessário levantando três dedos, temendo ser gravado.
Já Índio da Costa cobrou R$ 30 milhões para apoiar a reeleição de Pezão, de acordo com a proposta de delação. Parte do valor, R$ 4 milhões, foi entregue a Ronaldo Cezar Coelho, segundo Braga.
O ex-secretário de Obras diz ainda que deputados da base do governo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) dividiam um valor R$ 3 milhões em propina por mês. O responsável pela distribuição era o então presidente da Casa, Paulo Melo (MDB), atualmente preso.

Pezão (à esq.) em bar no Rio de Janeiro /Bruno Kelly/Folhapress

MESADA
Braga confirma ainda a acusação contra Cabral de que recebia uma mesada da Fetranspor (federação das empresas de ônibus). Segundo ele, o valor era de R$ 1 milhão.
Outro citado na proposta de Braga foi o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele disse que o petista apoiou Cabral em 2010 em troca do governo do Rio assumir dívidas da Prefeitura de Nova Iguaçu, à época comandada por Farias, com empreiteiras. O acerto foi feito com Pezão, secretário de Obras na ocasião. Desta forma, a Odebrecht viabilizou o repasse recursos para a campanha do petista ao Senado.
Braga foi braço direito de Pezão desde 2007, quando assumiu a subsecretaria-executiva da Secretaria de Obras, comandada à época por Pezão, também vice-governador.
Ele assumiu o cargo após Pezão se tornar coordenador de infraestrutura do estado. Na eleição de 2014, foi o coordenador de campanha do emedebista. Ele foi cotado para assumir a Casa Civil na nova gestão, mas acabou se afastando por entender que o cargo não teria os poderes que imaginava.
Mesmo fora do governo, ele continuou atuando como lobista no Palácio Guanabara. A Folha revelou há um ano que Braga intermediou o aluguel de dois edifícios que abrigariam o novo Centro Administrativo do Estado. O negócio chegou a ser anunciado por Pezão, mas não se concretizou.
Braga foi recentemente transferido da cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, onde estão os presos da Operação Lava Jato do Rio, para Bangu 8, onde também está Cabral.
A transferência foi feita sem aviso prévio e sem justificativa para a defesa do ex-secretário, que tenta enviá-lo de volta para Benfica.
OUTRO LADO
Pezão disse, em nota que "reafirma que nunca recebeu recursos ilícitos e jamais participou de atos ilegais". "Ele [Pezão] está, como sempre esteve, à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos", diz a nota do governo do Rio.
O deputado Índio da Costa negou ter negociado apoio com o MDB. “Definitivamente, não fiz parte nem compactuo com os métodos desse PMDB que destruiu o estado", disse o deputado, em nota.
O senador Romário declarou que já solicitou à procuradora-geral Raquel Dodge e ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que torne público qualquer inquérito contra ele. "Só assim poderei me defender oficialmente e acabar com esses boatos que só interessam à política nefasta deste país", disse ele, em nota publicada em sua página no Facebook.
"Foi aberta há alguns meses a temporada de difamações com fins eleitorais. O grupo que governou o Rio de Janeiro nos últimos 16 anos está desesperado com medo de perder o poder", declarou o senador.
Cabral e Lindbergh não se pronunciaram até a publicação desta reportagem. A defesa de Braga afirmou que não iria comentar o caso.

LAVA-JATO: Raquel Dodge quer recorrer de decisão do Supremo em delações sobre Lula

JB.COM.BR

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, confirmou nesta sexta-feira, 27, que pretende recorrer da decisão da Segunda Turma de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que tirou do juiz Sérgio Moro trechos de delações da Odebrecht sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato. A confirmação foi feita em Paris, onde a magistrada tem agenda oficial sobre a cooperação com o Ministério Público francês a respeito de corrupção envolvendo os Jogos Olímpicos, a compra de submarinos e o caso Areva.
Raquel Dodge está em Paris desde quarta-feira, 25. Na quinta-feira, 26, ela participou de uma conferência na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o financiamento do terrorismo, mas não falou com os jornalistas. Nesta sexta-feira, antes de reunião com a procuradora-geral francesa da Corte de Apelações, Catherine Champrenault, a chefe da PGR confirmou que pretende contestar a decisão do STF sobre os processos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula.                                            
Raquel Dodge garantiu que decisão do supremo em delações sobre ex-presidente Lula é 'uma de suas prioridades no retorno ao Brasil'

