sexta-feira, 4 de março de 2016

CASO PETROBRAS: Lula critica Justiça e mídia e diz merecer respeito como ex-presidente

ESTADAO.COM.BR
ALEXANDRA MARTINS, PEDRO VENCESLAU E RICARDO GALHARDO - O ESTADO DE S. PAULO

Após ser levado para depoimento pela PF, petista ataca 'prepotência' de investigadores e afirma que operação serve para PT 'levantar a cabeça'

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 4, que a condução coercitiva à qual foi submetido nesta manhã pela Polícia Federal foi "o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça", embora tenha dito estar "magoado e ofendido" com a medida, que considerou fruto de "prepotência" dos investigadores da Operação Lava Jato. O petista também fez uma série de críticas à imprensa e a veículos de comunicação e disse merecer "respeito" como ex-presidente. Lula acrescentou que, com a condução coercitiva da Operação Aletheia, tentaram "matar a jararaca, mas não acertaram na cabeça, acertaram no rabo".
"Eu fiquei magoado, ofendido, me senti ultrajado, mas isso era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça. Todo santo dia alguém faz o partido sangrar. A partir da semana que vem, quem quiser discurso do Lula, é só pagar a passagem de avião. Não sei se serei candidato em 2018, mas essas coisas aumentam a tesão da gente. Tentaram matar a jararaca, mas não acertaram na cabeça, acertaram no rabo. A jararaca está viva", disse Lula em entrevista coletiva concedida na sede PT, em São Paulo.
No discurso, transmitido por sites aliados do PT, o ex-presidente criticou a imprensa pelo que considera um “espetáculo midiático” e disse que “hoje quem condena as pessoas são as manchetes”. “A minha indignação é pelo fato de 6 horas da manhã terem chegado na minha casa, vários delegados, aliás, muito gentis, não sei se são sempre assim, mas muito gentis, pedindo desculpas, que estavam cumprindo uma decisão judicial e a decisão era do juiz Moro”, declarou Lula, rodeado de parlamentares, dirigentes e militantes do PT e de movimentos sociais. O ex-presidente também pediu desculpas à mulher, Marisa Letícia, que não foi alvo de mandado de condução coercitiva, à família e aos amigos e assessores que foram envolvidos na operação desta sexta. "Virou uma coisa perigosa hoje ser amigo do Lula", ironizou.
O petista citou o juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato na primeira instância e autorizou a condução coercitiva de Lula. "O Moro não precisava ter mandado uma coerção na minha casa de manhã, na casa do Delcídio, do Paulo Okamoto, não precisava. Era só ter convidado. Eu iria em Curitiba, iria a Brasília, era só ter chamado."ação e disse merecer "respeito" como ex-presidente. Lula acrescentou que, com a condução coercitiva da Operação Aletheia, tentaram "matar a jararaca, mas não acertaram na cabeça, acertaram no rabo".

CASO PETROBRAS: Força-tarefa aponta para 'patrimônio oculto' do ex- presidente

BAHIA NOTÍCIAS
ESTADAO.COM.BR
por Ricardo Brandt, Andreza Matais, Julia Affonso e Mateus Coutinho | EC

Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula

O ponto central da Operação Aletheia, ápice da Lava Jato, é o patrimônio supostamente oculto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A força-tarefa da Procuradoria da República revela que o petista, ainda no exercício da Presidência, em 2010, adquiriu dois sítios no município de Atibaia, interior de São Paulo, "mediante interpostas pessoas", pelo valor de R$ 1.539.200. Os investigadores apontam "fortes indícios" de que, entre 2010 e 2014, Lula recebeu pelo menos R$ 770 mil "sem justificativa econômica lícita" do pecuarista e amigo dele José Carlos Bumlai - preso desde 24 de novembro na Operação Passe Livre, desdobramento crucial da Lava Jato que apontou para o suposto envolvimento do ex-presidente no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Parte de valores sob suspeita teria sido repassada a Lula pela Odebrecht e pela OAS, empreiteiras que teriam sido beneficiadas no esquema Petrobras. A força-tarefa constatou que em Atibaia dois sítios contíguos, um colocado em nome de Jonas Suassuna e outro em nome de Fernando Bittar, foram adquiridos na mesma data, em 29 de outubro de 2010. A investigação aponta para os sócios do filho mais velho de Lula e para o advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente. "Tanto Jonas como Fernando são sócios de Fábio Luís Lula da Silva como foram representados na compra por Roberto Teixeira, notoriamente vinculado ao ex-presidente Lula e responsável por minutar as escrituras e recolher as assinaturas", afirma a Procuradoria. Os investigadores afirmam que mensagem eletrônica interceptada "aponta o uso dos adquirentes nominais (dos sítios) como interpostas pessoas". Os investigadores destacam que Lula determinou que parte de sua própria mudança, "quando do fim do exercício da presidência, fosse entregue na sede dos sítios, para onde foi, com expressiva frequência, ao longo dos últimos anos". "Para além da suspeita sobre a ocultação de propriedade em nome de terceiros, há fortes indícios, consistentes na palavra de diversas testemunhas e notas fiscais de compras de produtos, de que reformas e móveis no valor de pelo menos R$ 770 mil foram pagos, sem razão econômica lícita, por Bumlai e pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, todos favorecidos no esquema Petrobrás", diz a Procuradoria. Bumlai e a Odebrecht se encarregaram da reforma. A OAS adquiriu móveis no valor de aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha do sítio Santa Bárbara, comprada no mesmo estabelecimento em que a OAS adquiriu móveis para o tríplex 164-A - apartamento no Condomínio Solaris, no Guarujá - o que também indica que o imóvel pertence ao ex-presidente. A força-tarefa aponta mensagens encontradas no celular de Léo Pinheiro, dono da OAS e amigo de Lula, "indicando que os beneficiários da cozinha eram o ex-presidente e sua esposa, ex-primeira-dama (Marisa Letícia)". O Ministério Público Federal afirma que 'ingressos e saídas' de valores do Instituto Lula e da LILS Palestras, ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são alvos da Operação Aletheia. Segundo a Procuradoria da República, foram realizados "pagamentos vultosos" de empreiteiras envolvidas no esquema Petrobras em favor da entidade e da empresa de palestras. A "saída de recursos", afirma a força-tarefa da Operação Lava Jato, beneficiou pessoas vinculadas ao PT e parentes próximos ao petista. Investigam-se pagamentos vultosos feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras, em razão de suspeitas levantadas pelos ingressos e saídas dos valores", afirma a Procuradoria. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a maior parte do dinheiro que entrou no Instituto Lula e na LILS Palestras, entre 2011 a 2014, saiu de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. Os investigadores informaram que no instituto, as empreiteiras foram responsáveis pelo ingresso de R$ 20,7 milhões de um total de R$ 35 milhões contabilizados. Na LILS, foram R$ 10 milhões. "Quanto às saídas de recursos, além de beneficiarem pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, cumprindo recordar que o esquema da Petrobras era partidário, elas beneficiaram parentes próximos do ex-presidente, por meio de pagamentos a empresas de que são sócios", afirmam os procuradores da República da Lava Jato.

