quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ECONOMIA: Após cair a R$ 3,18, dólar passa a subir e fecha valendo R$ 3,22; Bolsa sobe 1%

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI / JULIANA GARÇON

Bolsas globais se animam com manutenção de juros nos EUA

- Dennis Brack / Bloomberg News

RIO - Depois de cair a R$ 3,183 no início da sessão, o dólar comercial encerrou em alta de 0,49% nesta quinta-feira, cotado a R$ 3,227 para venda, na contramão do movimento global para a moeda. Segundo analistas, a divisa americana inverteu a trajetória ao longo do dia com a redução do fluxo de venda de dólares após a cotação recuar abaixo de R$ 3,20, além de rumores de que o Banco Central (BC) poderia aumentar a intervenção para impedir que o dólar fique muito barato. Também ajudou a valorizar a divisa americana a queda dos juros futuros no Brasil, provocada pela inflação mais baixa que o esperado e pela declaração do ministro da Fazenda de que “é altamente provável” um corte de juros este ano. No mercado acionário, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1,02%, a 58.994 pontos, ainda beneficiada pela manutenção dos juros nos EUA, anunciada na tarde de ontem.
— Quando o dólar cai abaixo de R$ 3,20, fica a percepção de que a venda perde força, uma vez que o vendedor fica receoso com a possibilidade de a moeda voltar a ganhar força porque o ajuste fiscal ainda é incerto. A aprovação da PEC do teto de gastos é considerada fundamental para a continuidade da lua de mel dos investidores, mas ela ainda é algo que não se concretizou. Uma nova rodada de compra de ativos do Brasil só pode se dar caso essa agenda avance — explicou Cleber Alessie, “trader” de câmbio da H. Commcor.
Pela manhã, o BC vendeu todos os cinco mil contratos de swap cambial reverso, operação que equivale à compra futura de dólares e acaba contribuindo para valorizar a divisa americana. Segundo Alessie, circulou no mercado hoje os rumores de que o BC estaria avaliando voltar a vender 10 mil contratos por dia, dobrando a intervenção e voltando aos níveis que vinha mantendo nos meses passados:
— Embora eu não acredite que o BC tenha essa intenção caso o dólar não se aproxime de R$ 3,15 nos próximos dias, o mercado tem esse receio.
No exterior, o Dollar Index Spot, que compara a moeda americana com uma cesta global de dez divisas, recua 0,1% na esteira da manutenção de juros pelo Fed.
Ontem, a divisa recuou 1,3% por causa da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter os juros entre 0,25% e 0,5% ao ano. Isso garante a ampla liquidez global por mais algum tempo — e, consequentemente, os recursos que vêm sustentando a valorização dos ativos em todo o mundo, e especialmente nos mercados emergentes, como o Brasil, a fim de garantir rentabilidade. O Fed sinalizou que deverá haver uma alta nos juros do país este ano, e não mais duas, movimento que reforçou a expectativa do mercado de que ocorra em dezembro.
Também ontem, o Banco do Japão mudou o foco de sua política monetária e determinou meta para rendimento de títulos públicos, movimento que também agradou os mercados. Ainda no cenário internacional, a alta do petróleo favorece as bolsas: a cotação do Brent, referência para o mercado brasileiro, sobe 1,47%, a US$ 47,52 em Londres.
Na Bovespa, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras ganharam 1,30% e as preferencias, sem direito a voto, avançaram 2,48%. Entre os bancos, o Itaú Unibanco PN subiu 1,59%, enquanto o Bradesco PN avançou 1,92%. O Banco do Brasil ON registrou alta de 0,47%. No setor de consumo, a Ambev subiu 1,07%.
— A sinalização do Fed e do BoJ foi muito importante pois muita gente estava começando a questionar se esses BCs iam continuar com uma política muito expansiva ou se começariam a mudar essa situação. A mensagem que foi dada é que o Fed parece ver juros mais baixos por mais tempo, e os BCs continuarão com uma política expansionista mais forte. O mercado ficou, então, mais leve e propício à tomada de risco — disse Hersz Ferman, da Elite Corretora
A mineradora Vale fechou em queda, com os papéis ON em baixa de 0,56% e os PN, de 0,19%. A companhia caiu a despeito da alta do minério de ferro, que subiu pelo terceiro dia consecutivo. Hoje, a commodity ganhou 0,84% e foi a US$ 56,34, maior cotação em 13 dias.
No cenário interno, a desaceleração do IPCA foi bem recebida pelos investidores. Como informou hoje o IBGE, a prévia oficial da inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou para 0,23% em setembro, refletindo uma deflação de 0,01% registrada nos preços dos alimentos, que vinham pressionando a taxa para cima
— Especialmente, porque a origem desse movimento é nos alimentos, o que indica consolidação da tendência — explica Adeodato Netto, chefe de mercados da Eleven Financial Research. — Assim, começa a se desenhar um quadro de estabilidade, que permite alívio nos juros, tira peso da dívida pública e reduz o custo de capital.
A inflação menor que o esperado e a declaração de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, dizendo que “é altamente provável” o corte da Selic este ano fizeram com que os juros futuros caíssem. O contrato DI com vencimento em 2021 recuou de 11,88% para 11,72%. Para Ferman, essa é uma das explicações para a alta do dólar - juros menores atraem menos investidores estrangeiros, reduzindo a oferta da moeda americana no Brasil.
BOLSAS GLOBAIS EM ALTA
Em Wall Street, o índice Dow Jones ganhou 0,54%, o S&P avançou 0,65% e a Bolsa eletrônica Nasdaq teve alta de 0,84%. Em Londres, o FTSE 100 registrou alta de 1,12%. O Dax, em Frankfurt, teve valorização de 2,28%. O CAC, em Paris, subiu 2,27%.
Na Ásia, o mercado acionário chinês terminou em alta, em resposta à decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de manter a taxa de juros aliviou o nervosismo dos investidores. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve alta de 0,75%. O índice de Xangai subiu 0,56%. O restante da região também apresentou alta diante da decisão do Fed. Em Tóquio, o índice Nikkei não operou. Hong Kong subiu 0,38%; Seul teve valorização de 0,67%; Taiwan registrou alta de 0,07%; Cingapura desvalorizou-se 0,16%; e Sydney avançou 0,65%.

