quinta-feira, 13 de outubro de 2016

NEGÓCIOS: Bovespa tem leve alta com ajuda do petróleo e bolsas dos EUA

UOL

O Ibovespa teve um dia de pausa após o feriado. O índice chegou a cair 1,27%, mas acabou fechando perto da estabilidade, em alta de 0,16%, cotado em 61.119 pontos. A virada do petróleo e uma melhora nas bolsas dos Estados Unidos ajudaram no tom neutro do mercado.
Petrobras PN ganhou 2,4% e a ON subiu 2,46%. As ações, que abriram em queda, viraram e passaram a subir com a melhora do petróleo, que avançou 0,5% nos Estados Unidos. Juntos, os papéis negociaram R$ 1,105 bilhão, ou 12,4% do Ibovespa, que somou R$ 8,912 bilhões. A Bovespa movimentou R$ 15,930 bilhões, com giro inflado pelo vencimento de opções sobre Ibovespa.
No exterior, as bolsas da Europa caíram com mais força, com as indicações de que o Fed deve elevar a taxa de juros em breve e dados ruins vindos da China. Mas as bolsas de Nova York melhoraram a performance, o que ajudou o Ibovespa. S&P500 recuava 0,31%. O presidente da Magliano Corretora, Raymundo Magliano Neto, lembra que o vencimento de opções sobre Ibovespa, hoje, e o de opções sobre ações, na segunda-feira, ajudam na volatilidade do mercado.
Ele diz que o Ibovespa já bateu a máxima prevista por ele para o final do ano, que era de 61 mil pontos, e questiona o fôlego que o índice tem para galgar novas valorizações. Os riscos, afirma, vêm sobretudo do mercado externo, e são as eleições e a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos. No cenário local, a visão é otimista, mas ele acredita que o ganho de 41% do Ibovespa no ano foi muito forte. Muito da alta, afirma, é expectativa com uma recuperação econômica que pode demorar a chegar. A aprovação da PEC do teto de gastos, diz, é positiva, mas limita a capacidade de investimento do governo. Com isso, a economia acaba dependendo mais dos investimentos privados para começar a crescer.
As ações da Embraer também foram destaque de alta e subiram 2,5%, após a fabricante brasileira de aeronaves ter informado ao mercado que está perto de fechar acordos com autoridades dos Estados Unidos e do Brasil em processos relacionados a investigações em curso nos dois países. A Guide Investimentos diz em nota que a notícia é positiva, pois a finalização dos acordos pode reduzir danos financeiros. "Além disso, esses processos não finalizados são ruins para o papel", diz a corretora.
A ata da última reunião dos dirigentes do Fed mostrou que o encontro assentou as bases para uma elevação das taxas de juros de curto prazo "relativamente em breve". Além desse fator de pressão, números da China deixam o setor de mineração ainda na lanterna. As exportações recuaram 10% na comparação anual, bem acima da queda de 3,2% previsto por analistas. As importações caíram 1,9%, contrariando projeção de ganho de 1%. As maiores quedas do Ibovespa ficaram com Vale ON (-4,57%), Usiminas PNA (-4,31%), Bradespar PN (-3,17%), CSN (-3,14%) e Vale PNA (-2,82%).
O Citigroup rebaixou hoje as recomendações de investimento em ações das gigantes de mineração BHP Billiton e Rio Rinto, de neutra para venda. Além disso, o minério de ferro em Qingdao, na China, caiu 0,86%, a US$ 56,67 a tonelada.
Fora do Ibovespa, os ADRs da Eletrobras voltaram a negociar hoje nos Estados Unidos. Na comparação com o fechamento das negociações de ontem, ainda no mercado de balcão, o papel subiu 4,7%. A companhia retomou hoje a negociação de seus ADRs na bolsa americana após ter arquivado na terça-feira seus formulários 20-F de 2014 e 2015, com um ano e meio de atraso.

NEGÓCIOS: Preço de 18 ações na Bolsa mais que dobra no ano; Magazine Luiza sobe 412%

Do UOL, em São Paulo

Com um salto de 412,01%, as ações do Magazine Luiza foram as que tiveram o maior ganho percentual na Bovespa no ano. Os papéis da rede de lojas, que eram negociados a R$ 17,65 em 31 de dezembro de 2015, fecharam a última terça-feira (11) valendo R$ 90,37.
Ao todo, 18 empresas brasileiras mais que dobraram o valor de suas ações na Bolsa no ano, segundo cálculos da consultoria Economatica divulgados nesta quinta-feira (13). 
O levantamento leva em consideração apenas ações com volume médio diário de negociações superior a R$ 1 milhão em 2016. 
Além dos papéis do Magazine Luiza, as ações de Eletrobras, Gol, Usiminas, Gerdau, Petrobras e Via Varejo (dona das Casas Bahia) estão entre as que tiveram maior valorização percentual este ano.
Veja a seguir as 18 ações que mais ganharam valor, em termos percentuais, entre 31 de dezembro de 2015 e 11 de outubro de 2016. Os valores de fechamento de 2015 foram ajustados por proventos (pagamento de dividendos, juros sobre capital próprio, bonificações, entre outros).
Magazine Luiza (MGLU3): alta de 412,01% no ano (de R$ 17,65 para R$ 90,37)
Eltrobras (ELET3): 261,81% (de R$ 5,76 para R$ 20,84)
Sanepar (SAPR4): 193,4% (de R$ 2,92 para R$ 8,58)
Gol (GOLL4): 164,29% (de R$ 2,52 para R$ 6,66)
CSN (CSNA3): 155% (de R$ 4 para R$ 10,20)
Fleury (FRLY3): 148,1% (de R$ 15,80 para R$ 39,20)
Ser Educacional (SEER3): 146,21% (de R$ 7,56 para R$ 18,62)
Usiminas (USIM5): 143,44% (de R$ 1,52 para R$ 3,71)
Eletrobras (ELET6): 137,84% (de R$ 10,44 para R$ 24,83)
Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 131,2% (de R$ 1,64 para R$ 3,80)
Petrobras (PETR4): 129,7% (de R$ 6,70 para R$ 15,39)
Copasa (CSMG3): 119,41% (de R$ 15,02 para R$ 32,95)
Via Varejo (VVAR11): 118,62 (de R$ 3,27 para R$ 7,14).
Bradespar (BRAP4): 115,23% (de R$ 4,99 para R$ 10,74)
Le Lis Blanc (LLIS3): 110,81% (de R$ 1,85 para R$ 3,90)
Banrisul (BRSR6): 107,25% (de R$ 5,48 para R$ 11,36)
M. Dias Branco (MDIA3): 106,93% (de R$ 66,23 para R$ 137,05)
Gerdau (GGBR4): 104,94% (de R$ 4,64 para R$ 9,50)

DIREITO: Justiça do DF aceita denúncia, e Lula vira réu pela terceira vez

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Ex-presidente, o empresário Marcelo Odebrecht e mais 9 pessoas foram acusadas de participar de esquema para liberar emprestimos no BNDES

O ex-presidente Lula e o empresário Marcelo Odebrecht - Montagem/ Arquivo O Globo

BRASÍLIA - A Justiça Federal do Distrito Federal aceitou, nesta quinta-feira, a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Marcelo Odebrecht e mais 9 pessoas. Eles foram acusados de participar de esquema de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar obras da construtora Odebrecht em Angola. Segundo a denúncia, Lula teria atuado junto ao banco com o objetivo de garantir a liberação de financiamentos. Em retribuição, a Odebrecht teria repassado de forma dissimulada aos envolvidos no negócio cerca de R$ 30 milhões, em valores atualizados.
Este é o terceiro processo da Lava-Jato que Lula é réu. No caso do tríplex do Guarujá, o ex-presidente responde na 13ª Vara Federal de Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Lula obteve R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas que lhe foram pagas pela empreiteira OAS, de forma dissimulada, em troca de contratos com o governo federal.
O outro processo tramita na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, e Lula é acusado de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores do esquema de corrupção na estatal, que também foi originado nas investigações da Petrobras. A suposta participação de Lula foi denunciada pelo ex-senador Delcídio do Amaral, que afirmou em depoimento de delação que Lula queria manter Cerveró em silêncio para proteger o pecuarista José Carlos Bumlai, que havia retirado em nome dele, no Banco Schahin, um empréstimo para o PT, que foi pago com contrato bilionário fechado pelo Grupo Schahin com a Petrobras.
Além de aceitar a denúncia do Ministério Público Federal na íntegra e abrir a ação penal, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, também determinou hoje que a defesa dos acusados apresente documentos, indique provas a serem coletadas e apresente nomes de testemunhas no prazo de 10 dias para que a ação penal prossiga.
A denúncia separa a atuação do ex-presidente em duas fases: a primeira, entre 2008 e 2010, quando ele ainda ocupava a presidência da República e, na condição de agente público, praticou corrupção passiva. E a segunda, entre 2011 e 2015, já como ex-mandatário, momento em que cometeu tráfico de influência em benefício dos envolvidos.
O ex-presidente foi acusado ainda pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Sobre este último, ele foi denunciado 44 vezes. O crime teria sido viabilizado por meio de repasses de valores justificados pela subcontratação da empresa Exergia Brasil, criada em 2009 por Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente e também denunciado na ação penal.
Segundo investigação da Polícia Federal, a Odebrecht só teria contratado a Exergia porque sabia das relações de Taiguara com Lula, a quem, segundo o relatório, ele se referia como "tio". Pelas investigações, a empresa de Taiguara não tem condições técnicas e operacionais para prestar os serviços descritos no contrato com a empreiteira. A polícia suspeita que a empresa tenha sido criada apenas para receber dinheiro da Odebrecht. Não há informações de negócios da Exergia com outras empresas dentro ou fora do país.
De acordo com o MPF, parte dos pagamentos indevidos se concretizou por meio de palestras supostamente ministradas pelo ex-presidente a convite da construtora. A contratação teria sido feita por meio da empresa LILS Palestras, criada por Lula no início de 2011, menos de dois meses depois de deixar a presidência.
Para o juiz Vallisney de Souza Oliveira, análise prévia dos fatos aponta indícios de que os acusados cometeram os crimes.
"É o caso desta peça acusatória, que demonstrou até agora a plausibilidade e a verossimilhança das alegações em face da circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as descrições das condutas em correspondência aos documentos constantes do inquérito policial nº 1710/2015- SR/DPF/DF, havendo prova neste juízo perfunctório da materialidade e indícios das autorias delitivas", escreveu o juiz, em sua decisão.

ECONOMIA: Dólar cai 0,57% e fecha a R$ 3,182, menor valor em dois meses

Do UOL, em São Paulo

O dólar comercial operou em alta durante grande parte da sessão, mas passou a cair durante a tarde e fechou esta quinta-feira (13) em queda de 0,57%, a R$ 3,182 na venda. É o menor valor de fechamento desde 11 de agosto, quando a moeda norte-americana havia fechado a R$ 3,14.
Com isso, o dólar acumula queda de 1,09% na semana. No mês, tem desvalorização de 2,16% e, no ano, perdas de 19,41%. 
Na véspera, os mercados ficaram fechados devido a feriado. 
Na terça-feira (11), o dólar havia fechado quase estável, com leve queda de 0,08%.
No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),afirmou que o projeto que altera as regras de repatriação de recursos não declarados no exterior pode voltar à pauta na próxima semana, desde que haja um acordo entre lideranças.
"A notícia da repatriação não era esperada e ajudou o dólar a perder força ante o real", disse o operador de uma corretora à agência de notícias Reuters.
Entrada de dólares no país
O resultado do fluxo cambial (diferença entre recursos que entram e saem do país) também favoreceu a queda da moeda norte-americana ao mostrar entrada de US$ 534 milhões na primeira semana deste mês.
Atuação do BC brasileiro
Como nas últimas sessões, o Banco Central brasileiro ofertou 5.000 contratos de swap cambial reverso (equivalentes à compra futura de dólares). Todos foram vendidos.
Cenário externo
O dólar foi influenciado pela alta dos preços do petróleo no exterior.
"O petróleo subindo com a queda do estoque de combustíveis nos EUA fez o dólar devolver a alta ante o real vista mais cedo", comentou um operador de câmbio de uma corretora nacional à Reuters.

(Com Reuters)

LAVA-JATO: Moro manda intimar Cunha e dá início à ação penal contra o ex-deputado

OGLOBO.COM.BR
POR CLEIDE CARVALHO E DIMITRIUS DANTAS

Ex-presidente da Câmara vai responder por corrupção, lavagem e evasão fraudulenta

O deputado cassado Eduardo Cunha - Eraldo Peres / AP / 12-9-2016

SÃO PAULO - O juiz Sérgio Moro mandou intimar nesta quinta-feira o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha a apresentar, no prazo de 10 dias, a resposta preliminar à ação penal por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta encaminhada à 13ª Vara Civel do Paraná pelo ministro Teori Zavascki. Com a intimação, Moro dá início ao trâmite do processo contra Cunha em Curitiba, que ocorrerá sem sigilo.
Cunha perdeu o mandato em 12 de setembro passado e, no dia 14, o ministro Teori Zavascki determinou a remessa dos autos a Moro, que já conduz ação penal contra a mulher dele, Cláudia Cruz, além dos réus Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, João Augusto Rezende Henriques e Jorge Luiz Zelada.
O Ministério Público Federal ratificou a denúncia feita pelo procurador geral da República, excluindo apenas a imputação de crime eleitoral. Moro considerou que a não declaração de contas no exterior à Justiça Eleitoral já está incluída no crime de lavagem de dinheiro e que não caberia desmembrar a investigação.
"A medida (desmembramento da ação) ainda seria bastante inconveniente, pois na prática representaria duplicação da instrução em duas esferas da Justiça, além da atribuição à Justiça Eleitoral do encargo de processar e julgar fatos de extrema complexidade, envolvendo ocultação de patrimônio no exterior. Sem embargo da capacidade da Justiça Eleitoral, o seu propósito é o de processar crimes que digam respeito diretamente a infrações da legislação eleitoral, o que não é exatamente o caso", afirmou Moro em despacho.
Ao determinar que não haverá sigilo na condução do processo, Moro argumentou interesse público.
"Não se trata aqui de discutir assuntos privados, mas supostos crimes contra a Administração Pública. A publicidade propiciará assim não só o exercício da ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável escrutínio público sobre a atuação da Administração Pública e da própria Justiça criminal. Observo que o eminente Ministro Teori Zavascki havia decidido pela manutenção do sigilo do inquérito até o recebimento da denúncia, sendo, portanto, o levantamento ora efetuado consistente com a determinação superior", disse Moro.
A denúncia enviada do Supremo Tribunal Federal ao juiz Sérgio Moro acusa o deputado cassado de ter recebido propinas por sua interferência na compra, pela Petrobras, de um campo petrolífero em Benin, na África, por R$ 138 milhões.
Eduardo Cunha teria recebido, em francos suíços, o equivalente a R$ 5,2 milhões em propina. Os recursos teriam sido pagos pelo dono da CBH e intermediados por João Augusto Rezende Henriques, apontado pelos investigadores como o operador das propinas destinadas ao PMDB na Petrobras. O destino da propina foram três contas que Cunha mantinha na Suíça por meio de trustes. Posteriormente, parte desse dinheiro teria sido destinado a outra conta, que tinha sua mulher, Cláudia Cruz, como beneficiária. Em outra ação, Cláudia é acusada de saber a origem ilícita do dinheiro, que usou para pagar compras em lojas de luxo no exterior.

LAVA-JATO: Moro se irrita por ser chamado de 'justiceiro messiânico' em artigo publicado em jornal

BAHIA NOTÍCIAS

Foto: Gil Ferreira/ Divulgação

O juiz Sérgio Moro, responsável pelo julgamento da Operação Lava Jato em primeira instância, não gostou de ter sido criticado pelo físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo na terça-feira (11). Nesta quarta-feira (12), o juiz enviou uma carta de repúdio e protesto ao jornal por ter sido classificado como justiceiro messiânico pelo articulista. No texto de repúdio, Moro afirmou que o artigo é um chamado a agressão e questionou a presença do físico no Conselho Editorial da Folha. “Lamentável que um respeitado jornal como a Folha conceda espaço para a publicação de artigo como o ‘Desvendando Moro’, e mais ainda surpreendente que o autor do artigo seja membro do Conselho Editorial da publicação. Sem qualquer base empírica, o autor desfila estereótipos e rancor contra os trabalhos judiciais na assim denominada operação 'lava jato', realizando equiparações inapropriadas com fanático religioso e chegando a sugerir atos de violência contra o ora magistrado. A essa altura, salvo por cegueira ideológica, parece claro que o objeto dos processos em curso consiste em crimes de corrupção e não de opinião. Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha”, escreveu Moro. No artigo, o físico afirma que a “história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública”. Cerqueira Leite afirma que Moro “seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida”, que o juiz é revestido do “sentimento aristocrático”, de ser superior ao resto da humanidade e que sofre da “síndrome do escolhido”. “Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador. Lula é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB”, pontua. “A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT”, assinala no artigo. Ao fim do texto, o físico manda Moro ter cuidado, pois o “destino dos moralistas fanáticos é a fogueira”. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes. Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira, seja ela legitimamente aristocrática ou não", finaliza o artigo. Além da resposta de Moro, o jornal publicou repúdio de leitores ao artigo.

LAVA-JATO: Moro condena ex-senador Gim Argello a 19 anos de prisão

ESTADAO.COM.BR
Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Mateus Coutinho

Na mesma sentença, juiz da Lava Jato impôs ao empreiteiro Léo Pinheiro 8 anos e 2 meses de reclusão; outro empreiteiro, Ricardo Pessoa pegou 10 anos e seis meses de prisão

FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

O juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) a 19 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa. Argello foi preso em abril na Operação Vitória de Pirro, desdobramento da Lava Jato. Segundo a investigação, em 2014, o então senador integrava as duas CPIs da Petrobrás e teria cobrado R$ 5 milhões de cada empreiteira do cartel da estatal para barrar a convocação de seus executivos.
A investigação mostrou que Gim Argello recebeu R$ 7,35 milhões da UTC Engenharia, da Toyo Setal e da OAS em 2014. Segundo a força-tarefa, o repasse de propinas foi feito via doações eleitorais: R$ 5 milhões da UTC Engenharia, R$ 2
milhões da Toyo Setal e R$ 350 mil da OAS, montante destinado à Paróquia São Pedro, em Taguatinga.
Na mesma sentença, juiz da Lava Jato impôs ao empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, 8 anos e 2 meses de reclusão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Outro empreiteiro, Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, pegou 10 anos e seis meses de prisão pelos mesmos crimes.
O executivo Walmir Pinheiro Santana, ligado à UTC, foi condenado a 9 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa. Ricardo Pessoa e Walmir Santana são delatores da Lava Jato e vão cumprir penas estabelecidas em seus acordos de colaboração premiada.
Léo Pinheiro tentou fechar acordo de cooperação com a Procuradoria-Geral da República, mas as negociações fracassaram após vazamento de informação. Ele foi preso pela segunda vez na Lava Jato em setembro deste ano.
Documento

GERAL: Receita suspende isenção tributária do Instituto Lula relativa a 2011

UOL
Em Brasília

Rudy Trindade - 6.jun.2016/Framephoto/Estadão Conteúdo
O Instituto Lula disse que "age dentro da lei e todos os questionamentos serão esclarecidos"

A Receita Federal suspendeu a isenção tributária do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido do Instituto Lula relativa ao ano-calendário de 2011. A informação consta de ato declaratório publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (13). O ato é assinado pela Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo.
O Instituto Lula foi notificado pela Receita da possibilidade de suspensão e para apresentar esclarecimentos no âmbito de uma ação de fiscalização por suposto "desvio de finalidade" no fim de agosto. O Instituto ganhou prazo de 30 dias para se explicar.
Na ocasião, o Instituto destacou em nota que "age dentro da lei e todos os questionamentos serão esclarecidos". "Não temos nada a esconder e sempre colaboramos com a fiscalização".
O Instituto também reclamou que o procedimento de investigação deveria ser rotineiro e "resguardado pelo sigilo fiscal", mas se transformou "em mais um episódio de violência contra o ex-presidente Lula".
De acordo com dados da investigação fiscal, revelados pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, foram identificados gastos que o Instituto não poderia ter realizado porque se trata de uma entidade sem fins lucrativos, ou seja, isenta de impostos.
Entre outras informações, a Receita apontou despesas pessoais do ex-presidente Lula, sua mulher, Marisa Letícia, e com funcionários do Instituto.
Segundo o documento da Receita, o Instituto Lula "está longe de se dedicar à defesa de direitos sociais, é mero escritório de administração de interesses particulares e financeiros do ex-presidente".

ECONOMIA: Fuga de dólares após perda do grau de investimento já supera crise de 2008

UOL
Blog do Fernando Rodrigues
Fernando Rodrigues

Em 2016, segundo o BC, saída superou entrada em US$ 15,8 bilhões
Mercado financeiro teve US$ 48,7 de saldo negativo no período
Valor é quase o dobro do registrado em 2008, no auge da crise mundial
Cenário não se alterou desde que Michel Temer assumiu a Presidência

Em maio, mês em que Michel Temer assumiu o governo, moeda norte-americana teve forte retirada

Pouco mais de um ano depois de perder o grau de investimento, o Brasil enfrenta hoje a maior fuga de dólares da última década. Só no mercado financeiro, a saída da moeda norte-americana em 2016 já supera a entrada em US$ 48,7 bilhões –quase o dobro do que foi perdido no auge da crise mundial de 2008.
As informações são do repórter do UOL Guilherme Moraes.
Segundo dados do Banco Central, o saldo negativo acumulado de janeiro a setembro de 2016 é de US$ 15,8 bilhões. Apesar da forte retirada de dólares nas operações financeiras, a equação foi compensada pela balança comercial, que registrou um superávit de US$ 33 bilhões no período.
[contexto: o resultado da balança comercial de um país é a diferença entre tudo que o país compra do exterior e tudo o que é vendido para outras nações, por meio da exportação de bens e de serviços].
A saída de US$ 48,7 bilhões do mercado financeiro neste ano já é 87% maior que a fuga de US$ 26,1 bilhões de janeiro a setembro de 2008.
Foi nesse período que a crise mundial atingiu seu ápice, logo após o banco de investimentos Lehman Brothers pedir concordata –produzindo um colapso na economia global.
Também é a 1ª vez na década em que o BC registra saldo negativo no fluxo da moeda de janeiro a setembro. Leia na tabela abaixo:
O movimento de saída de dólares ganhou força depois que o Brasil perdeu o chamado grau de investimento das agências de classificação de risco, uma espécie de ''selo de bom pagador'' no mercado internacional, a partir de setembro do ano passado. A primeira grande agência a retirar o grau de investimento do país foi a Standard & Poor's. Nos meses seguintes, a nota do país foi rebaixada pela Fitch (dez.2015) e pela Moody's (fev.2016).
Desde setembro de 2015, as operações financeiras –que incluem investimento em ativos, ações, títulos e empréstimos, entre outras categorias– registraram saldo positivo apenas em 2 meses.
Até a balança comercial – que se beneficiava do aumento do preço do dólar desde o ano anterior – fechou o mês de outubro no vermelho.
O analista de mercado Raphael Figueredo, da Clear Corretora, avalia que o resultado é levemente influenciado por razões externas, mas tem como principal causa a crise doméstica da economia nacional.
''Há questões pontuais como a elevação dos juros nos Estados Unidos, mas o que mais pesa é o efeito da recessão'', afirma Figueredo. ''Já existem perspectivas para que esse cenário comece a mudar, mas para isso as pautas do ajuste fiscal precisam avançar no Congresso.''


Os dados do Banco Central mostram que o quadro não se alterou desde a posse de Michel Temer em maio de 2016. O atual presidente da República é tido como uma figura mais simpática ao mercado. Naquele mês (mai.2016), as operações financeiras tiveram saldo negativo de R$ 11,4 bilhões –o pior resultado desde a perda do grau de investimento.
A trajetória, diz o analista Raphael Figueredo, tende a se inverter nos próximos meses. ''Existe um hiato entre o momento em que nós, brasileiros, estamos vendo em nossa economia e a percepção do investidor estrangeiro de que o ambiente de negócios começou a melhorar.''

MUNDO: Boko Haram liberta 21 estudantes sequestradas na região de Chibok

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Governo da Nigéria diz que continuam negociações para libertação das mais de 200 meninas que ainda estão sob poder do grupo militante

Vídeo mostra homem armado com o rosto coberto e dezenas de jovens mulheres, que seriam as estudantes sequestradas há dois anos em Chibok - HO / AFP

ABUJA — O grupo extremista Boko Haram libertou 21 estudantes sequestradas em Chibok, confirmou um porta-voz da presidência da Nigéria nesta quinta-feira. O rapto de mais de 270 alunas em 2014 e a falta de ação do governo causaram indignação e condenação da comunidade internacional.
"A libertação das meninas é o resultado das negociações entre o governo e o Boko Haram intermediadas pela Cruz Vermelha Internacional e pelo governo suíço", disse uma declaração da presidência. "As negociações vão continuar".
O governo nigeriano não deu mais detalhes sobre o acordo com o grupo extremista, dizendo apenas que as 21 meninas estavam muito cansadas e que iriam primeiro descansar sob proteção da agência de segurança nacional.
Em seguida, elas serão levadas ao vice-presidente Yemi Obinsajo, disse o comunicado. O presidente Muhammadu Buhari vai viajar para a Alemanha nesta quinta-feira.
Mais cedo, uma fonte local informou à agência AFP que as jovens haviam sido trocadas por quatro prisioneiros do Boko Haram nesta manhã na região de Banki, na fronteira com os Camarões.
O Exército nigeriano realiza neste momento uma grande operação na floresta Sambisa, um reduto dos extremistas.
O grupo militante islâmico sequestrou mais de 270 estudantes de uma escola em Chibok em abril de 2014 — um ato que provocou comoção no mundo todo e uma campanha pela libertação das meninas.
O Boko Haram também sequestrou milhares de outras pessoas durante a sua insurgência de sete anos no Nordeste da Nigéria. Mais de 15 mil pessoas foram mortas e dois milhões foram forçadas a deixar as suas casas.
No ano passado, o grupo jihadista prometeu lealdade ao Estado Islâmico (EI).

LAVA-JATO: Marcelo Odebrecht pede a Moro que mantenha ação suspensa

OGLOBO.COM.BR
POR CLEIDE CARVALHO

Processo foi paralisado para negociação de acordo de delação premiada

O empresário Marcelo Odebrecht - Michel Filho / Agência O Globo / 15-06-15

SÃO PAULO — A defesa do empresário Marcelo Odebrecht pediu ao juiz Sérgio Moro que mantenha suspensa a ação penal na qual é acusado de repassar US$ 3 milhões ao marqueteiro do PT, João Santana. A petição foi apresentada pelos advogados na noite desta terça-feira. A ação está suspensa desde o dia 12 de agosto, quando Moro optou por paralisar os trabalhos devido às negociações para delação premiada. Com a demora para o fechamento do acordo, Moro intimou o Ministério Público e as defesas a se manifestarem sobre a paralisação dos trabalhos.
Os acordos de delação, que são individuais, devem envolver cerca de 50 executivos. Cerca de 25 já foram fechados. A defesa de Luiz Eduardo Rocha Soares, acusado de ser o responsável pela abertura de offshores para pagar propinas fora do país, tem expectativa de que o acordo seja fechado em 30 dias. Os advogados pediram a suspensão por mais 30 dias e disseram que este é o "tempo que se estima suficiente para que os fatos atualmente mantidos sob sigilo possam ser noticiados". O pedido inclui também os irmãos Olívio Rodrigues Júnior e Marcelo Rodrigues, que prestavam serviços terceirizados de pagamentos no exterior.
A ação que envolve João Santana é a segunda que Marcelo Odebrecht responde na 13ª Vara Federal de Curitiba. Na primeira, ele já foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão.
Nesta ação, os depósitos feitos ao marqueteiro numa conta no exterior somam US$ 3 milhões. Nas investigações que envolvem o ex-ministro Antonio Palocci, a Odebrecht é acusada de ter repassado, por meio dele, pelo menos R$ 128 milhões em propinas ao PT. Novos repasses a Santana também foram identificados.
A investigação sobre a atuação de Palocci foi prorrogada para que a Polícia Federal possa analisar documentos da Projeto, a consultoria do ex-ministro. Moro determinou que o inquérito seja encerrado, no máximo, até o próximo dia 25.
A delação dos executivos da Odebrecht devem incluir pagamentos de propinas em obras do PAC a parlamentares e governadores.

ECONOMIA: Com teto de gastos, prefeituras temem corte de serviços

FOLHA.COM
MARIANA CARNEIRO, DE SÃO PAULO

Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Os prefeitos que assumirão seus mandatos em janeiro de 2017 dificilmente conseguirão ampliar o atendimento em saúde e poderão até ser levados a reduzir a oferta de serviços durante suas gestões se for aprovado o novo teto de gastos do governo federal.
A avaliação foi feita pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde e se baseia numa estimativa sombria de redução dos recursos para saúde durante os 20 anos de validade do teto.
Com a proposta do teto, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara e ainda tramita no Congresso, eles estimam que os gastos federais em saúde vão se reduzir dos atuais 1,7% do PIB para 1% ao fim dos próximos 20 anos.
TETO DE GASTOS PÚBLICOS
A previsão fundamenta a crítica da entidade à eliminação da atual regra que reserva para a saúde uma parcela fixa das receitas do governo federal —13,2% neste ano.
Em vez disso, o governo propõe destinar à área, no mínimo, os mesmo recursos do ano anterior mais a inflação. A proposta permite que o Congresso dê mais recursos à saúde se cortar noutra área.
"Os próximos prefeitos não vão conseguir fazer nada novo. Se conseguirem manter o que já existe. será muito bom", prevê Mauro Guimarães Junqueira, coordenador do Conselho e há três décadas gestor na área de saúde.
Ele acredita que, na disputa por verbas criada pelo limite de expansão dos gastos, a saúde e a educação levarão a pior. "A maior das caixas do Orçamento é a Previdência, e ninguém tira dinheiro daí. As demais áreas vão brigar por mais recursos e os mais fortes vão levar mais dinheiro."
RISCOS
A estimativa do conselho, feita em associação com o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, prevê que, com o teto, a saúde perderia R$ 433 bilhões do que poderia receber com a atual regra em vinte anos.
É o segundo estudo divulgado recentemente com previsões negativas para a saúde. O primeiro foi elaborado pelos técnicos Fabíola Sulpino Vieira e Rodrigo Pucci de Sá e Benevides, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e apontou perda de mais de R$ 700 bilhões para a saúde em 20 anos. Como o estudo foi feito antes de mudanças introduzidas pela Câmara no teto, eles informaram que vão refazer a conta.
Com a repercussão do estudo, a presidência do Ipea divulgou uma nota na noite de terça-feira (11) apontando dez problemas no estudo dos pesquisadores e ressaltando que o órgão, vinculado ao Ministério do Planejamento, é favorável à proposta do teto.
Um dos problemas citados é que os cálculos do estudo levam em consideração taxas de crescimento econômico que não ocorrerão no futuro sem que as contas do governo sejam colocadas em ordem.
O governo propôs o limite para o crescimento dos gastos após o descontrole fiscal elevar a dívida pública para 70% do PIB —muito acima da de outros países emergentes—, indicando que o Brasil rumaria para a insolvência.
Para o especialista em contas públicas Felipe Salto, supor que as condições do passado se repetirão no futuro desconsidera riscos e juros maiores sem o teto. "O ajuste não é uma questão de escolha, é imperativo", diz.

DIREITO: Governo Temer quer regras mais rígidas para soltar presos

FOLHA.COM
GUSTAVO URIBE, DE BRASÍLIA
PAULO GAMA, DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Pedro Ladeira - 20.jul.2016/Folhapress 
O presidente Michel Temer e o ministro Alexandre de Moraes conversam em evento em Brasília

O governo Michel Temer quer aumentar o tempo de cumprimento de pena em regime fechado de condenados por corrupção ativa e passiva e por crimes praticados com violência ou que representem grave ameaça.
O Ministério da Justiça prepara proposta que altera a Lei de Execução Penais para endurecer a progressão da pena. Hoje, para haver a mudança de regime prisional, é necessário que o preso cumpra pelo menos 1/6 do tempo de condenação. A ideia é elevar esse período mínimo para a metade da pena.
Com a mudança, por exemplo, o tempo exigido para a progressão de pena para uma condenação de 5 anos e 4 meses por roubo qualificado com uso de arma de fogo passaria de 11 meses para 2 anos e 7 meses. No caso de corrupção ativa, a progressão de regime para uma pena de 4 anos e 1 mês aconteceria a partir de 2 anos, e não mais de 8 meses como é atualmente.
O governo pretende discutir a iniciativa ainda neste mês com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e enviá-la ao Congresso até o final de novembro. A alteração tem como objetivo acabar com o que o governo chama de "distorções no cumprimento do regime fechado".
A crítica é que as atuais regras de progressão da pena fazem com que condenados por crimes considerados menos graves, como estelionato e furto simples, permaneçam na prisão por período semelhante ao de condenados por infrações mais severas.
Com a mudança, a expectativa do Ministério da Justiça é também manter por mais tempo em regime fechado integrantes do crime organizado envolvidos em roubos de armamento pesado, como fuzis e explosivos. Esses são exemplos de grave ameaça.
O governo federal também discute tornar mais acessível a possibilidade de que condenados por crimes praticados sem violência ou grave ameaça cumpram inicialmente a pena de prestação de serviços à comunidade.
O endurecimento no regime de progressão da pena era defendido pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, quando ele era secretário da Segurança Pública de São Paulo. Em maio, já durante o governo interino de Michel Temer, ele pregou a medida e uma mudança na legislação atual que permita às unidades da Federação definirem o cumprimento da pena.
PROJETOS
Já há também no Congresso medidas que pretendem endurecer a progressão da pena de condenados por crime de corrupção. Em 2013, o Senado aprovou projeto de lei que transforma o crime em hediondo e eleva para 2/5 o período da pena que precisa ser cumprido antes de o regime ser alterado –em casos de réu reincidente, o tempo atinge 3/5 do total. O texto ainda tramita na Câmara.
O Ministério Público Federal também defende o endurecimento da pena para o crime de corrupção ao tornar hedionda a prática envolvendo altos valores. A proposta integra o pacote das "10 medidas contra a corrupção" discutida em comissão na Câmara.
O governo federal também discute com o Ministério Público e com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a realização até o final do ano de mutirões de audiência de custódia para agilizar a regularização de presos provisórios –de acordo com dados do Ministério da Justiça, metade deles está enquadrada em crimes de menor gravidade.
A ideia é iniciar os mutirões de custódia por mulheres presas por tráfico de drogas em pequena quantidade e também idosos detidos por furto simples.