Segundo a procuradora, um estudo está sendo realizado pela PGR, que no entanto ainda aguarda a publicação do acórdão da decisão para definir "qual recurso é cabível" e "qual é o limite da impugnação". Raquel Dodge reiterou que o tema é "uma de suas prioridades no retorno ao Brasil" e que seu desejo é entrar com o recurso. "O ajuizamento está sendo estudado, (assim como) as possibilidades de haver recurso sobre o assunto", disse a procuradora. "A minha expectativa é de que caiba um recurso e que nós consigamos apresentar um argumento cabível de ser examinado nessa fase processual e nessa situação."
Na terça-feira, 24, a Segunda Turma do STF decidiu por 3 votos a 2 retirar os trechos da delação de ex-executivos da construtora Odebrecht que constavam nos processos presididos por Sérgio Moro e pela Justiça do Paraná. O principal argumento dos ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, que votaram a favor da transferência, foi que as informações obtidas com os ex-funcionários da Odebrecht não têm relação com a corrupção na Petrobras, e logo não poderiam ser usadas no quadro da Operação Lava Jato. Os ministros Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato, e Celso de Mello, votaram pela manutenção das delações em Curitiba.

ECONOMIA: Dólar acumula alta de 1,46% na semana, a R$ 3,463; Bolsa sobe

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI

Nesta sexta-feira, moeda americana teve segunda queda seguida

. - Thomas White / REUTERS

RIO - Confirmando a trégua da véspera após sequência de cinco altas, o dólar comercial fechou em queda pelo segundo dia nesta sexta-feira, recuando 0,43% e valendo R$ 3,463 para a venda. Os juros do título público americano de dez anos — cuja alta acima de 3% vinha motivando a valorização do dólar — caíram mais uma vez hoje, para 2,95%. Globalmente, contra uma cesta de dez divisas, a moeda americana caiu 0,2%. Na semana, o dólar avançou, porém 1,46% contra o real. No mercado acionário, o índice de referência Ibovespa encerrou praticamente estável, subindo 0,07%, aos 86.444 pontos. Na semana, a Bolsa acumulou alta de 1,05%.
Na agenda externa, um dos destaques foi o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no 1º trimestre, que veio acima do esperado pelos economistas, mas desacelerou ante o trimestre anterior e demonstrando avanço mais brando no consumo das famílias.
— Aparentemente, o dólar bateu em uma barreira psicológica. Hoje, contribui a fala do Ilan, presidente do BC, dizendo que não deixaria o câmbio sair do controle. A verdade é que, quando o dólar atinge esse patamar de R$ 3,50, é de esperar que haja fluxo de venda — explicou Daniel Weeks, economista da Garde Asset.
A queda do dólar se dá apesar dos números do desemprego no Brasil, que ficou em 13,1% no primeiro trimestre, acima dos 12,9% esperados pelos analistas de mercado. Desemprego maior indica atividade econômica mais lenta do que se imagina, abrindo maior espaço para o Banco Central (BC) cortar os juros — o que tenderia a valorizar o real.
A economia dos EUA desacelerou no primeiro trimestre, com os consumidores gastando menos após um trimestre de consumo acima da média. Os gastos menores das famílias, porém, foram compensados por sólido investimento corporativo e avanço dos custos trabalhistas diante de uma situação de pleno emprego.
E, cálculo anualizado, o PIB cresceu 2,3% de janeiro a março, informou o Departamento de Comércio nesta sexta-feira. A mediana das estimativas de economistas consultados pela Bloomberg espera um número menor, de 2%.
As ações da Petrobras fecharam em alta de 0,29% (ON, por R$ 24,52) e 0,35% (PN, por R$ 22,71). A Vale caiu 0,72% (R$ 48,35).
Entre os bancos, o Banco do Brasil fechou estável, e o Itaú Unibanco caiu 0,19%. O Bradesco, porém, avançou 1,09%.
A BRF registrou desvalorizou de 0,96%. Ontem, a empresa finalmente concluiu a reformulação do seu conselho de administração, agora comandado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente. A mudança no colegiado encerra meses de disputa entre os fundos de pensão e Abilio Diniz.
As ações da Estácio tiveram mais um dia de queda intensa, depois de a companhia anunciar que o volume de matrículas em cursos presenciais caiu 14% no trimestre. O papel recuou 5,11% hoje, depois de uma queda de 5,74% ontem.