ELEIÇÕES: Gilmar Mendes diz que doações eleitorais de beneficiários do Bolsa Família indicam fraude

ESTADAO.COM.BR
Julia Lindner,
O Estado de S.Paulo

TSE considera que alguns candidatos podem ter utilizado dados sem autorização para validar doações oriundas de caixa 2; para o presidente do Tribunal, 'isso deixa uma nuvem não muito transparente sobre esse modelo de doação que estamos desenvolvendo' 

BRASÍLIA - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, afirmou que "tudo indica" que as doações de cerca de 16 mil beneficiários do Bolsa Família para candidatos às eleições municipais configuram fraude e crime eleitoral. Nesta quinta-feira, 22, Gilmar e o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, confirmaram os dados do Tribunal de Contas da União (TCU) de que cadastrados no programa doaram aproximadamente R$ 16 milhões para campanhas de prefeitos e vereadores em todo o País até a última segunda-feira, 19.
Segundo o presidente do TSE, o candidato só será responsabilizado se ficar comprovado que ele estimulou a doação. Também será preciso verificar se o beneficiário do Bolsa Família tinha conhecimento das doações. O TSE considera que alguns candidatos podem ter utilizado dados sem autorização para validar doações oriundas de caixa 2. "Ou essa pessoa não deveria estar recebendo o Bolsa Família ou ocorre o fenômeno que chamamos de 'caça CPF', que é a ideia de se manipular o CPF de alguém que está inocente nesta relação. Mas isso deixa uma nuvem não muito transparente sobre esse modelo de doação que estamos desenvolvendo", afirmou.

Foto: Carlos Humberto|Divulgação
Gilmar Mendes, ministro do STF e presidente do TSE

Gilmar negou que o episódio possa justificar uma revisão no fim da doação empresarial e disse que as irregularidades servirão de aprendizado para as próximas eleições. "Essa eleição tem um processo novo, é um experimento institucional e certamente, depois da eleição, poderemos fazer balanço seguro e poderemos fazer uma avaliação, saber o que deu certo, o que deu errado", declarou.
"Estamos felizes de não sermos mais os últimos a saber. No sistema anterior, só sabíamos depois, se é que sabíamos ou ficávamos sabendo, quando fazíamos alguma análise das prestações de contas, agora fazemos esse exame prévio, em parceria com outras instituições, portanto estamos em condições mais confortáveis de fazer esse exame, cumprindo nosso papel. Como já disse, a prestação de contas deixará de ser um faz de conta."
No valor total de R$ 15.970.436,40 que foram doados por beneficiários do Bolsa Família até agora, foram consideradas doações em dinheiro e também doações estimadas, que podem ser feitas por meio de prestação de serviços para a campanha ou doação de materiais. O valor mais alto de doação de um beneficiário do programa foi de R$ 67 mil.
O presidente do TSE afirmou que só vai divulgar os nomes e os partidos dos envolvidos no suposto esquema após o término das investigações, quando a instituição tiver dados seguros. "Estamos falando de suspeitas de crime, mas temos que ter cautela", ponderou, ressaltando que todos os dados já foram repassados para o Ministério Público Eleitoral e juízes eleitorais.

LAVA-JATO: Eike diz que pagou marqueteiro do PT por ‘espírito democrático’

OGLOBO.COM.BR
POR THIAGO HERDY

‘Você tem projetos desse vulto (e recebe) um pedido do ministro, como é que faz?’, perguntou empresário

SÃO PAULO — No depoimento prestado à força-tarefa da Lava-Jato, o ex-presidente do Conselho de Administração da OSX Eike Batista disse ter feito um depósito de US$ 2,3 milhões no exterior para as contas do marqueteiro João Santana e da mulher dele Monica Moura, em atenção ao “espírito democrático” e para contribuir para que “a democracia flua”.
— Eu fazia isso constantemente como um brasileiro que achava que essa era minha contribuição política, (para) que a democracia flua e continue — afirmou o empresário.
Ele assumiu o pagamento em depoimento espontâneo prestado à Lava-Jato no dia 20 de maio deste ano, 25 dias depois de ter sido procurado pela primeira vez pelo GLOBO para esclarecer revelação feita por Mônica Moura à Lava-Jato sobre pagamentos realizados por ele no exterior, durante tentativa de delação premiada.
— Não queria que uma (publicação na) mídia, errada, proporcionasse dificuldades para minha pessoa — disse o empresário aos procuradores, ao explicar por que os procurava naquela ocasião. A reportagem foi publicada na mesma época.
No depoimento, Eike disse ter realizado o pagamento a pedido do então ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Guido Mantega. Durante uma de suas visitas a Brasília, Eike ouviu do então ministro que precisava de uma contribuição de R$ 5 milhões para o partido.
— Quando você tem projetos desse vulto (e recebe) um pedido do ministro, como é que faz? Eu costumava participar (contribuindo com campanhas), mas nesse ano eu não havia contribuído nada. Era final de 2012, pós-campanha (...) Ele falou que havia débitos de campanhas, perguntou se eu queria colaborar — disse Eike, repetindo narrativa feita por Monica Moura à Lava-Jato em tentativa de delação que foi recusada.
Um dos responsáveis pelo depoimento, o procurador federal Roberson Pozzobon perguntou a que campanha o pagamento serviria, mas Eike informou não saber especificar. O empresário afirmou que ia esporadicamente a Brasília falar sobre seus projetos:
- Eu sempre ia visitar vários ministros par amostrar como estava o andamento dos projetos do grupo. (...) Me foi feito o pedido de contribuir para contas de campanha que já tinha terminado, num valor total de R$ 5 milhões. Não sei se foi no dia ou na semana seguinte, a Monica (Moura) procurou a empresa, não diretamente a mim - afirmou, mencionando o advogado da OSX Flávio Godim como o responsável por “instrumentalizar a operação”.
Eike disse ter sido responsável por assinar a autorização para que uma de suas empresas no exterior, a Golden Rock, realizasse um pagamento diretamente para a empresa Polis, de João Santana e Monica Moura, em dezembro de 2012. No entanto, o pagamento voltou para sua conta. A solução foi forjar um contrato no início do ano seguinte com a Shelbill, offshore do casal Santana, para viabilizar a transferência de US$ 2,3 milhões. O valor é equivalente aos R$ 5 milhões solicitados por Mantega .

