sexta-feira, 22 de agosto de 2014

ECONOMIA: Bolsa cai 1%, quebra série de 6 altas, mas acumula ganho de 2,5% na semana

Do UOL, em São Paulo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou com queda de 0,99% nesta sexta-feira (22), a 58.407,32 pontos, interrompendo uma sequência de seis altas. 
Apesar da queda desta sexta, a Bolsa encerra a semana com valorização de 2,53%. No mês, a Bovespa acumula ganhos de 4,62% e, no ano, alta de 13,4%. 
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta pelo terceiro dia seguido, com ganhos de 0,53%, cotado a R$ 2,28 na venda. Com isso, a moeda norte-americana encerra a semana com valorização de 0,72%. No mês, acumula alta de 0,46% e, no ano, perdas de 3,27%. 
Investidores aproveitaram as recentes altas da Bolsa para vender suas ações e embolsar lucros. Eles continuam com o foco na disputa pela Presidência. As ações da Petrobras, que vêm oscilando conforme a dinâmica eleitoral, foram a principal influência negativa para a Bolsa.
A mineradora Vale e os bancos Bradesco e Itaú Unibanco também tiveram quedas expressivas. As quatro empresas têm grande peso sobre o Ibovespa. 
"Tudo o que indicar a alternância (no governo) ajudará na alta, mas uma coisa é a expectativa e a outra é a realidade. Ainda há muitos desdobramentos, muito risco. E o mercado não será complacente. E essa realização de lucros mostra isso", disse o gestor na NP Investimentos Julio Erse à agência de notícias Reuters.
Na visão do profissional, o cenário com Marina Silva (PSB) como candidata é mais incerto, mesmo com a recepção positiva no mercado pelo fato de ela estar assessorada por nomes bem avaliados entre investidores. Marina assumiu a candidatura do PSB à Presidência após a morte de Eduardo Campos em acidente de avião na semana passada. 
Petrobras, Vale e bancos puxam queda da Bolsa
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), que dão direito a voto, caíram 1,89%, a R$ 19,72. As preferenciais (PETR4), com prioridade na distribuição de dividendos, perderam 1,78%, a R$ 20,92. 
As ações do Bradesco (BBDC4) tiveram perdas de 1,57%, a R$ 37,60. O Itaú Unibanco (ITUB4) fechou em queda de 1,13%, a R$ 37,48. 
As preferenciais da Vale (VALE5) caíram 0,92%, a R$ 27,92. As ações ordinárias (VALE3) tiveram desvalorização de 0,6%, a R$ 31,37. 
Bolsas internacionais
As Bolsas de Valores da Europa fecharam em queda nesta sexta-feira. A Bolsa da França perdeu 0,93%, e a da Alemanha caiu 0,66%. Portugal teve desvalorização de 0,57%, Espanha registrou baixa de 0,53%, e Itália recuou 0,46%. O mercado de ações da Inglaterra fechou quase estável, com leve queda de 0,04%. 
Na Ásia e no Pacífico, a maioria das Bolsas fechou em alta. A Bolsa de Taiwan subiu 1,37%; Seul, na Coreia do Sul, avançou 0,61%; Hong Kong teve alta de 0,47%, e Xangai, de 0,46%.
A Bolsa da Austrália fechou com ganhos de 0,12%; Cingapura ficou praticamente estável, com leve alta de 0,04%.
Na contramão, o Nikkei, do Japão, caiu 0,3%, após uma sequência de nove altas seguidas. Apesar da queda nesta sexta, a alta acumulada na semana foi de 1,4%.
(Com Reuters)

GESTÃO: Ex-diretor da Petrobras decide fazer delação premiada para sair da prisão

Da FOLHA.COM
MARIO CESAR CARVALHO, DE SÃO PAULO

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa aceitou fazer na tarde desta sexta-feira (22) uma delação premiada com procuradores que atuam na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para deixar a prisão.
A decisão sobre a delação ocorreu no mesmo dia em que a Justiça autorizou operações de busca e apreensão em 13 empresas no Rio de Janeiro que pertencem a uma filha, um genro e um amigo de Costa.
Delação premiada ou colaboração com a Justiça é um recurso no qual um réu fornece informações para a Justiça em troca de uma pena menor. No caso de Costa, sua família quer que ele deixe a prisão o mais rapidamente possível.
Uma nova advogada, especializada em delação premiada, foi enviada pela família a Curitiba para discutir os termos da delação. Beatriz Catta Preta, a defensora escolhida pelos familiares, já cuidou da colaboração dos doleiros Raul Srour e Richard Andrew de Mol van Otterloo.
O advogado que defendia Costa, Nelio Machado, deixou o caso por discordar da estratégia da família. "A defesa do Paulo Roberto é absolutamente viável. Estão trocando uma defesa certa por uma aventura", disse Machado à Folha.
O ex-diretor da Petrobras foi preso pela segunda vez no dia 11 de junho, após as autoridades da Suíça informarem a Justiça brasileira que ele tinha contas com US$ 23 milhões naquele país. Ele havia sido preso inicialmente em 20 de março sob acusação de ocultar provas, mas foi liberado 59 dias depois por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Costa foi diretor da Petrobras entre 2004 e 2012, período em que a estatal começou uma de suas maiores obras, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que já consumiu US$ 18,5 bilhões (R$ 42,2 bilhões).
Ele é réu em uma dos processos sob acusação de ter superfaturado contratos da refinaria e o valor a mais pago teria retornado a ele como suborno. O doleiro Alberto Youssef, preso junto com Costa, é acusado de cuidar da lavagem do dinheiro recebido como suborno.
A Folha revelou no dia 10 de agosto que Youssef também queria colaborar com a Justiça por não ver saída jurídica possível para o seu caso. Ele é réu em 12 processos e pode ser condenado a mais de cem anos de prisão. No caso de Youssef, porém, havia resistência dos procuradores porque eles não confiam no doleiro.

INVESTIGAÇÃO: STF abre inquérito contra Collor por Operação Lava Jato

Do UOL
CONGRESSO EM FOCO

Supremo pede à Procuradoria-Geral da República que apure repasses do doleiro Alberto Yousseff para a conta do senador e ex-presidente da República. Petebista se diz perseguido, mas não explica origem de depósitos
Valdemir Barreto/Ag. Senado
Collor subiu à tribuna do Senado em maio para negar relação com doleiro preso
Candidato à reeleição, o senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) está às voltas com nova investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Quatro meses depois de ter se livrado da última acusação a que respondia na corte ainda referente à sua turbulenta passagem pelo Planalto, Collor agora é alvo de um inquérito para apurar suas relações com o doleiro Alberto Yousseff, preso na Operação Lava Jato sob a acusação de ser um dos chefes de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou ilegalmente R$ 10 bilhões no país e jogou a Petrobras para o centro de duas CPIs no Congresso.
A suspeita sobre o ex-presidente foi remetida ao Supremo, onde correm as investigações envolvendo parlamentares federais e outras autoridades, pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro, após a Polícia Federal identificar comprovantes bancários que mostravam depósitos feitos pelo doleiro, no valor de R$ 50 mil, na conta do senador. Segundo a PF, o repasse foi dividido em oito depósitos em espécie: R$ 1.500, R$ 9 mil, R$ 1.500, R$ 9 mil, R$ 8 mil, R$ 9 mil, R$ 8 mil e R$ 4 mil.
Quando a notícia sobre os depósitos foi revelada, Collor reagiu. “Não sou alvo de nenhuma investigação, menos ainda suspeito naqueles inquéritos”, disse o senador da tribuna do Senado em 26 de maio. De lá para cá, a situação mudou. O Congresso em Foco localizou na página do Supremo na internet o Inquérito 3883, até então desconhecido do público em geral. O procedimento foi aberto no dia 7 de julho pelo ministro Teori Zavascki, depois que a Justiça Federal no Paraná enviou para o Supremo 67 páginas de documentos.
Zavascki designou o juiz Márcio Schiefler para cuidar do caso. Há duas semanas, foi publicada a decisão de Schiefler para mandar a papelada à Procuradoria-Geral da República, que vai começar o trabalho de apuração de fato. O inquérito contra Collor não tem ligação com a nova fase da Operação Lava Jato, iniciada nesta sexta-feira (22) e que tem como principal alvo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Sem explicação
Collor nunca explicou a origem do dinheiro em suas contas, mas garantiu não ter relações com Yousseff. Em maio, disse que pediria “dados mais concretos” a Moro e Zavascki antes de prestar esclarecimentos. “Não convém, de forma prematura, alimentar uma contenda”, disse ele, ao criticar a revista Veja, que noticiara os fatos.
Passados três meses, o Congresso em Foco procurou Collor novamente. Mas, na quinta-feira (21), o site não obteve nenhuma explicação dele e de seus assessores sobre a origem dos depósitos de Yousseff ou mesmo dos “dados mais concretos” que o ex-presidente buscava.
Para a Polícia Federal, o doleiro era o verdadeiro dono do Laboratório Labogen, que firmou parcerias no Ministério da Saúde com o apoio do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas (ex-PT-PR), que, para o Conselho de Ética da Casa, deve ter seu mandato cassado. A PF suspeita que um dos sócios do doleiro na empresa seja Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo e ex-integrante do governo Collor.
O ex-presidente não nega o bom relacionamento que mantém com seu ex-ministro de Assuntos Estratégicos. “Mantenho com ele e a família, há mais de 30 anos, relação de amizade e respeito”, disse o senador em maio. O petebista, no entanto, rechaça qualquer contato com Yousseff. “Posso afirmar, de forma e de modo categóricos, que não o conheço e jamais mantive com ele qualquer relacionamento de ordem pessoal ou política.”
Com o inquérito na assessoria criminal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, caberá ao Ministério Público Federal decidir os rumos da investigação, como pedidos de quebra de sigilo, perícias e tomadas de depoimentos. Até ontem (21), essa avaliação ainda não havia começado.
Ações do Paraná
A Operação Lava Jato resultou na prisão de doleiros e de diversos clientes deles, como o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Collor não era alvo da apuração, mas as ações de busca e apreensão nos endereços de Yousseff encontraram os comprovantes de depósito. Por isso, o juiz Sérgio Moro enfatizou ao STF que, naquele momento, não havia “qualquer indício do envolvimento” do senador nas oito ações criminais em andamento em sua Vara no Paraná.
Para Collor, as declarações do juiz foram entendidas como um salvo conduto. “O principal teor do expediente do juiz Sérgio Moro ao ministro Teori Zavascki foi sua taxativa declaração de que não há qualquer envolvimento meu nos oito inquéritos da Polícia Federal vinculados àquela operação”, disse o senador em maio passado.
Mas, conforme apurou o Congresso em Foco, as afirmações são apenas parte das formalidades do processo. Moro fez questão de explicitá-las por dois motivos. Primeiro, porque realmente o nome de Collor apareceu no caso inesperadamente. Segundo, porque, ainda que acreditasse haver provas de participação do senador em qualquer crime, ao mencionar isso Sérgio Moro traria para si um batalhão de advogados dos réus pedindo que toda a Operação Lava Jato fosse anulada. Afinal, parlamentares só podem ser investigados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
22 anos
Em 24 de abril, o STF arquivou um processo a que Collor respondia pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e corrupção passiva por falta de provas. A acusação era da época em que ele foi presidente da República, entre 1990 e 1992.
Ao recomendar a absolvição do ex-presidente, o primeiro a sofrer processo de impeachment na história do país, a ministra Cármen Lúcia criticou a fragilidade da acusação. “É preciso certeza, não basta probabilidade”, afirmou a relatora. “Não é um primor de denúncia, na minha opinião.” A decisão, segundo o senador, “reescrevia” a história do país e mostrava que ele havia sido alvo de um “golpe” do Congresso.

ECONOMIA: Bovespa chega a cair mais de 1%, e dólar sobe, perto de R$ 2,28

Do UOL

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, operava em queda nesta sexta-feira (22), e o dólar comercial subia. Investidores estavam pessimistas com tensões na Ucrânia e avaliavam o discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Janet Yellen, nesta manhã. Por volta das 14h30, a Bolsa caía 1,1%, a 58.344,38 pontos, e o dólar subia 0,54%, a R$ 2,281 na venda. Nesta sessão, o Banco Central brasileiro deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo 4,000 contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares). O BC também realizou mais um leilão para rolar swaps que vencem em 1º de setembro. (Com Reuters)

ECONOMIA: Economia fraca e Copa derrubam receita do governo em julho e no ano

Da FOLHA.COM
POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA

A debilidade da economia do país, agravada durante a Copa do Mundo, derrubou a arrecadação dos tributos federais no mês passado.
Dados divulgados nesta sexta (22) mostram que a receita somou R$ 98,8 bilhões, numa queda de 1,6% em relação a julho de 2013, descontada a inflação.
Os números evidenciam que o governo Dilma Rousseff dificilmente fechará as contas deste ano eleitoral com os resultados prometidos.
Ao programar os gastos de 2014, a administração petista previu um aumento entre 3% e 3,5% na arrecadação dos principais impostos e contribuições sociais.
No entanto, nos primeiros sete meses do ano há uma queda acumulada de 0,2%. A estimativa para o ano já havia sido reduzida para 2% antes da divulgação dos números de julho e deve cair mais.
No mês passado, houve uma piora generalizada da receita. O desempenho caiu nos tributos incidentes sobre a renda, o consumo, as importações, as operações financeiras e a folha de salários.
A parada nacional durante a Copa ajuda a explicar as quedas: na prática, houve menos dias úteis em julho, reduzindo a atividade na indústria e no comércio.
Mas a arrecadação já vem decepcionando desde o início deste ano, em que o crescimento da economia, segundo as previsões mais consensuais, não chegará a 1%.
Já os gastos do governo vêm crescendo na casa de 4% acima da inflação, mesmo com o adiamento de desembolsos como subsídios e pagamento de dívidas arbitradas pela Justiça.

COMENTÁRIO: Aviso do Fed

Por CELSO MING - ESTADAO.COM.BR


Vai começar a retirar moeda da economia; Essa política está listada entre aquelas em que os Estados Unidos tossem e provocam pneumonia no resto do mundo;E o Brasil não está imunizado contra isso
O Fed (banco central dos Estados Unidos) avisou quarta-feira que está preparando a retomada da alta dos juros. Ou seja, vai começar a retirar moeda da economia. Essa política está listada entre aquelas em que os Estados Unidos tossem e provocam pneumonia no resto do mundo. E o Brasil não está imunizado contra isso.
Por enquanto, a política do Fed, presidido por Janet Yellen (foto), ainda é de injeção de dólares por meio da compra de títulos. Mas o ritmo já é de reversão. Em dezembro de 2013, ainda comprava US$ 85 bilhões por mês. De lá para cá, essa ração mensal é cortada à proporção de US$ 10 bilhões por mês. Em outubro, espera-se que esse processo conhecido como tapering (afunilamento) se estancará.
A ata da última reunião do Fed (julho) divulgada quarta-feira ainda menciona a necessidade de observar um intervalo entre o fim do tapering e a retomada da alta dos juros, se o comportamento da economia americana continuar favorável.
Yellen. A alta dos juros vem aí (FOTO:SUSAN WALSH/AP)
O quadro é hoje de recuperação, os relatórios sobre o desempenho da atividade econômica mostram que, depois de um longo período de estagnação, o crescimento anualizado do PIB no segundo trimestre alcançou 3,0%. E as estatísticas que medem o comportamento do mercado de trabalho acusam melhora.
O principal recado do Fed é o de que não vai ficar parado. Pode voltar a puxar pelos juros assim que sentir que há condições. Isso pode acontecer no segundo trimestre de 2015 ou ainda no primeiro.
É elevadíssima a oferta de moeda no mundo, coisa aí de mais de US$ 5 trilhões. Mas o aviso de que o enxugamento não tardará deve atuar como fator de escassez de moeda forte no mundo.
E o Brasil com isso? Ao longo de 2012 e de 2013, o governo brasileiro denunciava a superabundância. A presidente Dilma se queixava do “tsunami monetário” e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, da “guerra cambial”. Acusavam a política dos grandes bancos centrais – e não só a do Fed – de inundar o mercado internacional com dinheiro emitido do nada. Uma boa fatia dessa massa monetária desembarcou no Brasil, o que ajudou a provocar valorização cambial (alta do dólar em reais), fator que passou a tirar a competitividade do produto brasileiro.
Mas essa retórica parou na segunda metade de 2013. Em junho, o governo se queixava do movimento contrário: o de que a simples perspectiva de reversão da política do Fed reduziu o fluxo de moeda estrangeira para o Brasil, passou a puxar as cotações do dólar para cima e, com o encarecimento dos produtos importados, a inflação disparou por aqui.
A reação do governo foi zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capitais destinados às aplicações em renda fixa. Ou seja, foi voltar a incentivar a entrada de recursos, não importando se fossem especulativos. Para mantê-los por aqui, o Banco Central tratou de estabilizar as cotações do câmbio por meio de operações de swap, equivalentes à venda de moeda estrangeira, cujo estoque hoje é de US$ 92 bilhões.
A operação de retirada de dólares pelo Fed acontece justamente quando o governo brasileiro faz o contrário do que pretendia: passou a atrair capitais. Mais ainda, acontece num momento em que crescem as incertezas sobre o comportamento da economia brasileira a partir de 2015, sob um novo governo, com ou sem Dilma Rousseff.
CONFIRA:

A abertura de vagas de trabalho com registro em carteira está baixando com força, como mostra o gráfico.
Desaquecimento
Julho foi mês de Copa do Mundo e de mau desempenho não só da seleção, mas de toda a atividade econômica. Mas, independentemente desse fator, já se aprofunda o desaquecimento do mercado de trabalho, como mostram os dados acima, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A outra estatística, a que aponta para a procura de emprego, continua prejudicada pela greve dos funcionários do IBGE.

COMENTÁRIO: Falar e pensar não são o forte de Dilma

Por Ricardo Noblat - Do blog do NOBLAT

Certa vez, no seu segundo mandato, Lula chamou Sarney de “homem incomum” para assim defendê-lo de pesadas acusações. Logo ele, Lula, que antes de se eleger presidente da República chamou Sarney de ladrão durante comício no Maranhão.
Dilma não chamou Graça Foster, presidente da Petrobras, de “mulher incomum”. Mas passou perto de chamar. Senão vejamos.
O Globo descobriu que Graça, e o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, repassaram a propriedade de imóveis a parentes quando a compra da refinaria Pasadena já estava sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
No caso de Graça, o repasse de dois imóveis aconteceu em 20 de março deste ano, um dia depois de Dilma ter culpado um parecer de Cerveró por ela ter votado a favor do negócio que causou prejuízo milionário à Petrobras.
A transferência de imóveis para nomes de parentes não é crime. Mas ao fazê-lo, Graça e Cerveró pouparam parte dos seus bens de um eventual bloqueio a ser decretado pela Justiça. Por sinal, o bloqueio foi pedido pelo ministro José Jorge, do TCU.
Que argumentos usou Dilma para defender Graça, sua amiguinha, mas não Cerveró? Vamos a eles.
- Eu repudio completamente a tentativa de fazer com que a Graça Foster se torne uma pessoa que não possa exercer a presidência da Petrobras, sabe por quê? Porque se fizerem isso é pelos méritos dela.
Somente a Justiça pode bloquear os bens de Graça. Se o fizer estará errada? Não foi Dilma que na semana passada, em entrevista ao Jornal Nacional, disse que não poderia comentar a decisão da Justiça que condenou os mensaleiros do PT?
Alegou que, como presidente da República não lhe cabia opinar sobre decisões de outro poder.
Olha a contradição aí, gente!
Em socorro a Graça, Dilma listou números para destacar o aumento da produção de petróleo na gestão dela e destacou os investimentos feitos para garantir o crescimento da empresa até 2020.
E daí? O que uma coisa tem a ver com a outra? Graça estaria liberada para driblar uma eventual decisão da Justiça de bloquear seus bens só por que a produção de petróleo aumentou na gestão dela? E por que a Petrobras, a juízo de Dilma, vai bem?
O ministro da Justiça e o Advogado Geral da União pressionaram os ministros do TCU para impedir o bloqueio de bens de Graça, e Dilma não achou isso nada demais. Afirmou:
- É de todo o interesse da União defender a Petrobras, a diretoria. Nada tem de estranho esse fato. Pelo contrário, é dever do ministro da Justiça, de qualquer ministro do governo, defender a Petrobras.
Graça não é a Petrobras – como Dilma não é a presidência da República. Graça e Dilma são pessoas físicas que ocupam, por ora, dois dos mais importantes cargos do país.
Se Dilma entende que não deve comentar decisões de outro poder por que acha natural que seu ministro da Justiça não apenas comente, mas tente influenciar decisões de outro poder?
Por fim, Dilma considerou “extremamente equivocado colocar a maior empresa de petróleo da América Latina e a maior empresa do Brasil sempre durante a eleição como arma política”.
No segundo turno da eleição presidencial de 2006, disputado por Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), o PT acusou Alckimin de estar pronto, caso se elegesse, para privatizar a Petrobras.
Embora Alckmin dissesse que não o faria, o PT repetiu a acusação, que subtraiu muitos votos do candidato do PSDB.
Quer dizer: o PT está liberado para usar a Petrobras como arma política, mas somente ele. De acordo?
Falar de improviso não é o forte de Dilma. Pensar, também não é.

COMENTÁRIO: Fio terra

Por Dora Kramer - ESTADAO.COM.BR

Renovar os meios e os modos da política é preciso, disso não há dúvida, desta premência ninguém discorda, exceto os acomodados nas más intenções de sempre.
A candidata do PSB, Marina Silva, pretende encarnar o desejo de mudança claramente posto pelo público em toda parte, levantando o estandarte de combatente da política tradicional. Tem chance de êxito como se viu na primeira pesquisa de intenções de voto em que aparece como candidata a presidente. Mas, como também estamos vendo nos primeiros movimentos decorrentes da reorganização da campanha após a morte de Eduardo Campos, o caminho não é suave.
O simples fato de a reunião entre a cúpula do PSB e o grupo de Marina Silva na quarta-feira ter durado o dia todo já diz algo sobre a dimensão dos obstáculos. Estivessem todos tão de acordo como querem fazer crer as declarações oficiais, bastariam poucas horas para alguns ajustes. Afinal, a decisão principal estava tomada, seria ela a candidata. Se os partícipes da aliança precisaram gastar tanto tempo, foi porque havia arestas.
Foram aparadas? A julgar pelos acordes iniciais, não. O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, deixou a campanha se queixando dos modos autoritários de Marina; o substituto na coordenação-geral será alguém da confiança dela.
Mais: a ex-senadora tratou de assegurar o controle do comitê financeiro, como quem cria uma rede de proteção contra possíveis cortes de "oxigênio"; e já avisou que não estará em palanques aliados ao partido em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
O registro da candidatura no Tribunal Superior Eleitoral ainda não saiu (a burocracia leva alguns dias) e Marina Silva deixou de se comportar como hóspede para se movimentar com a desenvoltura de dona da casa.
Parece referida na campanha de 2010. Existem diferenças: primeira, agora não é dona da casa. Há condôminos, vale dizer, as seções regionais do PSB, que podem resolver simplesmente abandoná-la e aderir aos adversários devido ao descumprimento de acordos anteriormente firmados.
Marina não é, como em 2010, candidata de si mesma. Há certas tradições na política que não devem desprezadas nem confundidas com velhos vícios. A honra do compromisso é uma delas.
Outra diferença: desta vez é candidata competitiva. A fim de que não perca essa condição, conviria que não perdesse também o fio terra no discurso. Voltamos aqui ao início à questão da renovação. Inovar é possível, desde que as soluções para a realização do sonho sejam factíveis e compreensíveis ao entendimento da maioria.
Contra fatos. O ex-presidente Lula levou a guerra contra a imprensa independente - que chama de "certa imprensa" - para o horário eleitoral. Muita gente viu nisso um gesto de apoio à proposta de controle social da mídia.
Pois pareceu muito mais uma maneira de convencer o eleitorado menos informado - e, portanto, alheio àquela discussão - de que as notícias desfavoráveis ao governo são falsas e que a verdade está ali, nas obras em panorâmica e nos números na casa dos bilhões.
Não tendo como responder às questões que estão aí para todo mundo ver, o governo lança mão da credibilidade de Lula para simplificar as coisas dizendo aos mais simples que é tudo mentira.
Como diz o arquiteto da obra, João Santana, "política é teatro".
Aparência. Pode ser que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, não tenha tido, como alega, a intenção de burlar o processo de apuração da compra da refinaria de Pasadena pelo Tribunal de Contas da União, ao transferir seus bens para os filhos.
Mas, a fim de que não pairassem dúvidas, não deveria ter tomado tal providência no curso de um processo em que uma das hipóteses, mesmo remota, poderia vir a ser o bloqueio de bens.

ELEIÇÕES: Luiza Erundina (PSB) assume coordenação da campanha de Marina Silva

De OGLOBO.COM.BR
POR CATARINA ALENCASTRO E CARINA BACELAR

Dois integrantes da Executiva do PSB deixam cargos após decisões de ex-senadora
Erundina em seu escritório, em São Paulo - O Globo / Marcos Alves
BRASÍLIA e RIO - Um dia depois de lançar Marina Silva como candidata à Presidência no lugar de Eduardo Campos, morto tragicamente na semana passada, o PSB teve seu primeiro problema com a nova configuração da nova chapa, que tem o deputado socialista Beto Albuquerque como vice de Marina. O coordenador geral da campanha, Carlos Siqueira, primeiro-secretário do PSB, resolveu deixar o posto por divergências com a Rede, de Marina. À noite, o PSB divulgou nota oficial informando que Luiza Erundina assumirá seu lugar.
"O Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro, Roberto Amaral, designou a deputada Luiza Erundina (SP) para coordenar a campanha da Coligação "Unidos Pelo Brasil". Luiza Erundina substitui Carlos Siqueira na coordenação geral da campanha", diz o cumunicado.
A escolha de Erundina foi acertada durante uma reunião entre Amaral, Siqueira e Marcio França, presidente do PSB paulista, na noite desta quinta-feira, no comitê central da campanha presidencial em São Paulo. Erundina é um dos integrantes do PSB mais próximos de Marina.
A saída de Siqueira teria sido provocada pela nomeação de Walter Feldman (PSB), aliado de Marina na Rede, como coordenador adjunto da campanha. O coordenador de mobilização e articulação, Milton Coelho, também informou à legenda que deixará o posto na campanha e voltará para Pernambuco.
Após reunião, Siqueira mostrou-se irredutível na decisão, apesar de ter recebido apelo de Feldman e de Marina para que permanecesse.
- Marina não representa o legado de Eduardo Campos, se comportou muito mal comigo e não aceito isso. Eu que não quis ficar na coordenação dela. Não aceito, não continuarei na coordenação da campanha porque meu compromisso era com Eduardo Campos. Ela não representa o legado dele, ela está muito longe de representar o legado. Eram muto diferente politicamente, ideologicamente, em todos os sentidos - afirmou ele.
Siqueira deixa cargo por divergências com a Rede, de Marina - Ailton de Freitas / Agência O Globo
Siqueira afirmou deixar a coordenação sem mágoas, mas tratou Marina como "hospedeira" da sigla.
- Não tenho mágoa nenhuma, mas como se está numa instituição como hospedeira, que é o que ela é, tem que se respeitar a instituição e não querer mandar na instituição. Ela que vá mandar na Rede dela, não no PSB. No PSB, mandamos nós - queixou-se ele.
Segundo ele, Marina trocou de forma unilateral o tesoureiro da campanha ao indicar Bazileu Margarido, tirando Henrique Costa do cargo.
- Chegou e disse que o tesoureiro iria ser o fulano, sem discutir isso com o partido. Essa forma de proceder não está de acordo com um partido que está oferecendo a ela todas as condições para ela ser candidata - disse.
O dirigente do PSB ainda citou Renata Campos, dizendo que viúva de Eduardo Campos "não deve saber o que está se passando”:
- Não falou comigo e não deve saber o que está se passando. Mas ela é uma mulher inteligente e capaz, e vai saber que não podemos oferecer uma candidatura que procede dessa maneira.
Participaram da reunião nesta quinta-feira Marina, Walter Feldman, o presidente do PSB, Roberto Amaral, e os presidentes dos partidos que integram a coligação. Após o encontro, Marina disse que “dor pela morte de Eduardo Campos levou coordenador a deixar campanha”.
Segundo participantes da reunião de ontem, na qual Siqueira anunciou sua decisão, Marina tentou fazer com que ele ficasse na coordenação, mas não conseguiu.
Bazileu Margarido, coordenador do comitê financeiro da campanha e pessoa de extrema confiança de Marina, afirma que Siqueira não entendeu o gesto da ex-senadora ao exigir a entrada de Walter Feldman como adjunto, e se sentiu desprestigiado, quando na verdade a ideia da candidata era justamente apoiar Siqueira como coordenador.
— Ele entendeu errado o gesto de Marina. A indicação de Walter Feldman como adjunto era uma forma de chancelar Siqueira como coordenador — disse Bazileu, admitindo não acreditar que a decisão do socialista seja reversível.
Um senador ligado a Siqueira tentou minimizar o episódio, dizendo que ele era muito ligado a Eduardo Campos e que agora, como mudou a chapa, é natural que haja substituição no mais alto posto da campanha para que alguém mais ligado à nova candidata assuma o lugar.
Segundo o senador, a decisão foi anunciada por Siqueira ainda ontem durante a reunião. A cúpula do partido ainda tentou demovê-lo, mas ele não cedeu.
NANICOS SE DIZEM SURPRESOS
Presidentes de partidos que integram a coligação do PSB, ainda não haviam sido informados oficialmente da saída de Siqueira quando contatados pelo GLOBO, no fim da manhã desta quinta-feira. O deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do PPS, afirmou ter sido "surpreendido" pela notícia, mas que, apesar da possibilidade de "discordar da decisão e lamentar", vão manter o apoio à candidatura de Marina.
— Difícil dizer. O PPS o tem (Siqueira) em alta conta, muito alta conta. Não sei o que aconteceu, mas ele tem sempre nosso respeito, vamos procurar entender o que foi. Você pode até discordar, lamentar, mas isso não é motivo para que você deixe de apoiar uma alternativa ao governo que aí está que viabilize um segundo turno e dê chance de derrotar o PT. Esse é o objetivo maior.
Já Eduardo Machado, presidente nacional do PHS, afirmou que a legenda segue na chapa do PSB mesmo após a decisão de Siqueira. Ele voltou a afirmar que o PSB errou ao não consultar a sigla sobre a candidatura de Marina e Beto Albuquerque.
— Vamos seguir na chapa mesmo com a saída. Isso independe. Até porque eu acredito que o PSB errou muito com a gente, não vou esconder isso, mas a causa maior é com o Brasil.
Ovasco Resende, presidente nacional do PRP, se disse surpreso com a notícia da saída de Carlos Siqueira.
— Vai ser uma coisa muito chata, é uma pessoa que estava muito ligada ao Eduardo. Eu falei com o Carlos Siqueira ontem e ele disse que estava tudo certo, tudo tranquilo. Vínhamos nos falando - afirmou Ovasco, que declarou que existem pessoas do PSB que podem substituir Siqueira, mas que ainda é preciso ouvir o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral.
Miguel Manso, secretário de Organização do PPL, contou ter conversado com integrantes da Rede Sustentabilidade ontem, mas não soube de nenhum mal entendido e que o que ficou acertado é que Walter Feldman (PSB) dividiria a coordenação com Siqueira para que houvesse um "equilíbrio de forças".
Nesta quinta-feira, o presidente do Partido Social Liberal Nacional (PSL) afirmou ao GLOBO que a legenda vai deixar a coligação. Luciano Brivar disse que a sigla está “desconfortável” com Marina, que o político afirma estar “assoberbada”, encabeçando a chapa.
— A gente não foi ouvido em nada. Temos conhecimento dessa coisa toda, mas a gente está muito desconfortável — declarou.

ELEIÇÕES: Aécio tenta aproximação com 'orfãos' de Campos

Do ESTADAO.COM.BR
PEDRO VENCESLAU E ELIZABETH LOPES - O ESTADO DE S. PAULO

Tucanos querem aproveitar resistência a Marina para fortalecer palanques estaduais
O comando de campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, elaborou um plano de ação para cooptar aliados do ex-governador Eduardo Campos insatisfeitos com a escolha de Marina Silva como candidata do PSB ao Palácio do Planalto. Parte dos aliados de Campos, morto em um acidente aéreo no dia 13, tem resistência à ex-ministra do Meio Ambiente, em especial os mais próximos do agronegócio.
Durante reunião na noite de anteontem na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, os tucanos decidiram, nas palavras de um participante, "atuar nas divergências" formadas no bloco de apoiadores articulado por Campos.
Um dos primeiros alvos da estratégia tucano é o candidato do PP ao governo de Alagoas, Benedito de Lira, que apoiava Campos na disputa presidencial. Presente ao encontro em São Paulo, o governador Teotônio Vilela (PSDB), que vai encerrar o segundo mandato em dezembro e não pode se reeleger, recebeu a missão de convencer Lira a abrir palanque para Aécio. O candidato do PP está em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Renan Filho (PMDB), e a campanha do PSDB alagoano patina: o partido trocou de concorrente e Júlio Cézar obteve 2% no último levantamento.
Outro potencial aliado é o peemedebista Nelson Trad Filho, que estava fechado com Campos em Mato Grosso do Sul, mas já indicou descontentamento com a escolha feita pelo PSB, dada a resistência do agronegócio, setor importante da economia estadual. Trad Filho enfrenta o petista Delcídio Amaral, líder nas pesquisas locais.
Os tucanos também buscam aproximação com o governador Zé Filho (PMDB), candidato à reeleição no Piauí que dividia o palanque local entre Aécio e Campos, e o gaúcho José Ivo Sartori (PMDB).
Pizza. Na reunião no Palácio dos Bandeirantes estavam, entre outros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o candidato a vice de Aécio, Aloysio Nunes Ferreira; o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM); o senador José Agripino (DEM-RN), coordenador da campanha tucana; o deputado Paulinho da Força (SDD-SP) e o ex-governador Alberto Goldman. O grupo comeu pizza e debateu quais seriam as estratégias no cenário pós-Campos. "Não nos assusta o eventual crescimento de Marina nas próximas pesquisas. De qualquer forma, nosso adversário continua sendo a (presidente) Dilma (Rousseff)", afirmou Agripino.
Outro presente ao encontro relatou que o grupo já dá como certo a vantagem de Marina acima da margem de erro nos próximos levantamentos. A aposta é que a ex-ministra fique 5 pontos à frente de Aécio. Na pesquisa Datafolha divulgada na segunda-feira, Marina tinha 21% e Aécio, 20%, cenário de empate técnico - Dilma ficou com 36%.
A avaliação no comando aecista é que a comoção com o velório e enterro de Campos deve ser captada nas próximas pesquisas. Marina seria vista como "a viúva" desse espólio político. Para amenizar esse efeito, os coordenadores regionais da campanha foram instruídos a fazer atos públicos para evitar a desmobilização da militância.
No fim do encontro, ficou acertado que Aécio não vai atacar diretamente Marina para "não criar um fantasma". Os correligionários vão assumir a tarefa de tentar colar a imagem de “inexperiente” em Marina. O Nordeste receberá atenção especial, para evitar que Dilma herde os votos de Campos.

ECONOMIA: Contas externas do Brasil ficam negativas em US$ 6 bilhões em julho, diz BC

Do UOL, em São Paulo

A diferença entre as transações do Brasil com outro países países ficou negativa em R$ 6,018 bilhões em julho, de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (22). A diferença, que inclui tanto produtos quanto serviços, é chamada de conta de transações correntes. 
Economistas consultados pela agência de notícias Reuters previam saldo negativo de US$ 5,8 bilhões no mês passado.
Em junho, o resultado tinha sido negativo em US$ 3,345 bilhões; em julho do ano passado, o rombo tinha sido de US$ 8,969 bilhões.
No acumulado do ano, de junho a julho, as transações do Brasil com o exterior têm saldo negativo de US$ 49,33 bilhões.
Balanço de pagamentos como um todo está positivo
Esses resultados negativos foram registrados só numa das facetas do chamado balanço de pagamentos (as transações correntes). Se forem considerados todos os demais itens, o resultado está positivo em US$ 5,2 bilhões.
Entre os itens que fazem o balanço ficar no azul, estão os investimentos estrangeiros -em empresas ou em em aplicações financeiras.
O balanço de pagamentos não pode ser confundido com a balança comercial. O balanço inclui todas as transações do Brasil com o exterior, comerciais, de serviços ou financeiras. Ele se divide em duas partes: transações correntes e conta de capital.
As transações correntes incluem a balança comercial (exportações e importações), a balança de serviços (juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais etc), e as transferências unilaterais (dinheiro mandado por brasileiros de fora do país, por exemplo).
A conta de capital e financeira é formada por aplicações em Bolsa, investimentos estrangeiros diretos (a criação ou ampliação de uma fábrica, por exemplo) e empréstimos concedidos ao Brasil.
O resultado entre as transações correntes e a conta de capital é que mostra se o balanço de pagamentos está positivo ou negativo. Com resultado positivo, as reservas internacionais do país crescem (quantidade de dólares em poder do governo).
(Com Reuters e Valor)

DENÚNCIA: Réu liga tesoureiro do PT a grupo de doleiro

Do ESTADAO.COM.BR
REDAÇÃO
Andreza Matais e Fabio Fabrini


Advogado afirma que Vaccari fazia contato entre fundos de pensão e empresa de Youssef
Num depoimento prestado à Polícia Federal, um dos integrantes do esquema investigado na Operação Lava Jato afirmou que o secretário nacional de finanças do PT, João Vaccari Neto, ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era um dos contatos de fundos de pensão com a CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais, empresa que o doleiro Alberto Youssef usou para lavar R$ 1,16 milhão do Mensalão, segundo a PF.
“João Vaccari esteve várias vezes na sede da CSA, possivelmente a fim de tratar de operações com fundos de pensão com Cláudio Mente”, relatou o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja de Youssef e do ex-deputado José Janene (moto em 2010).
Preso desde março pela Lava Jato, ex-sócio da CSA Project, situada em São Paulo, decidiu colaborar espontaneamente com as investigações em troca de eventual benefício judicial. Ele é réu em duas ações penais, uma sobre supostas remessas fraudulentas do laboratório Labogen para o exterior, outra de lavagem de dinheiro de Janene por investimentos em uma empresa paranaense.
Foto: Evelson de Freitas/Estadão
Carlos Alberto foi ouvido no dia 15 na Superintendência Regional da PF no Paraná. A PF, em outro documento, diz haver indício de que Vaccari estaria intermediando negócios de fundos de pensão com a CSA e uma outra empresa ligada ao doleiro, a GFD Investimentos.
Vaccari é réu em ação criminal sobre suposto desvio de R$ 70 milhões da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). O Ministério Público o denunciou por formação de quadrilha, estelionato e lavagem de dinheiro.
O colaborador disse que dirigentes da Petros, fundo de pensão da Petrobrás, receberam propina para que o fundo fizesse um investimento de interesse do grupo de Youssef, acusado de chefiar esquema bilionário de lavagem de dinheiro.
Segundo ele, o ex-gerente de Novos Negócios do Petros Humberto Pires Grault foi um dos beneficiários de R$ 500 mil, que teriam sido pagos como “comissão” para que o fundo de pensão adquirisse, entre 2005 e 2006, uma cédula de crédito bancário de R$ 13 milhões. Grault é ligado ao PT, partido que o teria indicado ao cargo.
A CSA Project, segundo disse, foi responsável pelo contrato com a Petros. A cédula adquirida pelo fundo de pensão referia-se a créditos que a Indústria Metais do Vale (IMV) teria a receber de outra empresa, a Siderúrgica de Barra Mansa (SBM), por um projeto de ferro-gusa.
Carlos Alberto disse que um saque de R$ 500 mil da IMV foi usado para fazer pagamentos em espécie aos que participaram do negócio. Além de Grault, teriam recebido parte desse dinheiro Cláudio Mente, da CSA, além de funcionários da Petros.
Ele contou ter sido informado por Mente que, no fundo de pensão, “seriam beneficiados Humberto Grault e o diretor que estaria acima dele na estrutura da empresa”. Disse que não se recorda do nome do outro suposto beneficiário.
Carlos Alberto relata várias operações supostamente ilícitas de empreiteiras com o doleiro Youssef, entre elas contratos sem prestação de serviços. “Em 2012 ou 2013 viajaram a Hong Kong Matheus de Oliveira, Leonardo Meirelles e João Procópio a fim de resolver problemas ligados a abertura de contas; recorda-se de terem sido feito contratos entre a GFD e as empresas Mendes Junior, Sanko e Engevix, também visando transferências financeiras, sem qualquer prestação de serviços.”
O advogado contou ainda ter sido informado de que Youssef se apropriou de recursos de Janene no exterior. Relatou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, também preso pela Lava Jato, era recebido por Janene “em seu apartamento”.
Segundo ele, Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, atuava como um dos agentes que faziam transporte de dinheiro para operações do doleiro no exterior. “Em determinada oportunidade os dois foram para o Peru levar dinheiro em espécie”, afirmou.
Defesa. Procurado pelo Estado, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto informou, por meio da assessoria do partido, que Cláudio Mente, da CSA, é seu amigo pessoal e que o visitou “eventualmente” na empresa. Ele disse nunca ter feito negócios com Mente.
Vaccari disse que não conhece o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa e que, entre 2005 e 2006, época da operação com o Petros, não era tesoureiro do PT, mas sindicalista. Ele lamentou a acusação do depoente, segundo a qual, “possivelmente”, tratava de fundos de pensão na CSA.
O tesoureiro também afirmou que está à disposição da Justiça para eventuais esclarecimentos.
Já a empresa Mendes Junior, citada no depoimento de Carlos Alberto Costa à PF, afirmou por meio de nota que todos os seus contratos “são feitos estritamente de acordo com as normas legais.” O Grupo Sanko, ao qual pertence a empresa Sanko Sider, por sua vez, divulgou nota na qual afirma “estranhar” a insistência em tentarem associá-la a “atos e atividades com as quais não temos nenhuma relação”.
“O Grupo Sanko, conforme já reiterou, não tem e nunca teve contas bancárias no Exterior. Todos os pagamentos do Grupo Sanko foram feitos, sem qualquer exceção, por intermédio do Banco Central do Brasil, e devidamente auditados pela Receita Federal. Eventuais dúvidas a respeito das operações do Grupo já foram pronta e devidamente esclarecidas, com toda a documentação necessária, às autoridades competentes.
Continuamos estranhando a insistência em tentarem nos associar a atos e atividades com as quais não temos nenhuma relação”, afirma a nota.
O Estado não conseguiu ontem contato com o Petros, Adarico Negromonte e Cláudio Mente. Também não foi localizado Humberto Grault.

INVESTIGAÇÃO: TCU vai investigar se houve ‘dissimulação de patrimônio’ de Graça e Cerveró

De OGLOBO.COM.BR
POR VINICIUS SASSINE, ANDRÉ DE SOUZA E ISABEL BRAGA

Auditores pedirão certidões aos cartórios; oposição pede anulação de doações e 
Augusto Nardes, presidente do TCU - O Globo / Ailton de Freitas/26-09-2013
BRASÍLIA — O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, determinou nesta quinta-feira que os auditores responsáveis pelo processo sobre a refinaria de Pasadena solicitem aos cartórios do Rio os registros das doações de imóveis a parentes feitas pela presidente da Petrobras, Graça Foster, e pelo ex-diretor Nestor Cerveró. Nardes se reuniu ontem, no Rio, com o secretário de Controle Externo de Estatais do TCU, Osvaldo Perrout, e pediu que os dados oficiais sejam obtidos para que se verifique se houve “dissimulação” do patrimônio na iniciativa de Graça e Cerveró.
Na quarta-feira, a votação do pedido de bloqueio de bens da presidente da Petrobras foi adiada em razão da revelação feita pelo GLOBO sobre a doação de imóveis. Os ministros decidiram, então, que uma diligência será realizada para comprovar a veracidade das informações.
O relator do processo, ministro José Jorge, prometeu colocar a questão do bloqueio de bens de Graça em votação já na próxima quarta-feira. A tendência é que ele não espere a conclusão da diligência, para que o processo não atrase ainda mais e por entender que as explicações já apresentadas por Graça e Cerveró confirmam a transferência do patrimônio. Nardes e Jorge devem se reunir amanhã para discutir se o melhor é pautar a questão já na próxima sessão.
— Como presidente, tomei providência sobre a diligência deliberada em plenário. Precisamos primeiro comprovar, para depois avaliar se foi dissimulação. O fato é grave, se comprovado. Isso criou um impacto negativo muito grande dentro do tribunal. O processo de tomada de contas especial é longo. Esse é apenas o início do aprofundamento dessa questão, e medidas ainda poderão ser tomadas mais à frente — disse Nardes.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno, protocolou um pedido para que seja anulada a doação de imóveis de Graça e Cerveró. O requerimento foi enviado ao procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Paulo Bugarin. Para Bueno, as doações se configuram “fraude contra os credores em caso de uma futura responsabilização cível”. Pelo requerimento, a anulação da transação se daria por meio de ajuizamento de ações judiciais, diante de atos “claramente lesivos ao patrimônio da União”. O MP junto ao TCU pode pedir a anulação e o plenário pode determinar a medida, uma vez que já houve decisão do colegiado no sentido de bloquear os bens de dez gestores e ex-gestores da Petrobras.
PSDB VÊ CRIME DE FRAUDE PROCESSUAL
Em outra frente, o PSDB anunciou que pediu à Procuradoria Geral da República que seja aberta investigação de suposto crime de fraude processual. Outros parlamentares da oposição também defenderam que Graça Foster não tem mais condições de se manter no cargo.
— Toda essa movimentação se configura como uma obstrução ao trabalho da Justiça. Eles empreenderam a ação de ocultamento e repasse de patrimônio. É um ato gravíssimo que só suja ainda mais sua gestão à frente da empresa. Graça Foster perdeu a condição de continuar na presidência da Petrobras — afirmou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
— Se não tivessem a proteção política que têm, isso seria motivo para decretar a prisão preventiva — disse o líder do Solidariedade, Fernando Francischini (PR): — A presidente Dilma, tendo daqui a alguns dias o patrimônio (de Graça Foster) bloqueado, e tentando fraudar a decisão do TCU, não tem mais condição de mantê-la na presidência da Petrobras. Agora, na dialética petista, isso não é motivo para tirar ninguém.

DENÚNCIA: Sertaneja diz que ganhou prótese antes de gravar com Dilma para TV

Do FOLHA.COM
JOÃO PEDRO PITOMBO, ENVIADO ESPECIAL A PAULO AFONSO

Uma moradora do sertão da Bahia recebeu dentes novos um dia antes de gravar imagens com a presidente Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (21), para a propaganda de sua campanha à reeleição.
A trabalhadora rural Marinalva Gomes Filha, 46, da zona rural de Paulo Afonso e beneficiária do programa Água para Todos, disse à Folha que a prótese, com dois dentes da frente, fora dada por Dilma.
"Tudo que tenho aqui foi Dilma que me deu", disse Marinalva, conhecida como dona Nalvinha. Ela afirmou que a prótese dentária também estava entre os benefícios.
João Pedro Pitombo/Folhapress 
Dona Nalvinha, 43, que diz ter recebido uma prótese dentária 'do pessoal da Dilma' na Bahia
No fim da tarde, após a gravação com Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e depois de a Folha questionar a campanha do PT a respeito, ela mudou a versão.
Disse que tinha sido chamada por um dentista que atende num centro odontológico da prefeitura. Segundo ela, o dentista afirmou que ela iria pôr os dentes "para receber a presidente Dilma".
Além da prótese dentária, dona Nalvinha também teve um fogão à lenha ampliado na semana da chegada da presidente. Um muro foi construído ao lado do fogão, para protegê-lo contra o vento.
A construção do fogão, assim como duas cisternas instaladas em sua casa, fazem parte de um convênio firmado pelo governo federal e pelo governo petista da Bahia com a ONG Aghenda. Dona Nalvinha é a única moradora do povoado de Batatinha que já ganhou fogão à lenha.
Os vizinhos Denise Lima da Silva, 23, e Arvaldo Gomes Filho, 40, disseram que receberam promessas da ONG, mas ainda não têm os fogões.
A visita à comunidade, que constava da agenda oficial da presidente, também teve a participação de Lula. Emocionada, dona Nalvinha afirmou que, para ela, Dilma é uma "mãe" e Lula, um "pai". Serviu carne de bode aos dois.
O secretário de Saúde de Paulo Afonso, Alexei Vinícius, disse não ter informações sobre a prótese dentária de Nalvinha. Mas afirmou que a unidade de saúde local "certamente seguiu o fluxo normal de atendimentos".
Fundadora da ONG Agendha, Valda Aroucha disse que a instalação dos "fogões ecológicos" é feita por etapas e contemplará outras famílias.
A assessoria da campanha da presidente negou ter solicitado a prótese e o fogão para a gravação do programa eleitoral. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que acompanhou Dilma e Lula em Paulo Afonso, disse que "todo mundo bota roupa bonita para receber a presidenta".

INVESTIGAÇÃO: PF faz buscas da Operação Lava Jato no Rio

Do ESTADAO.COM.BR
ANDREZA MATAIS - O ESTADO DE S. PAULO

Na sexta fase da investigação sobre lavagem de dinheiro, policiais cumprem mandados de busca em empresas ligadas a ex-diretor da Petrobrás
Brasília - A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira, 22, 11 mandados de busca e apreensão, além de um mandado de condução coercitiva, no âmbito da Operação Lava Jato, em sua sexta fase de diligências ostensivas. Todos os mandados estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro. Os mandados envolvem pessoas de empresas ligadas ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.
As medidas foram requeridas ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) pelos integrantes da Força Tarefa do Ministério Público Federal, em trabalho conjunto com a Polícia Federal, e abrange o núcleo de empresas vinculadas a Paulo Roberto Costa e seus familiares. A condução coercitiva é de um sócio do genro de Paulo Roberto, apurou o Estado.
A operação Lava Jato desarticulou uma quadrilha comandada por doleiros, entre eles Alberto Youssef, e o ex-diretor da Petrobrás – ambos presos durante a operação. O esquema é acusado de realizar lavagem de dinheiro e corromper serviços públicos, entre outros problemas. Os mandados que estão sendo cumpridos hoje são para apurar suspeitas de envolvimento do grupo criminoso com contratos da Petrobrás.

ELEIÇÕES: Marina diz que, eleita, só governará por 4 anos

Do UOL
Josias de Souza

Até a semana passada, Marina Silva era vice de um presidenciável estacionado abaixo dos 10% nas pesquisas de opinião. Decorridos oito dias da morte de Eduardo Campos, ela reuniu os presidentes de cinco partidos de sua coligação. Esboçou a estratégia que adotará para passar ao segundo turno e vencer a eleição. Disse que busca uma aliança com a sociedade, não com as forças políticas tradicionais. Informou que, se prevalecer, governará o Brasil apenas por quatro anos. Não há hipótese de concorrer à reeleição, realçou.
O encontro ocorreu nesta quinta-feira (21), em Brasília. Compareceram representantes do PSB, PPS, PPL, PHS e PRP. O PSL, que hesita em permanecer na coligação, não deu as caras. A conversa foi franca. A certa altura, o deputado Roberto Freire, que preside o PPS, disse que um dos objetivos da coligação, que era o de levar a eleição para o segundo round, já foi alcançado. Acrescentou que, diante da chance real de Marina medir forças com Dilma Rousseff, era preciso começar a considerar a necessidade de costurar alianças futuras.
Marina evocou a sucessão de 2010, quando obteve quase 20 milhões de votos cavalgando apenas a estrutura do PV. Freire ponderou que, a despeito do desempenho surpreendente, Marina não disputava com chances reais de êxito. Agora é diferente, ele disse. A hipótese de chegar ao Planalto deixou de ser um sonho. E as alianças já não têm utilidade apenas eleitoral. Acha que Marina precisa equipar-se para governar o país. Disse acreditar que é possível negociar acordos sob as regras da política tradicional sem trair princípios caros à candidata.
Conforme relatos de participantes do encontro, Marina mencionou o descrédito da velha política junto à opinião pública. E insistiu: a aliança que importa no momento é com a sociedade, não com os partidos. Levado à reunião por Roberto Amaral, presidente do PSB, o deputado “socialista” Márcio França, candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin, afirmou que Marina não precisa escalar o palanque do governador tucano. Mas disse que, num segundo turno, um entendimento com Alckmin, principal liderança de São Paulo, seria incontornável. Marina silenciou.
Minutos antes, Marina dissera que “o doutor Márcio França” pronunciara a melhor frase sobre o comportamento a ser adotado por ela depois de ter substituído Eduardo Campos na cabeça da chapa da coligação comandada pelo PSB. Ecoando França, Marina disse que não irá a nenhum lugar que já não iria antes. Ou seja: nos Estados, só fará campanha ao lado de políticos com os quais esteja afinada. Alguns dos presentes enxergaram nas entrelinhas de declarações feitas por Marina no encontro espaço para uma evolução das posições políticas da candidata.
Por exemplo: Marina declarou que a morte de Eduardo Campos deixara lições. Um de seus legados foi a mobilização do povo para ideais positivos. Algo que ela pretende honrar e potencializar. Acrescentou que, constrangidos, os representantes da velha política não compareceram ao velório do ex-companheiro de chapa. Vivo, Campos dizia que mandaria para a oposição as “raposas da política”. Citava expressamente os peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney, que não estiveram no seu enterro.
Num esforço de interpretação, alguns dos participantes da conversa concluíram que Marina deixou subentendido que exclui do rol das lideranças arcaicas os personagens que foram ao funeral. Entre eles os tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves, além do petista Lula. De resto, Marina repetiu durante a conversa algo que já dissera sob holofotes. Acha possível governar o país com os melhores quadros partidários, inclusive os do PT e do PSDB. Mesmo no PMDB há pessoas valorosas, ela afirmou, aparentemente referindo-se a gente como Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos.
Marina disse mais: chegando à Presidência, não pretende ser uma mera gerente. A Dilma é uma gerente, afirmou, e veja no que deu. Entregará o país pior do que recebeu, declarou, ecoando uma das frases preferidas de Eduardo Campos. Na sequência, Marina insinuou que, eleita, buscará inspiração em três personagens. O Itamar Franco, sob cuja presidência o Plano Real foi concebido, não era um gerente, afirmou. O Fernando Henrique Cardoso também não era um gerente, acrescentou. O Lula tampouco foi um mero gerente, finalizou.
Como que decidida a demonstrar que não tem aversão gratuita pelo tucanato, Marina recordou que, na sucessão de 2010, reconheceu a importância histórica do “professor Fernando Henrique” num momento em que até o PSDB o ignorava. As observações da candidata deixaram uma impressão positiva nos seus interlocutores. Restou a sensação de que a “nova política” de Marina não resultaria num governo sectário, avesso a composições.
A reunião ocorreu contra um pano de fundo envenenado. Secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira deixou o recinto para informar, sob refletores, que rompeu com Marina. Alegou que a substituta de Eduardo Campos fora grosseira com ele na véspera. Criticou-a asperamente por querer “mandar no partido” que a hospedou. E anunciou que decidira deixar a coordenação-geral da campanha.
Respirava-se na sede brasiliense do PSB um ar pesado. Que foi sendo dissolvido ao longo do dia num caldeirão que misturava dados de pesquisa interna feita pelo partido e notícias sobre as reações dos comitês rivais de Dilma e Aécio. Sondagem telefônica nacional encomendada pelo PSB informou: 1) Marina já estaria empatada com Dilma no primeiro turno; 2) Aécio definha. Levantamentos análogos feitos pelo petismo e pelo tucanato também já teriam detectado a súbita conversão de Marina em fenômeno eleitoral.
À tarde, o deputado Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina, negou que a candidata tivesse tratado o correligionário Carlos Siqueira desrespeitosamente. E informou que se oferecera para exercer a coordenação-geral da campanha temporariamente, até que o PSB encontrasse um substituto para Siqueira. Nem precisou. À noite, Roberto Amaral, o presidente da legenda, informou por meio de nota oficial que a deputada Luiza Erundina, por quem Marina tem grande apreço, será a nova coordenadora.
Antes da divulgação da nota, Roberto Amaral, Márcio França e o próprio Carlos Siqueira tropeçaram casualmente em Marina no aeroporto de Brasília. Todos voariam para São Paulo. Por coincidência, no mesmo avião. Siqueira tomou distância. Amaral e França trocaram um dedo de prosa com a candidata. No interior do avião, dispersaram-se — Marina sentou-se no fundão. A troica do PSB ficou mais à frente.
A candidata foi festejada por eleitores em todos os estágios da viagem — antes do embarque, dentro da aeronave e no desembarque. A disposição do PSB para a briga diminui na proporção direta do crescimento do prestígio de Marina.

DIREITO: STF - Ausência de acusado em interrogatório judicial não legitima prisão cautelar

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu pedido de reconsideração formulado nos autos do Habeas Corpus (HC) 123043 em favor de M.F.R.J. para suspender cautelarmente, até o final do julgamento da presente ação, a eficácia do decreto de prisão preventiva determinado contra o acusado pela 2ª Vara Federal de Araraquara (SP). Com isso, o ministro determinou a expedição do alvará de soltura.
No dia 9 de maio de 2007, M.F.R.J. foi denunciado, com base nos artigos 33 e 35, da Lei 11.343/06, por suposta prática dos crimes de associação para o tráfico e tráfico de drogas.
“Entendo que se justifica o acolhimento do pleito em questão”, ressaltou o ministro Celso de Mello. Para ele, a ausência do acusado a atos relacionados à instrução probatória, como o interrogatório judicial, não legitima, só por si, a decretação da prisão cautelar do réu. Nesse sentido, ele citou como precedente o julgamento do Supremo no HC 95999. O relator observou que nem mesmo a eventual decretação da revelia do acusado autorizaria a utilização da medida excepcional da privação cautelar da liberdade.
Em sua decisão, o ministro Celso de Mello enfatizou que, tratando-se de interrogatório judicial, “o não comparecimento do réu não constitui fundamento suficiente para legitimar a decretação da prisão cautelar do acusado, pois este – como se sabe – sequer está obrigado a responder às perguntas formuladas pelo magistrado (artigo 186, caput, Código de Processo Penal), considerado o direito fundamental, que assiste a qualquer pessoa sob persecução penal, de permanecer em silêncio”. O relator lembrou a jurisprudência da Corte quanto a matéria: HCs 79812, 94016, 94601, 99289, entre outros.
Segundo ele, o acusado buscou justificar os motivos de sua ausência ao interrogatório judicial, “não obstante inafastável a sua prerrogativa fundamental de exercer, sem qualquer consequência negativa, o direito ao silêncio (artigo 186, parágrafo único, CPP)”. Por fim, o ministro registrou que a afirmação de reiteração criminosa “também não se revela bastante, só por si, para justificar a imposição, ao réu, da privação cautelar de sua liberdade individual, eis que, como não se desconhece, tal fundamento tem sido desautorizado pelo magistério jurisprudencial desta Corte Suprema (HC 93790)”.
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DIREITO: STF - Vantagem de caráter geral pode ser concedida a servidor inativo, decide STF

Foi negado provimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Recurso Extraordinário (RE) 596962, com repercussão geral, no qual o Estado de Mato Grosso questiona decisão da Justiça local quanto a remuneração de servidora pública estadual aposentada. No caso, o poder público alega que a chamada verba de aprimoramento de docência, instituída por lei estadual, só poderia ser dirigida a professores em atividade.
De acordo com o relator do RE, ministro Dias Toffoli, a verba de incentivo ao aprimoramento à docência, instituído pela Lei Complementar 159/2004, de Mato Grosso, “constitui vantagem remuneratória concedida indistintamente aos professores ativos”. Assim, afirmou, pode ser extensível aos inativos.
Como trata-se de RE com repercussão geral reconhecida, em tema repetitivo, o ministro fixou quatro teses sobre o julgado, citando precedente do STF, de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, segundo o qual as vantagens de caráter universal são extensíveis aos aposentados.
Nas diretrizes fixadas, o ministro ressalta, entre outros aspectos, a observação de regras de transição introduzidas pelas Emendas Constitucionais (ECs) nº 41/2003 e 47/2005. Segundo sua proposta, as vantagens de caráter geral, por serem genéricas, são extensíveis aos inativos, regra que se aplica aos servidores que tenham ingressado no serviço público antes da publicação da EC nº 20/1998 e se aposentado ou adquirido o direito à aposentadoria antes da EC 41.
Seu voto foi acompanhado por unanimidade, vencido parcialmente o ministro Marco Aurélio, que se pronunciava sobre o caso concreto, mas não adotava as diretrizes listadas pelo ministro relator.
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| 2010 |