ESPORTES: Fifa anuncia banimento de Marco Polo Del Nero para sempre do futebol

OGLOBO.COM.BR
POR IGOR SIQUEIRA / COM AFP

Ex-presidente da CBF foi punido por violar cinco artigos do Código de Ética da organização

Na foto, ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero - Aloisio Mauricio / Agência O Globo

A Fifa deu um fim definitivo à carreira de dirigente de futebol do ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, nesta sexta-feira. O Comitê de Ética da entidade decidiu banir o cartola brasileiro, de 77 anos, de todas as atividades relacionadas à modalidade.
Em nota, a câmara de decisão considerou Del Nero culpado por violar os artigos do Código de Ética que tratam de suborno e corrupção, oferecer ou aceitar presentes ou outros benefícios, conflitos de interesse, lealdade e regras gerais de conduta. O impedimento inclui ainda a imposição de uma multa de 1 milhão de francos suíços (equivalente a cerca R$ 3,5 milhões).
Del Nero levou um primeiro gancho do órgão da Fifa em 15 de dezembro de 2017 — suspensão de 90 dias — por conta das citações no julgamento de José Maria Marin na Justiça dos Estados Unidos. A entidade prorrogou a suspensão por mais 45 dias e, agora, resolve por uma medida definitiva. As investigações a respeito da conduta de Del Nero dão conta do recebimento de propina na negociação dos direitos comerciais das competições sul-americanas e da Copa do Brasil.
Marco Polo nega as acusações. Pouco depois de o banimento ser anunciado pela Fifa, a defesa do cartola divulgou um comunicado no qual afirma que o Comitê "não foi capaz de produzir qualquer prova referente ao seu suposto envolvimento em esquermas de corrupção". Os advogados também prometeram recorrer da decisão. (Leia a íntegra abaixo)
Com Del Nero banido, quem continua à frente da CBF, pelo menos de nome, é o Coronel Nunes. Operacionalmente, o poder fica com Rogério Caboclo, presidente eleito para o mandato 2019-2023 e diretor executivo de gestão da entidade. Caboclo teve o apoio de Del Nero para vencer o pleito, tendo sido candidato único.
Em janeiro, Marco Polo apresentou a defesa à Fifa em uma audiência por videoconferência. Dirigentes próximos chegaram a ficar otimistas após a ocasião, mas os sinais dos últimos tempos vindos de Zurique já indicavam que as notícias não seriam boas para o dirigente.
Del Nero é suspeito, com base em investigações da Justiça dos Estados Unidos, de ter recebido e "herdado" propina em um esquema do qual faziam parte todos os dirigentes do futebol sul-americano. Ele é o único remanescente da geração de dirigentes que já foram presos, como é o caso de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, ou admitiram culpa e passaram a colaborar com as autoridades. Del Nero e Ricardo Teixeira são citados, mas, como não pisaram fora do Brasil desde o estouro do escândalo, não correm risco de prisão, já que que cidadãos brasileiros não são extraditados.
Independentemente da posição da Fifa, Del Nero, de 77 anos e que tomou posse em abril de 2015, já tinha desistido de tentar um novo mandato na CBF. No entanto, um último esforço político foi dar a bênção para que Rogério Caboclo tivesse o apoio massivo das federações estaduais e se convertesse no único candidato com os requisitos previstos no estatuto para concorrer ao pleito (apoio mínimo de oito federações e cinco clubes).