O empresário Eike Batista - Michel Filho / Agência O Globo 25/05/2012

Embora tenha associado o pagamento ao casal Santana a um pedido do então ministro da Fazenda a título de colaboração eleitoral, Eike afirmou aos Ministério Público Federal (MPF) que esperava que o publicitário prestasse algum serviço às suas empresas.
- Eu queria uma prestação de serviço para fazer esse pagamento. Eu não ia fazer uma simples doação. Eu queria algo em troca, que pudesse usar nos meus trabalhos - disse o empresário, mencionando o bom relacionamento de João Santana com o governo da Venezuela e Angola, por exemplo, áreas onde afirma que tinha interesse em atuar.
- Ele poderia me mostrar se valia à pena fazer investimentos nesses países. (...) Entendo que a empresa deles poderia ter expertise pelo nível de relacionamento com esses governo - completou Eike.
Depois que começaram a ter suas contas no exterior investigadas na Lava-Jato, o casal Santana chegou a encaminhar a Eike um relatório de atividades da Shelbill.
- Se você ver o relatório, não vale o que paguei. Mas tem informação importante - afirmou o empresário, que se dispôs a apresentar o documento aos investigadores.
Eike disse à força-tarefa que esta teria sido a única ocasião em que Mantega teria lhe solicitado recursos para o PT, e que não recebeu qualquer ameaça do então ministro.
- Ele não fez ameaças, isso nunca existiu. Ele não tinha o que me dar. O capital era meu - afirmou.
O empresário negou ter pagado propina em contratos da Petrobras:
- Eu era carta fora do baralho (...) Era um cartel e o Eike Batista que trazia empresas estrangeiras e tinha capital próprio não se encaixava nesse clube. Eu não era parte nesse clube - argumentou.
PF FAZ BUSCA E APREENSÃO NA OSX
Durante a Operação 'Arquivo X', realizada nesta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na OSX, braço naval do antigo grupo "X", criado por Eike Batista, como antecipou o colunista Lauro Jardim, do GLOBO.
A empresa funciona no mesmo prédio da OGPar, ex-OGX, petroleira do grupo, que assumiu as operações da OSX em março de 2015. A operação resultou na apreensão de documentos, arquivos e computadores.
As investigações buscaram documentos relacionados a operações irregulares realizadas pela gestão da OSX anteriores ao pedido de recuperação judicial da companhia, no fim de 2013. Os advogados criminalistas de Eike Batista ainda não comentaram.


INVESTIGAÇÃO: Mantega é investigado na Zelotes por decisões suspeitas do Carf

OGLOBO.COM.BR
POR THIAGO HERDY


Ex-ministro já teve seu sigilo bancário e fiscal quebrado pela Justiça

SÃO PAULO - O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega - preso nesta quinta-feira em nova fase da Operação Lava-Jato - já foi alvo de condução coercitiva na Operação Zelotes. Mais longevo ministro da Fazenda da história em período democrático, entre 2006 e 2015, Guido Mantega passou antes pela presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - BNDES (2004-2006) e pelo Ministério do Planejamento (2003-2004).
Discreto e de perfil técnico, foi um dos autores do plano de governo de Lula quando o ex-metalúrgico chegou à Presidência, mas sempre se manteve afastado da vida orgânica do Partido dos Trabalhadores, mas próximo da elite empresarial, em especial depois do ingresso no governo federal.
Em novembro de 2015, o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira,autorizou a quebra de seu sigilo bancário e fiscal em investigação da Operação Zelotes, ao lado de outros investigados.
A investigação buscava apurar as circunstâncias de nomeações de conselheiros do Carf - órgão vinculado ao Ministério da Fazenda responsável pelo julgamento de recursos de empresas contra multas aplicadas pela Receita Federal.
É investigada, também, a relação do ex-ministro com o empresário Victor Sandri, um dos donos do Grupo Comercial Cimento Penha, beneficiado por decisões suspeitas do Carf.
A Polícia Federal apurou que o grupo se livrou de uma dívida fiscal de R$ 106 milhões graças à ação de uma empresa de consultoria. Não há indicativos de que Mantega tenha recebido qualquer tipo de vantagem material das empresas, mas o entendimento do MPF e da PF era de que as investigações deviam ser aprofundadas. O ex-ministro nega qualquer irregularidade.
CONSULTORIA
Depois de deixar o governo federal, em 2015, e cumprir quarentena, Mantega abriu com a irmã uma empresa de consultoria em gestão empresarial e administração de bens. Por pelo menos três vezes ele foi agredido verbalmente em locais públicos de São Paulo e na presença da família, em função de seu vínculo com o PT, em meio às investigações envolvendo o partido.
As agressões ocorreram pela primeira vez na lanchonete do Hospital Albert Einstein, onde a esposa dele passava por tratamento. As outras duas foram no restaurante Aguzzo, em Pinheiros, e no restaurante Trio, na Vila Olímpia.
Depois que o advogado do ex-ministro apresentou uma queixa-crime por injúria, calúnia e difamação contra empresários identificados entre os agressores, eles pediram perdão ao ex-ministro e, com isso, o caso foi encerrado na Justiça.