CASO PETROBRAS: Manifestantes entram em confronto na porta da casa de Lula

JB

Desde o início da deflagração da nova fase da Operação Lava Jato, cujo alvo é o ex-presidente Lula, manifestantes contra e a favor estão concentrados em frente à casadele, em São Bernardo do Campo, São Paulo.
Com os ânimos exaltados, manifestantes chegaram a entrar em confronto, com agressões mútuas.
O clima em frente à casa do ex-presidente é de expectativa e tensão. Motoristas buzinam em frente ao prédio onde Lula mora. 
A Polícia Militar entrou em ação, com cassetetes, dispersando os manifestantes.Manifestantes contra e a favor de Lula entram em confronto na porta da casa de Lula

Aeroporto
No aeroporto de Congonhas, para onde o ex-presidente Lula foi levado, o clima também é de extrema tensão e confronto. Ativistas contra Lula gritam palavras de ordem, como "Lula na cadeia!", e "A nossa bandeira jamais será vermelha!", enquanto manifestantes pró-Lula defendem o ex-presidente.
Parlamentares do PT estão chegando ao aeroporto, acirrando ainda mais os ânimos dos manifestantes.

CASO PETROBRAS: Em nota, Instituto Lula diz que operação ‘desrespeita o Supremo e compromete sua credibilidade’

ESTADAO.COM.BR
POR MATEUS COUTINHO, JULIA AFFONSO, RICARDO BRANDT E FAUSTO MACEDO

Em dura nota, assessoria do ex-presidente classifica ações desta manhã de "agressão ao Estado de Direito que atinge toda sociedade brasileira".

Soldados da Polícia Federal realizam ação no Instituto Lula, no bairro Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Foto: RENATO MENDES/SIGMAPRESS

Em nota divulgada nesta sexta-feira, 4, após ser deflagrada a 24ª fase da Operação Lava Jato que realizou buscas na casa e na sede do Instituto Lula e ainda levou o ex-presidente e seus familiares para depor, a assessoria de imprensa do ex-presidente divulgou uma dura nota afirmando que a ação desta manhã é uma “agressão ao Estado de Direito que atinge toda sociedade brasileira”.
A defesa do ex-presidente acionou o Supremo para que decida sobre o conflito de competência nas investigações contra ele, já que tanto o Ministério Público de São Paulo quando o Ministério Público Federal, em Curitiba estão investigando suspeitas de irregularidades em imóveis ligados ao ex-presidente. No pedido, a defesa de Lula solicitou que os procedimentos investigativos fossem suspensos enquanto não se decidisse qual órgão deve investigar o ex-presidente.
“Ao precipitar-se em ações invasivas e coercitivas nesta manhã, antes de uma decisão sobre estes pedidos, a chamada força-tarefa cometeu grave afronta à mais alta Corte do País, afronta que se estende a todas as instituições republicanas”.
A nota do instituto lembra ainda que Lula já apresentou suas versões à Justiça sobre o tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, reformado por empreiteiras que participaram do esquema de corrupção na Petrobrás e que tem colaborado com as investigações. “Nada justifica um mandato de condução coercitiva contra um ex-presidente que colabora com a Justiça, espontaneamente ou sempre que convidado”.
A assessoria diz que “dezenas” de testemunhas foram ouvidas nas investigações sem serem conduzidas coercitivamente – quando a Polícia Federal leva o investigado para depor mesmo contra sua vontade. “Por que o ex-presidente Lula foi submetido ao constrangimento da condução coercitiva?”.
A 24ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, tem como base as suspeitas da força-tarefa da Lava Jato de que o ex-presidente teria se beneficiado de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobrás por meio de reformas no sítio em Atibaia e no tríplex no Guarujá bancadas por estas empreiteiras. Também há suspeitas de que os valores recebidos por Lula das empresas para fazer suas palestras seriam uma forma de propina das empresas que conseguiam contratos na estatal petrolífera.
VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA:
Lava Jato desrespeita o Supremo e compromete sua credibilidade
São Paulo, 4 de março de 2016
A violência praticada hoje (4/3) contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal.
1) Nada justifica um mandato de condução coercitiva contra um ex-presidente que colabora com a Justiça, espontaneamente ou sempre que convidado. Nos últimos meses, Lula prestou informações e depoimentos em quatro inquéritos, inclusive no âmbito da Operação Lava Jato. Dezenas de testemunhas foram ouvidas sobre estes fatos alegados pela Força tarefa, em depoimentos previamente marcados. Por que o ex-presidente Lula foi submetido ao constrangimento da condução coercitiva?
2) Nada Justifica a quebra do sigilo bancário e fiscal do Instituto Lula e da empresa LILS Palestras. A Lava Jato já recebeu da Receita Federal, oficialmente, todas as informações referentes a estas contas, que foram objeto de minuciosa autuação fiscal no ano passado.
3) Nada justifica a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente Lula, pois este sigilo já foi quebrado, compartilhado com o Ministério Público Federal e vazado ilegalmente para a imprensa, este sim um crime que não mereceu a devida atenção do Ministério Público.
4) Nada justifica a invasão do Instituto Lula e da empresa LILS, a pretexto de obter informações sobre palestras do ex-presidente Lula, contratadas por 40 empresas do Brasil e de outros países, entre as quais a INFOGLOBO, que edita as publicações da Família Marinho. Todas as informações referentes a estas palestras foram prestadas à Procuradoria da República do Distrito Federal e compartilhadas com a Lava Jato. Também neste caso, o Ministério Público nada fez em relação ao vazamento ilegal de informações sigilosas para a imprensa.
5) Nada justifica levar o ex-presidente Lula a depor sobre um apartamento no Guarujá que não é nunca foi dele e sobre um sítio de amigos em Atibaia, onde ele passa seus dias de descanso. Além de esclarecer a situação do apartamento em nota pública – na qual chegou a expor sua declaração de bens – e em informações prestadas por escrito ao Ministério Público de São Paulo, o ex-presidente prestou esclarecimentos sobre o sítio de Atibaia em ação perante o Supremo Tribunal Federal, que também é de conhecimento público.
6) A defesa do ex-presidente Lula peticionou ao STF para que decida o conflito de atribuições entre o Ministério Público de São Paulo e o Ministério Público Federal (Força Tarefa), para apontar a quem cabe investigar os fatos, que são os mesmos. Solicitou também medida liminar suspendendo os procedimentos paralelos até que se decida a competência conforme a lei. Ao precipitar-se em ações invasivas e coercitivas nesta manhã, antes de uma decisão sobre estes pedidos, a chamada Força Tarefa cometeu grave afronta à mais alta Corte do País, afronta que se estende a todas as instituições republicanas.
7) O único resultado da violência desencadeada hoje pela Força Tarefa é submeter o ex-presidente a um constrangimento público. Não é a credibilidade de Lula, mas da Operação Lava Jato que fica comprometida, quando seus dirigentes voltam-se para um alvo político sob os mais frágeis pretextos.
O Instituto Lula reafirma que Lula jamais ocultou patrimônio ou recebeu vantagem indevida, antes, durante ou depois de governar o País. Jamais se envolveu direta ou indiretamente em qualquer ilegalidade, sejam as investigadas no âmbito da Lava Jato, sejam quaisquer outras.
A violência praticada nesta manhã – injusta, injustificável, arbitrária e ilegal – será repudiada por todos os democratas, por todos os que têm fé nas instituições e do estado de direito, no Brasil e ao redor do mundo, pois Lula é uma personalidade internacional que dignifica o País, símbolo da paz, do combate à fome e da inclusão social.
É uma violência contra a cidadania e contra o povo brasileiro, que reconhece em Lula o líder que uniu o Brasil e promoveu a maior ascensão social de nossa história.

