Europa continua produzindo notícias negativas; Espanha ainda é o foco de tensão
SÃO PAULO - O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, abriu em alta nesta sexta-feira, mas inverteu a tendência e passou a operar em baixa por volta de 12h42m, com queda de 0,30% aos 56.819 pontos. O mercado brasileiro acompanha o movimento dos pregões europeus, que também começaram o dia positivos, mas passaram a operar no vermelho à tarde. Nesta quinta, o Ibovespa teve desvalorização de 2,68%.
O dólar mantém a desvalorização, com baixa de 0,39%, em relação ao real, cotado a R$ 1,773. Já o euro se valoriza em relação à moeda brasileira e está cotado a R$ 2,40.
O analista Jason Vieira, da Corretora Cruzeiro do Sul, avalia que a melhora do rating da dívida brasileira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, anunciado nesta quinta-feira, é um ponto positivo para o país, num momento em que vários países sofrem rebaixamentos.
- Mas a notícia era esperada pelo mercado, já que as agências Fitch e Mood’s haviam melhorado a classificação da dívida brasileira em moeda estrangeira e real este ano - diz o analista.
A Europa continua produzindo notícias negativas. Nesta sexta, o prêmio de risco dos títulos da Espanha, em comparação aos papéis alemães - considerados os mais seguros da Europa - superou pela primeira vez a barreira dos 500 pontos. O prêmio de risco indica a confiança dos investidores nas finanças de um país. Quanto maior o prêmio exigido pelo mercado em relação aos títulos soberanos, maior a desconfiança dos investidores. Países como Portugal, Irlanda e Grécia tiveram seus títulos resgatados quando o prêmio de risco chegou a esse nível. Por isso, segundo o mercado, a Espanha pode ser o próximo país a necessitar ajuda.
No início da tarde, a Bolsa de Londres operava em queda de 1,04%, Paris com desvalorização de 0,32% e Espanha com baixa de 0,26% e Frankfurt em baixa de 0,74% .
O Banco Central Europeu, de acordo com operadores, já entrou em ação e está comprando papéis da dívida espanhola. Esse tipo de operação tornou-se diária e o presidente do BCE, Mario Draghi, cobrou mais ação dos governos em relação à implementação de medidas de austeridade, capazes de acalmar o mercado financeiro.
- Onde está a implementação dessas decisões de longa data? Não devemos ficar esperando por mais tempo - disse o presidente do BCE, Mario Draghi.
No mercado americano, o Nasdaq opera em baixa de 0,31%, enquanto o Dow Jones se valoriza em 0,43%.
Medidas de austeridade na Grécia serão apresentadas nesta sexta
O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, vai apresentar a proposta orçamentária de 2012 nesta sexta-feira ao seu governo de coalizão. O plano de receitas e despesas foi elaborado sob a expectativa de técnicos do governo de que a economia sofra uma retração de 2,5% do Produto Interno Bruto (conjunto de bens e serviços produzidos no país) em 2012.
Mesmo com o planejamento de economia de gastos e aumento de impostos, o governo prevê reduzir o déficit orçamentário para 5,4% do PIB em 2012, caso o calote de € 100 bilhões da dívida pública seja executado. Sem o perdão da dívida pelos credores, o déficit orçamentário previsto é de 6,7% do PIB no próximo ano, abaixo dos 9,0% atualmente estimados para 2011.
Na Itália, o primeiro-ministro Mario Monti obteve com facilidade o voto de confiança do Senado. Ele apresentou umesboço de seu programa de reformas, que inclui privatizações, liberalizações e intervenções no mercado de trabalho e aposentadorias.
Bolsas asiáticas fecham em baixa pelo quarto dia consecutivo
Na Ásia, as Bolsas de Valores fecharam em baixa pelo quarto dia seguido com os juros exigidos pelos títulos da Espanha atingindo um nível recorde.
Os investidores continuam demonstrando preocupações sobre a crise de dívida europeia.
Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 1,23%, fechando a terceira semana no vermelho, com baixa acumulada de 18% neste ano.
- A crise de dívida da zona do euro está se transformando em uma crise de liquidez global e levando a um círculo vicioso de aperto crescente de crédito, gerando a venda de ativos de risco - avaliou Kazuto Uchida, direto-executivo da divisão de mercados globais do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ.
O índice de Seul, na Coréia do Sul, encerrou em baixa de 2%. O mercado se desvalorizou 1,73% em Hong Kong e a Bolsa de Taiwan perdeu 2,08%, enquanto o índice referencial de Xangai declinou 1,89%. Cingapura retrocedeu 1,72%.