LAVA-JATO: Pedido de Mantega a Eike pode estar ligado a campanha de Dilma de 2010

UOL
Por Jovem Pan

fonte: Roberto Stuckert/Divulgação - 2/11/10
João Santana entre Lula e Dilma durante campanha de 2010; a mulher de João, Monica operacionalizou repasse que seria para pagar dívida de campanha

A campanha da ex-presidente Dilma Rousseff de 2010 pode estar relacionada aos fatos apurados pela 34ª fase da Operação Lava Jato, chamada "Arquivo X", deflagrada nesta quinta-feira (22), que prendeu temporariamente o ex-ministro da Fazenda de Dilma e Lula, Guido Mantega. O ex-ministro, porém, foi solto ainda nesta quinta, quando o juiz Sergio Moro revogou sua prisão temporária.
Dilma e sua campanha não são alvo direto desta operação, mas há conexões que serão aprofundadas em investigações posteriores, disse o procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista coletiva nesta manhã. O foco por enquanto, diz a força-tarefa da Lava Jato, é seguir o "caminho do dinheiro".
"Em relação a Guido Mantega, é bom se observar que Monica Santana era da equipe da campanha de 2010 da ex-presidente Dilma. Portanto, há de se supor que essa quitação de valores de dívidas de campanha se referia a essa campanha presidencial. Entretanto, nós vamos ainda aprofundar essas investigações", disse Carlos Fernando dos Santos Lima.
O procurador ressaltou que os pagamentos foram feitos "a nível de ministro da Fazenda" e "a nível de marqueteiro da campanha presidencial", mas essa possível conexão com a campanha de Dilma ainda será investigada.
O empresário Eike Batista revelou em depoimento espontâneo, como testemunha, que uma de suas empresas, a OSX, em consórcio com a empreiteira Mendes Junior (consórcio Integra), ganhou obras de plataformas da Petrobras mesmo "sem nenhuma condição para as operações". Os contratos falsos teriam sido usados para operacionalizar propina.

Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima (Reprodução)

Eike afirmou que Mantega fez o pedido de pagamento de R$ 5 milhões para o PT, em reunião em 1º de novembro de 2012, operacionalizado pela mulher do marqueteiro João Santana, Monica Moura. Seriam "prestações de serviços (que) não ocorreram ou ocorreram de forma limitada". O objetivo seria justamente quitar dívidas da campanha presidencial de 2010.
"Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril 2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários", diz a força-tarefa da Lava Jato. A transação foi demonstrada por Eike Batista em documentos.
O empresário ex-bilionário não vê conexão do pagamento com propinas, mas este é o caminho de investigação da Lava Jato. O procurador ressaltou que Eike "sabia" de pagamentos anteriores de propinas feitos pelo consórcio Integra.
Outros agentes políticos
Outros agentes políticos investigados nesta fase da Lava Jato são o ex-ministro José Dirceu, já condenado em outros processos, e o ex-deputado do PT André Vargas, "com menor evidência". Ambos teriam recebido pagamentos ilegais por meio de suas empresas.
O operador de propinas do PMDB João Augusto Rezende Henriques também é investigado nos fatos divulgados nesta quinta, mas nenhum membro do partido do presidente Michel Temer foi citado por enquanto.
Prisão
Os procuradores ressaltaram também que o pedido de prisão preventiva de Guido Mantega foi negado pelo juiz Sergio Moro. Ele foi preso temporariamente, "quando imprescindível para as investigações do inquérito policial", como determina a Lei 7960/89 do Códico Civil.

LAVA-JATO: Moro revoga prisão de ex-ministro Guido Mantega na Lava Jato

Do UOL, em Brasília
Leandro Prazeres

Alan Marques/Folhapress
Moro diz considerar que Mantega não oferece riscos para a "colheita das provas"

Horas depois da prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) na manhã desta quinta-feira (22) pela PF (Polícia Federal), o juiz Sergio Moro mandou soltá-lo. Mantega foi liberado pela PF no início da tarde.
Em seu despacho, Moro diz considerar que Mantega não oferece riscos para a "colheita das provas" procuradas pela operação e também considerou o fato de que Mantega acompanhava sua mulher, que sofre de câncer e estava no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde seria submetida a uma cirurgia.
Mantega foi preso pela PF na 34ª fase da Operação Lava Jato na saída do hospital. "Considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento", disse Moro no despacho.
A decisão de revogar a prisão foi tomada pelo juiz sem consultar o MPF (Ministério Público Federal) ou a PF.
Moro diz que as autoridades responsáveis pela Lava Jato não sabiam que a mulher de Mantega seria submetida a cirurgia nesta quinta-feira.
"Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, MPF e deste juízo. Segundo informações colhidas pela autoridade policial, o ato foi praticado com toda a discrição, sem ingresso interno no hospital", afirmou Moro na decisão.
Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
Guido Mantega (de boné) foi preso em um hospital, onde acompanhava a mulher