POLÍTICA: Quero um vice da produção, ligado ao Sudeste do País, diz Ciro

JB.COM.BR

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT, disse ao Estado que convidou Josué Gomes, presidente da Coteminas e filho de José Alencar (vice-presidente no governo Lula), para ser vice em sua chapa. Josué é considerado também o vice ideal pelo PT. Para Ciro, uma aliança com o PT é "possível e até desejável", mas "improvável".
Ciro ainda falou sobre o trio de formuladores econômicos de seu programa de governo - Mauro Benevides Filho, Nelson Marconi e Mangabeira Unger -, defendeu a revogação da reforma trabalhista e se comprometeu com a da Previdência. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Ex-ministro defende revogação da reforma trabalhista, "uma aberração selvagem"

Quem o sr. imagina para vice?
Eu gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste brasileiro, Minas Gerais, São Paulo.
Já tem nomes?
Tem nomes.
Josué Gomes da Silva, da Coteminas, é um deles?
É sim, com certeza. Somos amigos há anos. Fui amigo do pai dele, José Alencar. Eu já disse a ele: se quiser, é dele.
O sr. tem conversado com o ex-prefeito Fernando Haddad. Há chance de aliança com o PT?
É possível e até desejável, mas muito improvável. Nesse momento existem variáveis pendentes de definição. Do ponto de vista do PT, a mais grave, e eu tenho que respeitar isso com toda dignidade, é o momento que eles estão vivendo. Seu principal líder preso e eles constrangidos a uma solidariedade que ainda afirma a candidatura do Lula, mesmo preso e inelegível. Olho com respeito o tempo do PT, mas toco minha bandinha.
Até onde vai essa solidariedade? A bandeira 'lula Livre' vai fazer parte da sua campanha?
Minha solidariedade pessoal deriva de um fato histórico. Não conheci Lula pela televisão. É um velho camarada de mais de 30 anos, com quem já tive discordâncias, mas trabalho junto há mais de 16 anos. Fui ministro dele. Dói no meu coração ver um ex-presidente que fez tanto bem ao País preso. A política, entretanto, tem uma crueldade. Nossa responsabilidade é com o futuro de 206 milhões de pessoas. Minha solidariedade não me tira a disciplina de produzir uma alternativa para o Brasil, independentemente do destino do Lula e do PT.
Mas o sr. vai levar a bandeira do 'Lula Livre' para a campanha?
Eu gostaria de ver o Lula livre dentro dos mecanismos da democracia e do estado de direito. Não me parece ser a providência mais razoável fazer um acampamento com palavras de ordem insultando o Judiciário às vésperas do julgamento. Das duas uma: ou você confia nas instituições e recorre a elas para corrigir injustiças ou não confia.
É a favor da revisão da possibilidade de prisão em 2ª instância?
O mundo civilizado inteiro garante apenas dois graus de jurisdição para crimes comuns. É muito raro que se dê a um julgamento de crime comum quatro graus de jurisdição. O correto era corrigir a distorção institucional que, hoje, garante quatro graus de jurisdição.
Como avalia decisão do PT de manter a candidatura do Lula, mesmo como ele preso?
Há limite para isso. É preciso respeitar o tempo do PT. Acredito que o PT vai ter candidato próprio e não vai convergir em uma unidade no primeiro turno.
Como avalia o fator Joaquim Barbosa?
É a novidade do momento. Ele entra com a biografia do juiz do mensalão. Esteve por um ano no horário nobre da Globo esgrimindo decência e moralidade, que é uma grande demanda. A mim me parece que não basta ser decente e dar exemplo de combate à corrupção. É preciso responder à questão da saúde, da educação e da violência.
Teme que Barbosa ocupe espaço na centro-esquerda?
Não posso temer isso, pelo contrário. Tem um ditado no Ceará que diz: quanto mais cabra, mais cabrito. Não me sinto incomodado com a presença de um homem como Joaquim Barbosa ou de uma mulher como a Marina (Silva), mas não vou me omitir de denunciar o fascismo de uma candidatura 'bolsaloide'. Tenho o dever de proteger nossa nação dessa coisas que na Alemanha deram no Hitler.
Que reformas o sr. defende, quem será o ministro da Fazenda?
Antes que meu patrão, o povo brasileiro, me dê a tarefa, não posso adiantar ministro. Mas tenho alguns nomes que estão me ajudando. Três nomes que estão coordenando o programa. Mauro Benevides Filho, ex-secretário de Fazenda do Ceará. Trabalha comigo há muitos anos. O outro é o professor Nelson Marconi, da FGV de São Paulo. Ele coordena o programa como um todo. E há uma figura polêmica para quem não o conhece profundamente, Mangabeira Unger.
O que pretende fazer sobre a reforma trabalhista?
Não vou para cima do muro. A reforma trabalhista tem que ser revogada pura e simplesmente. Esta representa uma aberração selvagem.
E a reforma da Previdência?
O Brasil não pode ter medo de se reformar.
O sr. defende algum tipo de privatização?
O Brasil precisa um projeto nacional de desenvolvimento. A privatização deve ser uma ferramenta. Mas como pode o Brasil imaginar privatizar a Eletrobrás? Para mim é um crime.
Há quem se preocupe com o temperamento do sr. durante a campanha.
Sou o que sou, um indignado. Fui criado a maior parte da minha vida em escola pública no interior do Ceará. Tem colegas meus que morreram em uma prisão. Se expresso com um pouco mais de calor a minha indignação, ok, são essas as manchas do meu paletó.

