sexta-feira, 20 de março de 2015

CASO PETROBRÁS: Delator diz que ex-ministro Lobão pediu 'ajuda' de R$ 1 milhão

FOLHA.COM
RUBENS VALENTE
GABRIEL MASCARENHAS
DE BRASÍLIA

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento gravado em vídeo como parte do acordo de delação premiada fechado com a força tarefa da Operação Lava Jato, que o ex-ministro de Minas e Energia e atual senador pelo PMDB do Maranhão, Edison Lobão, lhe pediu "uma ajuda" de R$ 1 milhão, além de outros R$ 2 milhões para a campanha da então governadora do Estado, Roseana Sarney (PMDB), em 2010.
Segundo Costa, o pedido foi feito pessoalmente pelo então ministro – ele não soube dizer se no ministério ou na casa de Lobão em Brasília. O peemedebista foi ministro de Minas e Energia de janeiro de 2008 a janeiro de 2015. Como foi eleito senador em 2010, deverá exercer o mandato no Senado pelo Maranhão até o ano de 2019.
Embora investigado em um dos inquéritos abertos no STF (Supremo Tribunal Federal) por ordem do ministro Teori Zavascki, Lobão vai presidir a Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
No depoimento em vídeo, quando indagado se Lobão lhe explicou o motivo do R$ 1 milhão, Costa respondeu: "Precisava de uma ajuda". Costa afirmou que o pedido não foi presenciado por outra pessoa. "Obviamente que só tinha eu e ele presente, não tinha mais ninguém. Onde ele fez essa solicitação, de uma ajuda para a campanha dela [Roseana] e também uma ajuda para ele."
Segundo o ex-diretor da Petrobras, o pagamento foi "operacionalizado" pelo doleiro Alberto Youssef. Segundo Costa, Youssef depois "disse que [o pedido] foi atendido".
Os procuradores informaram que Youssef já negara, em seu depoimento, ter recebido ordem de Costa para providenciar recursos para Roseana e Lobão. Costa ponderou: "Agora, muitos desses casos eu não tenho contraprova de que foi entregue. Se o Youssef, por alguma cargas d'água, não entregou e me falou que entregou, para mim entregou".
Na petição em que pediu a abertura de inquérito no STF sobre Lobão e Roseana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que sobre os R$ 2 milhões, Youssef "deixou clara a possibilidade de que tenha efetivamente participado desse pagamento, tendo inclusive se recordado de uma entrega, no exato valor referido, no hotel Blue Tree da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo".
CONFUSÃO
Em pelo menos um ponto no depoimento em vídeo, Costa manifestou confusão na comparação com o primeiro depoimento que ele próprio deu sobre o assunto. Costa falou de Roseana em duas etapas de depoimentos no acordo de delação premiada. Em depoimento prestado em 30 de agosto passado em Curitiba (PR), à força tarefa da Lava Jato, ele afirmou que, além de encontros com equipes de governo do Maranhão, esteve pelo menos três vezes com Roseana e que "as tratativas da governadora em relação ao pagamento de propina para o abastecimento de sua campanha eram breves e se restringia a perguntas se estava tudo 'acertado'".
Na segunda etapa dos depoimentos, contudo, agora conduzida pela PGR (Procuradoria Geral da República) no Rio de Janeiro em 11 de fevereiro passado, Costa primeiro afirmou que não falou do envio do dinheiro à campanha da governadora, "nunca tocou no assunto com ela".
Um dos procuradores então leu o trecho do depoimento anterior de Costa. O ex-diretor então corrigiu: "Se consta no depoimento, para mim o que vale é o depoimento".
Os procuradores concordaram que "está todo mundo cansado". Outro procurador indagou se ele poderia ratificar todo o depoimento anterior, e Costa concordou. "A minha memória estava muito mais boa aqui [no primeiro depoimento] do que aqui". Os procuradores então transcreveram o primeiro depoimento no texto do segundo depoimento.
Minutos depois, Costa voltou ao tema. "Tô tentando me lembrar aqui. Acho que foi uma coisa assim 'está tudo certo?' Acho que foi nesse sentido", disse o ex-diretor. "Mas não teve uma conversa mais longa, detalhada, sobre isso."
OUTRO LADO
Em discurso na tribuna do Senado no último dia 12 de março, Edison Lobão negou ter feito qualquer pedido de dinheiro ao ex-diretor da Petrobras. "Minha dignidade jamais foi posta à prova. Tenho uma vida sem manchas, sem nódoas, sem máculas. Esse é meu patrimônio. É em nome dele que repudio toda a tentativa de envolver meu nome no escândalo de corrupção que abala a nossa maior empresa, a Petrobras".
Em recurso protocolado no STF, o advogado de Roseana, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que "não há convergência, mas contradições entre os depoimentos dos delatores e, por óbvio, não há verossimilhança, mas uma completa dissonância entre a suposta entrega de vantagem à campanha política da agravante [Roseana] –que nunca existiu!– e a tal entrega de R$ 2 milhões em um hotel em São Paulo".

CASO PETROBRÁS: Empreiteira da Lava Jato afirma que cartel atuou desde o governo FHC

UOL

Brasília - Em acordo de leniência firmado pela Setal Engenharia e Construções com a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG-Cade), a empresa afirmou que as empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato operam cartel para participar de licitações da Petrobras desde o final dos anos 1990.
O posicionamento da companhia vai ao encontro ao que disse o executivo Augusto Mendonça, ex-representante da Toyo Setal, à Justiça Federal. Após firmar o acordo de delação premiada, ele disse que o cartel, chamado por ele de "clube" de empreiteiras que atuava nas licitações da estatal existe desde meados da década de 1990, período que abrange a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Segundo Mendonça, ex-representante da Toyo Setal, o cartel "passou a ser mais efetivo a partir de 2004, graças às negociações dos diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Engenharia e Serviços)".
No histórico de conduta divulgado pelo Cade, com detalhes do acordo de leniência, a Setal e a SOG Óleo e Gás afirmaram que foi estabelecido "um sistema de proteção" entre as empresas para "combinar não competirem entre si em licitações relativas à obras da Petrobras no mercado 'onshore'".
O documento registra, ainda, que a empresas investigadas na Lava Jato se "reuniam, ainda que inicialmente de uma maneira não estruturada, com o objetivo de discutir e tentar dividir os pacotes de licitações públicas 'onshore' da Petrobras no Brasil".
As empreiteiras disseram que o cartel ficou mais bem definido a partir de 2003 ou 2004, com a chegada do ex-diretores de Engenharia e Serviços da estatal, Renato Duque, e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.
"A partir de 2003/04, os contatos entre concorrentes tornaram-se mais frequentes e estáveis, e algumas das empresas descritas no presente Histórico de Conduta passaram a se reunir, de forma estável e organizada, no âmbito do "Clube das 9", com o fim específico de combinar preços, condições, vantagens e abstenções entre concorrentes, em licitações públicas realizadas pela Petrobras no mercado de obras de montagem industrial "onshore" no Brasil", registra o documento.
O clube teria mudado para englobar 16 membros nos anos seguintes, segundo Cade, operando de maneira "anticompetitiva" devido à necessidade de acomodar mais empresas.
Por celular
O chamado "Clube das 16" operava até mesmo por meio de mensagens de celular. "Os contatos anticompetitivos se davam, sobretudo, em reuniões presenciais, mas também houve conversas ao telefone e trocas de SMS", registra o relato de acordo de leniência.
O nível de organização do grupo de empreiteiras mantinha também "tabelas contendo as informações sobre as obras anteriores que já tinham sido vencidas por cada uma das empresas" nas concorrências abertas pela Petrobras. Além de "informações sobre obras futuras previstas".
O documento do Cade registra ainda que "quem já tinha projetos vencidos ficava no final da fila de preferência, e quem tinha menos projetos vencidos com a Petrobras ficava no início da fila de preferências".
O clube de 16 empresas também convidava outras construtoras para participar do esquema "especialmente quando a lista de empresas que deveriam participar do certame (era) entregue pelo grupo aos dois diretores da Petrobras" - Renato Duque e Paulo Roberto Costa.
Acordo
O Cade celebrou acordo de leniência também com a SOG Óleo e Gás e pessoas físicas funcionários e ex-funcionários das empresas do grupo. O acordo, uma espécie de delação premiada, foi assinado em conjunto com o Ministério Público Federal do Paraná (MPF/PR), dentro da Força-Tarefa da Operação Lava Jato. Os materiais obtidos por meio do acordo de leniência, assim como outros eventualmente colhidos pelo Cade, poderão ser utilizados pelo MPF/PR como subsídio no âmbito dos processos penais.
O Cade informa que, por meio desse acordo, os signatários confessam sua participação, fornecem informações e apresentam documentos probatórios a fim de colaborar com as investigações do alegado cartel entre concorrentes em licitações públicas de obras de montagem industrial onshore da Petrobras.