Mantega estava em um hospital no momento da detenção e foi alvo de um mandado de prisão temporária assinado por Moro. A prisão feita no hospital foi alvo de forte repercussão entre petistas, que criticam a falta de "humanidade" das circunstâncias. "Se isso é verdade [que foi preso no centro cirúrgico do hospital], qualquer tese de humanitarismo foi jogada no lixo porque o Guido é um homem que foi ministro da Fazenda, que tem residência fixa. As pessoas poderiam tratá-lo como se trata todo ser humano", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Ele não estava no centro cirúrgico [quando foi feita a abordagem]. Não houve entrada de hospital, nem no centro cirúrgico", disse o delegado da PF responsável pela operação, Igor Romário de Paula.
Investigações
Segundo as investigações, em 2012, o então ministro Mantega atuou diretamente junto ao empresário Eike Batista, à época dono da empresa OSX que havia sido contratada pela Petrobras, para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partidos políticos aliados do governo relativas às eleições de 2010. Em depoimento, Eike declarou que recebeu pedido do ex-ministro para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões para o PT
Mantega comandou o ministério entre 2006 e 2014, nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A prisão temporária é decretada em casos específicos e prorrogável por igual período caso comprovada sua necessidade
A nova fase, batizada de Arquivo X, cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir prestar esclarecimentos) no Distrito Federal e em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia.
Inicialmente, a PF foi até a casa de Mantega no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, mas o ex-ministro não estava no local. Ele se encontrava no Einstein, na zona sul da cidade, onde acompanhava a mulher, que seria operada. 
Segundo o procurador Carlos Fernando Lima, a prisão de Mantega tem "o objetivo de permitir que a força-tarefa e o Ministério Público analisem todos os elementos de prova colhidos na data de hoje e tomem o depoimento de todos os envolvidos para formar um juízo com mais evidência e prova em relação a um eventual pedido de prisão preventiva".
Consórcio não tinha experiência
Além do ex-ministro, executivos das empresas Mendes Júnior e OSX são alvos desta fase. Segundo a PF, são investigados fatos relacionados à contratação por parte da Petrobras de empresas para a construção de duas plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal.
De acordo com as investigações, o Consórcio Integra Offshore (formado pela Mendes Júnior e OSX) firmou com a Petrobras um contrato no valor de US$ 922 milhões (R$ 2,96 bilhões em valores atuais) muito embora não possuísse experiência, estrutura ou preparo para tanto.
Para conseguir isso, diz nota da PF, os seguintes expedientes foram utilizados: "fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal".
Eike diz que pagou R$ 5 milhões ao PT
Em nota, o Ministério Público Federal do Paraná diz que Eike, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, prestou depoimento e declarou que, em 2012, recebeu pedido de Mantega para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões para o PT.
Alan Marques/Folhapress
Eike Batista diz que pagou US$ 2,35 milhões ao PT

Para realizar o pagamento, Eike disse que firmou um contrato falso com uma empresa ligada ao ex-marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura, que foram presos pela Lava Jato em outra fase. "Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril de 2013, foi realizada transferência de US$ 2,35 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários."
De acordo com a PF, o nome Arquivo X é uma referência ao grupo empresarial de Eike Batista, que tem como marca a colocação e repetição do "X" nos nomes de suas companhias.
No começo do ano, um fundo de Abu Dhabi comprou parte das empresas de Eike, incluindo ações da OSX. O brasileiro, porém, manteve 11,77% das ações da companhia.
Outros pagamentos
Ainda segundo MPF-PR, cerca de R$ 7 milhões foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para a João Augusto Henriques, ex-funcionário da Petrobras e que seria operador financeiro ligado ao PMDB. "Há indicativos de que o operador atuava em benefício do PMDB na Petrobras", disse Lima.
Ainda de acordo com o MPF, também foi identificado repasse de mais de R$ 6 milhões pelo Consórcio Integra Offshore para a Tecna/Isolux utilizando um contrato falso. Para os investigadores, o beneficiário desses recursos era o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, já preso pela Lava Jato.
Mantega na Zelotes
Mantega já havia sido alvo de um mandado de condução coercitiva da Polícia Federal em maio como parte da Operação Zelotes, que investiga suspeitas de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), vinculado ao Ministério da Fazenda.
Antes de assumir a Fazenda, Mantega foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ministro do Planejamento no governo Lula, de quem tinha sido assessor econômico no período anterior à chegada do PT no Palácio do Planalto.
Outro lado
À "Folha", Marcelo Leonardo, advogado da empresa Mendes Júnior, disse que "a empresa estava em negociação de acordo de leniência e delação premiada e foi surpreendida com a operação de hoje já que ela envolve fatos que fazem parte do escopo da colaboração".
Ele acusa os procuradores de terem usado informações fornecidas pela empresa sem o acordo estar fechado.
José Roberto Batochio, advogado de Guido Mantega, afirmou que a prisão foi "absolutamente desnecessária". Procurado pelo UOL no início da tarde, ele ainda não comentou o alvará de soltura.
Os responsáveis pela OSX, por sua vez, não foram localizados. O UOL tentou ligar por diversas vezes para o diretor financeiro e de relação com os investidores, Mauro Abreu, em número informado no site da empresa. Ninguém atendeu as chamadas.

GERAL: Fisco lista sonegadores com contas nos EUA

ESTADAO.COM.BR
Adriana Fernandes,
O Estado de S.Paulo

Brasileiros que omitiram dados e estão na relação enviada por americanos vão para rol de contribuintes a serem monitorados na repatriação

BRASÍLIA - A Receita Federal recebeu informações do Fisco americano com a relação dos brasileiros com contas nos Estados Unidos. Depois do cruzamento de dados que considerou o grupo das 915 pessoas físicas com maior rendimento obtido em 2014, foi co
A troca de informações faz parte de acordo entre os dois países que visa a impedir a movimentação de recursos ilegais no exterior. Esse é o primeiro resultado prático do programa de troca de informações previsto na Lei Fatca sobre as obrigações fiscais de conta estrangeira (Foreign Account Tax Compliance, na sigla em inglês) americana, que obriga as instituições financeiras a prestar informações sobre as contas dos seus clientes.

Foto: Dida Sampaio/Estadão
Para Rachid, regras não precisam ser mudadas

Faltando pouco mais de um mês para o fim do prazo de adesão ao programa de repatriação de recursos mantidos no exterior, os fiscais intensificaram também a análise de dados de contribuintes com ativos nas Ilhas Cayman, Ilhas Virgens e Bahamas, três notórios paraísos fiscais. Os brasileiros que omitiram dados na relação enviada pelos EUA integram agora uma lista de contribuintes que estão sendo monitorados de perto pela Receita até o prazo final de adesão ao programa de repatriação de recursos no exterior não declarados ao Fisco.
As autuações aos sonegadores, porém, só começarão a ser feitas depois de 31 de outubro, último dia do programa. Quem não fizer a regularização do dinheiro ficará sujeito a autuação pela fiscalização da Receita segundo o subsecretário de Fiscalização, Iágaro Jung Martins.
“A Receita vai verificar se esses contribuintes, todos pessoas físicas, optaram pela regularização. Em caso negativo, planeja-se o início dos procedimentos de fiscalização”, disse Martins, que divulga hoje detalhes do primeiro resultado do acordo de cooperação com os EUA.
Em setembro de 2015, o Brasil recebeu os primeiros dados. O trabalho de processamento desses dados foi agora concluído pelos fiscais brasileiros. Foram informados rendimentos que superam R$ 1 bilhão em 2014. “Como as taxas de juros nos EUA são muito baixas, para obter um rendimento nesse valor é preciso um patrimônio de mais de R$ 100 bilhões”, disse o subsecretário.
Lava Jato. Outra frente de fiscalização refere-se a grandes escritórios de advocacia que trabalham para pessoas e empresas envolvidas na Lava Jato. Segundo o subsecretário, foi detectado que advogados receberam honorários enviados por seus clientes ilegalmente no exterior. O programa de repatriação, que dá anistia penal aos contribuintes, tem sido alvo de propostas de flexibilização por parlamentares. Em São Paulo, ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, confirmou que projeto de lei da Repatriação deve sofrer alterações, segundo ele para aumentar a base de arrecadação.
Para Iágaro Martins, alterar ou anunciar mudanças nas regras do programa podem reduzir o interesse em se aderir ao programa. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o secretário da Receita, Jorge Rachid, já declararam que não há necessidade de mudanças. Uma fonte da equipe econômica informou que o governo trabalha com estimativa de arrecadação de R$ 25 bilhões com o projeto e prevê o maior índice de adesão nas duas últimas semanas do prazo. O dinheiro arrecadado será compartilhado com os Estados.

MUNDO: Recém-nascidos dormem em caixas de papelão em hospital na Venezuela

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Crise econômica agrava escassez de itens básicos em centros médicos

Em hospital da Venezuela, bebês foram acomodados sobre caixas de papelão no chão - Twitter / Reprodução

RIO — Diante de uma grave crise econômica, um hospital se viu obrigado a acomodar seus bebês recém-nascidos dentro de caixas de papelão na Venezuela. Apertados em condições impróprias, eles dormem nos recipientes que são colocados sobre o chão porque não há berços. A imagem foi divulgada por um funcionário do hospital da cidade de Barcelona, no estado de Anzoátegui, em mais um retrato da escassez de itens médicos que atinge o país.
A foto correu pelas redes sociais após ter sido compartilhada pela oposição venezuelana, que trabalha em uma campanha pela saída do presidente do país, Nicolás Maduro. Segundo a rede CNN, autoridades prometeram abrir uma investigação sobre o caso.
Dezenas de hospitais e centros médicos da Venezuela não têm atualmente os suprimentos básicos para funcionar. Os médicos do país vêm denunciando as dificuldades que encontram para cuidar dos seus pacientes. Neste ano, as mortes de duas crianças que não receberam os medicamentos de que precisavam comoveram o país.
A Venezuela atravessa uma crise econômica, que inclui a escassez de alimentos e de remédios nos supermercados e farmácias, além da inflação mais alta do mundo. O índice pode chegar a 720% em 2016, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

MUNDO: Governador declara estado de emergência em Charlotte após segundo dia de protestos

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma pessoa ficou gravemente ferida em manifestação contra a morte de um homem negro por policiais
Novo protesto após morte de negro nos EUA tem morto, saques e gás - JASON MICZEK / REUTERS

CHARLOTTE, EUA — O governador da Carolina do Norte, Pat McCrory, declarou na madrugada desta quinta-feira estado de emergência na cidade de Charlotte, em meio à tensão após a morte de um homem negro pela polícia. Violentos confrontos entre policiais e manifestantes foram registrados pelo segundo dia consecutivo, deixando uma pessoa gravemente ferida. Também ocorreram saques e depredações.
"Declarei estado de emergência e iniciei esforços para enviar a Guarda Nacional e a Patrulha Rodoviária para ajudar na aplicação da lei em CLT (Charlotte)", tuitou McCrory.
Depois de informar que um manifestante havia sido morto a tiros, a prefeitura afirmou em sua conta no Twitter que o indivíduo está, na verdade, gravemente ferido.
"O cidadão que sofreu um ferimento a bala durante os protestos está com suporte vital, em condição crítica. Não morto", esclareceu a prefeitura, em um tuíte.
Pouco antes, as autoridades municipais haviam informado que o tiroteio aconteceu "entre civis" e que a polícia não abriu fogo. Um homem caiu no chão, deixando um rastro de sangue na calçada. Testemunhas disseram que ele foi levado para dentro de um hotel pelos policiais.
— Estamos trabalhando para trazer paz e calma à nossa cidade. Sabemos que essa não é Charlotte — declarou a prefeita Jennifer Roberts, em entrevista à rede CNN, pedindo à população que se mantenha em casa e fora das ruas. — Diga a todo mundo que violência não é a resposta.
Alguns manifestantes quebraram vidraças, e outros jogaram objetos nos agentes. Os policiais do Batalhão de Choque usaram gás lacrimogêneo na frente do Hotel Omni Charlotte para tentar dispersar centenas de pessoas, que tomaram as ruas no centro de Charlotte.
Policiais do Batalhão de Choque usaram gás lacrimogêneo para tentar dispersar centenas de pessoas em Charlotte - Sean Rayford / AFP

'VÍTIMA DE ERRO'
Os manifestantes estão convencidos de que Keith Lamont Scott, morto por um policial na terça-feira, foi vítima de um erro flagrante.
Segundo a polícia, Scott foi morto pelo agente Brentley Vinson porque se negava a abaixar uma arma de fogo. A família da vítima afirma que a vítima carregava apenas um livro.
— A história da arma é uma mentira — afirmou à AFP Taheshia Williams, que tem uma filha que estuda na mesma escola que um dos filhos de Scott. — Tiraram o livro e substituíram por uma arma. Este homem esperava sentado aqui todos os dias que o filho descesse do ônibus.
A morte de Scott provocou manifestações na terça-feira. Os protestos terminaram com 16 policiais feridos, segundo as forças de segurança. Muitos civis também ficaram feridos, de acordo com a imprensa.

LAVA-JATO: Prisão de Mantega em hospital foi infeliz coincidência, diz Lava Jato

Do UOL, em São Paulo
Nathan Lopes

Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

A ida de agentes da PF (Polícia Federal) ao Hospital Albert Einstein para encontrar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, alvo da 34ª fase da Operação Lava Jato, foi considerada uma triste coincidência pelo procurador da República Carlos Fernando Lima. "Infelizmente, coincidências como essa são tristes quando acontecem, mas não há como não se cumprir uma ordem judicial", disse Lima em pronunciamento à imprensa sobre a etapa realizada na manhã desta quinta (22).
Mantega acompanhava sua mulher, que passava por uma cirurgia. Alvo de mandado de prisão temporária, ele passará cinco dias detido na sede da PF em Curitiba.
"A equipe se dirigiu ao apartamento [de Mantega] e desconhecia a situação da esposa dele", comentou Igor Romário de Paula, delegado da PF. "Como ele tinha se deslocado ao Hospital Albert Einstein, foi feito um contato com ele".
O delegado conta que parte dos policiais foram até o hospital, onde encontraram Mantega. "Ele não estava no centro cirúrgico [quando foi feito o contato]. Não houve entrada de hospital, nem no centro cirúrgico", afirma Paula.
De acordo com o delegado, Mantega não solicitou aguardar a cirurgia da mulher para o posterior cumprimento dos mandados. "Cirurgia ainda não havia começado. Ele aguardava com a esposa quando foi comunicado", disse.
Segundo o procurador Carlos Fernando Lima, a decisão que gerou a 34ª fase foi tomada em agosto de 2016. "Só não foi cumprido por circunstâncias operacionais", disse Lima, citando também os Jogos do Rio como motivo para a Lava Jato voltar a agir quase dois meses após a 33ª fase. 
"Os mandados eram necessários, estavam há muito tempo deferidas. Não havia como prever esse infortúnio [a cirurgia da mulher de Mantega]", lamentou o procurador.
Acompanhados dos agentes da PF, Mantega voltou a seu apartamento, onde foi cumprido mandado de busca e apreensão na presença dele. Depois, ele foi levado para a Superintendência da PF, em São Paulo. Ainda nesta quinta, ele será levado para a sede da instituição em Curitiba.
Repercussão
Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", o advogado de Mantega, José Roberto Batochio, disse esperar que a ação da PF não atrapalhe a cirurgia da mulher do ex-ministro. Já o vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), classificou como "covardia" a prisão de Mantega no hospital.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) classificou a ação de "espetáculo". "E não podia faltar o espetáculo e a humilhação, característicos de Moro e PF", disse a petista no Twitter.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que o ocorrido foi uma "desumanidade inaceitável". "A operação não deveria chamar Arquivo X, mas sim Operação Boca de Urna", comentou Falcão à "Folha".
Já o desembargador e professor de Direito Wálter Maierovitch considerou "exagerada, desproporcional, desnecessária" a prisão temporária do ex-ministro. Maierovitch afirma que a prisão temporária só pode ser decretada se de fato necessária às investigações ou se tornaria uma "antecipação do julgamento".
Procurado, o Hospital Albert Einstein disse que não tinha informações sobre o estado de saúde da mulher de Mantega.

LAVA-JATO: Presidente do PT diz que prisão é 'desumanidade' para desgastar partido