COMENTÁRIO: Tudo de novo no front

Por Dora Kramer - ESTADAO.COM.BR

As informações repassadas pelo senador Delcídio do Amaral ao Ministério Público, bem como as operações de busca e apreensão de documentos nas casas de Luiz Inácio da Silva e do filho Fábio com autorização para condução coercitiva do ex-presidente para prestar o depoimento que vinha tentando evitar, não deveriam surpreender ninguém. Isto se o Brasil estivesse acostumado a conviver com o preceito de que a lei é igual para todos.
O caráter explosivo das ações decorre justamente da falta do hábito de ver cada instituição e/ou corporação cumprir o seu dever sem olhar a quem. Na realidade, se algo de estranho havia no ar era a demora de as investigações chegarem aonde chegaram. Esquisito era o ex-presidente transitar com tanta liberdade e falta de cerimônia pelas veredas do lodaçal que o cerca desde que o braço direito de seus braços direito e esquerdo foi pego extorquindo um bicheiro.
Surgiam ali, ainda no primeiro ano do primeiro mandato de Lula da Silva - nas figuras de Waldomiro Diniz e de seu chefe imediato na Casa Civil, José Dirceu -, os personagens iniciais de uma trama (um drama?) que caminha para um desfecho. Os investigadores chegaram ao topo da cadeia que alimentou as fontes de financiamento do PT e, ao que vem sendo revelado, de enriquecimento de detentores do poder.
Até então a situação anômala era a que livrava de apuração mais acurada o principal arquiteto e beneficiário do projeto petista. Um homem que há mais de três décadas, desde a fundação, comanda e controla todas as ações de um partido sobre o qual há muito mais que suspeitas de que tenha se apoderado de maneira ilícita da máquina pública. 
A novidade, razão do assombro, é a persistência, a contundência, a competência e a independência com que a Polícia Federal, a Justiça e o Ministério Público buscam desvendar todo o esquema de corrupção que contamina o Estado, desqualifica o exercício da política, desalenta a população e prende o Brasil nas malhas do atraso.

CASO PETROBRAS: Ação da PF contra Lula é destaque de jornais em todo mundo

JB

Notícia correu jornais da Argentina, EUA e Europa nesta manhã
A 24ª fase da Operação Lava Jato e os mandados da Polícia Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram destaques dos principais jornais internacionais nesta sexta-feira (4), derrubando pautas como "eleições nos Estados Unidos" e "crise imigratória na União Europeia".
A versão on-line do jornal mais importante dos Estados Unidos, o "The New York Times", publicou que a polícia cumpria uma série de mandados de busca e apreensão em vários locais, incluindo a cidade natal de Lula, São Bernardo do Campo. "Brazil Police Confirm Two Detention Warrants in Lula's Hometown", noticiou o NTY.
Na Itália, o "Corriere della Sera" reservou um lugar de destaque em sua homepage para noticiar que "o escândalo da Petrobras chegou a Lula". "O ex-presidente do Brasil foi levado pela polícia", escreveu o diário. O "La Repubblica" também ressaltou que "o ex-presidente Lula foi preso". Na vizinha Argentina, os dois principais jornais do país, o "Clarín" e o "La Nación", publicaram que a PF brasileira tinham invadido a casa de Lula para levá-lo a depor.
A versão on-line do "The New York Times" publicou que a polícia cumpria mandados
Já a britânica "BBC" manchetou que a casa do ex-presidente tinha sido alvo da PF, "como parte de uma enorme investigação de fraudes e corrupção na Petrobras". "Brazilian ex-leader Lula's home raided", escreveu a agência, ressaltando que o petista "sempre negou as acusações". A correspondente no Brasil do jornal francês "Le Monde", Claire Gatinois, escreveu um artigo destacando como o ex-presidente "tenta salvar sua reputação" em meio às operações da PF e aos escândalos de corrupção no governo do PT que ameaçam um impeachment de Dilma Rousseff. A jornalista relatou ter visto placas com insultos a Lula na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, onde o ex-presidente usufruiria de um sítio financiado pelas construtoras OAS e Odebrecht. A edição digital do diário espanhol "El País" também colocou a notícia de Lula na manchete, com o título: "Nova fase da Operação Lava Jato chega ao ex-presidente Lula". A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (4) a 24ª fase da Operação Lava Jato e cumpriu mandados em endereços do ex-presidente e do seu filho, Fabio Luiz Lula da Silva, na cidade de São Paulo e no ABC paulista.
A PF esteve na casa do petista, no Instituto Lula e na casa do filho mais velho dele, no bairro de Moema. A PF também tem mandado de condução coercitiva contra Lula e contra o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto. Com isso, o ex-presidente pode ser levado para Curitiba para depor. Apesar de haver um habeas corpus que protege Lula, o documento tem validade apenas para São Paulo.
A operação foi deflagrada com base em investigações sobre a compra e reforma de um sítio em Atibaia frequentado pelo petista, o fato de sua mudança ter sido transportada para o local e a relação desses episódios com empreiteiras investigadas na Lava Jato, além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS.
A Operação foi batizada de Aletheia em referência à expressão grega que significa busca da verdade. (ANSA)

CASO PETROBRAS: ‘Ingressos e saídas’ de valores do Instituto Lula e da LILS são alvo da Lava Jato

ESTADAO.COM.BR
POR RICARDO BRANDT, ANDREZA MATAIS, JULIA AFFONSO E MATEUS COUTINHO

Ministério Público Federal afirma que empreiteiras fizeram 'pagamentos vultosos' e 'saída de recursos' beneficiaram quadros do PT e familiares do petista
Investigadores da Receita Federal na sede do Instituto Lula. Foto: EFE

O Ministério Público Federal afirma que ‘ingressos e saídas’ de valores do Instituto Lula e da LILS Palestras, ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são alvos da Operação Aletheia, ápice da Lava Jato.
Segundo a Procuradoria da República, foram realizados ‘pagamentos vultosos’ de empreiteiras envolvidas no esquema Petrobrás em favor da entidade e da empresa de palestras. A ‘saída de recursos’, afirma a força-tarefa da Operação Lava Jato, beneficiou pessoas vinculadas ao PT e parentes próximos ao petista.
Nesta sexta-feira, 4, Lula foi conduzido coercitivamente – quando o investigado é levado para depor.
“Investigam-se pagamentos vultosos feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobrás em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras, em razão de suspeitas levantadas pelos ingressos e saídas dos valores”, afirma a Procuradoria.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a maior parte do dinheiro que entrou no Instituto Lula e na LILS Palestras, entre 2011 a 2014, saiu de empresas do esquema Petrobrás: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC.
Os investigadores informaram que no instituto, as empreiteiras foram responsáveis pelo ingresso de R$ 20,7 milhões de um total de R$ 35 milhões contabilizados. Na LILS, foram R$ 10 milhões.
“Quanto às saídas de recursos, além de beneficiarem pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, cumprindo recordar que o esquema da Petrobrás era partidário, elas beneficiaram parentes próximos do ex-presidente, por meio de pagamentos a empresas de que são sócios”, afirmam os procuradores da República da Lava Jato.
“Além de tudo isso, a própria presidência do Instituto foi ocupada, em dado momento, por ex-tesoureiro de sua campanha que é apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram aproximadamente R$ 3 milhões, decorrentes de contratos com a Petrobrás, o que, mais uma vez, mostra o vínculo de pessoas muito próximas ao ex-presidente com os crimes e indica possível ligação das próprias empresas ao esquema ilícito e partidário que vitimou a Petrobrás”,
informa o Ministério Público Federal, no Paraná.
A pedido da Procuradoria, a 13ª Vara Federal de Curitiba determinou buscas e conduções, que estão sendo executadas pela Polícia Federal, para apurar ‘possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobrás que teriam sido praticados pelo ex-presidente e outros investigados’.
Também são alvo da apuração da Lava Jato o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e as empreiteiras
“Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobrás, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e pessoas associadas”, diz a Procuradoria.
“Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobrás por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”, afirma a Procuradoria.
COM A PALAVRA, A ODEBRECHT
A Odebrecht confirma operação da Polícia Federal em escritório de São Paulo para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. A empresa está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento.