CASO PETROBRÁS: Sérgio Moro revoga três prisões temporárias do caso Lava Jato

UOL
De São Paulo 

Ricardo Borges/Folhapress
Juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato
O juiz Sérgio Moro, responsável por todas as ações da Operação Lava Jato, revogou a prisão temporária de três investigados por participar no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Foram beneficiados Lucélio Góes, filho do doleiro Mário Góes, e Dario Teixeira Alves Junior e Sonia Mariza Branco, suspeitos de serem subordinados do lobista Adir Assad.
Em ambos os casos, o juiz afirma que a prisão temporária, que tem prazo máximo de cinco dias, cumpriu seu objetivo de "preservar a colheita da prova". Ele também considera que as provas poderiam impor aos investigados um pedido de prisão preventiva, mas pondera que, "como medida extrema e a bem da presunção de inocência, não deve ela ser prodigalizada, devendo ser reservada àqueles com participação mais relevante na prática dos crimes".
O juiz determina, após a revogação da prisão, obrigação de comparecer aos atos do processo e não deixar a residência por mais de 30 dias, mudar de endereço ou deixar o País sem prévia autorização da Justiça. O descumprimento das medidas cautelares pode levar à decretação de prisão preventiva.
Lucélio e o pai, Mário Góes, foram presos na segunda-feira, 16, na décima fase da Operação Lava Jato, batizada de Que País é Esse?. Mário é acusado de ser carregador de dinheiro para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que voltou a ser preso nesta semana.
Dario Teixeira Alves Junior e Sonia Mariza Branco são suspeitos de trabalhar para o lobista Adir Assad, que já foi investigado pela Polícia Federal no caso Delta, em 2012. Tanto Mário Góes como Assad negam participação em irregularidades.

NEGÓCIOS: Bovespa sobe puxada por Petrobras e tem melhor pontuação desde dezembro

Do UOL, em São Paulo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 1,99%, a 51.966,58 pontos nesta sexta-feira (20). É a maior pontuação desde 5 de dezembro do ano passado, quando fechou em 51.992,89 pontos.
A Bolsa encerrou o acumulado da semana com ganhos de 6,94%, depois de duas quedas seguidas nesse tipo de comparação. Foi o melhor resultado desde a semana encerrada em 21 de novembro de 2014 (8,33%).
Até agora, no ano, a Bovespa acumula alta de 3,92%; no mês, os ganhos são de 0,74%.
A ação da Petrobras (PETR4) subiu 5% e ajudou a impulsionar o resultado do Ibovespa, assim como a do Itaú (ITUB4), que avançou 0,84%, e a do Bradesco (BBDC4), com alta de 1,54%.
Dólar tem maior queda em 4 meses
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 2,01%, a R$ 3,23 na venda, depois de ter atingido o maior valor em quase 12 anos na véspera. O recuo percentual foi o maior em quatro meses, desde 21 de novembro do ano passado, quando a moeda caiu 2,05%.
Com o resultado, o dólar anulou os ganhos da semana e fechou o período em queda de 0,58%, após duas altas seguidas. Até agora, no acumulado do mês o dólar ainda tem alta de 13%; e, no do ano, ganhos de 21,5%.
Bolsas internacionais
As principais Bolsas da Europa fecharam em alta, com destaque para o índice de Atenas, que subiu 2,87% depois que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, prometeu que vai apresentar um plano de reformas aos credores em breve.
A Bolsa de Madri saltou 2,96%; Lisboa teve alta de 1,96%; Milão avançou 1,63%; Frankfurt subiu 1,18%; Paris ganhou 1%; e Londres fechou com ganhos de 0,86%.
A maioria das Bolsas da Ásia e do Pacífico fechou em alta , em uma sessão em que os ganhos inspirados pela reunião do Fed, o banco central dos Estados Unidos, na quarta-feira se esgotaram.
A Bolsa de Xangai teve a maior valorização, de 0,98%, seguida pelo de Cingapura, com alta de 0,78%. No Japão, o mercado de ações encerrou o pregão com alta de 0,43%.
A Bolsa de Sidney, na Austrália, avançou 0,41%, e a Taiwan teve alta de 0,13%. Por outro lado, a Bolsa de Hong Kong caiu 0,38%, e a da Coreia do Sul fechou estável, com leve queda de 0,03%.
(Com Reuters)

DIREITO: Pacote anticorrupção do MPF sugere punição a partidos políticos

ESTADAO.COM.BR
BEATRIZ BULLA - O ESTADO DE S. PAULO

Ministério Público Federal vai encaminhar ao Congresso propostas para combater atos ilícitos e de penas mais duras a corruptos
Brasília - O Ministério Público Federal anunciou nesta sexta-feira, 20, propostas legislativas para aprimorar o combate à corrupção. As medidas são divididas em dez frentes, entre elas a que prevê a responsabilização de partidos políticos, conforme antecipou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. As punições vão desde multa ao cancelamento do registro da legenda envolvida em atos de corrupção. Ao abrir o evento, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destacou as sugestões serão encaminhadas ao Congresso para combater "a chaga da sociedade, que é a corrupção". 
A proposta, apresentada sob forma de anteprojeto de lei, prevê punições para práticas como caixa 2 com multa ou até cancelamento do registro - esta última punição, nos casos de condutas de responsabilidade do diretório nacional. Segundo os procuradores, as legendas podem ser punidas com valor entre 10% e 40% dos repasses do Fundo Partidário (recurso público destinado aos partidos) relativos ao exercício no qual ocorreu o crime, podem ainda ser suspensos do recebimento de repasses do fundo.
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot (à dir.), e o procurador Deltan Dallagnol (à esq.) no lançamento do pacote anticorrupção do MPF
"Se há algum partido que se vale de recursos não contabilizados de caixa 2, além das sanções eventualmente atribuídas aos candidatos, há que se prever também um mecanismo de responsabilização das próprias agremiações partidárias", explicou o subprocurador-geral da República Nicolao Dino. A responsabilização dos partidos, pela proposta do MPF, é objetiva, ou seja, não depende da comprovação de culpa na irregularidade.
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato que atua junto à Justiça do Paraná, destacou que o esquema investigado na Petrobrás "até agora indignou" o Brasil, mas não o transformou em um "País com menos corrupção e impunidade". "O meu sonho é o sonho do brasileiro, que tenhamos um país melhor, com menos corrupção e menos impunidade. Quero viver para ver essas medidas aprovadas pelo Congresso Nacional. Se você é um brasileiro que não vê saída nessa situação, queria dizer que existe uma luz e que existe uma esperança", afirmou Dallagnol. 
Sobre os partidos citados na investigação da Operação Lava Jato, que apura desvios na Petronrás, Dallagnol afirmou que medidas contra as legendas estão em estudo, mas não entrou em detalhes. Até o momento, os partidos com maior envolvimento, segundo o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, delatores da Lava Jato, são o PP, PMDB e PT. Os delatores também citaram repasses de propinas a integrantes do PSB e do PSDB, em 2010.
A apresentação das propostas é feita dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff ter anunciado um conjunto de projetos de lei e um decreto com a mesma temática. Em comum entre as duas proposições, há a criminalização do caixa 2 de campanha (acúmulo de recursos não declarados). Fazem parte ainda do pacote do governo federal: uma proposta de emenda constitucional (PEC) para confisco de bens; pedido de urgência para um projeto para alienação de bens apreendidos; estabelecimento de ficha limpa para cargos de confiança; regulamentação da Lei Anticorrupção, de 2013; e a criação de um grupo de trabalho para cuidar do tema.
Veja as propostas do Ministério Público:
1. Prevenção à corrupção
- Criação de regras de accountability (prestação de contas, em tradução livre) para Poder Judiciário e Ministério Público
- Criação de teste de integridade aos agentes públicos para prevenir atos de corrupção
- Aplicação de porcentuais de publicidade para ações e programas voltados ao combate à corrupção
- Maior proteção à fonte que deu causa à investigação relacionada à prática de corrupção
2. Criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos
3. Aumento das penas
O Ministério Público sugere penas maiores para corrupção ativa e passiva, por exemplo - que hoje vai de 2 a 12 anos - deve subir para 4 a 12 anos e ser ampliada gradativamente a depender do prejuízo causado ou benefício recebido. Prevê tornar crime hediondo a corrupção no caso de crimes superiores a 100 salários mínimos.
4. Eficiência dos recursos no processo penal
- Previsão de trânsito em julgado do caso na Justiça quando recurso usado for protelatório - visar apenas a postergar o cumprimento da pena
- Fixar prazo para relator e revisor apresentarem votos nos tribunais
- Mudança nas regras de apresentação do sistema recursal
- Possibilidade de começar a cumprir pena após o julgamento em instância superior (tribunais)
5. Celeridade nas ações de improbidade administrativa
- Retirar fase preliminar da ação de improbidade
- Criar Turmas, Câmaras e Varas especializadas para o tema no Poder Judiciário
- Instituir acordo de leniência no âmbito da improbidade, com competência exclusiva do MP para firmar acordos
6. Sistema de prescrição penal
Ajustes na prescrição nos casos de crimes de colarinho branco
7. Ajustes nas nulidades penais
8. Partidos políticos
Responsabilização das legendas e criminalização do caixa 2 (acúmulo de recursos não declarados) de campanha inclusive para candidatos
9. Prisão preventiva para assegurar a devolução do dinheiro desviado
- Prevê prisão preventiva para assegurar a devolução do dinheiro
- Estabelece multa para descumprimento de ordem judicial relativa à quebra de sigilo bancário e fiscal
10. Recuperação do lucro derivado do crime
- Confisco alargado
- Ação civil de extinção de domínio

ECONOMIA: Após bater recorde de alta, dólar cai 2%, a R$ 3,23, maior recuo em 4 meses

Do UOL, em São Paulo

O dólar comercial fechou em queda de 2,01%, a R$ 3,23 na venda nesta sexta-feira (20), depois de ter atingido o maior valor em quase 12 anos na véspera. O recuo percentual foi o maior em quatro meses, desde 21 de novembro do ano passado, quando a moeda caiu 2,05%.
Com o resultado, o dólar anulou os ganhos da semana e fechou o período em queda de 0,58%, após duas altas seguidas. Até agora, no acumulado do mês o dólar ainda tem alta de 13%; e, no do ano, ganhos de 21,5%.
Em relação à queda desta sexta, operadores ouvidos pela agência de notícias Reuters citavam uma série de fatores para explicar o clima favorável. 
Entre elas, o tom mais cauteloso adotado pelo Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) em sua decisão de política econômica nesta semana, oprograma de compra de títulos do Banco Central Europeu (BCE) e a promessa de reformas da Grécia.
"O mundo inteiro está vendendo dólares e o resultado é uma trégua aqui. Resta saber se ela vai ser duradoura ou não", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, à Reuters.
Atuação do BC no mercado de câmbio
O BC manteve seu programa de intervenções no mercado de câmbio, mas agora com metade da oferta de contratos de swap cambial (contratos equivalentes à venda de dólares no futuro). Foram vendidos 650 contratos para 1º de dezembro de 2015, e outros 1.350 com vencimento em 1º de março de 2016.
O BC também fez mais um leilão para rolar os contratos que vencem em 1º de abril. Foram vendidos 3.700 contratos para 1º de junho de 2016 e 3.700 contratos para 3 de outubro de 2016, com volume equivalente a US$ 353,8 milhões.
Ao todo, o BC já rolou o equivalente a US$ 5,327 bilhões, ou cerca de 53% do lote total, correspondente a US$ 9,964 bilhões.
(Com Reuters)

CASO PETROBRÁS: Setal fecha acordo com Cade e delata cartel em obras da Petrobras

FOLHA.COM
RENATA AGOSTINI, DE SÃO PAULO

Duas companhias do grupo Setal fecharam um acordo com o Cade (Conselho de Administrativo de Defesa Econômica) por meio do qual concordaram em delatar o funcionamento de um cartel em licitações da Petrobras.
No total, 23 companhias foram citadas como participantes do esquema.
O termo, chamado de acordo de leniência, foi divulgado nesta sexta-feira (20). Ele foi firmado pelas companhias Setal Engenharia e Construções e SOG Óleo e Gás (Setal Óleo e Gás) e por nove executivos.
De acordo com o Cade, as companhias e seus funcionários confessaram a participação no cartel e "apresentaram documentos probatórios a fim de colaborar com as investigações".
Segundo as delatoras, o cartel começou a funcionar no final dos anos 90 e os acordos tornaram-se mais frequentes e estáveis a partir de 2003. O conluio teria durado até pelo menos o início de 2012.
O acordo de leniência permite que as duas companhias do grupo Setal tenham redução na pena, que pode chegar a 20% do faturamento.
INVESTIGAÇÃO
Os depoimentos e as provas fornecidas pelas empresas serão usados na investigação já aberta pelo Cade para apurar a denúncia de cartel.
A autarquia iniciou a apuração após indícios do esquema terem surgido no âmbito da Operação Lava Jato. Para subsidiar o processo, o Cade conta ainda com os materiais apreendidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal do Paraná em operações de busca.

ECONOMIA: Dólar tem queda de 2% e fica perto de R$ 3,23; Bolsa tem alta

UOL

O dólar operava com queda expressiva nesta sexta-feira (20), caindo mais de 2%, enquanto a Bolsa continuava em tendência de alta. Por volta das 10h30, o dólar comercial operava em queda de 2,03%, a R$ 3,229 na venda; o Ibovespa, principal índice da Bolsa, subia 1,06%, aos 51.494,88 pontos. Nesta manhã, o Banco Central realizou um leilão de contratos de dólar como parte de seu programa de atuações no mercado, e ainda deve promover outro para rolar os contratos que vencem em abril. (Com Reuters)

COMENTÁRIO: CPI começa a fechar o cêrco a Dilma.Eletrolão veta nome de Alves

Por CLÁUDIO HUMBERTO -Via Diário do Poder 
TRIBUNA DA IMPRENSA

CPI vai analisar gravações de áudio e vídeo das reuniões do Conselho da Petrobras, começa a fechar cerco a Dilma. 
A CPI da Petrobras deve investigar as responsabilidades do conselho de administração da estatal, presidido por Dilma Rousseff entre 2003 e 2010, auge da roubalheira do “petrolão”. Requerimento do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), já na pauta da CPI, obriga a Petrobras a entregar aos deputados da CPI cópia de todas as gravações em áudio e vídeo das reuniões do conselho entre os anos de 2005 e 2015.
As gravações das reuniões mostrarão a atitude de conselheiros, como Dilma, na aprovação de negócios ruinosos para a Petrobras.
Altineu Côrtes, sub-relator de Gestão Temerária da CPI, suspeita que conselheiros sabiam da roubalheira. Ele não acredita em dolo de Dilma.
No período em que Dilma presidiu o conselho, a Petrobras comprou refinarias superfaturadas e vendeu seus ativos a preço de banana.
A Petrobras vendeu por uma pechincha metade da subsidiária na África ao banco BTG Pactual, de André Esteves, um amigão de Lula.

Dilma usa ‘eletrolão’ para não nomear Henrique Alves
Parlamentares com livre trânsito no Planalto garantem que Dilma ainda não nomeou Henrique Alves (PMDB) para seu ministério porque teme que seu nome apareça no próximo escândalo, o do “eletrolão” do setor elétrico. A mesma desculpa ela usava antes da Lista de Janot, na qual Alves não foi citado. Sua campanha para o governo potiguar recebeu doações de R$8,5 milhões de empreiteiras com obras no setor elétrico.
A quem o indaga a esse respeito, Henrique Alves informa que doações para sua campanha obedecem rigorosamente a lei eleitoral.
Entre doadores de campanha de Henrique Alves estão Queiroz Galvão, Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, também citadas no petrolão.
Foi adotado no setor elétrico o modelo desbaratado na Petrobras, no qual um diretor “de confiança do PT” manda mais que o presidente.

COMENTÁRIO: Dilma está com 13 por cento de bom e ótimo. Não demora, estará emzero. Lula quer "lista fechada", retrocesso eleitoral

Por HELIO FERNANDES - Via blog do autor 
TRIBUNA DA IMPRENSA

A história da saída de Cid Gomes do ministério da Educação tem que ser contada como ela é. Um show planejado, roteirizado e apresentado por ele mesmo. Nenhum improviso, tudo como queria, do principio ao fim. Dispensou o motorista e o carro oficial, foi para a Câmara num carro particular dirigido por ele mesmo. Na companhia do governador do Ceará, do prefeito de Fortaleza e do líder do Pros na Assembleia Legislativa.
Ficaram esperando, ele entrou na Câmara discursou, fez suspense no inicio como se fosse pedir desculpas, começou os ataques duríssimos, com a ressalva: "Não falo como Ministro e sim pessoalmente". Era a confissão e a transmissão do que viria, sem qualquer alteração e a transmissão do que viria, sem qualquer alteração.
Falou e obvio que hoje não existe. Com régua e esquadro mostrou o que deve acontecer; "Oposição tem que se opor, é a sua obrigação. Situação tem que defender o governo, ou então largar o osso". (Textual).
Começa o grande fato do dia, tumulto completo, foi embora tranquilamente. Na saída do plenário ("salão verde", território dos jornalistas) não deu entrevista, mas sua posição independia de explicação. Voltou a dirigir o carro particular com os mesmos amigos, foi para o Planalto, avisou: "não demoro".
Esteve imediatamente com a presidente, entregou o cargo, desceu, pegou o carro, foi direto para o aeroporto. Alguém esperava para apanhar o carro, viajaram direto para o Ceará, eram esperados pelo irmão Ciro. 
O subserviente Planalto 
Dona Dilma aceitou a demissão, não tinha outra coisa a fazer. Mas a partir daí, a constatação: o país está sem governo, sem presidente, sujeito ao fracasso do "pacote anticorrupção" e do fiasco da demissão planejada de Cid Gomes.
Enquanto ele saía, Dilma chamou o mercadejante da Casa Civil, ordem seca, dura, fingindo de autoritária: "Telefone para o Eduardo Cunha, avise que o Cid Gomes não é mais ministro". Tudo consumado de forma constrangedora, humilhante, degradante.
Os lideres (?) do PMDB começaram então o espetáculo do "Poder" é nosso, intimamos o Planalto a demitir o ministro ou passaremos para a oposição’’. Não houve nem tempo de haver consenso ou consulta para essa "intimação-intimidação". Mas a mídia amestrada aceitou e logo divulgou a versão. Que como estou mostrando com fatos, fatos, não é a verdadeira.
Imediatamente tudo voltou ao Planalto, Dona Dilma irritada e revoltada, (é o seu clima pessoal de sempre) compreendeu que a demissão se transformara no acontecimento mais importante do dia. O "pacote anticorrupção", que não representava coisa alguma foi jogado no lixo.
Haverá consequências, mas é preciso esperar. A reforma ministerial acontecerá mas não se pode dizer que seja imediata ou urgente. Com o executivo desgastado ate mesmo diante do Congresso desmoralizado, e de um Judiciário critico mas hesitante, o Executivo não executa e paga o preço de tanta incompetência. 

Nelson Barbosa 
Foi segundo de Mantega na Fazenda. Secretario Executivo. Esperava ser promovido. Mantega não saiu, foi embora. Neste novo (?) governo Dilma, nomeado Ministro do Planejamento, apenas para substituir Levy, numa derrapagem ou em circunstância fabricada.
Sem nada para fazer ou dizer, não diz nada ou erra. Ontem: “O câmbio não está fora do lugar”.
Em vez de substituir, devia ser substituído. O Banco Central começou a vender (jogar dólar no mercado que pegava ávido) a 1,80/1,90, tem perdido fortunas, quanto? Como vendia BILHÕES por dia, agora a mais de 3,20, é preciso avaliar os prejuízos. Isso cabe ao Congresso, podiam convocar o presidente do BC para explicar.
Pelo menos podia ir á Comissão de Assuntos Econômicos. Nenhuma suspeita de comprometimento, apenas esclarecimento técnico. A incompetência pode provocar tanto prejuízo quanto à corrupção.
Agora a moeda bate em 3,30, fecha a 3,28, o falso ministro afirma que “o dólar não esta fora do lugar”. 

Silêncio retumbante 
Como anunciei na véspera com exclusividade, o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, não daria uma palavra na CPI. Cumpriu. Não sei por que demoraram quatro horas para encerrar. Coisas até curiosas. Um deputado perguntou, Duque não respondeu, pediu “direito de réplica”. E o presidente até com bom humor: “Excelência, o senhor perguntou, ele ficou em silencio, seu direito de réplica é o mesmo silencio”. Encerrou a sessão.
Lula ficou atento (não quero dizer que ouviu) ao depoimento, ao lado de Rui Falcão. No Instituto que tem seu nome. Ficou satisfeitíssimo. Sabe que se Duque falasse ou falar, carregará João Vacari, tesoureiro do PT. Lula passou o tempo atendendo telefonemas sobre três assuntos que hoje têm prioridade na sua agenda.
1-Esse de João Vacari. 2 – Tirar Mercadante do governo, já aceita sua transferência para o Ministério da Educação, que ocupou, longe da “Pátria Educadora”.
3 – Emplacar a “lista fechada”, numa reforma partidária que na vai haver. Mas se houver. Quer a lista “fechada” para eleger amigos em todos os estados.
O país em situação cada vez mais desesperadora. O governo parado e desmemoriado, ninguém lembra que tudo o que acontece (ou não acontece) neste imobilizado segundo mandato, é consequência da incompetência do primeiro. Se não existisse reeleição, proibida em todas as constituições até o mandato comprado e renovado de FHC, e que sobrou para os outros, seria possível pelo menos acreditar numa renovação. (Que há 40 anos chamo de RENOVOLUÇÃO).
Não gostaria de ser tão incisivo ou definitivo, mas não há solução. Afastar Dona Dilma, impensável ou improvável. Continuar com ela, um elefante no caos, para repetir o titulo de uma peça famosa do Millor. Se ela perder o mandato, seja por motivo jurídico ou político, assume o vice Michel Temer. Antes de formar a chapa com ela, disputava sempre mandato de deputado. Ficava como primeiro ou segundo suplente, assumiu pela “leniência” da legislação.
Os três poderes, que deveriam ser harmônicos e independentes entre si, são agressivos e conflitantes, não se entendem de maneira alguma. Na verdade quem assumiu a coordenação, embora não tenha mandato, credencial ou poder, é esse vice que já se julga ou considera o herdeiro da incompetência com sua cumplicidade e do seu partido. Ontem, entregando a Dona Dilma o projeto de reforma política,a afirmou publicamente e sem o menor constrangimento: "O PMDB está no comando da mudança política e partidária”.
Essa reforma está com a validade vencida ha muito tempo, é indispensável, mas teria que ser séria, abrangente e atingir todos os pontos vulneráveis. Só que cada partido quer uma coisa, são 32 deveriam ser no máximo 5".
Existe apenas uma convergência ou acordo: o fim das coligações proporcionais. E todos dão como exemplo a eleição do Tiririca. É aquela em que o candidato tem digamos 1 milhão de votos, com isso se elege e "carrega" com ele mais 3 ou 4 sem votação alguma. O que adianta acabar com essa agressão á vontade povo se existem outras tão deprimentes e alarmantes? Que continuarão ou pelos menos serão modificadas para piorar?

PS- Sobre a altíssima corrupção na Petrobras, tenho comentado aqui com insistência: "Executivos, diretores, corruptos de empreiteiras que recebem mais de 100 milhões cada um, têm que mudar de “status", de carro, casa, a família não percebe?".

PS2- Ontem o presidente do Conselho da Engevix, disse á filha que publicou na Primeira: “A vida mudou para mim, tem gente na família olhando enviesado”. E confessa: "passei a meditar e rezar". Meditar é coisa que nunca fez e rezar, no momento, não vai adiantar muito.