LAVA-JATO: Palocci aprofunda detalhes sobre esquema de arrecadação do PT

OGLOBO.COM.BR
POR JAILTON DE CARVALHO E ROBSON BONIN

Em delação, ex-ministro narra relação do partido com as empresas investigadas na Lava-Jato
O ex-ministro Antonio Palocci - Geraldo Bubniak

BRASÍLIA - O acordo de delação premiada assinado pelo ex-ministro Antonio Paloccicom a Polícia Federal, revelado ontem pelo GLOBO, é uma reunião de fatos que envolvem, em grande parte, o esquema de arrecadação do PT com empreiteirascitadas na Lava-Jato e a atuação dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff nos crimes apurados pela operação. Por se tratar de uma colaboração negociada na primeira instância, os temas abordados pelo ex-ministro dizem respeito a fatos investigados — ou passíveis de investigação — pela 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada pelo juiz Sergio Moro, que terá o papel de homologar o acordo.
Palocci está preso em Curitiba desde setembro de 2016. Ele foi condenado por Moro a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nas últimas semanas, além de fixar as bases dos benefícios concedidos ao ex-ministro — ainda sob sigilo —, os investigadores concluíram a fase de depoimentos. O acordo estaria na fase de homologação por Moro, o que deve acontecer em até duas semanas.
O GLOBO apurou ontem que boa parte das histórias abordadas por Palocci — que ainda poderão ser detalhadas no curso das investigações — reconstitui o esquema de corrupção na Petrobras, as relações das empreiteiras com políticos do PT e a forma como Lula e Dilma se envolveram nas tratativas que resultaram em um prejuízo de cerca de R$ 42 bilhões aos cofres da estatal, segundo estimativa da própria PF. Durante o processo de delação, Palocci também poderá apresentar anexos suplementares com novos casos considerados relevantes pelos investigadores.
LULA E DILMA NEGAM ACUSAÇÕES
Ao falar de Lula, Palocci detalhou ocasiões em que foi pessoalmente levar pacotes de dinheiro vivo ao ex-presidente e relacionou datas e valores entregues por um de seus principais assessores, Branislav Kontic, na sede do Instituto Lula. Segundo Palocci, os pagamentos a Lula, feitos nos últimos meses de 2010, quando ele se preparava para deixar o Planalto, chegavam a somar R$ 50 mil. Dinheiro que seria usado pelo ex-presidente para bancar despesas pessoais.
Na ocasião das entregas, relata o ex-ministro, ele e Lula combinavam o local de encontro para o pagamento. Como o ex-ministro não dirigia o próprio carro, costumava levar um auxiliar ao volante que agora, na delação, poderá ser chamado a testemunhar sobre o caso. Além do assessor, cuja identidade é mantida em sigilo, Palocci listou datas e horários das entregas de dinheiro a Lula como parte do conteúdo probatório. A partir dessas informações, investigadores teriam condições de atestar encontros, por meio de ligações telefônicas entre Lula e Palocci, e pela posição dos aparelhos celulares no mapa de antenas.
Ao falar da relação de Lula com empreiteiras, o ex-ministro disse que parte do dinheiro entregue nas mãos do ex-presidente e na sede do instituto teria saído diretamente da “conta Amigo”, a reserva de propina atribuída ao petista no Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht. Já ao citar Dilma, Palocci afirmou aos investigadores que ela teria atuado para atrapalhar as investigações da Lava-Jato no episódio da nomeação de Lula para ministro da Casa Civil, em março de 2016.
CONVERSA NO PLANALTO
O ex-ministro narrou ainda pelo menos uma conversa com Lula no Palácio do Planalto na qual teria tratado do esquema envolvendo a construção de sondas para exploração de petróleo em águas profundas. O objetivo da negociação, feita na presença de Dilma, seria levantar dinheiro para bancar a eleição da ex-presidente, em 2010.
Em nota divulgada ontem, Dilma afirmou que “o ex-ministro mente para sair da cadeia e não tem provas para sustentar acusações a ela ou Lula”.
Advogado de Lula, Cristiano Zanin negou envolvimento de seu cliente nos fatos narrados:
— Qualquer afirmação de entrega de dinheiro ao ex-presidente Lula é mentirosa e, por isso mesmo, desacompanhada de qualquer prova. Lula jamais pediu ou recebeu vantagens indevidas.
Em nota, o PT afirmou que Palocci “rendeu-se às chantagens da Lava-Jato” e faz “falsas acusações” contra Lula para receber benefícios.
Além de detalhar os casos de corrupção dos quais participou ou teve conhecimento, o ex-ministro terá de apresentar provas do que diz. Se mentir ou quebrar algumas das cláusulas firmadas, poderá perder os benefícios negociados. Não está claro se Palocci irá apresentar anexos tratando dos casos de corrupção envolvendo clientes de sua consultoria, a Projeto. Também não há sinal de que ele irá citar casos que estão fora da jurisdição de Moro, como o caso dos pagamentos de propina pela J&F ao PT e fatos relacionados a antigas campanhas eleitorais do partido.
Fundador do PT, ex-prefeito de Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma, Palocci participou das decisões mais importantes do partido nas últimas duas décadas. O PT sempre negou irregularidades nas doações de campanha do partido.

POLÍTICA: Com Pimentel ameaçado de impeachment, Dilma rechaça concorrer ao governo

FOLHA.COM
Por Painel


Nem vem 
Pessoas próximas a Dilma Rousseff afirmam que a hipótese de ela disputar o governo de Minas não existe. Amiga de Fernando Pimentel desde os tempos da juventude, a petista tem dito que a ideia é absurda.

Leite derramado 
A tentativa de pôr um fim nas especulações sobre o papel da ex-presidente na eleição mineira ocorre no momento em que Pimentel é alvo de forte ofensiva.

Leite derramado 2
Além dos já conhecidos problemas de caixa do estado, o anúncio de que Dilma poderia disputar o Senado irritou aliados do governador e acabou dando fôlego à articulação que culminou com a abertura de seu processo de impeachment.
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante campanha para a reeleição em 2014, na Bahia

Vai ou racha?
A cúpula do PSDB local vê na ofensiva contra o governador de Minas a chance de desgastar ao máximo o maior adversário de Antonio Anastasia na disputa local. Já ala do MDB acredita que Pimentel pode cessar a guerra política se convencer Dilma a nem sequer entrar na disputa pelo Senado.
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