NEGÓCIOS: Com força policial, família Simões e Blumberg voltam ao Jornal A Tarde

METRO1

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Mais uma reviravolta na história da venda do jornal A Tarde. O Metro1 apurou que a família Simões, proprietária da centenária publicação até a venda para a holding Piatra SP Participações, do DX Group, chegou nesta sexta-feira à sede da empresa, com força policial, para retomar o controle.
Na quinta-feira (3), os novos donos da empresa anunciaram o nome de Marconi de Souza, repórter do jornal até meados da década de 00, como novo diretor do jornal. Nesta sexta (4), porém, André Blumberg, dirigente até a saída da família Simões, está retomando suas funções. Alguns diretores e gerentes demitidos na quinta (3) também estão sendo convidados para voltar.

COMENTÁRIO: É o fim do projeto do PT

Por Eliane Cantanhêde - ESTADAO.COM.BR

A sexta-feira, 4 de março de 2016, é um dia histórico e divide apaixonadamente a opinião pública do Brasil, onde Luiz Inácio Lula da Silva nasceu nos rincões áridos do Nordeste, cruzou o país continental num pau-de-arara, comeu o pão que o Diabo amassou, foi o maior líder sindicalista e virou o presidente da República mais popular em décadas. É um dia profundamente triste, mas é também um marco: ninguém, nem mesmo Lula, está acima da lei.
A condução coercitiva de Lula e de seu primogênito, Fábio Luiz, não foi nenhuma surpresa no mundo político, mas é daqueles fatos que todo mundo espera, mas, quando acontecem, são como uma explosão atômica. Com Lula depondo na Polícia Federal e acossado, junto com a presidente Dilma Rousseff, pela delação premiada do ex-líder do governo Delcídio Amaral, não há outra conclusão possível senão a óbvia: é o fim do projeto do PT, o fim de uma era.
Até por isso, a Justiça, o Ministério Público, a Polícia Federal e a Receita Federal cercaram-se de todos os cuidados. Há meses vinham dando indícios de que Lula seria preso, mas isso só ocorreria quando as provas fossem consistentes, inquestionáveis. "Não podemos morder o Lula. Quando chegarmos nele, é para engolir", diziam os investigadores, ilustrando a consciência de que, deixar brechas de contestação, seria não apenas implodir a Lava Jato, mas também desmoralizar as instituições responsáveis.
Hoje, a Lava Jato engoliu Lula e, com ele, o projeto de eternização do PT no poder. De uma forma simples e direta, há provas de que havia uma triangulação criminosa: o dinheiro saía da Petrobrás, passava pelas empreiteiras e parte dele ia para o ex-presidente em forma de pagamentos dissimulados de palestras, viagens pelo mundo, o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá. Lula, portanto, seria beneficiário dos desvios da maior companhia brasileira, hoje uma das maiores empresas mais endividadas do mundo. Sem falar na Operação Zelotes...
A condução coercitiva de Lula, a prisão do marqueteiro dele e de Dilma, a delação do ex-líder do governo sobre o envolvimento de Dilma na compra suspeitíssima da refinaria de Pasadena e na tentativa de manipular o Judiciário para soltar empreiteiros amigos... tudo isso configura um cerco a Lula e a Dilma que, apesar de dependerem visceralmente um do outro, entram na dolorosa fase do "salve-se quem puder" ou, de outra forma, "cada um por si".
Como pano de fundo, a crise política e a economia. Por uma macabra coincidência, ou não, o resultado da economia em 2015 saiu no dia do vazamento da delação de Delcídio e na véspera da condução coercitiva de Lula e de seu filho. O Brasil teve uma recessão de 3,8% e ficou em 30º lugar entre 32 países pesquisados, só atrás da Venezuela, que quebrou, e da Ucrânia, que vem perdendo parte do seu território para a Rússia.
Tudo somado, Dilma está totalmente isolada em seus palácios, enquanto Lula se despe da roupagem do "Lulinha paz e amor" e conclama suas tropas para a guerra. A possibilidade de impeachment de Dilma é cada vez mais real e a próxima etapa de todo esse processo deve ocorrer nas ruas. Vêm aí as manifestações do dia 13 contra Dilma, Lula e o PT, mas, antes delas, já começam os confrontos. As bandeiras vermelhas, em minoria, vão tentar ganhar no grito - ou na pancadaria.

CASO PETROBRAS: ‘Há evidências’ de que Lula recebeu dinheiro desviado da Petrobrás, diz Procuradoria

ESTADAO.COM.BR
POR RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO, MATEUS COUTINHO, ANDREZA MATAIS E FABIO FABRINI

Investigadores apontam pelo menos R$ 4,5 milhões usados na compra e reforma do sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, e coloca movimentação de dinheiro em Instituto Lula sob suspeita
O ex-presidente Lula. Foto: AFP