FOLHA.COM
MARINA DIAS, DE BRASÍLIA

O presidente do PT, Rui Falcão, disse que a prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega nesta quinta-feira (22) em nova fase da Lava Jato é mais uma tentativa de desgastar a imagem do partido às vésperas da eleição. "Foi uma desumanidade inaceitável. A operação não deveria chamar Arquivo X, mas sim Operação Boca de Urna", afirmou Falcão à Folha.
Ele se disse "revoltado" com as circunstâncias em que Mantega foi preso e afirmou que o "estilo de arbitrariedade e violação de direito" da força-tarefa da Lava Jato é "insuportável". Quando foi detido na manhã desta quinta, o ex-ministro estava acompanhando a mulher, que está doente, em uma cirurgia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
"Não é possível que as pessoas suportem esse tipo de violência. Ele é ex-ministro, tem endereço fixo, já foi feita uma busca e apreensão na casa dele e ele não fugiu", afirmou Falcão. "Apurem o que quiserem, mas isso não é aceitável. A maneira como é feita [a prisão] é midiática, faz parte do espetáculo", completou o presidente petista.
A prisão decretada ao ex-ministro foi do tipo temporária, com duração de cinco dias, prorrogável por igual período caso comprovada sua necessidade. Para ex-colegas de Esplanada de Mantega, a ação foi "teatral" pois a prisão temporária tem o objetivo de evitar que o investigado converse com outras pessoas ou destrua provas, por exemplo, o que, segundo eles, não era o caso do ex-ministro.
Mantega é investigado por supostos desvios, em 2012, na construção das plataformas P-67 e P-70, da Petrobras, para a exploração do pré-sal. A PF tem indícios de que o ex-ministro atuou diretamente junto à direção de empresas como Mendes Júnior e OSX, do empresário Eike Batista, para negociar repasse de recursos ao PT a fim de pagar dívidas de campanha.
Dirigentes petistas, porém, se dizem surpresos com o motivo da prisão do ex-ministro, conhecido por atuar na arrecadação de campanhas eleitorais em razão do seu trânsito com empresários. Para eles, uma coisa é pedir dinheiro para campanha, "que é lícito", outra é participar desse tipo de esquema.
As ligações de Mantega com supostas irregularidades em campanhas eleitorais, no entanto, já haviam aparecido. Em maio, a Folha revelou que o empresário Marcelo Odebrecht relatou a procuradores, em roteiro para negociar sua delação premiada, que o ex-ministro e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho eram os responsáveis por cobrar doações para a campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014.
A mulher do publicitário João Santana, Mônica Moura, também havia dito a procuradores, em tentativa de negociar delação, que Mantega foi responsável por intermediar pagamento de caixa 2 para a campanha de Dilma em 2014.
POLÍCIA
Em nota e durante entrevista coletiva na manhã desta quinta, a PF negou que tenha havido ação policial dentro do hospital. Afirmou que os policiais foram à residência do ex-ministro para os cumprimentos das ordens judiciais e que somente lá foram informados de que Mantega estava na unidade de saúde.
"Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram feito contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício", disse a PF, em nota. "De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca", completa.
Do apartamento, Mantega foi levado à sede da PF.
O delegado Igor Mário de Paula reiterou que não houve a entrada de policiais na unidade de saúde. O procurador Carlos Fernando Lima, da força-tarefa da Lava Jato, afirmou que a ação ocorreu com o "máximo de cuidado que a situação exigia". "Infelizmente, quando uma operação é deflagrada, não é possível voltar atrás."
Colaborou BELA MEGALE, de Brasília

LAVA-JATO: Força-tarefa confirma repasse de US$ 2,3 milhões de Eike a pedido de Mantega e vê atuação de Dirceu

OGLOBO.COM.BR
POR KATNA BARAN, ESPECIAL PARA O GLOBO

Empresário da OSX falou na condição de testemunha, e não de colaborador, segundo a força-tarefa da Lava-Jato

Lava Jato: Policia Federal chega ao prédio de empresa de Eike Batista para cumprir mandado - Custódio Coimbra / Agência O Globo

CURITIBA - O empresário Eike Batista, responsável por um dos depoimentos que levou o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega à prisão temporária na 34ª fase da Lava-Jato, procurou espontaneamente a força-tarefa, segundo os procuradores do Ministério Público Federal. Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o empresário, na condição de testemunha, poderia ter permanecido calado. O depoimento de Eike aconteceu em junho deste ano. O MPF chegou a pedir a prisão preventiva de Mantega - sem prazo definido, o que foi negado pelo juiz Sergio Moro, que autorizou somente a temporária, com prazo de duração de cinco dias. Segundo os procuradores, uma das empresas de Eike repassou US$ 2,3 milhões de dólares a uma conta no exterior, a pedido de Mantega.
Carlos Fernando afirma também haver "inúmeros fatos e denúncias" envolvendo o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado André Vargas (sem partido). Eles estão inseridos em "diversos fatos" que envolviam financiar o partido.
- Nós vamos aprofundar as investigações - disse
Antes, ele explicou como se deu a participação de Eike na operação de hoje
— O que podemos dizer sobre Eike Batista é que ele compareceu espontaneamente noa força-tarefa, e prestou depoimento onde narrou os fatos e apresentou provas. Ele é ouvido como testemunha, não é colaborador, então ele estava no direito constitucional de permanecer em silêncio ou oferecer as informações que desejassem.
Operação Arquivo X da Policia Federal prende o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega - Edilson Dantas / O Globo

Na coletiva, o procurador Carlos Fernando explicou que a ação desta quinta-feira seguiu três vertentes. A primeira refere-se a indícios de que cerca de R$ 7 milhões foram transferidos entre fevereiro e dezembro de 2013 pela empreiteira Mendes Junior para João Henriques, considerado operador financeiro ligado ao PMDB e à diretoria Internacional da Petrobras. A segunda vertente, segundo o MP, refere-se à simulação de contratos falsos em valores de R$ 6 milhoes de empresas ligadas ao ex-ministro José Dirceu.
Por fim, o MP considerou o depoimento de Eike como uma das provas que serviram para a deflagração da operação.
— Essa circunstância envolvendo Guido Mantega se soma ao esquema de corrupção instalado no governo federal desde 2003, 2004 — afirmou Carlos Fernando.
CONTRATOS DE PLATAFORMAS
Segundo a PF, na Arquivo X são investigados fatos relacionados à contratação pela Petrobras de empresas para a construção de 2 plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s (Floating Storage Offloanding).
“Utilizando-se de expedientes já revelados no bojo da Operação Lava-Jato, fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal, empresas se associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas muito embora não possuíssem experiência, estrutura ou preparo para tanto”, disse nota da PF.
Durante as investigações verificou-se ainda que, no ano de 2012, “um ex-ministro da Fazenda” (Mantega) teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político da situação. Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Nos casos dos investigados para os quais foram expedidos mandados de condução coercitiva, estes estão sendo levados às sedes da Polícia Federal nas respectivas cidades onde foram localizados a fim de prestarem os esclarecimentos necessários. Os investigados serão liberados após serem ouvidos no interesse da apuração em curso.
Quanto aos investigados com prisão cautelar decretada, tão logo sejam localizados eles serão trazidos à sede da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição das autoridades responsáveis pela investigação.

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