MUNDO: Mulheres acusam Trump de abuso sexual em 1978 e 2005

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Declarações obscenas trazem à tona histórias de supostos assédios em avião e elevador

Trump faz comício em Ocala, na Flórida - GERARDO MORA / AFP

WASHINGTON — Após o escândalo provocado pelo vazamento de declarações de Donald Trump em 2005, gabando-se de apalpar, beijar e tentar fazer sexo com mulheres por ser uma estrela, duas mulheres relataram ao “New York Times” que sofreram abuso sexual do bilionário. De acordo com as entrevistadas, elas resolveram recontar os casos após o caso ter tomado o noticiário americano e mundial.
Uma disse ter sido apalpada por ele durante um voo, em 1978.
— Ele parecia um polvo, com as mãos em toda parte — disse Jessica Leeds, hoje com 74 anos.
Outra entrevistada, Rachel Crooks, afirmou ter sido cercada e beijada na boca por Trump em 2005, num elevador da Trump Tower, em Manhattan, onde era recepcionista. Segunda ela, o magnata deu um beijo em seu rosto antes de fazer a investida.
— Isso não passa de ficção — rebateu o assessor de comunicação de Trump, Jason Miller.
Nos últimos dias, modelos que participaram dos concursos de Miss EUA, franqueado por Trump, relataram que ele entrara no camarim delas quando estavam nuas, e que ele as encarava sem roupa.
Desde sexta-feira, quando foi vazado o vídeo com comentários sexuais de Trump sobre mulheres, mais de 50 republicanos eleitos em cargos legislativos e executivos abandonaram sua campanha.

DENÚNCIA: Empreiteiro diz ao TSE que ‘tesoureiro informal’ de Aécio pediu doação

ESTADAO.COM.BR
Mateus Coutinho e Julia Affonso

Polícia Federal resgatou troca de mensagens de 29 de agosto de 2014 pelo celular entre delator da Andrade Gutierrez e o empresário Oswaldo Borges

Otávio Marques de Azevedo foi preso em 19 de junho de 2015. Foto: Reprodução

Em depoimento na ação movida pelo PSDB que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014, o ex-presidente da Andrade Gutierrez e delator Otávio Marques de Azevedo confirmou ter se encontrado com o empresário e ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) no governo Aécio Neves (PSDB) em Minas Oswaldo Borges da Costa para tratar de doação eleitoral para a campanha presidencial do tucano naquele ano.
O executivo depôs no dia 19 de setembro perante o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Herman Benjamin, relator do processo na Corte. Ao explicar sobre como eram feitas as doações eleitorais da empreiteira, Otávio também foi indagado sobre repasses a outros partidos e políticos. Ele admitiu que todas as doações eleitorais saíam do mesmo caixa da empresa e, em relação ao PSDB, disse que se encontrou com Oswaldo.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo e a revista Veja, Borges da Costa foi citado pelo empreiteiro José Adelmário Pinheiro Filho, Leo Pinheiro, da OAS, em sua delação como intermediário de propinas na construção da Cidade Administrativa, obra mais cara do governo Aécio – que custou R$ 1,2 bilhão. O ex-presidente da Codemig foi apontado como “operador” ou “tesoureiro informal” de Aécio, conforme as reportagens.
Em 2014, segundo dados declarados à Justiça Eleitoral, a Andrade doou R$ 21 milhões para a campanha de Dilma e R$ 20 milhões para a de Aécio. Oficialmente, o coordenador financeiro de Aécio foi o ex-ministro José Gregori. Em nota, o PSDB informou que Borges da Costa atuou na campanha de 2014 “apoiando o comitê financeiro”.
Em 2014, segundo dados declarados à Justiça Eleitoral, a Andrade doou R$ 21 milhões para a campanha presidencial de Dilma e R$ 20 milhõespara a campanha de Aécio.
Oficialmente, o coordenador financeiro da campanha de Aécio foi o ex-ministro José Gregori. Em nota, o PSDB informou que Oswaldo atuou na campanha de 2014 “apoiando o comitê financeiro” ao lado do também empresário Sérgio Freitas.
O partido aponta ainda que ‘não houve nenhuma irregularidade em todo o processo de doação’. A sigla, porém, não respondeu por que havia outras pessoas além de José Gregori atuando na campanha para arrecadar recursos.
“Fui procurado pelo senhor Oswaldo Borges da Costa, também, que era…trabalhava não sei em que função lá, com o candidato (Aécio Neves). E, basicamente, essas demandas (de doação) vinham através deles”, afirmou o empresário sem se lembrar qual outro nome ligado ao PSDB o teria procurado.
Questionado pelo advogado Flávio Caetano, da campanha de Dilma, o executivo disse que só encontrou o empresário uma vez e apenas para comunicar que teria feito uma doação para a campanha de Aécio. O contato de Otávio com Oswaldo, inclusive, foi identificado pela Polícia Federal em trocas de mensagens no celular do executivo da Andrade.
O próprio empreiteiro confirmou que as mensagens trocadas, durante o período eleitoral em agosto de 2014, se referiam à doação para a campanha tucana e que “coincidentemente”, segundo o executivo, foi feita no mesmo dia em que a empresa fez um repasse para a campanha da chapa Dilma-Temer.
As trocas de mensagens chamaram a atenção da Polícia Federal ao analisar o celular de Otávio Azevedo, em 2015. Em uma mensagem encaminhada por celular no 27 de agosto, Oswaldo pergunta a Otávio se era possível “falar na quinta às 19h em Sp”.
Dois dias depois, Otavio responde: “Já foi feito”. Oswaldo agradece no mesmo dia: “Obrigado Otavio. Com vc funciona!!!rsrs”.
A PF suspeita que Oswaldo seria uma espécie de “tesoureiro informal” da campanha tucana e chamou a atenção dos investigadores o fato de as mensagens trocadas com o empresário ocorrerem no mesmo dia em que Azevedo confirmou doação para a campanha de Dilma Rousseff, por meio do chefe de gabinete do então tesoureiro da petista, Edinho Silva.
Apesar de ter doado quantias próximas para as campanhas de Dilma e Aécio, ao TSE, Otávio afirmou que, em relação as doações para o tucano não havia nenhuma vinculação com obras ou projetos da empresa.
“Nós não tínhamos nenhum projeto com o candidato Aécio, nenhum projeto, nenhuma…nada em execução, nada, nada, nada. Não tínhamos compromisso, em 2014, pelo menos que eu saiba, nenhum compromisso que levasse a uma doação…é…vinculada a obra, a projeto, não existiu isso. Não existiu isso”, afirmou Otávio Azevedo.
Ele também reafirmou ao ministro Herman Benjamin que houve um acerto de propinas equivalente a 1% de todos os contratos da Andrade com o governo federal e também com o PMDB e com o PT referente às obras da usina de Belo Monte. Questionado se as doações eleitorais de 2014 foram descontadas desse acordo da propina ele negou e disse que apenas uma doação para a campanha de Dilma, em julho de 2014, “certamente” veio dos acordos de propina.
“Não havia – não havia e não há; não houve, não houve – em nenhuma momento uma contabilidade paralela para dizer: esse tanto de dinheiro aqui é do…é…é….é….é..é…é…é do PT Berzoini (ex-ministro que, segundo Otávio, teria cobrado 1% de propina em todos os contratos da Andrade com o governo), esse aqui é do PT Palocci, esse aqui é do PT Dilma…não é assim… do PT Vaccari…não. É do PT. É do PT.
Então, é…não…não existia, não há como você, dentro do caixa, nem…nem…nem que esse dinheiro aqui é do PT e esse aqui é do PSDB”, disse Otávio.
“Agora, o único que eu…que eu…o…o único assim que certamente veio de origem dessa…dessa…dessa, vamos dizer, desse…desses pedidos, desses acordos firmados com o Berzoini e com o Palocci, assim, carac…bem caracterizado, é esse um milhão”, seguiu o executivo.
A reportagem tentou contato pelo celular com Oswaldo, mas as ligações caiam na caixa postal. O espaço está aberto para a manifestação do executivo.
COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DO PSDB NACIONAL:
“O sr Oswaldo Borges atuou na campanha eleitoral do PSDB em 2014 – ao lado do sr Sérgio Freitas e tendo sido o ex-ministro José Gregori coordenador financeiro – , apoiando o comitê financeiro, sendo esse um fato de amplo conhecimento público, não havendo nele nenhum tipo de incorreção.
Não foi apontada qualquer irregularidade em todo o processo. Quanto ao posto de “tesoureiro informal” ele simplesmente não existe já que todos os contatos realizados foram formais.
O próprio empresário no depoimento confirma a regularidade dos contatos mantidos com a campanha, assim como das doações realizadas, todas elas declaradas à Justiça Eleitoral.
“SENHOR OTÁVIO MARQUES DE AZEVEDO (depoente): Simplesmente é você ter ou não ter compromisso vinculado. Nós não tínhamos com o candidato Aécio nenhum projeto, nenhuma… nada em execução, nada, nada, nada. Não tínhamos nada, não tínhamos compromisso, em 2014, polo menos que eu saiba, nenhum compromisso que levasse a uma doação… é… vinculada a obra, a projeto, não existiu isso. Não existiu isso.” Trecho depoimento do sr Otávio Azevedo ao ministro Herman Benjamin (PAG. 27)”

MEIO-AMBIENTE: Nordeste terá pior seca dos últimos 100 anos

ESTADAO.COM.BR
Coluna do Estadão

Planalto prepara campanha publicitária para informar sobre crise e evitar desgaste à imagem de Temer

Helder Barbalho, ministro da Integração. Kleber Sales/Estadão

O governo prepara uma campanha publicitária direcionada ao Nordeste para informar que a região vai entrar no sexto ano consecutivo de estiagem. Será a seca mais prolongada dos últimos 100 anos. A última crise foi entre 1910 e 1915. O ministro da Integração, Helder Barbalho, não descarta um colapso na região metropolitana de Campina Grande (PB), com falta de água para o consumo humano já em abril, e problemas pontuais em Fortaleza. “Estamos monitorando para encontrar soluções para os grandes centros urbanos, nos quais pode ocorrer um colapso.”
A estratégia do governo com a campanha é evitar que o presidente Michel Temer seja responsabilizado pela falta d’água numa região em que é impopular. O governo avalia que, se preparar a população para o problema, a reação será minimizada. O ministro diz, contudo, que não tem informação sobre esse assunto.
Obras estruturantes e novas adutoras não ficarão prontas a tempo de resolver o problema, que bate à porta. O governo tem usado carros-pipa. São 6.800 atendendo 3.500 localidades. E se queixa de que alguns Estados não fizeram a sua parte.

ECONOMIA: Bancos já suspendem crédito a aposentados por invalidez

OGLOBO.COM.BR
POR JOÃO SORIMA NETO

Mais de 1 milhão de benefícios estão sendo revisados

- Fernanda Martins/Agência O Globo

SÃO PAULO - O esforço do governo para estancar o déficit da Previdência está trazendo consequências negativas para a oferta de crédito, já bastante restrita no país. Alguns bancos de médio porte, com forte atuação no segmento de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas, começaram a suspender esse tipo de financiamento a clientes com menos de 60 anos que estão aposentados por invalidez. Isso porque 1,1 milhão desses benefícios, concedidos há mais de dois anos, estão sendo revisados, e quem for considerado apto a voltar ao mercado de trabalho ou não comparecer à perícia perderá a aposentadoria, segundo informou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Como a prestação do consignado é descontada diretamente na folha de pagamento do INSS, os bancos temem que muitos desses clientes possam ficar inadimplentes.
Em comunicado enviado a seus correspondentes bancários, financeiras encarregadas de captar clientes, o banco Daycoval, por exemplo, já informa que o crédito consignado a aposentados por invalidez só deve ser concedido a pessoas com mais de 60 anos, faixa etária que ficou fora da convocação feita pelo INSS. Ou seja, o consignado para pensionistas com menos de 60 anos está suspenso no Daycoval.
— Não estamos fazendo mais consignados para quem tem menos de 60 anos e foi aposentado por invalidez para vários bancos — diz o funcionário de um correspondente bancário que, além do Daycoval, atende outros bancos.
Procurado pelo GLOBO, o Daycoval não se pronunciou sobre o assunto. Outras instituições como o Safra e o China Construction Bank (CCB, que comprou o BicBanco, muito ativo nesse segmento de crédito) também enviaram circulares a seus correspondentes bancários informando que não “atendem aposentados pelo código 32”, que identifica o aposentado por invalidez, com menos de 60 anos. Procurado, o Safra disse que não comentaria o assunto. E nenhum representante do CCB foi encontrado para falar sobre a decisão.
O diretor de Estudos Econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, estima que os bancos médios representam cerca de 30% da oferta de crédito consignado.
SUSPENSÃO DEVE CRESCER
Segundo especialistas em crédito, essa restrição deve chegar a outros bancos médios que operam nesse segmento, já que o lastro da operação consignada é a aposentadoria do cliente e, se ela for suspensa, não há como tomar esse tipo de crédito. Procurada, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa as instituições médias, informou que desconhece a suspensão do consignado para aposentados por invalidez e que não há nenhuma orientação aos bancos sobre o assunto.
Aposentada por invalidez há mais de 20 anos após descobrir que tinha uma doença crônica, Silvânia Januária, de 48 anos, nunca passou por perícias do INSS. Ela faz tratamento médico e possui todos os exames para comprovar seu estado de saúde debilitado, mas terá que fazer a revisão de seu benefício, de cerca de R$ 2 mil, por ter menos de 60 anos. A aposentadoria é sua principal fonte de renda. Na semana passada, já teve negado um empréstimo consignado, que usaria para tirar a carteira de habilitação do filho.
— Eles me informaram que estava suspenso o consignado para aposentados por invalidez — disse ela, decepcionada, já que o filho precisa do documento para trabalhar.
Nos grandes bancos, esse movimento ainda não foi detectado, mas também não está descartado, segundo especialistas. O Banco do Brasil informou “que não adotou qualquer restrição de crédito por conta desse tema”. O Bradesco disse que “o banco está operando normalmente” no consignado. Já o Itaú Unibanco, que no fim de setembro fechou a compra de 40% do Itaú BMG Consignado, que tem forte atuação no segmento de consignado, não se pronunciou. O Santander, que fez uma joint-venture com o banco Bonsucesso, e formou o Olé Consignado, também não se pronunciou. Também a Caixa Econômica Federal não respondeu se vai ou não suspender sua linha a aposentados por invalidez.
Em meio à retração generalizada do crédito, o consignado é uma das linhas que vem mantendo crescimento nos últimos anos por cobrar os juros mais baixos e ser de fácil acesso, já que é garantida pelo salário ou pela aposentadoria. Atualmente, segundo dados do Banco Central, o saldo dos empréstimos consignados no país é de R$ 286 bilhões, quase três vezes mais que os empréstimos pessoais, que somam R$ 105 bilhões.
Nos últimos 12 meses, o saldo dos empréstimos pessoais (não consignados) encolheu 0,8%, enquanto o do consignado avançou 5,8%. Somente entre os beneficiários do INSS, o crescimento do consignado foi de 13,4% no mesmo período.
O especialista da Anefac afirma que, num momento em que os bancos já estão mais restritivos em relação ao crédito, a suspensão de consignado para essa parcela dos clientes é ruim.
TEMOR DE AUMENTO DE CALOTE
Segundo Oliveira, trata-se de uma linha relativamente barata, na comparação com outras modalidades de crédito. Na média, o consignado tem taxa de juros mensal de 2,16% (ou 29,3% ao ano), frente aos 5,5% mensais cobrados pelos bancos num empréstimo pessoal (90,12% ao ano).
— Além de ser mais barato que outras modalidades de crédito, o consignado também é uma linha de fácil acesso à população, uma vez que o empréstimo é descontado diretamente na folha de pagamento, reduzindo o risco de calote dos bancos — explica Oliveira.

Um empréstimo de R$ 500, em 12 vezes no consignado, equivale a prestações de R$ 47,75 e um total pago de R$ 573. Já um empréstimo pessoal no mesmo valor equivale a 12 parcelas de R$ 58,01 e uma dívida total de R$ 696,12. Se utilizar o rotativo do cartão de crédito, rolando os mesmos R$ 500 por 12 meses, a dívida sobe para R$ 2.877.
Para o especialista da Anefac, os bancos estão tentando se defender de um possível aumento da inadimplência dos aposentados que perderem seu benefício. Segundo dados do Banco Central, a inadimplência média de pessoa física acima de 90 dias, considerando os recursos livres, está em 6,2%, mesmo patamar de dezembro passado. A manutenção do calote nesse nível indica que os bancos estão mais seletivos na oferta de crédito, reduzindo as linhas que oferecem mais risco, diz Oliveira.
— Num cenário em que os lucros estão sendo afetados por calotes de empresas que entraram em recuperação judicial, é uma medida preventiva. Eles já estão tendo que recompor as dívidas de muitas empresas e pessoas físicas, adiando o vencimento, para evitar mais inadimplência agora — avalia Oliveira.
CONSIGNADO PARA SETOR PRIVADO CAI
O consultor econômico da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento, e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, observa que, quando o cenário econômico é ruim, com perspectiva de aumento do desemprego, até mesmo o lastro do consignado, que é o desconto em folha de pagamento, tende a ficar fragilizado. Isso por causa do medo dos trabalhadores de perder o emprego, o que leva a uma retração na procura por crédito. Dados do Banco Central mostram que, entre os empregados do setor privado, nos últimos 12 meses, a concessão de empréstimos consignados caiu 6,9%, e, no acumulado do ano, a queda é de 4,4%.
— O lastro dos consignados destinado aos trabalhadores do setor privado se fragiliza numa conjuntura econômica ruim. E essa garantia agora sofre mais um golpe com a revisão de aposentadorias por invalidez. O sistema financeiro fica alerta porque o potencial de perda é grande — diz Tingas.
Quando assina o contrato de um empréstimo consignado, o funcionário de uma empresa privada autoriza a empresa a descontar até 30% do valor da rescisão para quitar parte do consignado que tem com o banco, se este for o caso. Caso não cubra o total da dívida, o restante deverá ser negociado com a própria instituição. No caso da perda do benefício de um aposentado do INSS, a advogada Viviane Massoti, especialista em Direito Previdenciário e professora da LFG, afirma que o procedimento é o mesmo: negociação.
— O banco sabe que sempre existe risco em operações de empréstimos e, se não houve fraude, a instituição tende a negociar — diz a advogada.
O INSS informou que a Medida Provisória nº 739, de 2016, estabeleceu a revisão das aposentadorias para os segurados com benefícios por incapacidade mantidos há mais de dois anos e com idade inferior a 60 anos. Essa revisão já é prevista em lei, mas não acontecia desde 2008. Serão revisadas 1,1 milhão de aposentadorias de 3,4 milhão de benefícios desse tipo existentes. A decisão tem como objetivo tentar reduzir o déficit do INSS, que segundo estimativa do governo, deve chegar a R$ 146 bilhões este ano, uma alta de 70% frente a 2015. O governo acredita que poderá economizar “alguns bilhões” ao ano com benefícios que estão irregulares, mas ainda não há uma cifra exata.
As despesas do governo com aposentadorias por invalidez quase triplicaram na última década, passando de R$ 15,2 bilhões em 2005 para R$ 44,5 bilhões em 2015 (um crescimento de 292,7%). No mesmo período, a quantidade de beneficiários subiu 17,4%, passando de 2,9 milhões em 2005 para 3,4 milhões em 2015.

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |