sexta-feira, 26 de agosto de 2016

LAVA-JATO: Odebrecht perde recurso na Suíça e documentos da empresa poderão ser enviados à Lava Jato

ESTADAO.COM.BR
Jamil Chade, correspondente,
O Estado de S.Paulo

Em meados de 2015, a Procuradoria do país europeu concordou em colaborar com o Brasil e enviar os dados bancários aos procuradores nacionais
 
GENEBRA - A Corte de Apelação do Tribunal Criminal Federal da Suíça rejeitou na semana passada o pedido da defesa da Odebrecht para que o Ministério Público daquele país fosse impedido de enviar para a Operação Lava Jato as movimentações financeiras da empreiteira. De acordo com o MP suíço, a decisão autoriza a remessa ao Brasil de "milhares de páginas" de documentos relacionados à empresa.
Em meados de 2015, a Procuradoria da Suíça concordou em colaborar com o Brasil e enviar os dados bancários aos procuradores nacionais. Mas desde outubro do ano passado, a Odebrecht tenta impedir que informações sobre transações e dados sobre seus executivos mantidos em sigilo nos bancos suíços sejam usados pelo juíz Sérgio Moro. As evidências são consideradas como fundamentais para o processo contra Marcelo Odebrecht, mas também no que se refere a uma dezena de outros nomes ainda não revelados. 
Foto: Divulgação
Sede da Odebrecht, em São Paulo

"No dia 10 de agosto de 2016, a Corte de Apelação do Tribunal de Bellinzona rejeitou, em quatro diferentes decisões, os recursos que as partes envolvidas submeteram contra a decisão da Procuradoria-Geral da Suíça", indicou o MP em Berna, em comunicado oficial. Com a decisão, restou apenas mais um último recurso e o caso foi levado à Corte Federal de Lausanne, a mais alta do país.
Dados já obtidos pelo Estado revelaram que os documentos apontam para suspeitas de que o dinheiro tenha sido usado para o financiamento de campanhas políticas no Brasil.
Fontes próximas ao caso indicaram ao Estado que o volume de documentos poderia ser "decisivo" para a Operação Lava Jato, revelando quem teria sido beneficiado por supostas propinas e caixas 2 em partidos políticos. Não por acaso, a empresa tem conduzido uma intensa batalha judicial na Suíça para tentar impedir, a todo custo, que a informação completa seja enviada ao Brasil e usada nos processos.
Na quinta-feira, 25, reportagem publicada no jornal suíço Le Temps revelou ainda como a prisão de Marcelo Odebrecht no Brasil, em junho do ano passado, levou os bancos do país europeu a denunciarem dezenas de transações suspeitas em relação ao brasileiro e suas contas secretas. A reportagem aponta para o envolvimento sem precedentes de bancos suíços no escândalo de corrupção no Brasil.
Segundo a publicação, no dia seguinte à prisão do empresário, um número recorde de denúncias foram apresentadas ao órgão controlador do mercado financeiro da Suíça, conhecido por suas siglas FINMA. No total, 80 registros de suspeitas foram apresentadas de lavagem de dinheiro e corrupção, um volume inédito em apenas um dia. 
Com base nos documentos já conhecidos no Brasil, o jornal ainda aponta para o amplo envolvimento de mais de 30 bancos suíços no esquema e como a Suíça se transformou em um porto segundo para recursos desviados de grandes obras, inclusive os Jogos Olímpicos. Procurados, os bancos se recusaram a comentar.
Dez anos depois de se lançar sobre o mercado brasileiro, os grandes bancos são agora acusados de negligência. Para o Ministério Público da Suíça, o caso é um dos mais complexos de sua história, envolvendo "alguns milhões de documentos". Atualmente, uma equipe de dez pessoas se dedica exclusivamente ao caso brasileiro e suas ramificações. 
O MP suíço garante que, uma vez terminada análise dos fluxos de dinheiro, os procuradores irão iniciar processos contra intermediários que ajudaram a abrir essa rede de contas.
A agência de regulação, que já abriu processos contra quatro bancos, também pode lançar novos casos em setembro, inclusive contra o PKB, um dos bancos mais citados por ex-dirigentes da Petrobrás. Os bancos são acusados de aceitar dinheiro, sem perguntar sua origem.
Engrenagem. As delações premiadas revelam o amplo uso dos bancos suíços pelos suspeitos e indiciados no Brasil, incluindo J. Safra Sarasin, Julius Baer, Pictet, HSBC ou UBS.
De acordo com advogados ligados ao caso, o caminho do dinheiro seguia um padrão. Para que uma propina fosse paga, um intermediário era estabelecido e criava uma empresa de fachada para receber o dinheiro. Segundo o MP suíço, milhares de empresas foram criadas nesse período por pessoas envolvidas no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Uma vez nessas contas, o dinheiro então era redistribuído aos beneficiários, em quatro ou cinco contas diferentes.
Segundo as investigações suíças, não haveria como os bancos ignorarem o fato de que essas transações teriamm um caráter suspeito. Primeiro, por serem realizadas de forma regular, mas o que mais chamou a atenção dos investigadores foi o fato de que esse dinheiro era transferido de uma conta a outra, dentro dos mesmos bancos.
Procurada, a assessoria de imprensa da construtora indicou que a empresa não iria se pronunciar.

ECONOMIA: Dólar sobe 1,25% e fecha a R$ 3,272, de olho em impeachment e juros nos EUA

Do UOL, em São Paulo

Após operar em queda pela manhã, o dólar comercial virou no período da tarde e fechou esta sexta-feira (26) em alta de 1,25%, cotado a R$ 3,272 na venda. Foi o segundo avanço seguido: na véspera, a moeda norte-americana havia subido 0,27%.
Com isso, o dólar fechou a semana com valorização de 2,02%. No mês, acumula alta de 0,89%, mas no ano tem baixa de 17,13%.
A sessão de hoje foi influenciada por apostas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos, pela atuação do Banco Central no mercado de câmbio e pelo julgamento final do impeachment no Brasil. 
Impeachment na reta final
Investidores acompanhavam o julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, que começou na quinta-feira (25) no Senado. A votação que definirá se a presidente deixará o cargo definitivamente deve acontecer na madrugada da próxima quarta (31).
Grande parte dos investidores acredita que o impeachment será confirmado, o que pode servir de gatilho para trazer mais recursos do exterior para o Brasil.
Daqui em diante, segundo operadores, o foco estará nas relações entre o governo do presidente interino, Michel Temer. Disso depende a aprovação de medidas para tentar equilibrar as contas públicas. Temer tem enfrentado dificuldade para conseguir apoio de alguns parlamentares.
Atuação do BC
Nesta sessão, o Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio. Ao todo, foram vendidos 10 mil swaps reversos, contratos que equivalem à compra futura de dólares.
Investidores querem saber se o governo vai tentar evitar quedas mais fortes do dólar. A moeda barata demais pode atrapalhar a recuperação econômica porque prejudica as exportações e impulsiona as importações. Por outro lado, o dólar alto faz a inflação acelerar.
Juros nos EUA
A virada do dólar nesta sexta-feira foi puxada pelas apostas dos investidores de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) pode subir os juros antes do esperado neste ano. 
O vice-presidente do banco central norte-americano, Stanley Fischer, afirmou hoje que as declarações dadas mais cedo pela presidente do Fed, Janet Yellen, eram "consistentes" com aumento de juros em setembro, mas que era preciso esperar mais dados econômicos. O dólar chegou a cair mais de 1% pela manhã, batendo R$ 3,19 na mínima do dia. 
Juros mais altos nos EUA podem atrair para lá recursos atualmente aplicados em países onde as taxas são maiores, como o Brasil.

(Com Reuters)

ECONOMIA: Bolsa fecha estável no dia, mas cai 2,34% na semana, após 10 altas semanais

Do UOL, em São Paulo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou esta sexta-feira (26) praticamente estável, com leve baixa de 0,01%, a 57.716,25 pontos. Na véspera, aBovespa também havia ficado quase estável, com leve alta de 0,01%.
Na semana, a Bolsa acumulou queda de 2,34% e, com isso, quebrou uma sequência de dez altas semanais.
A Bovespa acumula valorização de 0,71% no mês e de 33,14% no ano.
As ações da Petrobras e dos bancos fecharam em alta, enquanto os papéis da mineradora Vale caíram nesta sessão. Essas empresas têm grande peso sobre o Ibovespa. 
Petrobras ganha 0,74%
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), com direito a voto em assembleia, ganharam 0,74%, a R$ 14,96.
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4), que dão prioridade na distribuição de dividendos, subiram 0,16%, a R$ 12,55.
Os papéis da estatal foram influenciados pela alta nos preços do petróleo no exterior. Além disso, o Credit Suisse melhorou a recomendação para os ADRs (recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York) da petroleira.
Bancos avançam
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) avançaram 2,05%, a R$ 22,90.
As ações do Bradesco (BBDC4) tiveram alta de 1,38%, a R$ 28,64, e as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) se valorizaram 1,22%, a R$ 35,73.
Vale cai 2,59%
No sentido oposto, as ações ordinárias da Vale (VALE3) caíram 2,59%, a R$ 17,71, e as ações preferenciais da Vale (VALE5) perderam 2,21%, a R$ 15,07.
Os papéis foram influenciados pela queda nos preços do minério de ferro na China.
Dólar sobe 1,25%, a R$ 3,272
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 1,25%, cotado a R$ 3,272 na venda. Foi o segundo avanço seguido: na véspera, a moeda norte-americana havia subido 0,27%.
Com isso, o dólar fechou a semana com valorização de 2,02%. No mês, acumula alta de 0,89%, mas no ano tem baixa de 17,13%.
Bolsas internacionais
As principais Bolsas de Valores da Europa fecharam em alta:
França: +0,8%
Itália: +0,8%
Espanha: +0,7%
Alemanha: +0,55%
Portugal: +0,43%
Inglaterra: +0,31%
Das sete principais Bolsas da Ásia e do Pacífico, duas encerraram a sessão em alta, quatro caíram e uma ficou praticamente estável:
Hong Kong: +0,41%
Taiwan: +0,18%
China: +0,07%
Coreia do Sul: -0,27%
Austrália: -0,48%
Cingapura: -0,67%
Japão: -1,18%

(Com Reuters)

IMPEACHMENT: Lula se encontra com Dilma em Brasília para debater sobre impeachment

OGLOBO.COM.BR
POR JÚNIA GAMA

Ex-presidente esteve com senadores do PT no aeroporto e retorna à capital no domingo


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Michel Filho / Agência O Globo / 14-8-2014

BRASÍLIA - Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente Lula desembarcou em Brasília para conversar com a presidente afastada Dilma Rousseff e com outros senadores que poderiam mundar seus votos no impeachment. Eles debateram a presença dela na sessão do julgamento do impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira.
Lula também teve reuniões com aliados. No próprio aeroporto da capital, Lula recebeu um grupo de senadores do PT para fazer uma avaliação do cenário.
Estavam presentes os petistas Paulo Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). Segundo relatos, a avaliação feita foi de um cenário negativo para o impeachment de Dilma Rousseff. Os senadores relataram a Lula que estão mantendo contato com diversos colegas de outros partidos para tentar virar votos, mas que dificilmente ocorrerá uma virada suficiente para livrar Dilma da cassação do mandato.
Segundo um de seus aliados, ele deve retornar nesta sexta-feira mesmo a São Paulo. O ex-presidente somente voltará a Brasília no domingo para participar da sessão do julgamento em que Dilma estará presente no Senado, na segunda-feira.

LAVA-JATO: Ex-senador Gim Argello chora em depoimento

UOL
PARANÁ PORTAL
POR JÚNIA GAMA

Ex-presidente esteve com senadores do PT no aeroporto e retorna à capital no domingo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Michel Filho / Agência O Globo / 14-8-2014

BRASÍLIA - Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente Lula desembarcou em Brasília para conversar com a presidente afastada Dilma Rousseff e com outros senadores que poderiam mundar seus votos no impeachment. Eles debateram a presença dela na sessão do julgamento do impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira.
Lula também teve reuniões com aliados. No próprio aeroporto da capital, Lula recebeu um grupo de senadores do PT para fazer uma avaliação do cenário.
Estavam presentes os petistas Paulo Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). Segundo relatos, a avaliação feita foi de um cenário negativo para o impeachment de Dilma Rousseff. Os senadores relataram a Lula que estão mantendo contato com diversos colegas de outros partidos para tentar virar votos, mas que dificilmente ocorrerá uma virada suficiente para livrar Dilma da cassação do mandato.
Segundo um de seus aliados, ele deve retornar nesta sexta-feira mesmo a São Paulo. O ex-presidente somente voltará a Brasília no domingo para participar da sessão do julgamento em que Dilma estará presente no Senado, na segunda-feira.

IMPEACHMENT: Após bate-boca, Renan se diz vítima de ingratidão de petistas

FOLHA.COM
VALDO CRUZ
BERNARDO MELLO FRANCO
DE BRASÍLIA

Pedro Ladeira/Folhapress 
Renan Calheiros discute com Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, senadores do PT, durante o julgamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff

Dizendo-se arrependido do bate-boca desta sexta (26), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou sentir-se vítima de ingratidão de petistas. Ele disse que ainda não decidiu se votará ou não no julgamento do impeachment de Dilma Rousseff.
Renan se queixou das críticas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), com quem discutiu mais cedo no plenário. "Vou propor um agravamento da pena por ingratidão no Código Penal", ironizou.
O peemedebista repetiu que intercedeu a favor da senadora quando a Polícia Federal fez buscas em seu apartamento funcional e quando ela foi indiciada na Operação Lava Jato.
"Achei estranha a provocação dela, porque a memória está presente", disse Renan. "Não adianta quererem me atrair para a confrontação política. É injusto e desproporcional me transformarem em personagem do impeachment."
O senador também reclamou das cobranças dos dilmistas Lindbergh Farias (PT-RJ) e Vanessa Grazziotin (PCdoB). "O Lindbergh me acusar de estar jantando com o Michel [Temer]? Ele devia acusar os adversários dele lá do Rio", disse.
Apesar das queixas, Renan disse estar arrependido do confronto com Gleisi. "Eu me arrependo. Eu não devo responder a provocações", afirmou. "Depois eu tenho uma ressaca brutal. Eu não sou talhado para isso."
Questionado se já havia recebido um pedido de desculpas da petista, Renan voltou a ser irônico. "Parece que ela me ligou, mas eu não consegui atender", disse.
Renan negou que o bate-boca tenha sido um sinal de que ele pretende votar a favor do impeachment. O senador se absteve em todas as votações do processo até aqui.
"Quem está especulando sobre isso é porque realmente não me conhece", disse. "Eu ainda não decidi, estou refletindo. Este processo é longo e traumático. E a reflexão também."
DILMA
O presidente do Senado disse que espera menos confrontos no depoimento de Dilma, marcado para segunda (29). "Acho que vai ser mais civilizado do que esta sexta", disse.
Ele acrescentou que visitou a presidente três vezes desde que ela foi afastada, em maio. "Garanti todos os direitos dela. Fiz o que humanamente era possível", afirmou.
Indicando que considera o impeachment inevitável, Renan acrescentou que pretende viajar para a China com Temer na semana que vem, após o fim do julgamento.

LAVA-JATO: Laudo da PF indica que documentos do tríplex foram rasurados; Lula e Marisa são indiciados

OGLOBO.COM.BR
POR CLEIDE CARVALHO E RENATO ONOFRE

Além do ex-presidente e de sua mulher, mais três foram indiciados

Ex-presidente Lula e o ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, no apartamento triplex no Guarujá - Reprodução TV Globo

SÃO PAULO — A Polícia Federal indiciou nesta sexta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mulher dele, Marisa Letícia, no inquérito que investiga a compra do tríplex no Guarujá, litoral paulista. O petista é acusado de ser beneficiário de R$ 2,4 milhões pagos pela construtora OAS. Investigadores afirmam que Lula teria recebido R$ 1,1 milhão em vantagens através de obras feitas no apartamento, que para a PF seria dele, e com o pagamento de R$ 1,3 milhão para armazenagem do acervo presidencial. Além de Lula e Marisa, foram indiciados Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS; Paulo Gordilho, diretor da empreiteira, e Paulo Okamoto, do Instituto Lula.
Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Já Marisa Letícia, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É primeira vez que Lula é formalmente indiciado pela força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. O ex-presidente já havia sido alvo de indiciamento em Brasília, no inquérito que apura uma suposta obstrução à justiça. O Ministério Público Federal pediu 90 dias para oferecer denúncia no caso. Lula é alvo de pelo menos mais duas investigações na Lava-Jato que apuram a compra e reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e os pagamentos feitos por empreiteiras à LILS, empresa de palestras do ex-presidente.
No cartório de registro de imóveis, o tríplex 164-A do Edifício Solaris está em nome da OAS. No entanto, a Polícia Federal afirma em relatório que não resta dúvida que o imóvel pertence ao ex-presidente e que ele foi beneficiário das melhorias feitas pela empreiteira no imóvel, que somaram R$ 1,116 milhão. O imóvel, segundo laudo anexado às investigações, está avaliado entre R$ 1,035 milhão e R$ 1,372 milhão.
Laudo da PF indica que documentos do tríplex foram rasurados - Reprodução

A PF descobriu que Fernando Bittar, que sócio de um dos filhos do ex-presidente e aparece como dono do sítio de Atibaia, intermediou com Marisa Letícia a compra de móveis e eletrodomésticos tanto para o sítio quanto para o tríplex do Guarujá. Num notebook de Bittar apreendido pela Lava-Jato, foi descoberto um email no qual Paulo Gordilho encaminha a ele plantas do edifício Solaris e da reforma do apartamento, como a colocação de um elevador.
A descoberta dos investigadores contraria o depoimento de Bittar à Polícia Federal. Nele, o empresário havia dito que não tinha qualquer relação com o imóvel do Guarujá.
Nos emails encaminhados por Gordilho, Bittar foi identificado como o responsável por apresentar os projetos dos móveis planejados da Kitchens à "dama" para a aprovação. Para a PF, a “dama” seria a mulher do ex-presidente, Marisa Letícia: "Nesse cenário, seria razoável até que Fernando Bittar recebesse as plantas do sítio em Atibaia, mas não se justifica que mesmo tenha recebido plantas de um imóvel ao qual assevera não possuir qualquer relação”, analisam os técnicos no relatório de indiciamento.
A PF se baseou ainda em mensagens no qual o diretor da OAS afirma que o projeto projeto da cozinha do "chefe" está pronto, referindo-se à cozinha do sítio de Atibaia, e Léo Pinheiro questiona se o projeto de Guarujá também esta pronto, "referência clara existência de outro projeto de cozinha para imóvel localizado no Guarujá".
As reformas no apartamento foram pagas pela OAS, que, segundo a PF, chegou a abrir um centro de custos específico em sua contabilidade para controlar as despesas, apelidado de "zeca pagodinho", com gastos com "sítio" e "praia". " (..) no contexto das mensagens, indicam claramente referência ao sítio em Atibaia e ao tríplex no Guarujá", diz o documento.
O apartamento no Guarujá foi avaliado entre R$ 1, 05 milhão e R$ 1,372 milhão. O ex-presidente Lula nega ser dono do tríplex e afirma que Marisa Letícia tinha adquirido apenas uma cota do empreendimento;
O relatório da PF destaca que houve rasura no campo "apto/casa" do documento "Proposta de adesão sujeita aprovação" da Bancoop, cooperativa do Sindicato dos Bancários, assinada por Marisa Letícia. Laudo da perícia indica que "originariamente havia outra inscrição do documento referente unidade do imóvel, posteriormente rasurada para 141".
A família Lula afirmara que o apartamento que reservou, por meio da compra da cota no edifício Solaris, era o 141, uma unidade padrão de três dormitórios. A Bancoop se tornou insolvente e a conclusão do edifício Solaris foi feita pela OAS.
LULA E OKAMOTO ACUSADOS DE FALSIDADE IDEOLÓGICA
Os investigadores concluíram também que a construtora OAS passou vantagens indevidas ao ex-presidente Lula ao alugar um depósito para armazenar o acervo presidencial dele quando deixou o cargo, em janeiro de 2011. Os objetos estavam em um depósito ligado a transportadora Granero.
De acordo com a Lava-Jato, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, entrou em contato com Léo Pinheiro para pedir ajuda para armazenar o acervo. A OAS assumiu os custos do depósito, cerca de R$ 1,3 milhão. Os valores foram pagos nos últimos 5 anos em 61 uma prestações repassadas diretamente à transportadora. Okamoto, o empresário e o ex-presidente Lula foram indiciados pela ação por corrupção, lavagem de capitais e falsidade ideológica.
OUTRO LADO
Para a defesa do ex-presidente, o indiciamento é uma "peça de ficção" e tem "caráter e conotação políticos”, porque o apartamento está em nome da OAS e não há prova de que foi entregue ao casal, que jamais usou o imóvel ou exerceu qualquer atributo de propriedade disposto em lei. Para os advogados, a peça não tem respaldo jurídico porque Lula e Marisa Letícia não são donos do imóvel e não são funcionários públicos.
"Lula não é agente público desde 1º de janeiro de 2011 e dona Marisa jamais foi funcionária pública. Ou seja, não há como sequer cogitar da prática criminosa", escreveram os advogados.
Em nota, Fernando Augusto Fernandes, advogado de Paulo Okamoto, afirmou que não existe vantagem ilícita e nenhum crime na contribuição após a saída da presidência da República, para manutenção do acervo presidencial: “O acervo é privado, de interesse público e do povo brasileiro, regulado pela Lei 8394/91. Tal acervo é composto por milhares de cartas e lembranças do povo brasileiro e autoridades estrangeiras oferecidas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A preservação de toda essa memória é uma das atribuições do Instituto Lula”.
Procurada, a defesa do ex-presidente Lula ainda não se pronunciou. Os advogados da OAS não vão se manifestar.
VEJA OS INDICIAMENTOS
Luiz Inácio Lula da Silva
. Corrupção passiva:
1) recebeu vantagem indevida por parte de José Adelmário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro) e Paulo Gordilho através de reformas no tríplex nos valores totais R$ 1,1 milhão;
2) recebeu vantagem indevida de Leo pinheiro através do armazenamento do acervo presidencial junto à transportadora Granero no valor de R$ 1,3 milhão
. Falsidade Ideológica:
1) atuou na celebração de contrato de prestação de serviços de armazenamento ideologicamente falso com a transportadora Granero para armazenamento do acero presidencial;
. Lavagem de capitais:
1) dissimulou o recebimento de vantagens ilícitas através das obras do tríplex no valor de R$ 1,1 milhão;
2) dissimulou o recebimento de capitais através do falso contrato de prestação de serviços de armazenamento junto à Granero, no valor de R$ 1,3 milhão, referente a serviços prestados ao Instituto Lula;
Marisa Letícia Lula da Silva
. corrupção passiva
1) recebeu vantagens indevidas por parte de José Adelmário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro) e Paulo Gordilho através de reformas no tríplex nos valores totais R$ 1,1 milhão
. lavagem de capitais
1) dissimulou o recebimento de vantagens ilícitas através das obras do tríplex, no valor de R$ 1,1 milhão
José Adelmário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro)
. Corrupção ativa
1) efetuou o pagamento de vantagem indevida através das reformas do tríplex (R$ 777 mil) e a compra de móveis e eletrodomésticos (R$ 339 mil);
2) efetuou o pagamento de vantagem indevida ao pagar as despesas de armazenagem do acervo presidencial de Lula junto à Granero, no valor de R$ 1,3 milhão;
. Falsidade Ideológica
1) Firmou contrato da armazenagem do acervo do ex-presidente Lula em nome da OAS
. Lavagem de capitais
1) dissimulou o recebimento de vantagens ilícitas ocultando valores em obras (R$ 777 mil), móveis (R$ 320 mil), eletrodomésticos (R$ 19 mil)
2) dissimulou, com a celebração de falso contrato de prestação de serviços de armazenagem junto à Granero, a realização de 61 pagamentos mensais que totalizam o valor de R$ 1,3 milhão
Paulo Godilho
. corrupção ativa
1) atuou com Leo Pinheiro na coautoria da vantagem indevida ao ex-presidente na reforma do tríplex
. lavagem de capitais
1) dissimulou, como coautor, o pagamento de vantagens ilícitas através das obras do apartamento
Paulo Okamoto
. corrupção passiva
1) Recebeu vantagem indevida da OAS através do armazenamento do acervo presidencial junto à Granero, no valor de R$ 1,3 milhão
. falsidade Ideológica
1) atuou na celebração de contrato de prestação de serviços de armazenamento ideologicamente falso com a Granero
. lavagem de capitais
1) dissimulou o recebimento de capitais através do falso contrato de prestação de serviços de armazenamento junto à Granero, no valor de R$ 1,3 milhão, referente a serviços prestados ao Instituto Lula

LAVA-JATO: Polícia Federal indicia Lula e Marisa por corrupção e lavagem no tríplex do Guarujá

ESTADAO.COM.BR
Fausto Macedo, Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fábio Serapião, Brasília

O ex-presidente também foi enquadrado por falsidade ideológica dentro do esquema de corrupção na Petrobrás

O ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva, alvo da Lava Jato . FOTO GABRIELA BILO / ESTADAO

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito que investiga o tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral paulista. O petista é alvo de três investigações centrais na Operação Lava Jato, em Curitiba – sede do escândalo de cartel e corrupção na Petrobrás. Ele foi enquadrado por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A ex-primeira-dama Marisa Letícia e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também foram indiciados.
Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Dona Marisa por corrupção e lavagem. A conclusão do delegado Márcio Adriano Anselmo é que o casal “foi beneficiário de vantagens ilícitas, por parte da OAS, em valores que alcançaram R$ 2,4 milhões referentes as obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris, bem como no custeio de armazenamento de bens do casal”.

A apuração do inquérito teve como ponto central reforma realizada no tríplex, construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira, acusada de corrupção na Petrobrás. O ex-presidente seria o verdadeiro dono do tríplex- a defesa do petista nega taxativamente.
Além da reforma e compra de equipamentos para o tríplex do Guarujá, o indiciamento aponta o custeio pela OAS de armazenamento de bens do de Lula na empresa Granero Transporte.
“(Lula) recebeu vantagem indevida por parte de José Aldemário Pinheiro e Paulo Gordilho, presidente e engenheiro da OAS, consistente na realização de reformas no apartamento 174”, informa o indiciamento. O imóvel recebeu obras avaliadas em R$ 777 mil, móveis no total de R$ 320 mil e eletrodomésticos no valor de R$ 19 mil – totalizando R$ 1,1 milhão.
Foi apontado ainda o custei de R$ 1,3 milhão pela OAS pelo armazenamento de bens do acervo presidencial, mantidos pela Granero de 2011 a 2016.
É o primeiro indiciamento formal contra Lula, nas apurações da Lava Jato em Curitiba. A conclusão do inquérito da PF, com o indiciamento dos investigados, antecede a denúncia criminal a ser apresentada pelo Ministério Público Federal ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos do caso em primeira instância. Os procuradores pediram 90 dias para oferecer denúncia no caso.
Lula foi alvo de condução coercitiva, no dia 4 de março, quando foi deflagrada a 24ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Aletheia. Na ocasião ele negou conhecer o engenheiro da OAS Paulo Gordilho, que teria participado da reforma da cozinha do tríplex e de outra propriedade que investigadores atribuem a Lula, o sítio de Atibaia (SP).

Além da corrupção e lavagem no recebimentos dessas “benesses” por parte da OAS, empresa acusada de cartel e propinas na Petrobrás, Lula foi indiciado por falsidade ideológica. A imputação trata de “contrato de prestação de serviços de armazenagem junto à Granero”.
Investigadores da força-tarefa, em Curitiba, reuniram elementos para apontar a participação de Lula no esquema de cartel e corrupção que vigorou de 2004 a 2014, na Petrobrás – e teria sido espelhado em outras áreas do governo, como contratos do setor de energia, concessões de aeroportos e rodovias. Com base em uma sistemática padrão de corrupção como “regra do jogo”, empreiteiras, em conluio com agentes públicos e políticos da base, PT, PMDB e PP, em especial, desviavam de 1% a 3% em contratos das estatais. Um rombo de pelo menos R$ 6,2 bilhões, só na Petrobrás.
Lula teria recebido “benesses” das empreiteiras do cartel, como Odebrecht, OAS e outras. Executivos dos dois grupos empresariais negociam desde o início do ano acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal – a da OAS foi encerrada nesta semana pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Nas mensagens encontradas nos celulares apreendidos do ex-presidente da OAS e do engenheiro do grupo há elementos, para a PF, de que o casal Lula orientou as reformas no apartamento do Guarujá.


Investigações. Outro inquérito, em fase final, investiga a compra e reformas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo. O imóvel, para a Lava Jato, pertence a Lula e recebeu obras da OAS e da Odebrecht.
O terceiro inquérito da PF vasculha pagamentos e doações à LILS Palestras e Eventos e ao Instituto Lula.
A PF suspeita que a LILS e o Instituto receberam valores de empreiteiras contratadas durante os dois mandatos de Lula (2003/2010).
COM A PALAVRA, A DEFESA DE LULA
Relatório do Delegado Marcio Adriano Anselmo é peça de ficção
Os advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa Marisa Letícia Lula da Silva repudiam veementemente o indiciamento de seus clientes a partir das apressadas conclusões do Relatório elaborado em 26/08/2016 pelo Delegado de Polícia Federal Marcio Adriano Anselmo nos autos do Inquérito Policial nº1048/2016 (5035204-61.2916.4.04.7000), que tem caráter e conotação políticos e é, de fato, peça de ficção. Lula e D. Marisa não cometeram crimes de corrupção passiva (CP, art. 317, caput), falsidade ideológica (CP, art. 299) ou lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98, art. 1º), como se demonstra a seguir:
1- Corrupção passiva –
O ex-Presidente Lula e sua esposa foram indiciados pelo crime de corrupção passiva (CP, art. 317, caput) sob o argumento de que teriam recebido “vantagem indevida por parte de JOSE ALDEMÁRIO PINHEIRO FILHO e PAULO ROBERTO VALENTE GORDILHO, Presidente e Engenheiro da OAS, consistente na realização de uma reforma no apartamento 174 do Edifício SOLARIS, no GUARUJÁ, devidamente descritas e avaliadas no laudo pericial nº 375/2016, que apontam melhorias no imóvel avaliadas em obras (R$ 777.189,13), móveis (R$ 320.000,00) e eletrodomésticos (R$ 19.257,54), totalizando R$ 1.116.446,37)”:
1.1 O imóvel que teria recebido as melhorias, no entanto, é de propriedade da OAS como não deixa qualquer dúvida o registro no Cartório de Registro de Imóveis (Matricula 104801, do Cartório de Registro de Imóveis do Guarujá), que é um ato dotado de fé pública. Diz a lei, nesse sentido: “Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. O Relatório não contém um único elemento que possa superar essa realidade jurídica, revelando-se, portanto, peça de ficção.
1.2. Confirma ser o Relatório uma obra de ficção o fato de o documento partir da premissa de que houve a “entrega” do imóvel a Lula sem nenhum elemento que possa justificar tal afirmação. Aliás, nem mesmo o Delegado que subscreve o Relatório sabe quando teria ocorrido essa “entrega” que ele atribui a nosso cliente: “Houve a reforma após a entrega do imóvel, possivelmente no segundo semestre de 2014” (p. 06).

1.3. Lula esteve uma única vez no imóvel acompanhado de D. Marisa — para conhecê-lo e verificarem se tinham interesse na compra. O ex-Presidente e os seus familiares jamais usaram o imóvel e muito menos exerceram qualquer outro atributo da propriedade, tal como disposto no art. 1.228, do Código Civil (uso, gozo e disposição).
1.4. D. Marisa adquiriu em 2005 uma cota-parte da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) que, se fosse quitada, daria direito a um imóvel no Edifício Mar Cantábrico (nome antigo do hoje Edifício Solaris). Ela fez pagamentos até 2009, quando o empreendimento foi transferido à OAS por uma decisão dos cooperados, acompanhada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Diante disso, D. Marisa passou a ter a opção de usar os valores investidos como parte do pagamento de uma unidade no Edifício Solaris – que seria finalizado pela OAS — ou receber o valor do investimento de volta, em condições pré-estabelecidas. Após visitar o Edifício Solaris e verificar que não tinha interesse na aquisição da unidade 164-A que lhe foi ofertada, ela optou, em 26.11.2015, por pedir a restituição dos valores investidos. Atualmente, o valor está sendo cobrado por D. Marisa da Bancoop e da OAS por meio de ação judicial (Autos nº 1076258-69.2016.8.26.0100, em trâmite perante a 34ª. Vara Cível da Comarca de São Paulo), em fase de citação das rés.
1.5. Dessa forma, a primeira premissa da autoridade policial para atribuir a Lula e sua esposa a prática do crime de corrupção passiva — a propriedade do apartamento 164-A — é inequivocamente falsa, pois tal imóvel não é e jamais foi de Lula ou de seus familiares. O Relatório sequer enfrenta o assunto.
1.6. Outro aspecto primário também foi solenemente desprezado pelo Relatório. A corrupção passiva prevista no art. 317, do Código Penal, é crime próprio, ou seja, exige a qualidade especial do agente, que é ser funcionário público. Segundo um dos maiores juristas do País, Nelson Hungria, “A corrupção (…), no seu tipo central, é a venalidade em torno da função pública, denominando-se passiva quando se tem em vista a conduta do funcionário público corrompido” (Comentários ao Código Penal, vol. IX, p. 367). As melhorias descritas no Relatório teriam ocorrido após 2014. No entanto, Lula não é agente público desde 1º de janeiro de 2011 e D. Marisa jamais foi funcionária pública. Ou seja, não há como sequer cogitar da prática criminosa.
2- Falsidade ideológica –
Lula foi indiciado pelo crime de falsidade ideológica (CP, art. 299) sob o argumento de que “atuou na celebração de contrato de prestação de serviço de armazenamento ideologicamente falso com a GRANERO TRANSPORTES LTDA”. A verdade é que o ex-Presidente não teve participação nessa relação jurídica e, por isso mesmo, o Relatório não aponta qualquer evidência nesse sentido. O indiciamento ocorreu apenas sob a premissa de que Lula seria o “beneficiário direto” do contrato, numa clara imputação de responsabilidade objetiva que é estranha ao Direito Penal. Ademais, os bens do acervo presidencial integram o patrimônio cultural brasileiro, são de interesse público por definição legal (Lei 8394/91) – não se tratando de bens privados de Lula, mas sim de documentos que a lei exige que sejam conservados.
3- Lavagem de capitais –
Lula foi indiciado pelo crime de lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98, art. 1º) sob o argumento de que teria dissimulado o recebimento de “vantagens ilícitas” da OAS, que seria “beneficiária direita de esquema de desvio de recursos no âmbito da PETROBRAS investigado pela Operação Lava Jato”.
3.1. Para a configuração do crime previsto no art. 1º, da Lei nº 9.613/98, Lula e sua esposa teriam que ocultar ou dissimular bens, direitos ou valores “sabendo serem oriundos, direta ou indiretamente, de crime”.
3.2. Além de o ex-Presidente não ser proprietário do imóvel no Guarujá (SP) onde teriam ocorrido as “melhorias” pagas pela OAS, não há no Relatório um único elemento concreto que possa indicar que os recursos utilizados pela empresa tivessem origem em desvios da Petrobras e, muito menos, que Lula e sua esposa tivessem conhecimento dessa suposta origem ilícita.
4- Inquérito oculto –
O Relatório se refere a um inquérito policial instaurado em 22/07/2016 e que ficou tramitando de forma oculta — nas “gavetas” das autoridades envolvidas — até o dia 24/08/2016. Há apenas dois dias, os advogados de Lula tiveram conhecimento do procedimento, após terem ingressado com Reclamação no Supremo Tribunal Federal por violação à Súmula 14 (Autos nº 24.975). E somente foi possível ter conhecimento da existência desse procedimento por erro do Ministério Público ao peticionar em um inquérito policial que tramitava de forma pública, para investigar a propriedade dos apartamentos do Edifício Solaris, e que foi concluído sem imputar ao ex-Presidente ou aos seus familiares a prática de qualquer ilícito (Autos nº 060/2016).
Conclusão
Os elementos acima não deixam qualquer dúvida de que:
1. A peça é uma ficção: o Relatório não parte de fatos, mas, sim, de ilações ou suposições;
2. A peça não tem respaldo jurídico: Lula e sua esposa não são proprietários do imóvel que teria recebido as melhorias; não são funcionários públicos, que é a premissa do crime de corrupção passiva; Lula não participou da contratação indicada no Relatório, de forma que o Relatório pretende lhe atribuir a prática de um crime sem que ele tenha qualquer envolvimento (responsabilidade objetiva, estranha ao Direito Penal); e, finalmente, Lula e sua esposa não receberam qualquer bem, valor ou direito da OAS que seja proveniente de desvios da Petrobras e muito menos tinham conhecimento da suposta origem ilícita desses valores;
3. A peça tem motivação política: O Delegado Marcio Adriano Anselmo tem histórico de ofensas a Lula nas redes sociais e já expressou publicamente sua simpatia por campo político antagônico ao ex-Presidente. Não se pode aceitar como coincidência o fato de o Relatório ser apresentado no meio do julgamento do impeachment da Presidente da República eleita com o apoio de Lula.
Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira
COM A PALAVRA, A DEFESA DE PAULO OKAMOTTO:
Em nota distribuída pela Original 123 Comunicações, o advogado Fernando Augusto Fernandes, defensor do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, declarou que ‘não existe vantagem ilícita e nenhum crime na contribuição após a saída da presidência da República’.
“O advogado do Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, informa que não existe vantagem ilícita e nenhum crime na contribuição após a saída da presidência da República, para manutenção do Acervo Presidencial. O acervo é privado, de interesse público e do povo brasileiro, regulado pela Lei 8394/91. Tal acervo é composto por milhares de cartas e lembranças do povo brasileiro e autoridades estrangeiras oferecidas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A preservação de toda essa memória é uma das atribuições do Instituto Lula.”
Documento
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LAVA-JATO: Ex-presidente Lula e Marisa Letícia são indiciados pela PF

UOL
PARANÁ PORTAL
Por Fernando Garcel e Andreza Rossini

Foto: Heinrich Aikawa/ Instituto Lula

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a esposa, Marisa Letícia, o ex-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto e o empresário da OAS, José Aldemário Filho, no inquérito que apura o esquema de corrupção envolvendo o tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral paulista, por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, nesta sexta-feira (26).
De acordo com o delegado da PF, Márcio Adriano Anselmo, o casal foi “beneficiário de vantagens ilícitas, por parte da OAS, em valores que alcançaram R$ 2,4 milhões referentes as obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris, bem como no custeio de armazenamento de bens do casal”. Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, já a esposa por corrupção e lavagem.
Essa é a primeira vez que o ex-presidente é indiciado em investigações relacionadas a Operação Lava Jato. Antes, o ex-presidente chegou a ser alvo de mandado de condução coercitiva, durante a deflagração da 24ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Aletheia, em que negou conhecer Paulo Gordilho, engenheiro da empreiteira OAS, responsável pela reforma da cozinha do tríplex e de um sítio em Atibaia (SP) que também é atribuído como propriedade de Lula pelos investigadores.
O indiciamento antecede a denúncia criminal do Ministério Público Federal, a ser apresentada ao juiz Sérgio Moro. Os procuradores do MPF pediram o prazo de 90 dias para oferecer a denúncia no caso.
O prédio era de responsabilidade da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), que passou a edificação para a OAS, em 2009. A defesa da esposa de Lula, Maria Lética, argumenta que pagou as parcelas do apartamento ao longo de quatro anos, mas desistiu da compra.
Indiciados
José Aldemario Pinheiro Filho, empresário da OAS conhecido como Léo Pinheiro, é acusado por corrupção ativa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Ele teria pago propina a Gordilho para a realização das obras e trasporte e armazenamento dos bens do casal. O total pago em vantagens indevidas chega a R$ 2.430.193. Pinheiro também atuou na celebração de um contrato falso e ocultou dinheiro ilícito.
Léo Pinheiro já foi condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, a 16 anos e quatro meses de prisão, acusado de cometer os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele cumpre pena em prisão domiciliar e chegou a firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) suspendeu as negociações após vazamentos sobre o depoimento.
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva foi indiciado por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. No inquérito, Lula é apontado como recebedor de vantagens pagas pela empreiteira OAS no triplex do Guarujá. Os laudos apontam melhorias no imóvel avaliadas em mais de R$ 777 mil, além de móveis estimados em R$ 320 mil e eletrodomésticos em R$ 19,2 mil. A PF estima que as melhorias tenham custado mais de R$ 1,1 milhão no imóvel do Guarujá. Lula também teria recebido vantagens junto à Granero Transportes LTDA, que teria armazenado os pertences do ex-presidente em dez containers entre 2011 e 2016.
A ex-primeira dama Marisa Letícia foi indiciada por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Para a PF, Marisa recebeu, junto a Lula, vantagens indevidas da empreiteira OAS nas reformas do tríplex.
Marisa e o filho de Lula, Fábio Lula foram intimados para prestar depoimento não âmbito da força-tarefa, sobre o sítio de Atibaia e não compareceram a oitiva marcada para o último dia 16. A defesa alegou que eles não são obrigados a depor.
De acordo com a PF, Paulo Gordilho, ex-diretor da OAS, atuou diretamente no pagamento de propina junto a Léo Pinheiro. Foi indiciado pelos crime de corrupção ativa.
Paulo Tarcisio Okamoto foi indiciado por crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, ele recebeu vantagens indevidas entre 2011 e 2016 que totalizaram mais de R$ 1,3 milhão do empreiteiro Léo Pinheiro.
Paulo Okamoto prestou depoimento para a Justiça Federal, em São Paulo, em março deste ano. O Ministério Público Federal fez um pedido de prisão contra o ex-presidente do instituto, que foi negado pelo juiz Sérgio Moro. Na época, ele foi questionado sobre o funcionamento da entidade, a transferência dos objetos do ex-presidente para o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia e sobre a captação de recursos junto às empreiteiras.
Operação Aletheia
A operação cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Lula, principal alvo da nova fase. O ex-presidente foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP). Também foram levados para depoimento dois filhos de Lula, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e os empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna.
Cinco das maiores empreiteiras investigadas na Lava Jato – Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão- teriam feito pagamentos e doações às empresas de Lula: o Instituto Lula e a LILS Palestras. Os valores somavam cerca de R$ 30 milhões. As investigações também apontaram que o ex-presidente recebeu benefícios através da OAS, da Odebrecht e do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. As construtoras e o empresário teriam custeado reformas e a compra de móveis para o sítio e o triplex.
O Outro lado
O Paraná Portal está tentando contato com os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, que representam o ex-presidente Lula.
Na última sexta-feira (19) a defesa de Luiz Inácio Lula da Silva ingressou com uma Reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o juiz Sérgio Moro por violação da lei que assegura amplo acesso a qualquer procedimento investigatório. Segundo a defesa de Lula, o juiz está agindo de forma ilegal ao impedir que os advogados tenham acesso a procedimento investigatório.
Os advogados afirmam ter descoberto a tramitação de um procedimento oculto perante a 13ª. Vara Federal de Curitiba a partir da referência feita pelo Ministério Público Federal nos autos do Inquérito Policial nº 5003496-90.2016.4.04.7000.
Conforme comunicam os advogados, no dia dia 15 de agosto, foi juntada procuração específica para esse procedimento oculto — cadastrado sob o nº 5035245-28.2016.4.04.7000 — com pedido de acesso e cópia.
No dia 18 de agosto, o juiz Sergio Moro proferiu despacho afirmando que os advogados de Lula já dispunham de acesso ao procedimento oculto.
Pouco depois, proferiu novo despacho corrigindo a informação e afirmando que “não se trata de inquérito” e que haveria “ali diligencia ainda em andamento” — condicionando o acesso à prévia anuência do MPF, que é parte contrária à defesa.
Diz a peça: “o Reclamado persevera na ilegalidade de obstar o acesso requerido pela defesa (aos atos já documentados naquele feito), pretendendo condicionar o exercício das garantias do contraditório e ampla defesa ao idiossincrático entendimento do Parquet”.
Os advogados de Lula, na mesma data, protocolaram nova petição lembrando ao magistrado o teor da Súmula 14 do STF e, ainda, que a Lei 13.245/2016 assegura o acesso de advogado constituído aos autos mesmo com a existência de diligência em curso. Por isso, reiteram o pedido de vista dos autos, sem êxito.
A reclamação pede a concessão de liminar “para imediato acesso pelos defensores do Reclamante à integralidade dos autos do procedimento investigatório número 5035245-28.2016.4.04.7000”.

LAVA-JATO: Para procuradores, delação de Léo Pinheiro pode ser retomada

OGLOBO.COM.BR
POR JAILTON DE CARVALHO

MPF avalia que, se ex-presidente da OAS apresentar provas, haverá diálogo

O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro - Divulgação

BRASÍLIA — O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu as negociações para um acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, mas as portas do Ministério Público Federal não estão totalmente fechadas para a empreiteira. Procuradores da Operação Lava-Jato admitem que, se o executivo reapresentar um pedido de negociação, existe a possibilidade de reabertura do diálogo. Mas com algumas condições: apresentar propostas relevantes, com provas consistentes e, especialmente, sem manobras que gerem desconfiança sobre a verdadeira intenção de colaboração.
As negociações foram suspensas no fim de semana, conforme revelou o GLOBO na segunda-feira. Janot e outros procuradores da Lava-Jato entenderam que houve quebra de confiança depois que a revista “Veja” divulgou informações sobre suposto anexo do pré-acordo de delação em que Pinheiro citaria o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Numa reunião do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Janot afirmou que não existe anexo com acusações contra Toffoli ou qualquer outro ministro do STF.
Para Janot, as informações teriam sido divulgadas para inflar artificialmente futuras declarações de Pinheiro e, com isso, levar o Ministério Público a endossar um acordo costurado com base nos interesses imediatos do ex-presidente da OAS, mesmo que estivesse abaixo das expectativas da investigação. A suspensão das negociações foi uma decisão inédita. Desde o início da Lava-Jato, em março de 2014, esta foi a primeira vez que o procurador-geral suspendeu tratativas de um acordo de delação.
Para alguns investigadores, o que houve serviu como um “freio de arrumação”. Janot e outros procuradores já tinham emitido sinais de insatisfação com supostas manobras durante as negociações com advogados do ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa e do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, entre outros investigados. Durante as tratativas com esses advogados, também foram divulgadas informações distorcidas sobre o conteúdo de eventuais delações dos clientes deles.
— Se o procurador-geral foi paciente num primeiro momento, isso não significa que ele tem que ser paciente o tempo todo. Alguma coisa tinha que ser feita e foi feita — disse um procurador que conhece os meandros da Lava-Jato.
Janot teria decidido cancelar as negociações com a OAS por entender que as acusações sem provas levantadas contra Toffoli poderiam jogar o Supremo contra a delação dos executivos da empreiteiras e contra outros acordos de delação, que estão praticamente concluídos, à espera de homologação.
NEGOCIAÇÕES COMEÇARAM EM MARÇO
No discurso que fez no CNMP, Janot disse que a suspensão das negociações tinha como objetivo coibir um “estelionato delacional” e impedir que um factoide ganhasse status de verdade.
Apesar do tom das críticas, investigadores ouvidos pelo GLOBO nos dois últimos dias dizem que a decisão de suspender as negociações com a OAS é para valer, mas talvez não definitiva. Segundo um deles, não se deve alimentar a esperança de uma reabertura de diálogo, mas esta é uma possibilidade se, em algum momento, o interessado apresentar uma proposta “ótima”.
As negociações entre procuradores da República em Brasília e Curitiba com advogados de ex-dirigentes da OAS começaram em março. Após algumas dificuldades iniciais, há duas semanas as duas partes fizeram um pré-acordo, uma espécie de esboço da delação do ex-presidente da empreiteira. Pinheiro teria se comprometido a apontar o envolvimento de políticos influentes de vários partidos com recursos desviados da Petrobras. Mas o pré-acordo foi implodido, no entanto, pela divulgação de insinuações contra Toffoli.
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