PS3- O Estado Islâmico aterrorizou a Tunísia, um dos raros países democráticos da região, o único que sobrou da "primavera árabe". Agiram como sempre, assassinaram turistas de vários países, atingindo uma das formas de rendimento do país. 

PS4- E como não podia faltar, destruíram o maior museu do país, o mais visitado, que estava lotado. La foram assassinados covarde e selvagemente, como fazem.

COMENTÁRIO: Infecção braba, antibiótico fraco

Por Eliane Cantanhêde - ESTADAO.COM.BR

A política é definida de fora para dentro do Congresso. Quanto mais vibrantes as ruas, mais fracos os governos; quanto mais fracos os governos, mais fortes a Câmara e o Senado e mais tonitruantes os líderes partidários.
Milhões de pessoas gritando "Fora Dilma", a aprovação da presidente despencando para 13%, a rejeição disparando para 62% e um documento do próprio Planalto admitindo o "caos político" e que "não será fácil virar o jogo"... Pois é, depois dessa sequência de tragédias para o governo, tudo o que Dilma Rousseff teve a oferecer foi o tal pacote anticorrupção.
Primeiro, o pacote não contém novidade e vem rolando preguiçosamente pela burocracia desde ao menos junho de 2013. Segundo, desabou sobre a opinião pública como um traque se comparado ao estrondo das ruas e das pesquisas. Terceiro, depende de aprovação do Congresso, controlado por dois alvos do Supremo e um PMDB conflagrado.
Para piorar, o anúncio das medidas, pela presidente e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi atropelado pelo bólido Cid Gomes, que chegou desgovernado e na hora do rush, ou da crise. O que ele falou sobre os "300 ou 400 achacadores" tem lá boas doses de verdade, mas ninguém fala o que quer, na hora que bem entende. Principalmente se é ministro de um governo atolado numa crise que poucas vezes se viu.
Gomes, famoso por levar a sogra para passar o carnaval em Paris num jatinho alugado com dinheiro público, reuniu fanfarronice, arrogância e inabilidade política no seu embate com o Congresso e sai do Ministério da Educação sem deixar saudade - nem no Planalto nem na própria pasta. E ainda vai responder a processo por danos morais apresentado ontem pela Câmara.
Mas o mais grave do pacote anticorrupção é o quinto aspecto, digamos, de cunho prático: se já estivessem em vigor, medidas como a criminalização do caixa 2, o confisco de bens obtidos ilicitamente e a aplicação da Ficha Limpa para servidores públicos teriam evitado o escândalo da Petrobrás?
O pacote seria capaz de impedir que um único diretor da Petrobrás amealhasse a bagatela de US$ 100 milhões, como aconteceu? Que o esquema rateasse mais de R$ 1 bilhão entre seus beneficiários? Que empreiteiras assaltassem a empresa, políticos extorquissem, diretores embolsassem tanto, doleiros lavassem como nunca? Improvável. É um antibiótico fraco para uma infecção braba.
O resultado de tudo isso é que Dilma tenta manter a pose em público, mas está frágil, perdeu o controle da situação e não demonstra capacidade de reação minimamente razoável às ruas, às pesquisas, à força do PMDB, aos presidentes da Câmara e do Senado.
Tem-se, então, um círculo vicioso: povo nas ruas, governo fraco, PMDB forte, popularidade despencando e mais povo nas ruas, ou batendo panelas, ou fazendo buzinaços nos grandes centros. O 15 de março passou, a ameaça continua no ar.
Ok, manifestações são coisa de elite e de classe média mesmo, como nas Diretas-Já e no impeachment de Collor, mas o descontentamento atual, como naqueles momentos, vai muito além e atinge todas as regiões e todas as faixas de renda e de escolaridade.
Vejamos: pelo Datafolha, a rejeição a Dilma (e ao que ela representa) bate em 60% entre os que ganham até 2 salários mínimos e em 66% na faixa de 2 a 5 mínimos. E o desemprego mal começou a botar as garras de fora.
É assim que se esvai o último discurso dos que resumem tudo a um chilique das elites, a uma guerra entre ricos e pobres, brancos e negros, olhos azuis e castanhos. Quem faz um diagnóstico tão primário está errado e vai se arrepender. Principalmente se for presidente da República.

Alvissareiro. Para o Itamaraty, o reatamento dos EUA com Cuba pode ser entre 30 de março e 9 de abril, antes da Cúpula das Américas. Oremos!

COMENTÁRIO: UMA EQUAÇÃO INCONCLUSA

Por CARLOS CHAGAS -TRIBUNA DA IMPRENSA


A equação continua inconclusa, mesmo com a demissão de Cid Gomes do ministério da Educação. Ou por conta dela? Porque quando num encontro privado, mas sendo ministro, ele agrediu o Congresso, admitia-se que a presidente Dilma fosse demiti-lo. Não o fez. Pelo contrário, nos corredores do palácio do Planalto ouvia-se estar a chefe do Executivo feliz e satisfeita porque um de seus auxiliares havia saído em sua defesa, no confronto com o Congresso. Convocado pela Câmara, e depois da mal explicada bronquite que o prendeu a um hospital paulista, Cid Gomes compareceu na quarta-feira ao plenário da Câmara. Nenhuma instrução recebeu de Dilma e manteve seus mal-educados conceitos. Até ofendeu pessoalmente o presidente Eduardo Cunha. Em seguida reagiu diante das palavras virulentas de alguns deputados, mesmo alertado para a impossibilidade de interromper os oradores. Emocionado, tomou o rumo do gabinete de Dilma, imagina-se que já disposto a demitir-se.
O resto são dúvidas, ou seja: a presidente o recebeu? Dialogou com ele? Elogiou sua performance ou admoestou-o? Foi delicada ou grosseira, se é que conversaram?
Mas tem mais: tratou-se todo o grotesco episódio de uma operação milimetricamente engendrada ou desenvolveu-se emocionalmente? O que levou o chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, a telefonar para o deputado Eduardo Cunha, informando-o da demissão? Deitar água na fervura ou acirrar ainda mais os ânimos?
A maior questão, porém, exprime-se pela evidência dos fatos: em meio à ebulição, o líder do PMDB declarou que seu partido abandonaria a base parlamentar do governo se o ministro não fosse imediatamente demitido. Falava por ele ou por Eduardo Cunha? Sua ameaça chegou à mesa de Dilma na mesma hora, levando-a a ceder à chantagem e decidir pela demissão do ex-governador do Ceará? Seria do temperamento da presidente curvar-se a uma hipótese inviável, já que o partido teria que ser consultado, quando mil outros fatores servem para formar bases de apoio parlamentar?
Vale repetir, de tudo, a evidência de uma equação ainda inconclusa. Daqui por diante, pressões do PMDB e de seu líder inconteste, Eduardo Cunha, derrubarão mais ministros? Estará o governo presidencialista refém de um Legislativo parlamentarista? Cid Gomes teria passado por momentos de desequilíbrio?
GOVERNO EM FRANGALHOS
Junto com as investigações da Operação Lavajato, que a cada dia revelam mais sujeira, em meio ao estranho episódio da queda do ministro da Educação, levanta-se outra tempestade. No caso, o relatório do ministro da Comunicação Social, Thomas Traumman, um verdadeiro libelo sobre a incompetência do governo, a começar pela dele própria. E com a peculiaridade de o personagem haver feito vazar o documento e viajado horas depois para os Estados Unidos, de férias. Continua ministro? Deixou carta de demissão? Esteve com a presidente Dilma, que há pouco o afastara de seu convívio? A conclusão é de estar o governo em frangalhos.

CRISE: Credor executa garantias da Sete Brasil

FOLHA.COM
NATUZA NERY, DE BRASÍLIA
JULIO WIZIACK, DE SÃO PAULO

A Sete Brasil, principal parceira da Petrobras na exploração do pré-sal, sofreu um duro golpe. Um de seus credores estrangeiros, o Standard Chartered Bank, entrou com pedido de execução de garantias do empréstimo concedido à empresa.
A Folha apurou que o banco já acionou o FGCN (Fundo Garantidor da Construção Naval), fundo administrado pela Caixa Econômica para assegurar o pagamento aos credores em caso de calote.
Em carta ao fundo, o Standard Chartered pede para sacar sua cota no fundo –o que pode ser negado pelo fundo.
A reportagem não obteve a informação do valor do empréstimo, mas apurou que é maior do que a cota do banco no fundo – um sinal de desespero diante da situação da Sete Brasil, já que prefere garantir um valor menor.
Envolvida na Operação Lava Jato, a companhia não consegue um financiamento de US$ 9 bilhões prometido pelo BNDES quando a empresa foi criada, em 2010.
Como não obteve os recursos do BNDES, a Sete tomou R$ 12 bilhões com bancos – alguns deles são também sócios no negócio. Esses empréstimos venceram, e a Sete não consegue pagá-los.
O Standard Chartered fez parte de um grupo de bancos estrangeiros que, juntos, concederam R$ 2,6 bilhões à Sete. Esses financiamentos, chamados empréstimos-ponte, venceram novamente nesta terça (17). Eles já tinham sido renegociados anteriormente. O Standard foi o primeiro a "jogar a toalha" porque não acredita que haverá uma saída para a Sete.
AGONIA
A solução que está na mesa é do BNDES. Como revelou a Folha, o banco estatal propôs liberar os US$ 9 bilhões que tinha prometido à Sete diretamente para os bancos credores. Assim, ele repassará o risco do negócio para as instituições financeiras.
Os credores não querem aceitar a proposta. Dizem que só financiaram a Sete porque o governo, via BNDES, tinha se engajado no projeto com a promessa do financiamento de longo prazo.
O prazo final para decidirem o salvamento da empresa é 31 de março. Se os bancos não aderirem, a empresa pode quebrar. Caso eles cheguem a um acordo, o banco britânico pode suspender a execução das garantias.
O impasse se agravou após Pedro Barusco, ex-diretor de operações da Sete, confessar ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas –reproduzindo na Sete os desvios praticados na Petrobras quando foi gerente da estatal.
Desde então, o BNDES exige mais garantias para liberar o recurso. Até a presidente Dilma pressionou para ajudar a empresa. Com a demora do BNDES, a Sete atrasa pagamentos, comprometendo a construção das sondas.
A Sete não se pronunciou. A reportagem não conseguiu contato com o Standard até o fechamento desta edição. 
Editoria de Arte/Folhapress 

ANÁLISE: A sabedoria das massas nos protestos do dia 15

ESTADAO.COMBR
THE ECONOMIST - O ESTADO DE S. PAULO

Depois de manifestações gigantescas contra sua gestão, Dilma Rousseff enfrentará dificuldades para reinaugurar seu segundo mandato presidencial
A presidente Dilma já esperava que os protestos de 15 de março fossem grandes. Por isso, reuniu um grupo de crise em sua residência oficial, a fim de monitorá-los. Mas ninguém, nem mesmo os organizadores, imaginava que eles teriam as proporções que tiveram. Em São Paulo, pelos cálculos da polícia, mais de 1 milhão de pessoas esteve na Avenida Paulista. Já o instituto Datafolha estima o número de manifestantes em 210 mil. Trata-se da maior manifestação política ocorrida na maior cidade do País desde as Diretas-Já, em 1985. Nacionalmente, a polícia calcula que 2,2 milhões de pessoas compareceram aos protestos em cidades dos 27 Estados do País. É um número superior ao dos que saíram às ruas no auge das manifestações de 2013.
As centrais sindicais, que dois dias antes haviam organizado atos a favor do governo Dilma, acusaram os manifestantes de pertencer à "elite branca". Contudo, havia muitos que não se encaixavam nesse estereótipo. "Sou negro, pobre e quero a Dilma fora", declarou um manifestante, do alto de um dos nove caminhões de som espalhados pela Paulista. Muitos dos que estavam lá vestiam a camiseta verde-amarela da seleção brasileira. Os políticos da oposição se mantiveram à distância. Compreenderam que sua presença ofuscaria a mensagem das ruas e serviria para reforçar as alegações do governo de que por trás dos protestos estavam os perdedores ressentidos das eleições de outubro último.
As queixas veiculadas em junho de 2013 eram difusas. As de domingo tinham dois alvos bem claros: Dilma e o PT. Alguns manifestantes, cerca de 25% dos que estiveram na Paulista, segundo um levantamento, defendiam o impeachment da presidente por conta do escândalo da Petrobrás. Entre os demais, a maioria queria mostrar sua indignação com a corrupção e a má gestão econômica do governo, que fez a inflação subir e deve provocar uma recessão este ano. Um grupo de extremistas clamava por intervenção militar - mas sua gritaria histérica foi abafada.
Presidente Dilma Rousseff, no anúncio do pacote anticorrupção
Implicação. As perspectivas de impeachment são reduzidas. Um presidente em exercício só pode ser deposto em virtude de delitos cometidos durante o mandato em curso. As investigações na Petrobrás têm como foco propinas pagas a agentes públicos num período que antecede o início do atual mandato de Dilma. Além disso, a presidente não foi pessoalmente implicada.
A verdadeira preocupação do governo é que a insatisfação popular, somada a um contexto de obstrução parlamentar, frustre os planos de Dilma para seu segundo governo. A classe trabalhadora, onde se concentra o apoio à presidente, não engole as medidas de austeridade que precisam ser adotadas para combater o déficit fiscal - atualmente em assustadores 6,75% do PIB - e evitar o rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
Os participantes dos atos em favor de Dilma, ocorridos em 13 de março, protestaram contra cortes em benefícios sociais e acusaram o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de ser um "liberal infiltrado" no governo. Em fevereiro, caminhoneiros bloquearam rodovias em protesto contra o aumento no preço dos combustíveis e de outros custos do setor. O governo cedeu à pressão e aceitou muitas das exigências dos manifestantes.
As duas casas do Congresso são comandadas por partidos governistas. Mas muitos dos aliados do governo são movidos a oportunismo mesmo quando as coisas vão bem. Com o escândalo da Petrobrás e a queda acentuada na popularidade da presidente - apenas 13% dos eleitores acham que ela faz um bom governo -, é muito provável que esses políticos deixem o governo em apuros.
O Supremo aprovou a abertura de investigações criminais contra 34 parlamentares. Entre eles também estão Eduardo Cunha e Renan Calheiros, presidentes, respectivamente, da Câmara dos Deputados e do Senado, ambos do PMDB. Todos negam qualquer malfeito.
Quanto maior for a preocupação dos congressistas implicados no escândalo em limpar seus nomes, menor será sua disposição de votar a favor de medidas econômicas impopulares. Calheiros, antes um defensor leal do governo, recentemente devolveu ao Executivo uma medida provisória que reduziria a desoneração das folhas de pagamento das empresas. Isso obrigou Dilma a reenviar ao parlamento a proposta, agora sob a forma de projeto de lei e com pedido de urgência constitucional. Na semana passada, o Congresso por pouco não derrubou os vetos presidenciais a dois projetos de lei potencialmente prejudiciais à disciplina fiscal. Os congressistas votaram majoritariamente contra a presidente, mas não em número suficiente para derrubar os vetos.
Na terça-feira, o Congresso aprovou o Orçamento deste ano. Isso ajudará o ministro Levy a manter sua promessa de alcançar um superávit primário de 1,2% do PIB. Mas a série de vitórias apertadas indica que ele terá de agir com cautela e consultar amplamente o Congresso antes de adotar novas medidas econômicas. Assim, o ajuste fiscal demorará mais tempo do que ele gostaria para acontecer e será preciso cruzar os dedos para que a nota de crédito do Brasil não seja rebaixada.
Dilma tem se esforçado para reinaugurar seu governo. Na coletiva de imprensa que deu na segunda-feira, a presidente prometeu "humildade" (nove vezes) e "diálogo" (12 vezes). Anunciou leis anticorrupção severas e se comprometeu com a realização de um reforma política.
Nada disso deve sensibilizar as pessoas que tomaram a Paulista no domingo. Rogério Chequer, do Vem Pra Rua, o maior dos grupos organizadores da manifestação, diz que seu coletivo planeja novos protestos. O Movimento Brasil Livre, de tendência liberal, já marcou uma para 12 de abril. Essa "vai ser maior", promete o grupo. É melhor Dilma encontrar boas razões para que os manifestantes fiquem em casa.
THE ECONOMIST, TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO SOB LICENÇA. O ARTIGO ORIGINAL, EM INGLÊS, PODE SER ENCONTRADO EM WWW.THEECONOMIST.

CASO PETROBRÁS: Delatores afirmam que mais 4 gerentes recebiam propina

FOLHA.COM
MARIO CESAR CARVALHO, DE SÃO PAULO

Os dois executivos da Camargo Corrêa que fecharam um acordo de delação premiada com procuradores e policiais federais da Operação Lava Jato relataram nos depoimentos que quatro gerentes da Petrobras também receberam propina da empreiteira, segundo a Folha apurou com investigadores do caso.
Os nomes dos quatro gerentes, que continuam na estatal, não haviam aparecido até agora na investigação. Os executivos da Camargo Corrêa disseram que eles pediam suborno sempre que era preciso assinar um contrato ou aditivo para um empreendimento.
Uma das obras em que os gerentes receberam suborno, de acordo com os depoimentos, é a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cuja construção está em fase final.
A Camargo tem um dos maiores contratos para a construção dessa refinaria. O consórcio CNCC, liberado pela empreiteira, foi agraciado com um contrato de R$ 3,3 bilhões. O custo final da refinaria é estimado em US$ 18,5 bilhões (R$ 61 bilhões em valores correntes).
O investigado pela Operação Lava Jato que mais devolveu recursos aos cofres públicos até agora é um ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barusco: US$ 97 milhões (R$ 320 milhões atualmente). Dois ex-diretores estão presos (Nestor Cerveró e Renato Duque) e Paulo Roberto Costa, que dirigiu a área de abastecimento, foi solto após fazer acordo de delação.
CARTEL
Os dois integrantes da cúpula da Camargo Corrêa que fizeram o acordo de delação são Dalton Avancini, presidente da empreiteira, e Eduardo Leite, vice-presidente da área de finanças.
O presidente do conselho de administração da empresa, João Auler, quis fechar um acordo, mas sua tentativa foi refutada pelos procuradores porque ele dizia não conhecer detalhes do esquema.
Os três estão presos desde 14 novembro na custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR), sob acusação de terem pago R$ 40 milhões em suborno para fecharem contratos com a estatal. Eles também são réus por acusações de lavagem de dinheiro e formação de cartel.
Os dois executivos que fecharam o acordo já reconheceram nos depoimentos que as empreiteiras atuavam como cartel, apesar de insistirem que havia obras em que havia concorrência de verdade entre as empresas.
A dupla que faz a delação deve sair da prisão em breve. O acordo estabelece que eles devem ter uma pena menor em troca das informações sobre irregularidades que revelarem aos procuradores.
Os depoimentos foram concluídos na semana passada, mas o teor continua sob sigilo porque a Justiça ainda não homologou as delações.
Só um trecho foi revelado até agora. Nele, Leite diz que João Vaccari, tesoureiro do PT, disse saber que a Camargo atrasara o pagamento de suborno de R$ 10 milhões e pediu que o valor fosse entregue ao PT por meio de doação oficial, o que o partido nega.
OUTRO LADO
A Petrobras e a Camargo Corrêa não quiseram comentar a declaração de dois executivos da empreiteira de que quatro gerentes da estatal recebiam propina.
Em nota, a empresa afirma que a construtora não pode se pronunciar sobre documento ou informação que desconhece e não teve acesso". A maior parte dos depoimentos segue sob sigilo.
Segundo a Camargo Corrêa, "a empresa permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e desenvolve esforços para sanar eventuais irregularidades".
O PT e a defesa de João Vaccari negaram o relato feito por Eduardo Leite de que o tesoureiro pedira que um suborno de R$ 10 milhões fosse depositado como doação oficial.
O PT reitera que só recebe doações registradas na Justiça eleitoral. O advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse em nota que seu cliente não participou de "esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao PT".

CASO PETROBRÁS: Delatores afirmam que mais 4 gerentes recebiam propina

FOLHA.COM
MARIO CESAR CARVALHO, DE SÃO PAULO

Os dois executivos da Camargo Corrêa que fecharam um acordo de delação premiada com procuradores e policiais federais da Operação Lava Jato relataram nos depoimentos que quatro gerentes da Petrobras também receberam propina da empreiteira, segundo a Folha apurou com investigadores do caso.
Os nomes dos quatro gerentes, que continuam na estatal, não haviam aparecido até agora na investigação. Os executivos da Camargo Corrêa disseram que eles pediam suborno sempre que era preciso assinar um contrato ou aditivo para um empreendimento.
Uma das obras em que os gerentes receberam suborno, de acordo com os depoimentos, é a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cuja construção está em fase final.
A Camargo tem um dos maiores contratos para a construção dessa refinaria. O consórcio CNCC, liberado pela empreiteira, foi agraciado com um contrato de R$ 3,3 bilhões. O custo final da refinaria é estimado em US$ 18,5 bilhões (R$ 61 bilhões em valores correntes).
O investigado pela Operação Lava Jato que mais devolveu recursos aos cofres públicos até agora é um ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barusco: US$ 97 milhões (R$ 320 milhões atualmente). Dois ex-diretores estão presos (Nestor Cerveró e Renato Duque) e Paulo Roberto Costa, que dirigiu a área de abastecimento, foi solto após fazer acordo de delação.
CARTEL
Os dois integrantes da cúpula da Camargo Corrêa que fizeram o acordo de delação são Dalton Avancini, presidente da empreiteira, e Eduardo Leite, vice-presidente da área de finanças.
O presidente do conselho de administração da empresa, João Auler, quis fechar um acordo, mas sua tentativa foi refutada pelos procuradores porque ele dizia não conhecer detalhes do esquema.
Os três estão presos desde 14 novembro na custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR), sob acusação de terem pago R$ 40 milhões em suborno para fecharem contratos com a estatal. Eles também são réus por acusações de lavagem de dinheiro e formação de cartel.
Os dois executivos que fecharam o acordo já reconheceram nos depoimentos que as empreiteiras atuavam como cartel, apesar de insistirem que havia obras em que havia concorrência de verdade entre as empresas.
A dupla que faz a delação deve sair da prisão em breve. O acordo estabelece que eles devem ter uma pena menor em troca das informações sobre irregularidades que revelarem aos procuradores.
Os depoimentos foram concluídos na semana passada, mas o teor continua sob sigilo porque a Justiça ainda não homologou as delações.
Só um trecho foi revelado até agora. Nele, Leite diz que João Vaccari, tesoureiro do PT, disse saber que a Camargo atrasara o pagamento de suborno de R$ 10 milhões e pediu que o valor fosse entregue ao PT por meio de doação oficial, o que o partido nega.
OUTRO LADO
A Petrobras e a Camargo Corrêa não quiseram comentar a declaração de dois executivos da empreiteira de que quatro gerentes da estatal recebiam propina.
Em nota, a empresa afirma que a construtora não pode se pronunciar sobre documento ou informação que desconhece e não teve acesso". A maior parte dos depoimentos segue sob sigilo.
Segundo a Camargo Corrêa, "a empresa permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e desenvolve esforços para sanar eventuais irregularidades".
O PT e a defesa de João Vaccari negaram o relato feito por Eduardo Leite de que o tesoureiro pedira que um suborno de R$ 10 milhões fosse depositado como doação oficial.
O PT reitera que só recebe doações registradas na Justiça eleitoral. O advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse em nota que seu cliente não participou de "esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao PT".

POLÍTICA: Em resposta a Dilma, FHC diz que corrupção é 'um bebê'

ESTADAO.COM.BR
ANA FERNANDES - O ESTADO DE S. PAULO

Ex-presidente rebate declaração da petista de que prática de desvios no País é 'senhora idosa' e afirma que esquema na Petrobrás é fato novo
São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) rebateu a afirmação da presidente Dilma Rousseff (PT) de que a corrupção é uma "senhora idosa" no Brasil. Em entrevista à Globo News, o tucano disse que o escândalo de corrupção na Petrobrás traz à tona algo completamente novo em termos de corrupção praticada no País, em que uma organização de pessoas estabeleceu um sistema de sustentação de partidos e ligação a empresas para abastecer os caixas das legendas. "Isso é um fato novo. Essa corrupção não é uma senhora idosa, é uma mocinha, um bebê quase", disse o tucano.
FHC repetiu a declaração que tinha dado ao longo da semana de que, pela proporção que a corrupção ganhou na Petrobrás, considera impossível que o ex-presidente Lula e Dilma não soubessem, pois algo assim acaba sendo do conhecimento de todos no governo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
A declaração de Dilma foi feita um dia após os protestos contra o governo, no domingo, 15. Na avaliação do Palácio do Planalto, a corrupção foi o principal motivo que levou a multidão às ruas. Ao afirmar que práticas de desvios são antigas no País, Dilma tenta rebater tentativas da oposição de associar a corrupção ao seu governo.
O ex-presidente argumentou que, em seu governo, a indicação política para cargos de diretoria na estatal, feita por partidos da base, era bem mais incomum. Ele se disse lembrar de duas indicações políticas - de José Coutinho Barbosa e do hoje senador petista, mas à época integrante do PMDB, Delcídio Amaral.
Impeachment. Apesar de dizer torcer para que Dilma possa terminar seu mandato, FHC voltou a defender que o impeachment, diferentemente dos clamores por golpe militar de alguns grupos, é um instrumento da democracia. E comparou os pedidos para afastamento da petista àqueles que ele viu durante o seu segundo mandato (1999-2002). "Esse 'Fora Dilma' é como o 'Fora FHC'. A Dilma hoje simboliza, é alvo dessa irritação. Mas não creio que seja transcrito em passos exatamente para tirá-la do poder. Vai depender da comprovação de delitos e da opinião pública", afirmou.
Mas o tucano ponderou ver diferenças entre as crises enfrentas por Dilma e por ele, em seu segundo mandato. "Foi diferente. No meu governo, eu perdi popularidade mas não credibilidade, continuei com apoio do Congresso, de setores econômicos", afirmou.
Em pouco mais de meia hora de entrevista, FHC foi mais crítico ao governo Dilma, mas não deixou de mencionar o governo Lula. Disse lhe doer pensar que o Brasil não soube aproveitar o boom das commodities da década passada para dar um impulso de desenvolvimento. "Me dói como brasileiro, ver a perda de oportunidades históricas e a responsabilidade é do partido que está no poder, sem dúvida", afirmou.
Ele também afirmou que, no primeiro momento de crise de falta de apoio ao governo Dilma, havia uma sensação de que o governo Lula tinha sido bom e que ela havia conduzido mal a sucessão. Mas que, agora, a população passa a identificar como um processo somado e não quer "nem um nem outro".
Sobre os cartazes e manifestações no dia 15, mesmo que minoritários, mas que pediam a volta da ditadura, FHC avaliou que são resultado da falta de coordenação atual entre as forças políticas organizadas. O vácuo, permite, segundo ele, o alastramento de ideias radicais. Mas, Fernando Henrique não acha que há espaço para esse tipo de ideia prosperar. "Eu não me amedronto com isso. Em muitos momentos da história, essa irritação é natural, mas não creio que isso vá prosperar pois a sociedade brasileira está bem organizada."

CASO PETROBRÁS: Oito doleiros envolvidos em escândalos de corrupção estão no SwissLeaks

Por Fernando Rodrigues - Blog do Fernando Rodrigues
UOL

Personagens da Lava Jato, mensalão e propinoduto estão ligados a contas no HSBC da Suíça
Doleiros citados em escândalos como a Operação Lava Jato, o mensalão e o caso PC Farias aparecem na lista dos 8.667 brasileiros relacionados a contas no HSBC da Suíça. Em todos os casos, foram investigados pela suspeita de terem operado dinheiro de origem duvidosa e acobertado operações financeiras ilegais. Eles negam ter cometido irregularidades.
No acervo de dados do HSBC suíço, vazado em 2008 por um ex-funcionário do banco, aparecem Henrique José Chueke e sua filha, Lisabelle Chueke (caso PC Farias); Favel Bergman Vianna e Oscar Frederico Jager (propinoduto); Benjamin Katz (Banestado); Dario Messer (mensalão); Raul Henrique Srour (Lava-Jato) e Chaim Henoch Zalcberg (Operações Roupa Suja e Sexta-feira 13).
Chueke, tido nos anos 1990 como um dos doleiros mais ricos do Rio de Janeiro, foi acusado de ter alimentado contas do empresário Paulo Cesar Farias, tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Melo, e de Ana Acioli, secretária do ex-presidente. Quando o escândalo veio à tona, os jornais publicaram que entre maio de 1991 e junho de 1992 o escritório de Chueke, situado no mesmo endereço da Belle Tours, empresa de sua filha Lisabelle, havia recebido 27 telefonemas da EPC, empresa de PC Farias. Nos registros do HSBC, Chueke e sua filha mantiveram uma conta conjunta de 24 de janeiro de 1989 a 28 de outubro de 2004.
MERCADO PARALELO
Vianna e Jager foram envolvidos no escândalo do propinoduto, revelado em 2003. Vianna foi assassinado com um tiro dentro de seu Audi, na Avenida Atlântica, no Leme, no Rio, em março daquele ano — 23 dias depois de o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter bloqueado US$ 9 milhões que ele mantinha em uma conta bancária em Nova York. O bloqueio estabelecido pelos americanos atendia a um pedido da Justiça suíça. Na época, as autoridades brasileiras suspeitaram que a conta de Vianna havia sido usada para remeter ao exterior dinheiro obtido ilegalmente pelos fiscais da Receita envolvidos no escândalo. O Ministério Público Federal também suspeitou que a conta de Vianna servia para lavar dinheiro da contravenção no Rio de Janeiro.
Mais recentemente, em 2004, os Chuekes, Jager e Vianna apareceram numa ação do Ministério Público Federal decorrente da Operação Farol da Colina, da PF. Eles foram acusados de evasão de divisas, formação de quadrilha e operação de instituição financeira sem a devida autorização.
Nessa ação, Vianna ainda foi acusado pelos procuradores de ter sido sócio de Jager em uma empresa chamada Eleven Finance Corporation, aberta nas Ilhas Virgens Britânicas. Segundo o MPF, a offshore teria sido criada para administrar uma conta com recursos de operações ilegais de câmbio. Nas planilhas do HSBC, os dois surgem dividindo uma conta identificada pelo nome “Eleven”. Ela foi criada em 24 de outubro de 1988 e fechada em 15 outubro de 1991. Em 2006/2007, estava zerada.
Abaixo, os dados das referidas contas (clique na imagem para ampliar):
Benjamin Katz foi investigado pela CPI do Banestado por “operar fortemente no mercado paralelo”. Não houve relatório final por divergência entre os membros da comissão. O nome de Katz aparece no caso SwissLeaks ligado a uma conta que durou apenas 15 dias, de 1º a 16 de outubro de 1991.
No episódio do mensalão, o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, mais conhecido como Toninho da Barcelona, disse que Dario Messer recebia dólares do PT em uma offshore no Panamá e entregava ao partido o valor correspondente em reais no Banco Rural. Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, entre 1998 e 2003, Messer teria enviado irregularmente ao exterior pelo menos US$ 1 bilhão. Em 2005, a CPI dos Correios pediu à PF que o localizasse, mas ele havia embarcado para Paris. As planilhas do HSBC indicam que, em 2006/2007, Messer tinha US$ 69 mil depositados na Suíça.
Raul Henrique Srour foi citado na investigação da Operação Lava-Jato. De acordo com o MPF, ele fez parte do grupo do doleiro Alberto Youssef e atuou no mercado negro, fraudando identidades para realizar cerca de 900 operações de câmbio. Segundo os dados do banco suíço, Srour teve três contas, mas todas já haviam sido fechadas em 2006/2007, quando os dados foram extraídos do HSBC.
Henoch Zalcberg foi alvo de duas operações da Polícia Federal, a Roupa Suja e a Sexta-feira 13, realizadas em 2005 e 2009, respectivamente, para desbaratar uma quadrilha acusada de fraudar licitações, evadir divisas e lavar dinheiro. Em 2006/2007, a conta de Zalcberg no HSBC também já havia sido encerrada.
Participaram da apuração desta reportagem os jornalistas Bruno Lupion, do UOL, e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta, do “Globo''.
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