sexta-feira, 13 de maio de 2016

NEGÓCIOS: Bolsa cai 2,7% com exterior e espera por medidas de Meirelles; dólar sobe

UOL
EULINA OLIVEIRA, DE SÃO PAULO

Pedro Ladeira/Folhapress

O Ibovespa fechou em forte baixa nesta sexta-feira (13), com o aumento da aversão global ao risco e acompanhando a piora na Bolsa de Nova York.
As commodities recuaram, e o dólar se valorizou globalmente. No final do pregão, a moeda americana subiu para o patamar de R$ 3,52.
Dados fortes de vendas no varejo americano em abril reacenderam as especulações que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) poderá subir os juros mais rápido que o esperado.
Quanto ao cenário político, os investidores aguardam medidas concretas da equipe econômica do presidente interino Michel Temer.
Em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que fará uma análise das contas do governo antes de anunciar medidas. Ele afirmou ainda que o novo presidente do Banco Central será conhecido na próxima segunda-feira (16).
"O mercado esperava que alguma ação fosse anunciada hoje pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, embora fosse muito cedo para que isso ocorresse", comenta o analista Alexandre Soares, da corretora BGC Liquidez.
"Na ausência de medidas de impacto, e com o cenário desfavorável para emergentes, os investidores aproveitaram a sexta-feira para embolsar os lucros obtidos durante a euforia que antecedeu o afastamento da presidente Dilma Rousseff", comenta um operador.
Em meio à cautela no mercado, os juros futuros encerraram a sessão em alta.
BOLSA
Após recuar mais de 3% durante o pregão, o principal índice da Bolsa paulista fechou em baixa de 2,7%, aos 51.804,31 pontos. Foi a maior queda percentual desde 4 de abril deste ano (-3,52%). O giro financeiro somou R$ 7,5 bilhões.
Na semana, o Ibovespa ganhou 0,17%; no ano, acumula alta de 19,50%.
Pressionadas pela queda do petróleo no mercado internacional, as ações PN da Petrobras recuaram 3,37%, a R$ 9,46, e as ON caíram 4,64%, a R$ 12,12. Na véspera, a companhia anunciou um prejuízo de R$ 1,246 bilhão no primeiro trimestre deste ano.
Os papéis PNA da Vale perderam 5,40%, a R$ 12,07, e os ON, -4,92%, a R$ 12,68, seguindo a queda do minério de ferro na China.
No setor financeiro, Banco do Brasil ON recuou 2,71%; Itaú Unibanco PN, -3,76%; Bradesco PN, -4,04%; Santander unit, -4,76%; e BM&FBovespa ON, -1,88%.
DÓLAR E JUROS
Mesmo sem ação do BC no mercado de câmbio nesta sexta-feira, o dólar comercial fechou em alta de 1,46%, a R$ 3,5240. O dólar à vista terminou com valorização de 1,12%, a R$ 3,5105.
A moeda americana avançou praticamente em quase todos os mercados nesta sexta-feira. O movimento foi impulsionado por dados de vendas do varejo nos EUA em abril acima do esperado.
O Departamento do Comércio americano informou que as vendas no varejo cresceram 1,3% no mês passado, o maior aumento desde março de 2015. Segundo a agência Bloomberg, a média das estimativas de analistas era de uma alta de 0,8%.
Os fortes números foram a senha para que voltassem as especulações de alta dos juros americanos mais cedo que o previsto.
Declarações de dois dirigentes do Fed também alimentaram expectativas de alta nos juros. Eric Rosengren, do Fed de Boston, e Esther George, do Fed de Kansas City, afirmaram nesta quinta-feira (12) que a postergação do aperto monetário por muito tempo traz o risco de criação de uma bolha de ativos.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subiu 13,565% para 13,575%; o DI para janeiro de 2021 avançou de 12,130% para 12,190%.
O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, avançava 0,68%, para 328,809 pontos.
EXTERIOR
Além da alta do dólar e do recuo das commodities, balanços corporativos influenciaram os índices globais nesta sexta-feira.
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P caiu 0,85%; o Dow Jones, -1,05% e o Nasdaq, -0,41%.
As Bolsas europeias fecharam em alta, mas as asiáticas caíram.

ECONOMIA: Dólar sobe e fecha a R$ 3,524; em dois dias com Temer, alta é de 2,26%

Do UOL, em São Paulo

Em dois dias de governo do presidente interino Michel Temer, o dólarcomercial avançou 2,26%. A moeda norte-americana, que era cotada a R$ 3,446 na quarta-feira, fechou esta sexta-feira (13) valendo R$ 3,524. 
Em relação à véspera, o dólar subiu 1,47% e emendou a segunda alta seguida.
Com isso, o dólar termina a semana com alta de 0,59%. No mês, a moeda acumula ganho de 2,43%. No ano, no entanto, tem desvalorização de 10,75%.
Novo governo
Nesta sexta, ministros do presidente interino Michel Temer (PMDB) reforçaram, em entrevista coletiva à imprensa, que o novo governo visa o equilíbrio fiscal e vai avançar em reformas.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que é preciso uma "avaliação bastante forte e cuidadosa" dos programas sociais, e defendeu a sustentabilidade futura da dívida pública como principal prioridade em termos de política econômica.
Meirelles afirmou, ainda, que os membros da sua equipe serão anunciados na segunda-feira, incluindo o presidente do Banco Central. Mais cedo, em entrevista à TV Globo, o ministro afirmou que "tudo indica" que o rombo nas contas públicaseste ano deve ser maior que o previsto. 
O ministro do Planejamento, Romero Jucá, disse que o governo deve avançar nas reformas e citou especificamente a da Previdência e o corte de 4.000 cargos comissionados.
EUA e petróleo
No exterior, dados divulgados pela manhã mostraram que as vendas no comércio nos Estados Unidos tiveram a maior alta em um ano em abril, o que sugere que os juros no país podem ser elevados em breve.
O aumento dos juros nos EUA poderiam atrair para lá recursos atualmente investidos em países onde as taxas de juros são maiores, como o Brasil.
Além disso, os preços do petróleo caíam no mercado internacional, o que colaborava para o pessimismo dos investidores em relação aos mercados emergentes.
Ausência do BC
Diferentemente do que fez nas duas últimas sessões, o Banco Central não realizou leilões de swap cambial reverso (equivalentes à compra futura de dólares). 
Muitos operadores entendem que o BC não quer o dólar abaixo de R$ 3,50 para não prejudicar as exportações e, assim, as contas externas do país em um momento de recessão econômica.
(Com Reuters)

CASO PETROBRAS: Exonerados, ministros passam a ficar sob investigação do juiz Moro

FOLHA.COM
RUBENS VALENTE, DE BRASÍLIA

Lucas Lacaz Ruiz - 19.fev.2016/A13 
Edinho Silva, ministro da Secretaria de Comunicação Social de Dilma Rousseff

Com o afastamento de Dilma Rousseff e a consequente exoneração de seus colaboradores, cinco ex-ministros sob investigação na Lava Jato podem ser investigados e processados na Justiça Federal de Curitiba, sob os cuidados do juiz Sérgio Moro.
A hipótese, porém, pode não se confirmar caso o ministro relator no STF dos casos relativos à Lava Jato, Teori Zavascki, decida que eles podem continuar sendo investigados no STF porque estariam relacionados a fatos investigados no tribunal.
Ministros de Estado e outras autoridades, como parlamentares federais, só podem ser julgados no STF porque detém foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
Com a exoneração divulgada pelo "Diário Oficial" nesta quinta (12), perderam o foro no STF os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), Jaques Wagner (Gabinete Presidencial), José Eduardo Cardozo (Advocacia Geral da União) e Ricardo Berzoini (Governo).
Outro alvo da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ser nomeado ministro por Dilma, mas o ato teve sua eficácia suspensa por decisão judicial.
Mercadante, Wagner, Cardozo e Berzoini passaram a ser alvo de apuração a partir da delação premiada do então senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que teve seu mandato cassado pelo Senado nesta quarta-feira (11). Edinho Silva foi citado por Delcídio e por outro delator, Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia.
A assessoria de Mercadante informou que o ex-ministro não tem conhecimento de que seja alvo de investigação derivada das delações do ex-senador Delcídio do Amaral e da gravação feita por um assessor de Delcídio no gabinete de Mercadante. A Folha apurou que há duas petições tramitando em sigilo no STF sobre esses fatos.
O ex-ministro também afirmou que o inquérito aberto em fevereiro de 2016, a pedido da PGR a partir de declarações do delator Ricardo Pessoa, foi considerado pela PGR e pelo STF como desvinculado do tema da Lava Jato e tramita sob relatoria do ministro Celso de Mello.
Como o assunto trata de suposta doação para caixa dois eleitoral, o inquérito deverá passar a tramitar na Justiça Federal de São Paulo com a perda de foro de Mercadante, e não em Curitiba. 

DIREITO: Teori quer que Gilmar Mendes seja o relator do segundo pedido de inquérito contra Aécio

ESTADAO.COM.BR
ISADORA PERON E GUSTAVO AGUIAR - O ESTADO DE S.PAULO

Ministro acredita que pedido sobre CPI dos Correios não tem relação com a Operação Lava Jato; na quinta-feira, Teori pediu para Janot reavaliar pedido sobre outro inquérito contra tucano

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, avaliou que o segundo pedido de abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não tem a ver com as investigações da Operação Lava Jato e, por isso, também deveria ser redistribuído a outro relator. O ministro encaminhou o caso para a análise do presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, e sugeriu que o segundo pedido também ficasse com o ministro Gilmar Mendes.
Para Teori, a investigação sobre se houve manipulação de dados do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro durante a CPI dos Correios tem conexão com o inquérito aberto por Gilmar sobre o suposto envolvimento de Aécio com o esquema de propina em Furnas.
"Diante da correlação direta dos fatos narrados neste procedimento com aqueles descritos em inquérito redistribuído nesta data, submeto o caso à Presidência desta Corte, para análise de possível redistribuição do presente procedimento ao Ministro Gilmar Mendes", diz o despacho de Teori.
Os dois pedidos de investigação foram feitos pela Procuradoria-Geral da República a partir da delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido - MS). Por isso, inicialmente, os casos foram enviados a Teori, já que ele é o responsável pela Operação Lava Jato na Corte.
Esse segundo inquérito sobre a CPI dos Correios também envolve o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Caberá a Lewandowski decidir se encaminha o caso a Gilmar. Se também relatar o caso, o ministro terá que decidir se abre ou não o segundo inquérito contra Aécio.
Primeiro inquérito. Gilmar autorizou a abertura de investigação sobre o caso de Furnas, mas suspendeu, na quinta-feira, 13, as diligências requeridas e remeteu o caso para ser reavaliado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ministro tomou a decisão depois da manifestação da defesa de Aécio, que alegou não haver elementos novos para a abertura do inquérito.
Resposta. Em nota, o senador tucano afirmou que as informações da delação de Delcídio em relação a atuação na CPI dos Correios são "improcedentes, caluniosas e sem qualquer tipo de comprovação na realidade".
Carlos Sampaio disse que procurou a PGR para apresentar esclarecimentos e documentações sobre o assunto. O deputado sustenta que não há motivos para ele ser investigado.
Também em nota, Eduardo Paes afirmou estar "à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos sobre o episódio".

ECONOMIA: 'Teremos déficit fiscal superior a R$ 96 bilhões', afirma Ricardo Barros

ESTADAO.COM.BR
GUSTAVO PORTO, CARLA ARAÚJO E TÂNIA MONTEIRO - O ESTADO DE S.PAULO

Ministro da Saúde afirmou que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) enviava corriqueiramente orçamentos com receitas superestimadas

BRASÍLIA - Deixando claro que falava como o relator do Orçamento de 2016, o ministro da Saúde e deputado federal licenciado Ricardo Barros (PMDB-PR) afirmou nesta sexta-feira, 13, que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) enviava corriqueiramente orçamentos com receitas superestimadas. Segundo ele, apesar da aprovação prevista da revisão da meta fiscal com déficit de R$ 96 bilhões, e esse rombo certamente será revisto.
Barros participou de entrevista coletiva junto aos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Romero Jucá (Planejamento), após a primeira reunião de Temer com sua equipe. Ao comentar a situação da economia, Padilha também destacou que, se prosseguir com a atual sistemática de comprometimento da receita, o governo atingiria, em 2020, 100% do PIB comprometido com a dívida pública, ante 60% no ano passado
Sem dar maiores detalhes, o ministro Ricardo Barros explicou que déficit fiscal "certamente" será superior aos R$ 96 bilhões. "Terá de se reavaliar essa questão. Temos R$ 230 bilhões de restos a pagar que, obrigatoriamente, serão cumpridos por serem impositivos”, explicou, sem dar maiores detalhes.
Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, Romero Jucá, ministro do Planejamento, e Ricardo Barros, Ministro da Saúde, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto 

O ministro Romero Jucá afirmou que, com o ajuste da economia de curto e médio prazo é fundamental para País crescer e destacou que a política econômica será comandada pelo ministros Henrique Meirelles, da Fazenda, com colaboração de todas as outras Pastas.
Jucá cobrou equilíbrio fiscal e responsabilidade e disse que o presidente em exercício, Michel Temer, determinou que revejam estrutura de ministérios, com a previsão, em 31 de dezembro de 2016, de cortes de 4 mil cargos de comissões e outras formas de contratação sem concurso. “Cortes corresponderão ao dobro do que governo anterior disse que faria e não cumpriu”, disse.
O ministro avaliou que a meta fiscal deve ser aprovada na próxima semana no parlamento com déficit de R$ 96 bilhões. Jucá reafirmou que projetos de lei de aumento encaminhados e negociados com servidores serão mantidos, mas destacou: “O governo afastado enviou ontem sete projetos de reajustes que ainda serão avaliados”.
Segundo Jucá, o governo deve seguir trabalhando junto com Casa Civil para um novo procedimento de gestão e governança pública. “O processo de gasto da máquina será racionalizado e permanentemente acompanhado para ser eficaz”, afirmou o ministro. 
Comprometido. Para justificar a adoção de medidas de cortes na máquina e em programas públicos, o ministro Eliseu Padilha afirmou que o governo atingiria, em 2020, 100% do PIB comprometido com a dívida pública, ante 60% no ano passado, caso a atual sistemática de comprometimento da receita continue.
"A situação é emergencial, com restos a pagar superiores a R$ 200 bilhões e revisão de dívidas dos Estados", afirmou. "Nós vivemos a pior crise econômica da história e temos de ter medidas que correspondam. Qualquer partido ou ideologia teria de tomar medidas, sob pena de não pagar salários até o fim do ano", emendou.
Ministros de Temer falam pela primeira vez à imprensa 

Apesar de lembrar que o governo é transitório, o ministro Padilha foi otimista e disse que trabalhará para que respostas sejam dadas para que se torne "definitivo antes dos 180 dias". Esse é o prazo de julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) no Senado Federal.
Cargos. O ministro Romero Jucá afirmou que todas as empresas públicas serão ajustadas à nova realidade de cortes. Segundo ele, a meta fixada para administração federal não é de redução de 25%, mas, inicialmente, de eliminar 4 mil postos.
Questionado qual a economia estimada, o ministro disse que ainda é preciso fazer as contas e afirmou que o governo do presidente em exercício Michel Temer tem a "meta física". "Não cessaremos a busca pela eficiência. Ao atingirmos (o corte de ) 4 mil cargos, vamos continuar, isso é uma meta que efetivamente será buscada", disse.
De acordo com Jucá, todos os órgãos e empresas públicas terão que reduzir gastos e apresentar resultados. "É preciso ter como meta que o setor público não é um fim em si mesmo", afirmou, destacando que essa nova ordenação tem como objetivo buscar melhor qualidade de atendimento.
Em relação aos programas sociais, Jucá disse que eles serão "mantidos, melhorados e ampliados", mas ressaltou que haverá uma análise para identificar eventuais casos de desvios ou ineficiência. "Os programas que apresentam resultados serão mantidos e aperfeiçoados", disse.
O ministro Ricardo Barros, que é relator-geral do Orçamento, aproveitou para ressaltar que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff "pela própria escassez de recursos" já havia reduzido a previsão de investimentos em alguns programas sociais. Ao relatar o Orçamento, Barros defendeu cortar até R$ 20 bilhões do programa Bolsa Família

POLÍTICA: Parecer da CCJ diz ser necessária eleição para a presidência da Câmara

FOLHA.COM
RANIER BRAGON, DE BRASÍLIA

Eduardo Anizelli/Folhapress 5.mai.2016 
O deputado Eduardo Cunha na residencia oficial do presidente da Câmara

Estudo feito a pedido do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Osmar Serraglio (PMDB-PR), sustenta ser necessária a realização imediata de eleições para a presidência da Casa, que desde o dia 5 é ocupada interinamente pelo primeiro-vice, Waldir Maranhão (PP-MA).
O texto da área técnica da CCJ, a principal da Casa, deve ser submetido por Serraglio para análise da comissão a partir da próxima semana. Se aprovado, segue para análise do plenário, responsável pela palavra final.
O parecer contradiz a posição da Secretaria-Geral da Casa, segundo quem o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal, por não ter caráter definitivo, não tem o poder de deixar o cargo vago, situação imprescindível para a realização de novas eleições.
O estudo foi encomendado para embasar a análise de questionamento da oposição sobre a possibilidade de novas eleições.
Em linhas gerais, o parecer sustenta que é preciso apresentar um caminho que assegure a eventual reversibilidade da decisão do STF (ou seja, a volta de Cunha), evite o acúmulo de cargos e de poder por Maranhão, hoje primeiro-vice e presidente interino, e que respeite o princípio da proporcionalidade partidária.
"A substituição por tempo indefinido fere o princípio da proporcionalidade partidária, de estatura constitucional. A possibilidade de o deputado Waldir Maranhão exercer dois cargos até o final do mandato da Mesa revela que quase 40% do mandato do presidente seria exercido por um substituto. Durante todo esse tempo, um partido ficaria hiper-representado, em detrimento, do outro, titular daquela presidência".
De acordo com o texto, Cunha poderá voltar ao cargo na eventualidade de reversão, até janeiro de 2017, da liminar que o afastou, aprovada pela unanimidade do STF. O texto defende ainda que o presidente afastado tenha direito a "todas as prerrogativas e benefícios que lhe forem deferidos pela Mesa".
A cúpula da Câmara prepara ato que garantirá ao peemedebista direito a salário integral, residência oficial, avião, carro, plano de saúde, segurança e assessores, mesmo afastado do cargo e do comando da Câmara.
Serraglio faz parte da ala do PMDB aliada a Eduardo Cunha.
O peemedebista foi afastado pelo STF no dia 5 sob o argumento, entre outros, de que usava o seu poder para barrar investigações no Judiciário e no Congresso. Ele responde no STF a uma ação penal, uma denúncia, três inquéritos e dois pedidos de investigação sob a acusação de participação noPetrolão.
Desde então, Maranhão assumiu a função e tem patrocinado um comando conturbado. Na segunda (9), deu decisão para anular a votação do impeachment, sendo forçado a revogá-la menos de 24 horas depois. Partidos passaram a pedir a sua renúncia, mas ele tem resistido.
Leia abaixo a íntegra do estudo:
*
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA
Estudo sobre os efeitos jurídicos do afastamento do Presidente da Câmara de seu cargo, por solicitação do Presidente, Deputado Osmar Serraglio
RESUMO:
O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Ação Cautelar nº 4.070, deferiu a medida requerida pelo Procurador-Geral da República, determinando a suspensão do Sr. Eduardo Cunha do exercício do mandato de Deputado Federal e, por consequência, da função de Presidente da Câmara dos Deputados.
a. Da vacância do cargo da Mesa: Não se enquadra em previsão regimental. Há de se assegurar a reversibilidade da medida judicial.
b. Das causas transitórias de substituição:
b.1.- O Regimento Interno não acolheu a tese da sucessão do Presidente pelo Primeiro-Vice Presidente. Ele apenas substitui o Presidente, mas não o sucede. Para a sucessão, há necessidade de eleição, apenas dispensada nos dois últimos meses do mandato, quando isso caberá à Mesa, numa espécie de eleição indireta entre seus membros.
b.2.- A substituição decorre da impossibilidade momentânea de o titular exercer o cargo plenamente. Nesse caso, há o exercício de dois cargos simultaneamente.Uma substituição que se alonga por tempo indeterminado perde sua essência, a transitoriedade, tornando-se uma acumulação não razoável e isso, por várias razões:
I.- a acumulação de cargos, mesmo que transitória, é tida sempre como exceção. A Constituição Federal, em seu artigo 37, XVI, em regra, veda a acumulação de cargos. A Lei 8.112/90, prevê em seu artigo 9º, parágrafo único, a excepcionalidade da ocupação interina de mais de um cargo de confiança. Essa prudência encontra escopo nos princípios constitucionais da eficiência, finalidade e supremacia do interesse público.
II.- O acúmulo dos cargos de Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara por tempo indeterminado pode causar concentração indesejável de poder em uma única autoridade. O Deputado Waldir Maranhão atualmente ocupa os cargos de Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara dos Deputados e, também, o cargo de 1º Vice-Presidente do Congresso Nacional. Em eventual substituição do Senador Renan Calheiros, ocuparia simultaneamente quatro cargos (Presidente e 1º Vice na Câmara e Presidente e 1º Vice no Congresso).
III.- A substituição prevista no art. 18 do Regimento não tem o condão de tornar, constitucionalmente, o "1º Vice-Presidente no exercício da Presidência" em "Presidente da Câmara dos Deputados". Assim, a Câmara dos Deputados, enquanto permanecer essa situação de transitoriedade, restará sub-representada, pois somente ao Presidente desta Instituição compete integrar a linha sucessória da Presidência da República (CF/88, art. 80), o Conselho da República (CF/88, art. 89, II) e o Conselho de Defesa Nacional (CF/88, art. 91, II).
IV.- O Regimento Interno não admite que um parlamentar assuma dois cargos da Mesa por tempo indefinido. Apenas o permite excepcionalmente, quando a vacância ocorrer no término do mandato.
V.- No presente caso, há excepcionalidade das circunstâncias fático-jurídicas relativas ao Presidente afastado. Não pode o Presidente da República responder por ação criminal. Havendo ações contra o Presidente da Câmara afastado, precisará vencer dois obstáculos para retornar: a) concluir tais processos, e ser absolvido, nos próximos oito meses, prazo de seu mandato na Mesa; b) conseguir, nesse mesmo prazo, inverter a unanimidade da decisão do STF, de afastamento, em maioria no sentido da reversão da decisão. Quando do julgamento do Caso Donadon, o STF considerou a circunstância temporal que incompatibilizava a possibilidade de seu retorno.
VI.- A substituição por tempo indefinido fere o princípio da proporcionalidade partidária, de estatura constitucional. A possibilidade de o Deputado Waldir Maranhão exercer dois cargos até o final do mandato da Mesa revela que quase 40% (quarenta por cento) do mandato do Presidente seria exercido por um substituto. Durante todo esse tempo, um partido ficaria hiper-representado, em detrimento, do outro, titular daquela Presidência.
Da interpretação constitucional e regimental cabível
Ante a celeuma apresentada, cabe apresentar um caminho que:(a) garanta, em tese, a reversibilidade da decisão do STF; (b) evite o acúmulo de cargos e os efeitos negativos dele decorrentes, inclusive no tocante à composição da Mesa do Congresso Nacional;(c) impeça a concentração excessiva de poder, inclusive quando da tomada de decisões de natureza unipessoal e discricionária; (d) torne possível a representatividade da Câmara na linha sucessória do Presidente da República, no Conselho da República e no Conselho de Defesa Nacional;(e) impeça que o 1º Vice-Presidente exerça o cargo de Presidente por tempo indefinido; e (f) por fim, respeite o princípio da proporcionalidade partidária, de assento constitucional, na composição da Mesa Diretora.
Há precedentes jurisprudenciais, tanto em sede penal quanto na seara eleitoral, assegurando o direito de retorno do titular afastado quando da suspensão dos motivos determinantes, caso em que, por exemplo, tendo havido uma eleição suplementar, é esta invalidada.
Em interpretação sistêmica, assim, diante das circunstâncias excepcionais do caso, é possível um pleito suplementar para a escolha do Presidente da Câmara dos Deputados, que ocupará a presidência enquanto estiver vigente a decisão da Suprema Corte, garantindo-se a reassunção do cargo pelo Deputado Eduardo Cunha, em eventual suspensão dos efeitos da liminar.
Também por isso, ao Presidente afastado, deputado Eduardo Cunha, ficam asseguradas todas as prerrogativas e benefícios que lhe forem deferidos pela Mesa.
O novo Presidente titularizará tudo que caberia ao substituto do Presidente afastado, acrescido das competências inerentes à singularidade do cargo da Presidência.

GESTÃO: Governo deve cortar até 4.000 cargos e auditar programas sociais, diz Jucá

Do UOL, em Brasília
Leandro Prazeres, Felipe Amorim e Ricardo Marchesan

O ministro do Planejamento, Romero Jucá, disse nesta sexta-feira (13) que o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB) deverá cortar até 4 mil cargos comissionados até o final deste ano e fazer auditoria em programas sociais.
O anúncio foi feito durante entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto após a primeira reunião ministerial do novo governo, que assumiu ontem após o Senado determinar o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff (PT), alvo de um processo de impeachment.
A entrevista foi concedida pelos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Ricardo Barros (Saúde), além de Jucá. A reunião começou por volta das 9h20 e demorou aproximadamente três horas. Dos 23 ministros, apenas Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo, não participou da reunião. Segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, ele alegou razões pessoais para não participar do evento.
Jucá disse que o corte prometido por Temer deverá ser consolidado até o dia 31 de dezembro deste ano e que são uma medida "simbólica". "Queremos em 31 de dezembro de 2016 (cortar) 4.000 postos desse tipo de gratificação. Isso representa o dobro do que o governo anterior havia anunciado e não havia cumprido. Haverá um esforço da máquina pública de dar o exemplo. Isso não resolve a questão do gasto público e da meta de deficit, mas é um posicionamento que o governo deve dar como exemplo para a sociedade."
Apesar de estimar em 4 mil o número de cargos comissionados que serão cortados, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, não soube estimar o tamanho da economia que será feita com o corte.
Programas sociais
Os ministros voltaram a afirmar que os programas sociais do governo Dilma, como Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família, serão mantidos, mas passarão por uma auditoria para identificar beneficiários que não estejam enquadrados nas exigências legais do programa.
Segundo Jucá, o Ministério do Planejamento irá cruzar os cadastros dos diferentes programas federais. 
"Não haverá corte em programas sociais que efetivamente estejam funcionando. O que nós vamos fazer e uma auditoria", disse.
"O Ministério do Planejamento vai fazer um cruzamento e análise efetiva de quem está recebendo e o que está recebendo, se em dobro ou não. A ideia é dar efetividade e justeza aos atendimentos dos programas. Eles serão mantidos, serão melhorados, serão ampliados", afirmou Jucá.
Retratos de Dilma permanecem nas repartições
Gustavo Uribe/Folhapress
Retratos de Dilma já haviam sido retirados de salas e gabinetes do Palácio do Planalto

O presidente interino Michel Temer vai manter nos prédios da administração federal as fotografias da presidente afastada Dilma Rousseff, como é comum de haver nas repartições públicas do governo.
"Isso para caracterizar que o presidente Michel entende que hoje ele é um governo transitório", disse Padilha.
Orçamento
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, que foi relator do Orçamento 2016 na Câmara, afirmou que o deficit nas contas públicas será maior que o atualmente previsto pelo governo Dilma.
O governo Temer deverá enviar um projeto de lei ao Congresso para a revisão da meta fiscal (economia para pagar juros da dívida pública). "O deficit é maior que os R$ 96 bilhões já reconhecidos pelo governo [Dilma] e isso deverá ser fruto de discussão no Congresso Nacional", disse.
Segundo Barros, além da queda na arrecadação esperada, as contas do governo sofrem ainda o impacto de R$ 230 bilhões de despesas que deveriam ter sido pagas em 2015 mas ficaram para este ano, os chamados restos a pagar, como por exemplo emendas parlamentares para a área da saúde.
O ajuste no Orçamento 2016 também deverá equalizar a previsão, não efetivada no governo Dilma, de aprovação da CMPF. Sem o governo Dilma ter conseguido aprovar o imposto, a expectativa de receita do governo neste ano terá que ser reduzida, segundo Barros.
Economia: Meirelles não descarta aumentar imposto
Também na manhã desta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concedeu entrevista coletiva a jornalistas no ministério. 
Em seu primeiro pronunciamento no cargo, ele disse que a meta do governo é diminuir impostos, mas agora pode ser preciso criar mais um.
Ele respondeu a uma questão de um jornalista sobre a proposta de retomar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), mesma medida que o governo Dilma cogitou aplicar, e pela qual foi muito criticado.
"O Brasil tem muitos impostos. A meta é diminuir o nível de tributação da sociedade. Dito isso, a prioridade hoje é diminuir a dívida pública. Se houver necessidade de um tributo, ele será aplicado, mas temporário", afirmou Meirelles.

IMPEACHMENT: PT busca Lula, e Dilma deve viver exílio interno

FOLHA.COM
FÁBIO ZANINI
EDITOR DE "PODER"

O comportamento recente de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff oferece pistas para o sentimento prevalecente no PT. Enquanto o atual ex-presidente passou os últimos dias "abalado", "preocupado" e por vezes "deprimido" –na definição de pessoas próximas–, a quase ex-presidente passeava de bicicleta como se não estivesse à beira do abismo.
Lula é o passado e o futuro do PT. Dilma Rousseff é o presente, e nada mais.
Um é o fundador, o pai, o responsável pelo ápice da legenda. A outra passou pela Presidência como quem fez escala numa carreira burocrática. Não veio da política, e para a política não voltará. Os oito anos de inelegibilidade que acompanharão sua provável cassação certamente doerão, mas na prática pouco significam.
O beco em que o PT se encontra está no fato de Lula, um animal político há 40 anos, ser sua única esperança de "renovação".
O ex-presidente está condenado a ser candidato em 2018, nem que seja para salvar o partido da irrelevância – se não estiver impedido pela Justiça, evidentemente.
Como sintoma de sua fragilidade, alternativas começam a ser mencionadas: Ciro Gomes (PDT) sonha herdar o manto petista, mas seu destempero torna uma candidatura no mínimo algo duvidoso. Uma frente de esquerda pode ser formada, talvez reunindo nacos de PT, Rede e PSOL, com apoio de lideranças sociais como o carismático Guilherme Boulos, líder de movimentos de sem-teto.
Mas são todas alternativas em construção e inevitavelmente destinadas a dividir mais o campo da esquerda.
O PT, até por autodefesa, deve tentar se reaproximar de sua base social que se perdeu ao longo dos anos.
Para isso, precisará se reinventar como algo que já foi, outro dos paradoxos de sua estranha situação.
Após 13 anos no poder, o partido e seus aliados no movimento sindical estão desacostumados de serem, simplesmente, oposição. Burocratizaram-se.
Faltam referências à nova geração de petistas. Os veteranos do "fora FHC, fora FMI" dos anos 1990 estão presos (José Dirceu), desanimados (José Genoino) ou desmoralizados (Aloizio Mercadante).
Resta Lula, acostumado ao ritual de apanhar, cair e levantar. Após um período de abalo, deve sair em campanha e revigorar-se em cima de um palanque ou ao gravador de um blogueiro amigo.
Percorrerá o país denunciando o governo Temer e seus "retrocessos" na área social. Nem sua competência política ou o discurso de golpe devem ser suficientes para jogar o fiasco de Dilma para baixo do tapete, porém.
Será curioso observar o futuro da ainda presidente após a provável cassação.
Seu destino provável é um exílio interno, do qual sairá ocasionalmente para martelar junto ao país a injustiça que teria sofrido.
Para o PT, ela tende a ser uma embaraçosa assombração dos erros cometidos e da escolha equivocada feita um dia por Lula. Uma nova versão de Jânio Quadros ou Fernando Collor, a lembrar-nos durante muito tempo ainda de tempos inacreditáveis.
*
Dilma Vana Rousseff, 68
NASCIMENTO 14.dez.1947, em Belo Horizonte (MG)
FORMAÇÃO Graduada em economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
FAMÍLIA Divorciada, uma filha

POLÍTICA: Ministério de Michel Temer amplia participação de congressistas

FOLHA.COM
DE BRASÍLIA

Pedro Ladeira/Folhapress 
Michel Temer discursa durante cerimônia de posse dos ministros

Presidente da Câmara por três gestões e tido como conhecedor dos bastidores legislativos, Michel Temer (PMDB) anunciou nesta quinta (12) um ministério composto em sua maioria por deputados federais e senadores.
A importância frisada em suas palavras na primeira manifestação ao assumir o poder –em que ressaltou a "necessidade de governabilidade"– se materializou na tinta da caneta presidencial.
Dos indicados, 13 são congressistas. Isso representa 57% da nova formação da Esplanada, que agora terá 23 pastas (antes, eram 32).
Foram contemplados deputados e senadores do PMDB (3), PSDB (2), PP (2), DEM, PPS, PV, PTB, PR e PSB.
O percentual representa o triplo com que Dilma Rousseff iniciou o seu segundo mandato, em 2015, com 7 congressistas nas 39 cadeiras –18% do total.
Com o agravamento da crise e o avanço de seu enfraquecimento político, a petista cedeu várias áreas do governo à Câmara e ao Senado, mas a medida não conseguiu conter a onda que resultou em seu afastamento.
Editoria de arte/Folhapress 

No discurso em que deu posse a seu ministério, o presidente interino deu o sinal da importância que pretende dar à interlocução com o Legislativo, local onde pretende aprovar reformas e de onde saiu a decisão que lhe alçou ao comando do país. "Queremos uma base parlamentar sólida, que nos permita conversar com a classe política e também com a sociedade. É preciso governabilidade."
Aliados do peemedebista avaliam que, em linhas gerais, sua base começa mais ou menos com o tamanho dos votos pró-impeachment: 367 das 513 cadeiras da Câmara e 55 das 81 do Senado.
De acordo com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o apoio a Temer pode chegar a 60 senadores nos próximos dias.
O presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), que assumiu o Planejamento, disse que "o Senado entregou a mudança, agora todos têm que ajudar a fazer essa mudança".
Apesar de esses números serem suficientes para aprovação de mudanças na Constituição (308 e 49, respectivamente), é certo que haverá dissidências, muitas resultantes de demandas não atendidas na montagem da gestão.
A soma de parlamentares dos partidos que tendem a apoiar Temer é de 371 cadeiras na Câmara e 61 no Senado, mas governo e congressistas sabem que são poucas as legendas que marcham 100% em determinada direção.
Dilma, por exemplo, teve em seu segundo mandato uma ampla base de apoio no papel. Na prática, sofreu derrotas seguidas patrocinadas pela aliança entre a oposição e as dezenas de deputados que orbitam em torno de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara afastado no último dia 5.
Aliado a isso, alguns temas polêmicos rompem as barreiras de eventuais fidelidades a diretrizes partidárias.
Por fim, PT, PC do B, PDT, Rede e PSOL, derrotados com a saída de Dilma, prometem oposição aguerrida a um governo que consideram golpista e sem legitimidade.
RANIER BRAGON, DÉBORA ÁLVARES, MARIANA HAUBERT, LEANDRO COLON E RUBENS VALENTE

ECONOMIA: Meirelles defende idade mínima para aposentadoria

ESTADAO.COM.BR
ADRIANA FERNANDES E EDUARDO RODRIGUES - O ESTADO DE S.PAULO

Novo ministro da Fazenda afirmou que ainda estuda qual será a regra de transição para o novo sistema previdenciário; ele descartou o anúncio de medidas hoje

Novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

BRASÍLIA - Agora com a atribuição de administrar também a Previdência Social, o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliou que a reforma do sistema previdenciário é fundamental para assegurar as aposentadorias no futuro. Ele defendeu a adoção de uma nova idade mínima para a aposentadoria e uma regra de transição com prazo equilibrado.
"Não prometemos valores que não podem ser cumpridos. Despesas públicas são sempre pagas pela população, e a Previdência também", disse o ministro, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo. Meirelles não descartou a adoção de um imposto transitório para ajudar nas contas públicas. No momento, o governo não vai retirar do Congresso a proposta de recriação da CPMF enviada pela equipe econômica anterior. Ele argumentou que o governo não pode adotar uma medida precipitada. 
Meirelles adiantou que o governo interino de Michel Temer defenderá uma nova idade mínima de aposentadoria, mas ainda estuda qual será a regra de transição que será proposta para o novo sistema. "O caminho está claro: idade mínima com regra de transição. E essa transição não pode ser nem muito longa e nem muito curta", acrescentou. "Quem está contribuindo no futuro vai receber aposentaria como deveria. Com o crescimento da população e da idade média dos brasileiros, o crescimento da Previdência é insustentável no longo prazo, precisamos controlar isso", argumentou.
O ministro lembrou que já há uma discussão extensa sobre o assunto, sem citar, no entanto, o Fórum da Previdência criado no ano passado pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. "Não se trata de uma novidade, o que precisamos agora é de uma determinação do governo", completou.
O ministro descartou o anúncio de medidas hoje. Ele informou que a sua equipe já começou uma levantamento dos dados do governo para tomar as medidas com segurança e clareza. Ele disse, porém, que o anuncio será feito num "prazo relativamente breve". "Vamos fazer com calma para que as medidas sejam eficazes para a retomada do crescimento", afirmou. 
É importante que se estabeleça uma meta que seja realista, cumprida e que depois sirva de base para a melhora das contas públicas
Contas públicas. Meirelles ainda informou que a primeira medida econômica da sua gestão será implementar um sistema de controle dos gastos que impeça o crescimento real (acima da inflação) das despesas públicas. Ele classificou esse sistema de "nominalismo". Ele defendeu o corte de gastos e o fim dos privilégios com recursos públicos.
Meirelles admitiu que o rombo nas contas públicas em 2016 será maior do que o déficit de R$ 96,6 bilhões previsto pela equipe econômica de Dilma Rousseff, mas ponderou que o quadro atual exige transparência em relação aos números do governo. "O mais importante para o Brasil é de que comecemos a dizer a verdade e a ser claros. Temos que mostrar o que está acontecendo", afirmou Meirelles, que apesar do quadro de dificuldade procurou transmitir confiança na economia.
O ministro reconheceu que o déficit de R$ 96,6 bilhões previsto para esse ano é "elevadíssimo", mas que tudo indica o número é maior do que esse. "É importante que se estabeleça uma meta que seja realista, cumprida e que depois sirva de base para a melhora das contas públicas", ponderou. Segundo ele, esse movimento é importante para que as despesas sejam de fato cortadas e racionalizadas. "Para que, a partir daí, a trajetória da dívida pública comece a ter um outro nível de direção", explicou. Meirelles disse ainda que vai implementar uma estratégia que seja de fato realista, seguida e eficaz para reverter a trajetória de alta da dívida pública. "Ele não pode continuar crescendo. E vamos ter que cortar despesas", adiantou.
Podemos e vamos sim cortar despesas e privilégios daqueles que não precisam
O ministro criticou o tamanho das contas de desonerações e subsídios dados pelo governo, que ele classificou como "bolsa-empresário". E apesar da conta referente a programas sociais ser menor, Meirelles também sinalizou que haverá mudanças também nessas despesas, mantendo a assistência apenas para a população que de fato necessite. "As contas de desonerações e subsídios hoje são enormes. A conta de salários do governo também é enorme. Podemos e vamos sim cortar despesas e privilégios daqueles que não precisam", afirmou. "Os programas sociais para aqueles que precisam serão mantidos", completou.
Meirelles fez um diagnóstico da atual situação da economia brasileira e argumentou que o desemprego crescente é consequência da recessão pela qual o País passa desde o ano passado. "Temos que fazer com que a economia volte a crescer para criar empregos. É necessário em primeiro lugar o retorno da confiança. É preciso ter confiabilidade nas contas públicas para o retorno do investimento", avaliou.
Banco Central. Meirelles garantiu que o presidente do Banco Central continuará com status de ministro até que seja aprovada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estenda o foro privilegiado para a toda a diretoria colegiada da autoridade monetária. Ele prometeu ainda anunciar o nome do próximo presidente do BC na segunda-feira (16).
"O presidente do Banco Central deixará de ser ministro, mas uma PEC garantirá condições de trabalho. Toda a diretoria do BC passará a ter foro especial", disse Meirelles. "Neste intervalo, o presidente do BC continua como ministro. Ele só perderá esse status quanto a PEC for aprovada", completou. 
Por enquanto, Alexandre Tombini continuaria no cargo até junho, mas o ministro se comprometeu a anunciar na próxima segunda-feira o nome do sucessor do atual presidente do BC. O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfjan, é o mais cotado como escolha de Meirelles para o comando da instituição.
Sobre os bancos públicos, Meirelles se comprometeu a realizar apenas nomeações técnicas. O ministro disse que usará a sua experiência no mercado financeiro para escolher os novos executivos que comandarão as instituições. "As nomeações para os bancos públicos devem ser técnicas. Os profissionais de bancos públicos passarão pelo meu crivo", disse.
Para o ministro, as nomeações para cargos de gestão em instituições financeiras públicas não devem ter viés político. "Os bancos não são instrumento de política, mas de crédito e poupança. Os bancos públicos estão aqui para financiar o consumo e a produção", completou. 
Embora ainda não haja um anúncio oficial, a escolha de Gilberto Occhi para a presidência da Caixa - em substituição a Miriam Belchior - é praticamente uma certeza no grupo que assessora Temer. Funcionário de carreira do banco, Occhi, nome sugerido pelo PP, conheceria todos os trâmites da instituição.

CONCURSO: Governo estadual convoca 639 aprovados em concurso da Polícia Civil

BAHIA NOTÍCIAS

Foto: Pedro Moraes/GOVBA

O governo do estado vai convocar 639 aprovados no Concurso da Polícia Civil, incluindo 108 delegados, 55 escrivães e 476 investigadores de polícia. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (12). A administração estadual lançou o concurso em 2013 e enfrentou dificuldades para fazer a convocação pois atingiu o limite prudencial de gastos com pessoal e poderia ficar impedido de convocar novos servidores pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Não podíamos descumprir a LRF, pois o ato de convocação poderia ser anulado posteriormente”, explicou o governador Rui Costa. Segundo ele, a convocação foi possível depois de uma consulta feita ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um parecer do órgão publicado na última terça-feira (10), autorizou o governo a convocar os policiais por conta das vagas abertas com as exonerações e demissões e desde que não provoquem aumento de despesa.

COMENTÁRIO: A esperança renasce com o novo governo

Por Samuel Celestino - BAHIA NOTÍCIAS

O governo Temer, pelo menos no seu discurso de posse, aponta numa direção diametralmente oposta à forma de governar do PT. Ganha, a princípio, o apoio da classe empresarial, que se distanciara do governo anterior, ao estabelecer os rumos que o país doravante trilhará. Trata-se de uma mudança radical, a partir de reformas de há muito necessárias para mudar o trajeto da economia, abrir espaços para o emprego com o apoio da classe patronal, derrubar a inflação na casa de dois dígitos, dentre outros projetos importantes. O novo presidente falou em “governo de salvação nacional” para tirar o país da crise e reequilibrar as contas públicas. Se tiver condições de cumprir o que disse ontem no seu discurso, cabe-lhe partir para um trabalho de mudanças imediatas, por seu governo ser curto. Formou um ministério com grande número de parlamentares que terão que provar, e logo, a sua capacidade de ação. Só as suas palavras não bastam. Recebeu um governo em frangalhos que necessitará imediatamente de trabalho incessante. Se assim não for, Temer, que agora passa a ser a esperança de uma nação em crise, mergulhará em dificuldade. O fato de ser a esperança que resta, poderá dar-lhe forças para seguir em frente com os projetos que apresentou no seu primeiro discurso na condição de presidente. É o que dele se espera.

DIREITO: STF - Ministro Lewandowski toma posse como presidente do processo de impeachment


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, assinou na tarde desta quinta-feira (12) o termo de posse como presidente do Senado Federal para conduzir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, afastada hoje do cargo por um período máximo de 180 dias. Lewandowski assinou também o mandado de citação de Dilma, abrindo prazo de 20 dias para sua defesa. Aos jornalistas, o ministro Lewandowski disse acreditar que os trabalhos no Senado Federal fluirão com “bastante tranquilidade”.
O ministro explicou que, após a decisão sobre a admissibilidade do processo no Senado, inicia-se agora a segunda fase do processo, ou seja, a fase de pronúncia, que se assemelha ao rito de um Tribunal do Júri, quando são produzidas provas, inquiridas testemunhas, feitas as diligências necessárias, havendo nesta fase também os debates entre acusação e defesa. Finalmente será realizada a colheita de votos dos senadores, por maioria simples.
“Nesta segunda etapa, o protagonismo maior será da Comissão Especial”, explicou o ministro, acrescentando que sua função básica neste momento será atuar como órgão recursal. Segundo Lewandowski, muitas das questões de ordem já serão dirimidas nesta segunda fase. “Há algo muito importante a dizer: estamos nos baseando nos procedimentos de 1992. Muita coisa já foi resolvida naquela época, há muitos precedentes”, informou Lewandowski.
Na terceira fase do julgamento, Lewandowski afirmou que terá, como presidente do Supremo Tribunal Federal, presença maior no Senado Federal. No julgamento final, a deliberação exigirá maioria absoluta de votos. O presidente do STF informou que a presidente afastada poderá comparecer ao Senado Federal nas duas fases, se assim desejar, mas tem a prerrogativa de se fazer representar por seus advogados.

DIREITO: STF - Pedido de vista suspende julgamento sobre pagamento de férias e 13º a prefeitos

Pedido de vista do ministro Luiz Fux, nesta quinta-feira (12), suspendeu o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 650898, com repercussão geral reconhecida, que discute a competência de Tribunal de Justiça estadual para julgar a constitucionalidade de lei municipal em face da Constituição Federal e a possiblidade de pagamento do terço de férias, do décimo terceiro salário e de verba indenizatória a prefeitos e vice-prefeitos, e da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4941, que questiona lei de Alagoas que prevê a incidência de gratificação ao subsídio recebido por servidores da Assembleia Legislativa do Estado. Os processos serão julgados em conjunto uma vez que a discussão constitucional consiste no mesmo tema.
Em voto-vista no RE 650898, de relatoria do Ministro Marco Aurélio, o ministro Teori Zavascki acompanhou a divergência aberta pelo ministro Luís Roberto Barroso, que entende ser cabível o pagamento do terço de férias e 13º salário.
Segundo ele, o conceito de subsídio não é absolutamente incompatível com o pagamento de outras verbas e, neste caso, em relação aos agentes políticos, o pagamento de terço de férias e do 13º salário não ofendem a Constituição Federal. Até o momento, o relator, ministro Marco Aurélio, e o ministro Fachin, votaram pelo desprovimento do RE. Os ministros Roberto Barroso e Teori Zavascki dão provimento parcial ao processo.
ADI 4941 
Nessa ADI, o governo de Alagoas questiona a Lei estadual 7.406/2012 que prevê a incidência de gratificação ao subsídio recebido por servidores da Assembleia Legislativa do estado sob o entendimento de que o subsídio deveria ser pago em parcela única. Em voto pela improcedência da ação, o ministro Teori observou que a vedação constitucional se refere ao acúmulo do subsídio com outras verbas destinadas a remunerar atividades próprias e ordinárias do cargo.
“Assim, apenas se tivesse ficado demonstrada a previsão de duplo pagamento, o que aqui não ocorreu, é que se poderia considerar inconstitucional a lei estadual aqui atacada”, afirmou o relator.
O ministro Teori observou que o conceito de subsidio não se aplica apenas a agentes políticos, podendo ser utilizado para todas categorias da administração pública. Salientou que a norma constitucional assegura aos servidores, sem distinção, a fruição de grande parte dos direitos sociais, admite o pagamento de verbas cumuladas, como 13º salário, adicional de férias, sem vedação absoluta ao pagamento cumulado ao subsídio.
Segundo o ministro, o que o novo modelo busca evitar é que as atividades exercidas pelo servidor público inerentes ao cargo que ocupa, e que já são cobertas pelo subsídio, sejam remuneradas com acréscimo de outras parcelas de caráter adicional. O ministro observou que também ficam imunes da norma constitucional que veda o acúmulo (artigo 39, parágrafo 4º) valores pagos por execução de encargos especiais, não incluídas nas atribuições normais do cargo.
O ministro explicou que não há obstáculo para que agentes públicos remunerados por subsídios possam exercer funções ou cargos de confiança e receberem remuneração de caráter excepcional. Segundo ele, vedar este recebimento representaria um desestímulo à profissionalização das carreiras.
Em relação à lei alagoana, o relator salientou não existir inconstitucionalidade, pois as normas preveem pagamento diz respeito a gratificação de dedicação excepcional, ou seja, retribui uma atividade que extrapola as normais do cargo. Observou ainda que o legislador estadual teve o cuidado de ressalvar que a gratificação é de caráter temporário, cessando com a desoneração do servidor.
Processos relacionados

DIREITO: STJ - Prisão preventiva pode ser justificada com infrações cometidas na adolescência

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que atos infracionais cometidos na adolescência podem ser utilizados como fonte de convencimento judicial sobre a periculosidade do réu, para o fim de decretação de prisão preventiva em nome da preservação da ordem pública.
Com esse julgamento, a seção pacificou o entendimento do tribunal, que até agora vinha dando decisões divergentes sobre o tema. O voto que prevaleceu foi o do ministro Rogerio Schietti Cruz.
O caso discutido dizia respeito a um adulto acusado de mandar matar uma pessoa por causa de dívida de drogas. De acordo com o juiz que decretou a preventiva, o réu já havia praticado diversas infrações quando menor, inclusive relacionadas ao tráfico.
Histórico
O relator, Nefi Cordeiro, entendeu que os atos cometidos quando o réu era inimputável não poderiam ser considerados para nenhum efeito no direito penal. A maioria dos ministros, no entanto, seguiu a posição de Schietti, para quem “a avaliação sobre a periculosidade de alguém impõe que se perscrute todo o seu histórico de vida”.
Segundo Schietti, os atos infracionais, por não constituírem crimes, não podem ser considerados como maus antecedentes ou como reincidência para agravar a pena do condenado, mas “não podem ser ignorados para aferir o risco que a sociedade corre com a liberdade plena do acusado”.
“Se uma pessoa, recém-ingressa na maioridade penal, comete crime grave e possui histórico de atos infracionais também graves, indicadores de seu comportamento violento, como desconsiderar tais dados para a avaliação judicial sobre a periculosidade do réu?”, questionou o ministro.
A possibilidade de atos infracionais servirem como fundamento para prisão preventiva em nome da ordem pública, acrescentou, também foi admitida recentemente em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na análise de medica cautelar no RHC 134.121.
Condições
Schietti ressalvou, porém, que não é qualquer ato infracional, em qualquer circunstância, que pode ser utilizado para caracterizar a periculosidade e justificar a prisão antes da sentença. “Justiça penal não se faz por atacado, e sim artesanalmente”, declarou, ao sustentar a necessidade de um exame atento das peculiaridades de cada caso.
Por proposta do ministro, relator para o acórdão, a seção estabeleceu que a autoridade judicial deve examinar três condições: a gravidade específica do ato infracional cometido, independentemente de equivaler a crime considerado em abstrato como grave; o tempo decorrido entre o ato infracional e o crime em razão do qual é decretada a preventiva; e a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.
Leia o voto vencedor.Da Redação
Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): RHC 63855

DIREITO: TSE - Ministro Gilmar Mendes toma posse como presidente do TSE

O ministro Gilmar Mendes tomou posse no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sessão solene realizada nesta quinta-feira (12), no Plenário da Corte, em Brasília. Esta é a segunda vez que o ministro assume a Presidência do TSE. Ele já ocupou o cargo de 21 de fevereiro a 4 de maio de 2006. Gilmar Mendes comandará as Eleições Municipais de 2016 e permanecerá até fevereiro de 2018. Na mesma sessão, o ministro Luiz Fux foi empossado vice-presidente do TSE na gestão que se inicia.
Além dos ministros da Casa, integraram a mesa principal da sessão o presidente da República interino Michel Temer, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, o procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, e o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia.
Após a execução do Hino Nacional pela banda dos fuzileiros navais, o ministro Gilmar Mendes leu o compromisso regimental e assinou o termo de posse. Ao discursar já como presidente do TSE, ele sustentou que o modelo político eleitoral brasileiro está esgotado. O ministro afirmou que o modelo atual “não é produtivo nem atuável, com a criação em série de partidos políticos e de coligações ilegítimas vinculadas e dirigidas não por afinidade programática”.
“Esses conchavos, antes de assegurar apoio a qualquer dos atores políticos, corroem a legitimidade e a representatividade popular. Estimulam crimes como a corrupção desenfreada, a falsidade ideológica, a lavagem de dinheiro e a formação de quadrilhas”, afirmou o presidente do TSE.
A reforma política, ressaltou o ministro, renderá, entre outros frutos, “o reconhecimento da atuação política e dos entes políticos como elementos fundamentais ao aprimoramento democrático”. Ele salientou que o Tribunal Superior Eleitoral “está pronto para atender ao chamado da própria responsabilidade”. “Ao lado e em sintonia com todos os tribunais regionais eleitorais, esta Corte saberá responder, com eficiência e prontidão, aos desafios que advirão com a realização da maior eleição do país”, referindo-se às eleições municipais de outubro deste ano.
“Longa será a caminhada e árdua será a peleja. A começar pelo inusitado embaraço de equacionar complexas eleições municipais e a operação no padrão de financiamento das campanhas”, disse o novo presidente da Corte Eleitoral. “Trata-se de verdadeiro salto no escuro. Já que tal mudança se deu sem qualquer transição, passando-se diretamente do subsídio empresarial à contribuição privada individual. É bastante plausível antever enormes chances de fraudes, a mercê de subterfúgios tão conhecidos, como o uso de Caixa 2, ligados a organizações criminosas”, acrescentou.
“A Justiça Eleitoral vai testar, nesse que será o maior sufrágio, nessa eleição onde estimamos que teremos algo em torno de 550 mil candidatos, o modelo assentado em bases frágeis e poucos realistas, que não parece fadado ao sucesso”, ponderou.
O presidente do TSE afirmou, porém, que existe “imensa disposição para enfrentar o desafio”. “A Justiça Eleitoral encontra-se apta a vencer um a um todos os entraves, a exemplo do propósito que levou ao corte orçamentário de um terço da verba destinada justamente à realização das eleições”.
De acordo com o ministro, “o estado democrático brasileiro há de ser sempre mais forte que o desatino daqueles que patrocinaram o desconcerto atual”.
Corte Eleitoral
Ao falar em nome do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Henrique Neves afirmou que não faltam ao ministro Gilmar Mendes qualidades e experiência para o exercício da Presidência do TSE, ressaltando a trajetória do ministro como magistrado, professor de Direito e as funções e cargos públicos que já ocupou.
“A sua vida profissional sempre foi marcada por ações com resultados profícuos e permanentes. Entre tantos exemplos, a atuação de Sua Excelência na Advocacia-Geral da União demonstrou sua alta capacidade de gestão”, observou o ministro.
Ao presidir o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disse Henrique Neves, o ministro Gilmar Mendes também transformou aquele órgão, “pois adotou metas, modernizou o Poder Judiciário, combateu a prestação jurisdicional estagnada e criou métodos que permitem, até hoje, promover o respeito eficaz dos direitos fundamentais daqueles que, muitas vezes, não podem se defender”.
O ministro destacou, ainda, a expressiva vida acadêmica e a produção editorial do ministro Gilmar Mendes, que é amplamente reconhecida por juristas, advogados e estudiosos do Direito. Salientou os desafios do TSE de preparar e fiscalizar o bom andamento das eleições de 2016. E lembrou que Gilmar Mendes foi o relator das resoluções sobre o pleito, já com as mudanças introduzidas na legislação pela Reforma Eleitoral de 2015 (Lei n°13.165).
Em nome da Corte, Henrique Neves desejou aos ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux total sucesso nas tarefas assumidas hoje. “Com as lideranças desses eméritos professores, este Tribunal não faltará à sua maior missão de preparar e realizar eleições livres e soberanas. Sem descuidar, acima de tudo, da Constituição da República e de garantir que Ela sobreviva além das disputas políticas”, finalizou.
Ministério Público
Em seu pronunciamento, o procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, destacou que o ministro Gilmar Mendes detém a experiência, capacidade de trabalho e sabedoria para fazer uma gestão sólida e eficaz no TSE. O procurador observou que o Brasil é a quarta maior democracia e realiza a maior eleição informatizada do mundo.
De acordo com Rodrigo Janot, a necessidade de aprimorar os mecanismos “garantidores da democracia”, pela sociedade e poderes constituídos, “é tarefa diuturna, permanente”. “Tenho certeza de que o Tribunal Superior Eleitoral não se furtará em apresentar sua parcela de contribuição nesta empreitada”, disse.
“Desejo sinceramente a Vossas Excelências, ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux, um biênio pleno de realizações para o bem da Justiça Eleitoral e da democracia brasileira”, declarou. 
OAB
Ao saudar o ministro Gilmar Mendes, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia disse que “é preciso construir pontes, propiciar convergências, unir os dois brasis”. Afirmou que a OAB, além de sugerir medidas pontuais, “há muito nos empenhamos em lutar por ética na política”. Disse que, no Brasil, “o clamor por ética remonta aos primórdios da formação nacional e, no entanto, ainda soa como utopia”.
Lamachia assinalou que o país precisa de leis objetivas “para evitar o rolo compressor publicitário que tem marcado sucessivas campanhas eleitorais”. Disse ainda que o sistema político brasileiro confunde eleição com marketing. “O horário político na televisão e no rádio transforma-se em superproduções caríssimas e hipnóticas, que distanciam o eleitor da realidade, do candidato e dos próprios partidos. Constrói-se, assim, o abismo entre o país real e o país artificial”.
Para o presidente da OAB, cabe ao TSE o papel de absoluto relevo no curso das campanhas. “Não apenas fiscalizando como tem feito, mas reiterando a cada eleitor o valor do seu voto. A compreensão desse fundamento, por si só, é uma verdadeira revolução cultural, uma mudança profunda de mentalidade”, concluiu.
Perfil do presidente
O ministro Gilmar Ferreira Mendes é doutor em Direito pela Universidade de Münster, na Alemanha, professor de Direito Constitucional nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). 
Natural de Diamantino (MT), Gilmar Mendes formou-se em Direito na Universidade de Brasília (UnB), na qual, em 1987, obteve o título de Mestre de Direito e Estado. O ministro foi procurador da República de 1985 a 1988 e desempenhou diversas funções públicas. 
Atuou como Advogado-Geral da União de janeiro de 2000 até ser nomeado para o Supremo Tribunal Federal (STF) em 20 de junho de 2002. Nesse período, Gilmar Mendes promoveu substanciais modificações nas carreiras que integram a Advocacia Pública brasileira. Reestruturou toda a AGU, ao modernizar o seu funcionamento, de maneira a tornar mais eficiente a defesa dos direitos, interesses e patrimônio das autarquias e fundações federais. 
Já no STF, presidiu a Corte Suprema no biênio de 2008 a 2010 e, na qualidade de Chefe do Poder Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no mesmo período. Em 14 de fevereiro deste ano, o ministro foi reconduzido pelo Supremo para mais um biênio como ministro efetivo no TSE. 
Gilmar Mendes assumiu a Vice-Presidência do TSE em 10 de junho de 2014. Foi empossado ministro efetivo da Corte em 13 de fevereiro de 2014, para o seu primeiro biênio. De 17 de agosto de 2010 até fevereiro de 2014 exerceu, por duas vezes, o cargo de ministro substituto no TSE. 
Esta é a segunda vez que o ministro Gilmar Mendes assume a Presidência da Corte Eleitoral. Sua primeira gestão à frente do Tribunal ocorreu de 21 de fevereiro a 4 de maio de 2006. 
O ministro é autor ou partícipe da elaboração de mais de uma dezena de projetos de lei que resultaram em importantes contribuições para tornar mais eficiente o sistema jurídico brasileiro. Também é autor de prestigiados livros sobre a técnica constitucional. 
Perfil do vice-presidente 
O ministro Luiz Fux nasceu em 26 de abril de 1953, no Rio de Janeiro, e ingressou na magistratura do Estado do Rio de Janeiro em 1982. 
Tomou posse como ministro efetivo do TSE em 14 de agosto de 2014, para cumprir o primeiro biênio no cargo. O ministro já atuava na Corte Eleitoral desde maio de 2011, como substituto. 
Empossado no Supremo Tribunal Federal (STF) em 10 de fevereiro de 2011, o ministro Luiz Fux é doutor em Direito Processual Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) desde 2009. 
Foi ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de 2001 a 2011 e desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ/RJ) de 1997 a 2001. 
O ministro presidiu a Comissão de Juristas encarregada de elaborar o anteprojeto que resultou no novo Código de Processo Civil (CPC), que já está em vigor. Ele integra a Academia Brasileira de Letras Jurídicas, é professor titular de Processo Civil da Faculdade de Direito da UERJ e autor de diversas obras de Direito Processual Civil e Constitucional, dentre outros cargos e qualificações. 
Composição do TSE
O TSE é formado por, no mínimo, sete ministros. Três ministros são do STF, um dos quais será o presidente da Corte, dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), um dos quais será o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, e dois juristas vindos da classe dos advogados, nomeados pelo presidente da República.
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