A força-tarefa da Operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo central da Operação Aletheia, 24ª fase, para depor coercitivamente na manhã desta sexta-feira, 4, diz ter “evidências” de que ele recebeu valores desviados da Petrobrás.
“Há evidências de que o ex­-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”, informa a força-tarefa da Lava Jato.”
São pelo menos R$ 4,5 milhões em lavagem por meio do Sítio Santa Bárbara em Atibaia e por meio do tríplex 164-A.
Leia a íntegra da nota do MPF:
“Estão sendo cumpridos, nesta data, mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex­Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e pessoas associadas.”
Ao longo das 23 fases anteriores da Lava Jato, avolumaram-­se evidências muito consistentes de que o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras beneficiava empresas, que enriqueciam às custas dos cofres da estatal, funcionários da Petrobras, que vendiam favores, lavadores de dinheiro profissional, os quais providenciavam a entrega da propina, e os políticos e partidos que proviam sustentação aos funcionários da Petrobras e em troca recebiam a maior parte da propina, a qual os enriquecia e financiava campanhas. Esse grande esquema era coordenado a partir das cúpulas e lideranças dos partidos políticos que compunham a base do governo federal, especialmente o Partido dos Trabalhadores, o Partido Progressista e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
O ex­-presidente Lula, além de líder partidário, era o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política. Mais recentemente, ainda, surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa, tanto no tocante à quitação do empréstimo obtido pelo Partido dos Trabalhadores junto ao Banco Schahin, por meio do direcionamento ilícito de contrato da Petrobras ao grupo Schahin, a pedido de José Carlos Bumlai, como para que um negócio entre OSX e Sete Brasil se efetivasse.
No último caso, há notícia de pagamento de propina que seria destinada, segundo Bumlai teria informado, para parente do ex­-presidente.
O avanço das investigações revelou, também, evidências de que o ex-presidente recebeu, em 2014, pelo menos R$ 1 milhão sem aparente justificativa econômica lícita da OAS, por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento tipo triplex, número 164­-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá.
Embora o ex­-presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da empreiteira, várias provas dizem o contrário, como depoimentos de zelador, porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da empresa contratada para a reforma, os quais apontam o envolvimento de seu núcleo familiar em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento.
Há evidências de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o imóvel (mais de R$ 750 mil), arcou com móveis de luxo para cozinha e dormitórios (cerca de R$ 320 mil), bem como de que tudo isso aconteceu de modo não usual (foi o único apartamento que sofreu tal intervenção) e com o envolvimento do próprio presidente da OAS, Léo Pinheiro.
A suspeita é de que a reforma e os móveis constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da OAS no esquema da Petrobrás, empresa essa cujos executivos já foram condenados por corrupção e lavagem na Lava Jato. Além disso, há fortes evidências de que outros líderes e integrantes do Partido dos Trabalhadores foram agraciados com propinas decorrentes de contratos da Petrobrás, inclusive por meio de reformas e após deixarem o cargo público, como no caso de José Dirceu, o que já ensejou acusação criminal formal contra este.
As apurações apontam também para o fato de que o ex­-presidente Lula, em 2010, adquiriu dois sítios em Atibaia mediante interpostas pessoas, pelo valor de R$ 1.539.200,00, havendo ainda fortes indícios de que, entre 2010 e 2014, recebeu pelo menos R$ 770 mil sem justificativa econômica lícita de José Carlos Bumlai e das empresas Odebrecht e OAS, todos beneficiados pela corrupção no esquema Petrobrás.
De fato, dois sítios contíguos, um colocado em nome de Jonas Suassuna e outro em nome de Fernando Bittar, foram adquiridos na mesma data, em 29/10/2010. Tanto Jonas como Fernando são sócios de Fábio Luís Lula da Silva como foram representados na compra por Roberto Teixeira, notoriamente vinculado ao ex­-presidente Lula e responsável por minutar as escrituras e recolher as assinaturas.
Encontrou­-se, ainda, mensagem eletrônica que aponta o uso dos adquirentes nominais como interpostas pessoas.
Ademais, o ex­-presidente determinou que parte de sua própria mudança, quando do fim do exercício da presidência, fosse entregue na sede dos sítios, para onde foi, com expressiva frequência, ao longo dos últimos anos.
Para além da suspeita sobre a ocultação de propriedade em nome de terceiros, há fortes indícios, consistentes na palavra de diversas testemunhas e notas fiscais de compras de produtos, de que reformas e móveis no valor de pelo menos R$ 770 mil foram pagos, sem razão econômica lícita, por Bumlai e pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, todos favorecidos no esquema Petrobras.
Bumlai e a Odebrecht se encarregaram da reforma. A OAS adquiriu móveis no valor de aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha, comprada no mesmo estabelecimento em que aquela empresa adquiriu móveis para o triplex 164­A, o que também indica que o imóvel pertencia ao ex­Presidente. Foram encontradas mensagens, ainda, no celular de Léo Pinhero, indicando que os beneficiários da cozinha eram o ex­Presidente e sua esposa, ex­-primeira-dama. A suspeita, aqui novamente, é que os valores com que o ex­-presidente foi agraciado constituem propinas pagas a título de contraprestação pelos favores ilícitos obtidos no esquema Petrobrás.
Surgiram, ainda, fortes indícios de pagamentos dissimulados de aproximadamente R$ 1,3 milhão pela empresa OAS em favor do ex­-presidente, de 01/01/2011 a 01/2016, para a armazenagem de itens retirados do Palácio do Planalto quando do fim do mandato. Apesar de a negociação do armazenamento ter sido feita por Paulo Okamotto, que foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, presidente do Instituto Lula desde o fim de 2011 e sócio do ex-presidente na LILS Palestras desde sua constituição em março de 2011, o contrato foi feito entre a OAS e a empresa armazenadora. Nesse contrato, seu real objeto foi escondido, falsificando­se o documento para dele constar que se tratava de “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda.”
Paulo Okamotto assinou ainda, em 12 de janeiro de 2016, procuração autorizando a retirada dos bens.
Por fim, investigam ­se pagamentos vultosos feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobrás em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras, em razão de suspeitas levantadas pelos ingressos e saídas dos valores. De fato, a maior parte do dinheiro que ingressou em ambas as empresas, ao longo de 2011 a 2014, proveio de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC.
No Instituto Lula, foram 20,7 dentre 35 milhões que ingressaram. Na LILS, foram 10 dentre 21 milhões. Quanto às saídas de recursos, além de beneficiarem pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores – cumprindo recordar que o esquema da Petrobras era partidário ­, elas beneficiaram parentes próximos do ex­Presidente, por meio de pagamentos a empresas de que são sócios. Além de tudo isso, a própria presidência do Instituto foi ocupada, em dado momento, por ex­tesoureiro de sua campanha que é apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram aproximadamente R$ 3 milhões, decorrentes de contratos com a Petrobras, o que, mais uma vez, mostra o vínculo de pessoas muito próximas ao ex­-presidente com os crimes e indica possível ligação das próprias empresas ao esquema ilícito e partidário que vitimou a Petrobrás.
Todos esses fatos estão sendo investigados no âmbito da Lava Jato porque eles se relacionam com o destino de verbas desviadas da Petrobras por empresas e pessoas participantes do megaesquema criminoso. Os fatos são de competência federal não só por se relacionarem com crimes financeiros e de lavagem de dinheiro transnacional, mas também por haver fatos praticados quando o ex­-presidente estava no exercício de mandato no âmbito da União Federal, onde possivelmente sua influência foi usada, antes e depois do mandato – o que é objeto de investigação –, para que o esquema existisse e se perpetuasse.
Ressalta a Força Tarefa do Ministério Público Federal que a investigação sobre o ex-Presidente não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de investigação sobre fatos e atos determinados, que estão sob suspeita. Dentro de uma república, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa, a qual se apoia, neste caso, em dezenas de depoimentos e ampla prova documental. Conforme colocou a decisão judicial, “embora o ex­Presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto.”
COM A PALAVRA, A ODEBRECHT
A Odebrecht confirma operação da Polícia Federal em escritório de São Paulo para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. A empresa está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento.

DIREITO: STJ - Sexta Turma determina prisão imediata do ex-vice-governador do DF Benedito Domingos

Em julgamento realizado nesta quinta-feira (3), a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por três votos a dois, acolheu pedido do Ministério Público Federal e determinou a expedição de mandado de prisão contra o ex-deputado distrital e ex-vice-governador Benedito Domingos.
A decisão – que seguiu o voto do relator, ministro Rogerio Schietti Cruz – foi tomada pelo colegiado ao rejeitar recurso com o qual os advogados do ex-parlamentar pretendiam abrir caminho para levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ficaram vencidos os ministros Maria Thereza de Assis Moura e Sebastião Reis Júnior.
Membro da Câmara Legislativa do Distrito Federal até 2014, Benedito Domingos foi condenado a cinco anos e oito meses de prisão por fraudes em licitações e a quatro anos por corrupção passiva, penas que deverá cumprir inicialmente em regime semiaberto. Uma das acusações é a de que ele teria usado seu prestígio político para fazer com que a empresa de um filho ganhasse várias licitações no DF.
Ao julgar embargos de declaração na sessão desta quinta, o ministro Schietti ressaltou que a demora na tramitação do processo, relativo a fatos ocorridos há quase dez anos, já havia beneficiado o réu com a prescrição relativa ao crime de formação de quadrilha, reconhecida de ofício pela Sexta Turma no dia 15 de dezembro, quando foram rejeitados dois recursos especiais da defesa.
Nova jurisprudência
A decisão de determinar a prisão do ex-parlamentar e remeter cópia do processo ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), “para que encaminhe guia de recolhimento provisória ao juízo da Vara de Execuções Criminais, para efetivo início da execução provisória das penas”, é a primeira do STJ a seguir a nova jurisprudência do STF, que, ao julgar um habeas corpus em 17 de fevereiro, passou a admitir a prisão já a partir da condenação em segunda instância, independentemente da pendência de recursos nos tribunais superiores.
Essa guinada da jurisprudência, como observado por Schietti, teve como forte motivação a possibilidade, no sistema punitivo brasileiro, de interposição de sucessivos recursos contra decisões prolatadas no curso de uma ação penal, tornando excessivamente morosa a definição da causa. Segundo ele, o Brasil tem “o assustador número de 20 meios de pedir a revisão de um ato jurisdicional”, considerando ações e incidentes previstos na legislação processual penal.
“Alguns desses meios impugnativos (como é o caso do habeas corpus, da apelação no tribunal do júri e dos embargos de declaração) podem ser manejados por diversas vezes, em um mesmo processo, pelo mesmo réu, sempre ao argumento de que se trata de legítimo exercício da ampla defesa, ainda que, eventualmente, se perceba o propósito de procrastinar o resultado final do processo”, disse o relator.
Harmonia com a CF
De acordo com Schietti, o novo entendimento do STF afasta a aplicação literal do artigo 283 do Código de Processo Penal, que exige o trânsito em julgado da sentença condenatória para o início do cumprimento da pena. Afinal, observou o ministro, a razão de ser desse artigo é o próprio princípio da não culpabilidade (artigo 5º, LVII, da Constituição Federal), cuja interpretação acaba de ser modificada pelo STF. “As normas infraconstitucionais é que devem se harmonizar com a Constituição, e não o contrário”, declarou Schietti.
O ministro afirmou ainda que a possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância, quando se esgota a análise dos fatos e das provas, é coerente com “praticamente todos os tratados e convenções internacionais que versam direitos humanos”.
Uma das questões levantadas pela defesa nos embargos de declaração era a suposta violação do direito ao duplo grau de jurisdição, já que o ex-deputado, por ser detentor de foro privilegiado, foi julgado no TJDFT sem que tivesse a chance de rediscutir as provas em outra instância.
Sobre isso, o relator afirmou, reportando-se à jurisprudência dos tribunais superiores, o direito ao duplo grau existe justamente para que a pessoa possa ter seu caso revisto por um colegiado de juízes em tese mais experientes, e não faria sentido estender essa garantia a quem já é julgado diretamente em tribunal, em razão do foro por prerrogativa de função reservado a certas autoridades.
Leia o voto do relator. 
Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1484415

DIREITO: STJ - Terceira Turma nega pedido de danos morais e materiais por abandono afetivo

Em decisão unânime, os ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negaram recurso especial de servidora pública que buscava indenização do seu pai devido à falta de assistência afetiva e material em sua criação. Ao analisar o recurso, os ministros da turma não identificaram o ilícito civil e a culpa na conduta do genitor da autora, que só teve a paternidade confirmada 38 anos após o nascimento da filha.
Na ação de indenização por danos morais e materiais, a autora, nascida em 1968, afirmou que obteve reconhecimento judicial da paternidade em 2006, mas que nunca recebeu assistência material ou afetiva de seu pai. Além disso, após o registro de paternidade, a requerente narrou que o genitor adquiriu vários imóveis para os demais filhos, inclusive com a utilização de terceiros nas transações comerciais.
O pedido de indenização da autora, no valor de cinco mil salários mínimos, baseou-se na falta de amparo paterno durante toda a sua vida e no tratamento diferenciado demonstrado pelo pai entre ela e os demais filhos.
Prestação afetiva
A sentença de primeira instância negou o pedido da autora, com a fundamentação de que a decretação tardia de paternidade e a ausência de prestação afetiva não geravam obrigação indenizatória ao pai. Pelos mesmos fundamentos, o julgamento primário foi confirmado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Inconformada com as decisões das instâncias paulistas, por meio de recurso especial dirigido ao STJ, a servidora pública defendeu que havia demonstrado nos autos as boas condições econômicas de seu pai, mas que, apesar disso, apenas seus irmãos desfrutavam do patrimônio paterno. A autora também insistiu na tese do abandono afetivo desde o nascimento.
Desamor
De acordo com o ministro relator, Villas Bôas Cueva, a ausência de afetividade no ambiente familiar, via de regra, não configura dano a ser reparado por meio de indenização pecuniária. O ministro também registrou que a demora de quase quatro décadas para que a autora ingressasse com ação de paternidade contribuiu para o agravamento do caso.
“O ordenamento jurídico não prevê a obrigatoriedade de sentimentos que normalmente vinculam um pai a seu filho. Isso porque não há lei que gere tal dever, tendo em vista que afeto é sentimento imensurável materialmente. Tal circunstância, inclusive, refoge do âmbito jurídico, não desafiando dano moral indenizável à suposta vítima de desamor”, registrou o ministro no voto. Villas Bôas Cueva ressaltou que o dever de sustentar financeiramente o filho pode ser proposto por meio de ação de alimentos, desde que concreta a necessidade do auxílio material.
No mesmo voto, o ministro Villas Bôas Cueva também afirmou que o fato de o pai da autora adquirir bens em nomes de outros filhos não caracteriza abandono afetivo e material, “ressalvando-se a possibilidade da recorrente buscar a proteção de seus direitos sucessórios quando da morte do seu genitor”.
Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1493125

DIREITO: STJ - Segunda Seção aprova nova súmula sobre tarifa de cadastro de cliente em banco

A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a Súmula 566, que trata da tarifa de cadastro em banco. A sessão em que o tema foi apreciado ocorreu no dia 24 de fevereiro último.
Segundo o enunciado aprovado, “nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira”.
As súmulas são o resumo de entendimentos consolidados nos julgamentos do tribunal. Embora não tenham efeito vinculante, servem de orientação a toda a comunidade jurídica sobre a jurisprudência firmada pelo STJ, que tem a missão constitucional de unificar a interpretação das leis federais.

DIREITO: STJ - Quinta Turma diminui pena imposta a ex-gestor do Banespa

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu ordem de habeas corpus a um ex-gestor, membro do Comitê de Crédito do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), condenado pela prática do crime de gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto no artigo 4º, parágrafo único, da Lei 7.492/86.
A pena foi fixada em 5 anos de reclusão, no regime inicial semiaberto. O ex-membro do comitê de crédito teria gerido a instituição de forma temerária em operação de crédito realizada em favor de uma empresa.
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) majorou a pena para 6 anos de reclusão, em razão do grande prejuízo causado ao Banespa e da alta culpabilidade do ex-gestor por “dilapidar os recursos” da instituição financeira na qual tinha responsabilidade de gestão. O regime inicial semiaberto foi mantido.
Tipo penal
No pedido de habeas corpus, a defesa alegou que não houve fundamentação idônea para o aumento da pena, pois a expressividade do prejuízo e o fato de o ex-gestor ocupar cargo de direção na instituição financeira seriam inerentes à conduta atribuída a ele, caracterizando bis in idem.
O relator, ministro Jorge Mussi, destacou o entendimento do STJ de que a expressividade do prejuízo decorrente da gestão fraudulenta autoriza a elevação da pena-base do réu. Todavia, em relação ao argumento da culpabilidade, ele acolheu a argumentação da defesa de que a sanção não poderia ter sido agravada.
Segundo Mussi, “a dilapidação dos recursos do banco pelos seus dirigentes, fundamento empregado no acórdão objurgado para elevar a reprimenda imposta a todos os réus, não é hábil a caracterizar a maior culpabilidade do paciente, pois constitui elementar do ilícito pelo qual restou condenado”.
Com a decisão, foi restabelecida a pena de 5 anos imposta na sentença inicial. A turma, por unanimidade, acompanhou o relator.
Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): HC 284546

DIREITO: TSE - Suspenso por um ano artigo que trata de prazo de validade de comissões provisórias

Na sessão administrativa desta quinta-feira (3), o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu por um ano, a partir de hoje, a vigência do artigo 39 da Resolução nº 23.465/2015, que trata da criação, organização, funcionamento e extinção dos partidos políticos. O artigo estabelece que os órgãos provisórios dos partidos são válidos por 120 dias. Os ministros resolveram suspender o dispositivo, que passará a vigorar novamente apenas no começo de março de 2017, para permitir que os partidos possam fazer os ajustes necessários nos estatutos, privilegiando a substituição de órgãos provisórios por definitivos. 
Os ministros rejeitaram ainda os pedidos de partidos que solicitavam a exclusão do artigo 39 da resolução por entender que ofenderia a autonomia partidária e a Constituição Federal ao estabelecer o prazo de validade de 120 dias para as comissões provisórias.
Um dos parágrafos do artigo 39 permite ao partido, em situações excepcionais e devidamente justificadas, solicitar ao Presidente do Tribunal Eleitoral competente a prorrogação do prazo de validade de 120 dias, pelo período necessário à realização da convenção para escolha dos novos dirigentes. O parágrafo seguinte do artigo, no entanto, faz uma ressalva: a prorrogação do prazo dos órgãos provisórios não desobriga o partido a adotar, com a urgência necessária, as medidas em favor do respeito ao regime democrático dentro da legenda.
Durante a sessão, os ministros decidiram ainda acrescentar ao artigo 39, que fixa os 120 dias, a expressão “salvo se o estatuto partidário estabelecer prazo razoável diverso”. O prazo original previsto no dispositivo vale tanto para aquela comissão provisória formada enquanto o partido não instala órgão definitivo na circunscrição eleitoral como para o caso de reorganização da estrutura partidária local, abalada pela dissolução do órgão definitivo. 
Voto de relator
Ao propor a suspensão do artigo 39 por um ano e rejeitar os pedidos dos partidos para que o item saísse da resolução, o relator, ministro Henrique Neves, lembrou que os partidos são obrigados pela Constituição Federal e pela legislação a realizar eleições periódicas, com mandatos determinados no estatuto. “Mas a prática que se vê hoje são as comissões provisórias eternas”, disse o ministro. Por isso, segundo ele, o TSE resolveu estabelecer na resolução um prazo de 120 dias para a validade dessas comissões provisórias.
“Fiz uma análise dos 35 estatutos [de partidos com registro] no TSE. Apenas 11 trazem algum prazo, alguns até um prazo, que nós vamos ter de examinar se é razoável, de um ano, mas a maioria de 90 dias, 120 dias. Então, por conta disso, estou propondo uma alteração do artigo 39 para dizer que o prazo é de 120 dias, se não houver outro prazo razoável estipulado no estatuto”, explicou Henrique Neves.
Ministros
A ministra Luciana Lóssio informou, ao votar, que o Partido da República (PR), por exemplo, tem todos os seus 27 diretórios estaduais funcionando de maneira provisória há mais de dez anos. Segundo a ministra, outro partido (PRTB), criado em 1997, só tem quatro diretórios estaduais constituídos, sendo todas as outras comissões provisórias. “Imagine os diretórios municipais, e de inúmeros outros partidos?”, ponderou. “Os partidos políticos, que tanto defendem a democracia porta afora, também têm de aplicar a democracia porta adentro”, disse Luciana Lóssio.
O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, ressaltou, por sua vez, que “todo esse debate coloca luzes sobre uma questão extremamente relevante na organização dos partidos políticos”. “O fato é que, ao longo da história, esta Corte se debruçou sobre os números de apoiamento necessário para a criação do partido, sem analisar os artigos do estatuto para verificar se aqueles princípios do artigo 17 da Constituição Federal estavam ou não sendo atendidos”, afirmou.
“Entre estes, o princípio democrático. A necessidade da democracia interna dos partidos políticos. Por isso, se verifica situações de inúmeras comissões provisórias, desde a criação do partido, que não são transformadas em órgãos definitivos locais ou estaduais”, acrescentou Toffoli.
O ministro disse ainda que é preciso “fazer uma depuração nesses estatutos”. “Estamos dando o prazo de um ano para que os partidos se adaptem do ponto de vista da democracia interna, para que paremos de ter partidos de maletas, em que uma única pessoa carrega um partido inteiro, carrega o Fundo Partidário inteiro e transforma isso em moeda de troca da pior espécie, desqualificando a política brasileira”, sustentou.
“A Justiça Eleitoral tem que assumir a sua competência no que diz respeito às disputas internas dos partidos, porque essas disputas acabam indo para a Justiça comum, que não está habilitada para o conhecimento da matéria”, finalizou Toffoli.
Ao votar, o ministro Gilmar Mendes afirmou ser “importante o Tribunal sinalizar para as agremiações partidárias de que não mais será possível a permanência do [órgão] provisório”. “Devemos refletir muito sobre a criação de novos partidos, que acabam por ser apenas janelas para eventuais impulsos pessoais, sem que, de fato, traduzam um pensamento da população”, disse o vice-presidente do TSE.
Com a decisão de hoje, o Plenário do Tribunal concluiu a análise da proposta de alteração do artigo da resolução, levada pelo ministro Henrique Neves na sessão administrativa de terça-feira (1º). 
Processo relacionado: Instrução 3

DIREITO: TSE mantém gravação ambiental como prova lícita contra dois eleitores que venderam votos


Por maioria de votos, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, na sessão desta terça-feira (1º), permitir o andamento da ação penal contra Moaci Machado de Moraes e Ana Célia da Costa, que gravaram o pedido de dinheiro que fizeram a Eduardo Alves Carvalho, reeleito prefeito de Regeneração (PI), em troca de votos em 2012. No entanto, apesar das quantias (R$ 40 e R$ 30) terem sido entregues por Eduardo aos eleitores, os ministros consideraram, por unanimidade, a gravação uma prova ilícita para efeito de punição ao então candidato, por ter sido feita em um ambiente privado, ou seja, na residência do prefeito.
Ao apresentar os votos-vista em dois habeas corpus, sendo um do prefeito e um de Moaci, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a Justiça Eleitoral “tem rechaçado a gravação em ambiente particular feita com especial intenção de captar cena montada por adversários políticos, a fim de criar um fato negativo”. Segundo o ministro, no contexto em que ocorreu a gravação, deve ser considerada uma prova ilícita contra o prefeito, mas não contra os eleitores que venderam os votos.
Gilmar Mendes afirmou que a gravação deve ser recebida como prova lícita com relação aos eleitores já que eles foram intencionalmente na residência de Eduardo Carvalho, munidos de gravadores, para vender seus votos, na tentativa de comprometer o candidato. O ministro destacou que os dois eleitores que venderam o voto não podem, agora, alegar a ilicitude da prova para pedir o fim da ação penal que tramita contra eles. Acompanharam esse entendimento o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, e as ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio.
“Se a ilicitude da gravação ambiental encontra fundamento na proteção da privacidade de quem é filmado, não há privacidade a se proteger se a gravação era de conhecimento e iniciativa dos eleitores, que gravaram o próprio ilícito de venda de votos. Considerar de outra forma seria prestigiar e incentivar a prática ilícita”, ressaltou Gilmar Mendes, ao lembrar inclusive que a eleitora que vendeu o voto chegou a gastar o dinheiro recebido.
Relatora dos dois habeas corpus, a ministra Maria Thereza de Assis Moura votou, em sessão anterior, pelo trancamento da ação penal, tanto na parte que corria contra prefeito quanto nas que tramitam contra os autores da gravação feita na residência do candidato reeleito. A ministra entende que, se a gravação em ambiente privado é uma prova ilícita, ela deve ser assim considerada para todos os envolvidos. Votaram com a relatora os ministros Herman Benjamin e Henrique Neves.
Processos relacionados: HCs 30808 e 44405

quinta-feira, 3 de março de 2016

POLÍTICA: Delação de Delcídio acelera cassação dele, diz relator do Conselho de Ética

FOLHA.COM
MARIANA HAUBERT, DE BRASÍLIA

Pedro Franca - 26.fev.2014/Associated Press 
O senador Delcídio do Amaral, preso na Operação Lava Jato, acusado de atrapalhar investigações

Relator do processo contra Delcídio do Amaral (PT-MS) no Conselho de Ética do Senado, o senador Telmário Mota (PDT-RR) afirmou nesta quinta-feira (3) que, se o petista fez uma delação premiada, ele passa a ser réu confesso e seu processo no colegiado deverá ter um trâmite mais célere.
"Se ele fez a delação premiada, é réu confesso. E réu confesso é com a Justiça. Se o cara é réu confesso, depõe contra si mesmo", disse.
Telmário foi escolhido nesta quarta (2) para relatar o caso contra Delcídio. Ele deverá entregar seu relatório preliminar na próxima quarta-feira (9).
Se ele considerar que há indícios suficientes na peça apresentada pelo PPS e pela Rede em dezembro para considerar que o senador petista agiu contra o mandato e o conselho aceitar o seu parecer, o processo por quebra de decoro parlamentar é aberto no colegiado.
"Estou debruçado nos autos, estudando. Já cancelei minha viagem ao Estado para ver os documentos", disse.
Segundo Telmário, ele não irá falar com Delcídio por telefone ou pessoalmente a partir de agora. "Vou agir de forma transparente. Nossa conversa será através de documentos apenas", afirmou.
Desde que saiu da prisão, em 19 de fevereiro, Delcídio tem procurado senadores para negar ameaças e para defender o seu retorno aos trabalhos no Senado.
Telmário voltou a dizer que o fato de ser vice-líder do governo no Senado não influenciará sua atuação no caso. Até ser preso, em 25 de novembro, Delcídio era o titular da liderança na Casa.
"Sou vice-líder do governo para defender as coisas importantes pro país, não para estar protegendo ninguém. Fui eleito sem grupo político e financeiro, combatendo a corrupção. Não serei passivo a tudo isso não. Não vou passar a mão na cabeça de ninguém", disse.

POLÍTICA: Dilma convoca reunião de emergência para discutir delação de Delcídio

FOLHA.COM
MARINA DIAS, DE BRASÍLIA

Pedro Franca - 26.fev.2014/Associated Press 
O senador Delcídio do Amaral, preso na Operação Lava Jato, acusado de atrapalhar investigações

Minutos após a rápida cerimônia que deu posse aos novos ministros do Ministério da Justiça, AGU (Advocacia-Geral da União) e CGU (Controladoria-Geral da União), a presidente Dilma Rousseff convocou nesta quinta-feira (3) uma reunião de emergência no terceiro andar do Palácio do Planalto para discutir a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Segundo informações veiculadas no site da revista "IstoÉ", o senador disse que a presidente usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ainda de acordo com Delcídio, Dilma pediu que ele falasse com Navarro para garantir a soltura dos empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, presos na Operação Lava Jato.
DELAÇÃO DE DELCÍDIO
Senador cita Dilma e Lula em acordo
A ordem inicial no Palácio do Planalto é descredenciar Delcídio, repetir que ele falou mentiras "em outras ocasiões", e que, portanto, "não tem credibilidade" para dar informações. Nos bastidores, porém, o clima é de apreensão.
Dilma pediu que seus assessores mais próximos fossem para seu gabinete logo após o evento discutir os efeitos no governo das declarações de Delcídio e a estratégia da presidente diante do assunto. No caminho para a sala da chefe, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) disse que não poderia fazer nenhum comentário sobre o tema porque ainda não havia lido a reportagem.
Pouco antes da cerimônia, os principais auxiliares da presidente foram avisados por assessores – via mensagens de celular – sobre a possível delação de Delcídio e que o conteúdo implicava Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para evitar rumores de que a notícia impactou o entorno de Dilma, a cerimônia atrasou pouco mas não durou mais de vinte minutos.
Após os rápidos cumprimentos, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, empossado nesta quinta chefe da AGU, juntou-se aos colegas na reunião com Dilma.

POLÍTICA: Planalto teme que Cunha faça retaliações por decisão do STF

FOLHA.COM
GUSTAVO URIBE
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto acompanhou com cautela e evitou comemorar nesta quarta-feira (2) decisão da maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) pela abertura de ação penal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O receio é de que o peemedebista utilize a possibilidade de virar réu como pretexto para retaliar o governo federal em votações no Congresso Nacional, como fez anteriormente após o vazamento de informações contra ele no rastro da Operação Lava Jato.
A maior preocupação é de que, alegando perseguição por parte do procurador-geral Rodrigo Janot, o peemedebista acelere a votação de pautas-bomba que tramitam na Câmara dos Deputados, como a proposta que aumenta os gastos em saúde e decreto legislativo que altera o indexador das dívidas dos Estados e municípios com a União.
A previsão é de que a primeira medida possa gerar um gasto adicional ao governo federal de R$ 140 bilhões nos próximos sete anos, enquanto a segunda pode causar uma perda de R$ 300 bilhões.
Para evitar uma retaliação, a ordem do Palácio do Planalto é evitar comentar sobre a decisão da Suprema Corte e adotar o discurso sobre a separação dos poderes e a soberania do STF.
"É uma questão judicial e o governo federal não tem desde o começo desse processo que envolve o deputado federal feito qualquer observação de caráter político em relação a isso. A Câmara dos Deputados é soberana para tomar suas decisões", disse o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
STF
O julgamento foi suspenso e será retomado nesta quinta-feira (3). Relator da Operação Lava Jato, o ministro Teori Zavascki acolheu parte da da denúncia oferecida por Janot contra Cunha e a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), que teriam atuado num esquema de pagamento de propina de contratos de navios-sonda da Petrobras.
Se Cunha virar réu, o STF deverá deliberar sobre outro pedido feito pela Procuradoria: o afastamento de Cunha da presidência da Câmara dos Deputados sob a acusação de usar o cargo para atrapalhar as investigações contra ele.
Para Teori, a acusação contra Cunha conseguiu apresentar indícios mínimos de que o peemedebista e a ex-colega teriam utilizado o mandato para pressionar pelo pagamento de propina dos contratos.
Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |