sexta-feira, 23 de setembro de 2011

DIREITO: Inconstitucional lei de cotas para afrodescendentes em concursos públicos

Do MIGALHAS


O TJ/ES declarou a inconstitucionalidade da lei do município de Vitória que estabelece reserva de 30% das vagas em concursos públicos para afrodescendentes. A ação de inconstitucionalidade foi impetrada pelo MPE em desfavor da Câmara Municipal de Vitória, que deflagrou a lei 6.225/04 (clique aqui).
O julgamento da ação teve início em dezembro de 2010, quando o desembargador Samuel Meira Brasil Júnior, relator do processo, julgou improcedente o pedido do MP, alegando que a política de cotas é legítima e se baseia no Estatuto da Igualdade Racial, que estabelece que raça é um conceito social. Além disso, o relator destacou o princípio da justiça e da redução das desigualdades sociais, lembrando que a maior parte da população pobre é formada por afrodescendentes.
Após a leitura do voto do relator, diante da complexidade do tema, o desembargador Annibal de Rezende Lima pediu vista dos autos, retornando o julgamento em julho deste ano e acompanhando o entendimento do relator. Porém, o julgamento foi adiado novamente após o pedido de vista do desembargador Arnaldo Santos Souza, que proferiu seu voto divergente na tarde de hoje.
Segundo o desembargador Arnaldo Santos Souza, não é a cor da pele que desvaloriza a capacidade intelectual do cidadão. "Não é a tonalidade da pele que impossibilita os afrodescendentes de ingressarem no serviço público municipal, mas sim a precária situação econômica. Eu não vejo motivos para aceitar as cotas no serviço público".
Também de acordo com o desembargador Arnaldo, a reserva de vagas para afrodescendentes pode gerar problemas. "Na medida em que institui a consciência estatal da raça, a reserva de vagas promove a ofensa arbitrária ao princípio da igualdade, gerando discriminação reversa em relação aos brancos pobres, além de favorecer a classe média negra, que não seria a mais carente dos benefícios estatais".
Dessa forma, o desembargador Arnaldo Santos Souza julgou procedente a ação de inconstitucionalidade. Após a leitura do voto divergente, o desembargador Álvaro Manoel Rosindo Bourguignon, que acompanhou a divergência, comentou sobre a reserva de vagas. "Ela viola frontalmente a Constituição brasileira. Não podemos nem privilegiar nem colocar à margem um grupo pela sua cor. As políticas sociais devem ser voltadas para pessoas com baixa renda".
Além disso, o desembargador Álvaro questionou como se dá a afrodescendência. "A afrodescendência se dá pela cor da pele? Quem serão os privilegiados? A reserva de vagas gera um conflito racial que, se existe atualmente, é mínimo. Defender isso é decretar a separação, a segregação e o racismo".
Por maioria de votos, foi julgada procedente a ação de inconstitucionalidade. Os desembargadores que acompanharam o entendimento do desembargador Arnaldo Santos Souza são os seguintes: Manoel Alves Rabelo, Adalto Dias Tristão, Álvaro Manoel Rosindo Bourguignon, José Luiz Barreto Vivas, Carlos Roberto Mignone, Ney Batista Coutinho, Carlos Simões Fonseca, Namyr Carlos de Souza Filho, Dair José Bregunce de Oliveira e Telêmaco Antunes de Abreu Filho.
Processo : 100.07.002354-2

SAÚDE: Cidade Escola Panamericana comunica aos pais segundo caso de meningite viral

Da TRIBUNADABAHIA.COM.BR


A escola Pan American School of Bahia, localizada em Patamares, enviou uma nota aos pais dos alunos informando sobre uma segunda criança do nível Elementar, que contraiu meningite do tipo viral.

No comunicado, a instituição de ensino fundamental, que funcional nos moldes norte-americano, pede aos responsáveis que não levem seus filhos à aula caso seja constatado qualquer sintoma da doença, como dor de cabeça, febre, vômitos, letargia, endurecimento do pescoço, sonolência, intolerância à luz, dor nas juntas, convulsões e septicemia.

A Escola Panamericana é considerada a unidade de ensino particular mais cara de Salvador.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde a instituição ainda não entrou em contato com a Vigilancia Epidemiológica, mas, com o conhecimento do problema através da imprensa, uma equipe do órgão vai a escola ainda hoje para fazer a verificação e saber onde estão os estudantes diagnosticados.

Quanto a quimioprofilaxia - procedimento realizado com antibióticos para evitar novos contágios -, a assessoria descartou a necessidade, já que se trata da meningite viral, o tipo mais leve.

EDUCAÇÃO: OAB fará mudanças no exame da ordem

Do BAHIA NOTÍCIAS


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instaurou uma comissão para implementar mudanças no exame da ordem – entre elas, a inclusão de questões sobre ciências política e direitos humanos. De acordo com a Folha, a intenção é que a primeira prova de 2012 já seja renovada. Está prevista a inclusão de conteúdos do chamado “eixo de fundamentos do direito”, que inclui as disciplinas de filosofia e sociologia geral e jurídica, psicologia, antropologia, economia e ética geral e profissional. A medida, segundo o presidente do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante, é uma resposta às críticas feitas à prova. "Os coordenadores de cursos em todo o Brasil são unânimes em criticar o exame por não ser voltado a advogados que tenham uma visão crítica e que saibam situar a advocacia dentro de uma análise mais global", afirmou.

DIREITO: OAB baiana abre fogo contra corregedor do TJ baiano no CNJ

Do POLÍTICA LIVRE


O presidente da OAB baiana, Saul Quadros, juntamente com o secretário-geral adjunto da Ordem, André Godinho, e o conselheiro federal Rui João Ribeiro, apresentou na última terça-feira (20), em Brasília, representação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra ato do corregedor-geral de Justiça do Estado da Bahia, desembargador Jerônimo dos Santos. No documento, eles pedem a suspensão dos efeitos de uma medida baixada por Santos que criou novas exigências para a distribuição de petições iniciais no Tribunal baiano. A representação da OAB-BA destacou que a Corregedoria não pode criar novos pressupostos de admissibilidade para petição inicial, uma vez que a matéria processual é de competência do Congresso Nacional, nem tampouco delegar poderes decisórios aos servidores da distribuição, pois viola o artigo 93, da Constituição Federal.

POLÍTICA: JAC paralisa abertura de fábrica no Brasil

Do BAHIA NOTÍCIS

por James Martins


A montadora chinesa JAC Motors, uma das mais prejudicadas pelo aumento da alíquota do IPI, acusou o Brasil de desrespeitar as diretrizes da Organização Mundial do Comércio e confirmou ter congelado os planos para abrir uma fábrica no país. "A forma como o governo brasileiro aumentou o imposto é uma séria violação aos princípios básicos da OMC", disse a empresa ao jornal Folha de São Paulo.
"A política descontínua, irracional e parcial brasileira minou fortemente a confiança da JAC e de outras montadoras em investir no Brasil. Portanto, a JAC se vê obrigada a reavaliar sua decisão de investimento no Brasil", afirma a empresa. A montadora chinesa diz que a medida não previu um período de adaptação e cita três supostas violações do Brasil às linhas gerais da OMC: acesso a mercado, concorrência justa e não discriminação. A JAC avalia que o Brasil adotou a medida visando limitar os carros chineses, prejudicando a concorrência justa.

James Martins é Secretário de Industria e Comércio do Estado da Bahia

CIDADE: Blitzes da lei seca voltam a ser realizadas nesta sexta

Do POLÍTICA LIVRE


As blitzes da lei seca voltam a acontecer em Salvador a partir desta sexta-feira, 23. Para evitar imprevistos, motoristas começaram a se movimentar e reunir amigos para combinar os conhecidos rodízios. O advogado Bruno Soares Ferreira, 34 anos, já conseguiu organizar a saída do sábado de modo que possa consumir bebida alcoólica despreocupado. “Sempre me encontro com amigos de infância em um barzinho no Rio Vermelho. Este final de semana, vou levar minha noiva. Ela não bebe”, justificou. Segundo o diretor de trânsito da Superintendência de Transportes (Transalvador), Renato Araújo, as blitzes vão acontecer em dois pontos, das 23h às 4h, sexta e sábado e domingo à tarde. Doze policiais militares e 12 agentes municipais estão escalados para as operações. “Não podemos divulgar os dois pontos. A princípio esta é a estrutura da ação. Caso haja necessidade de ampliar a operação para toda a semana, nós faremos”, completou Araújo.

Leia mais em A Tarde.

TEMPO: Bahia tem 72 cidades em situação de emergência por conta da seca

Do POLÍTICA LIVRE


A estiagem no semiárido baiano até esta sexta-feira já fez 72 cidades decretarem estado de emergência, informa a Coordenaria Estadual de Defesa Civil (Cedec), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). Nos últimos oito dias, dez cidades solicitaram ajuda emergencial para o estado, segundo o coordenador adjunto Paulo Sérgio Luz, do Cedec. A Bahia chega a ter média de mais de 200 cidades com situação de emergência todos os anos. Atualmente, a Cedec aponta o entorno de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, formado por 27 cidades, como uma das regiões mais afetadas pela estiagem nesse período do ano. Porém, a região oeste também é preocupante, segundo a Cedec, devido aos 150 dias consecutivos sem chuva. “A baixa umidade do ar nesses locais também tem causado incêndios florestais”, indica o coordenador. Leia mais no G1.

GESTÃO; Levantamento aponta 512 supersalários no Judiciário

Do POLÍTICA LIVRE


Parte dos servidores do Judiciário engrossa o corpo de políticos, autoridades e funcionários públicos que ganham mais que o teto constitucional, hoje fixado em R$ 26.723,13. Estudos elaborados exatamente por funcionários públicos da Justiça e do Ministério Público encontraram 512 servidores ganhando mais que o subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Os servidores fazem parte do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos tribunais regionais federais da 2ª, 3ª e 4ª Região. No tribunal de Justiça do DF, por exemplo, um analista judiciário ganhou R$ 32.612 em dezembro passado, já descontados os valores referentes a 13º, férias e auxílios. Outros cinco funcionários ganharam cerca de R$ 31 mil naquele mês.

Leia mais no Congresso em Foco.

ECONOMIA: Presidente do BC diz que país está pronto para intervir no câmbio

Do UOL Economia, em São Paulo

O Brasil está preparado para intervir nos mercados de câmbio de modo a conter a volatilidade do real, disse o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, nesta sexta-feira.
"Nós estamos prontos para intervir para assegurar que os mercados de câmbio funcionem apropriadamente", disse Tombini a investidores em Washington.
Medida
O BC realizou nesta quinta-feira (22) um leilão de swap cambial, operação que equivale à venda de dólar no mercado futuro. O objetivo era segurar a alta do dólar que chegou a subir 5% e bater no patamar de R$ 1,95.O BC também divulgou um comunicado no qual informava que entra de vez na briga para conter a extremada volatilidade do câmbio.Foram colocados 55.075 contratos de swap, entre 112.290 ofertados. A operação movimentou US$ 2,7 bilhões.
(Com informações de reuters e Valor)

POLÍTICA: Lula amarra PSB com eleição de Ana Arraes ao TCU

Do ESTADÃO.COM.BR

CRISTIANE SAMARCO - Agência Estado

Não foi a vaga de ministro do Tribunal de Contas de União que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a mergulhar na ofensiva política conduzida pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para eleger sua mãe e deputada Ana Arraes para o TCU. Com o PSDB do senador Aécio Neves (MG) fazendo a corte ao governador e presidente nacional do PSB, o que Lula queria era `amarrar'' Campos ao PT.
Foi o próprio Lula quem revelou seu objetivo tático na operação TCU em conversa com um correligionário. Questionado sobre se a vitória não deixaria Campos "forte demais", na condição de comandante de uma articulação nacional e suprapartidária bem sucedida, o ex-presidente foi direto ao ponto: "Não. Isso vai prendê-lo ainda mais ao nosso lado".
O secretário de governo de Pernambuco e deputado Maurício Rands (PT), que trabalhou votos até a última hora no plenário da Câmara para eleger Ana Arraes, diz não ter dúvida de que "o grande significado político da eleição foi reforçar a parceria progressista do PT com o PSB no âmbito da grande aliança que dá sustentação ao governo Dilma Rousseff". Ele entende que o fato é relevante porque dá mais equilíbrio interno à base governista e aproxima os dois partidos nas eleições municipais.
"PT e PSB saem muito mais próximos deste episódio", concorda o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, grato pela votação maciça dos petistas em Ana Arraes, a despeito da ala comandada pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), ter apoiado o adversário Aldo Rebelo (PC do B-SP). Nas contas dos socialistas, mais de dois terços da bancada do PT votou na candidata do partido.
O PSDB também ficou majoritariamente com Ana Arraes, mas a avaliação no tucanato é que nenhuma ala tem o que comemorar. De um lado, perderam os serristas que votaram em Aldo Rebelo. De outro, os aecistas que apostaram em parcerias futuras com o PSB de Campos tiveram de amargar derrota dupla.

POLÍTICA: Com só um deputado, CCJ aprova 118 projetos em 3 minutos

De O GLOBO,COM.BR

Evandro Éboli, O Globo


A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, numa sessão meteórica de pouco mais de três minutos, aprovou, na manhã de [ontem], 118 projetos. O deputado Luiz Couto (PT-PB), o único presente, foi chamado com urgência na comissão para ter pelo menos um parlamentar no plenário da CCJ. Quem presidiu a sessão foi o deputado Cesar Colnago (PSDB-ES), terceiro vice-presidente. Quando Couto chegou, Colnago declarou: "havendo número regimental, declaro aberta a reunião".
Para abrir uma sessão na CCJ, a mais numerosa e mais importante da Câmara, são necessárias assinaturas de 36 deputados. Esse quórum existia, mas todos assinaram e foram embora, como ocorre em todas quintas-feiras.
Os projetos foram votados em quatro blocos: de 38 (concessão de radiodifusão), de 09 (projetos de lei), de 65 (renovação de concessão de radiodifusão) e de 06 (acordos internacionais). A cada rodada de votação, Colnago consultava o plenário, como se estivesse lotado.
- Os deputados que forem pela aprovação, a favor da votação, permaneçam como se encontram.
Sentado na primeira fileira, Luiz Couto nem se mexia.
Em outro momento, Colnago fez outra consulta ao plenário:
- Em discussão. Não havendo quem queira discutir, em votação. Aprovado!
Declarada encerrada a sessão, Colnago dirigiu-se a Couto:
- Um coroinha com um padre, podia dar o quê?!
Couto é padre e Colnago revelou ter sido coroinha na infância.
A secretária da CCJ também fez um comentário:
- Votamos 118 projetos!
E Colnago continuou, falando com Couto:
- Depois diz que a oposição não ajuda...
Além das centenas de concessões e renovações de radiodifusão, a CCJ aprovou, neste pacote, acordos bilaterais do Brasil com a Índia, Libéria, Congo, Belize, Guiana e República Dominicana. Entre os projetos de lei, há um que trata de carteira de habilitação especial para portadores de diabetes e até a regulamentação da profissão de cabeleireiro, manicure, pedicure e "profissionais de beleza em geral".

ECONOMIA: Após medida do BC, dólar opera em baixa; Bolsa também cai

Do UOL Economia, em São Paulo

No primeiro dia após a intervenção do Banco Central (BC) para segurar a alta da moeda norte-americana, a cotação do dólar comercial operava em baixa nesta sexta-feira (23).
Às 10h15, a moeda norte-americana caía 0,82%, vendida a R$ 1,884
(veja no UOL gráfico com as últimas atualizações). O euro tinha desvalorização de 0,8%, a R$ 2,543.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) tem forte baixa de 0,26%, aos 53.143,84 (
siga no UOL Economia gráfico da Bovespa com atualização constante). Veja ainda no UOL a cotação das ações e fechamentos anteriores da Bolsa.
Bolsas da Ásia
As
Bolsas de Valores asiáticas fecharam em baixa, por temores de uma nova recessão no mundo desenvolvido, com a promessa de estabilidade financeira do G20 falhando em impressionar os investidores.
Os países do G20 dissseram, em comunicado, que vão "tomar todas as ações necessárias" para acalmar o sistema financeiro global e que os bancos centrais estão prontos para fornecer liquidez.
Mas os preços dos metais desabaram no pregão asiático em meio à preocupação de que o cenário econômico fraco possa sinalizar queda da demanda industrial.
Profissionais do mercado disseram que qualquer retomada do mercado induzida pelo G20 será temporária.
G20
O
G20 promete uma resposta "forte e coordenada" à crise e está determinado a "sustentar o crescimento", destaca um comunicado obtido na noite desta quinta-feira (22) pela "AFP", ao final de um jantar de trabalho entre ministros das 20 economias mais fortes do planeta.Os ministros das Finanças do G20 prometem ainda apoiar as instituições financeiras, com "os bancos centrais mantendo a liquidez necessária (...) e políticas monetárias visando à estabilização dos preços e à retomada do crescimento econômico".
(Com informações de Reuters )

ECONOMIA: Emergentes admitem que não vão escapar de crise

Da FOLHA.COM.BR

Para FMI e Banco Mundial, países estão menos preparados do que em 2008

Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul estão preocupados com queda dos preços das commodities e câmbio

LUCIANA COELHO, DE WASHINGTON


Desta vez, os países emergentes não escaparão da crise econômica mundial caso ela se agrave, disseram ontem os ministros da Economia dos Brics e os chefes do FMI e do Banco Mundial.

Após dias de foco nas economias avançadas, a atenção na reunião anual do FMI, em Washington, recaiu ontem sobre os emergentes.

Do lado dos próprios países, há uma preocupação com a queda dos preços das commodities e o câmbio.

Do lado dos organismos internacionais, adverte-se contra a queda da demanda e o protecionismo nos países que puxaram a recuperação da economia global após as turbulências de 2008.

"Se essa crise se agravar, ela vai envolver os Brics e os países emergentes menos avançados", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao lado de seus colegas dos Brics -Rússia, Índia, China e África do Sul.

"Corremos o risco de uma redução do comércio mundial. O preço das commodities está caindo, o que vai enfraquecer o crescimento dos nossos países, e corre-se o risco de termos uma crise de grandes proporções", afirmou Mantega.

Os prospectos para a economia mundial, segundo o FMI, não são bons. "Vemos risco de piora no horizonte", afirmou a diretora-gerente do fundo, Christine Lagarde.

Embora Mantega tenha considerado a desvalorização das moedas dos emergentes "normal" - o dólar no Brasil avançou quase 19% no mês - por ora, ele admitiu que "não se sabe a que nível [a queda] vai chegar".

Seu colega indiano, o ministro Pranab Mukherjee, porém, acha que "o peso dos países emergentes cresceu, e suas moedas deveriam se apreciar". A rupia, moeda indiana, registrou ontem sua pior queda em 15 anos.

DESPREPARADOS

Para o americano Robert Zoellick, à frente do Banco Mundial, "os países em desenvolvimento não estão tão bem como em 2008 para aguentar outro choque".

"Seus orçamentos não estão tão robustos a ponto de eles saírem gastando para resolver o problema, alguns estão caminhando em uma corda bamba de política monetária, com as pressões inflacionárias de um lado e esses novos riscos [de outro]."

Já para o FMI, os emergentes tampouco estão fazendo o que considera a sua parte - estimular a demanda.

Outro risco levantado é o de um aumento do protecionismo, que atravancaria o comércio global e poderia retardar a recuperação.

Os Brics, porém, disseram estar comprometidos a derrubar barreiras.

"Sempre que a economia mundial entra em crise, temos uma depressão dos mercados, e aumenta a tentação de medidas protecionistas. Temos de combatê-las", afirmou Mantega. Ele negou que o aumento do IPI sobre os carros importados no Brasil contrarie essa promessa.

ARTIGO: Geleia eleitoral

Do blog do NOBLAT

Por Merval Pereira, O Globo


O encontro do ex-presidente Lula com representantes de alguns partidos da base aliada, tendo o vice-presidente Michel Temer como principal interlocutor do PMDB, gerou alguma ciumeira entre partidos que não foram convidados — PP, PR e PTB, a direita da coalizão governamental.
E também deixou no ar uma proposta de misturar o voto em lista fechada defendido pelo PT e o "distritão" que o PMDB quer, tudo para viabilizar o financiamento público de campanha, que parece ser o grande objetivo de Lula na sua pregação pela reforma política.
Por trás desse empenho do ex-presidente, há uma estratégia eleitoral, pois o PT é o partido que mais recebe votação em legenda, mas também uma manobra política.
Às vésperas do julgamento do mensalão, interessa ao PT estabelecer que todos os problemas que ocorrem nas eleições devem-se ao atual sistema de financiamento eleitoral, que levaria os partidos a usarem o caixa dois, que é no que o ex-presidente quer transformar o mensalão.
A princípio, a estratégia não está dando certo, pois em recente debate sobre o tema dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — Gilmar Mendes e Dias Toffoli — demonstraram receio de que o financiamento público exclusivo, esse sim, leve os candidatos ao financiamento paralelo ilegal.
A proposta do projeto do deputado petista Henrique Fontana, de aceitar também o financiamento privado, mas para um fundo, que seria distribuído igualmente por todos os partidos de acordo com as bancadas eleitas na eleição anterior, não agrada aos partidos de maneira geral.
Primeiro porque alegam que os financiadores privados não gostarão de não saber que candidatos estão ajudando, e depois a distribuição dessa verba beneficiaria o PT e o PMDB, que têm hoje as maiores bancadas, e ajudaria a congelar as representações no Congresso, beneficiando sempre os maiores partidos.
O ministro Gilmar Mendes lembrou ainda que já existe um financiamento público, através do fundo partidário e do horário de propaganda na televisão e no rádio.
Essa proposta de um sistema misto de eleição, com metade sendo eleita pela lista fechada, e metade na eleição majoritária nos "distritões", tem uma complementação na proposta do deputado Alfredo Sirkis, remanescente do grupo da ex-senadora Marina Silva no Partido Verde.
Pela "emenda Sirkis", metade dos deputados federais e estaduais seria escolhida pela lista fechada, com base num cociente partidário ponderando a média entre os votos dados à legenda e os atribuídos aos candidatos dos partidos nas grandes zonas eleitorais.
A outra metade seria eleita nos grandes distritos eleitorais em eleição majoritária, eleitos os mais votados, sem contagem de sobras.
Nesses grandes distritos, o número de candidatos apresentados por cada partido seria inferior em um ao número de cadeiras em disputa.
Os partidos poderiam, a seu critério, apresentar um número de candidatos inferior a esse, e Sirkis acredita que provavelmente o farão.
Os candidatos aos grandes distritos seriam eleitos em primárias ou convenções, usando os mesmos sistemas propostos pelo relatório Fontana para as listas.
O financiamento das eleições nos grandes distritos seria exclusivamente público, com 70% dos recursos distribuídos igualmente entre os candidatos, podendo haver uma margem de negociação para um sistema misto de financiamento.
Seriam criados dois tipos de grandes distritos eleitorais: os estaduais e os municipais.
Os estaduais serviriam para eleger metade dos deputados federais e estaduais; e os municipais, metade dos vereadores.
O desenho territorial desses distritos seria feito nos estados e nos municípios sob a responsabilidade da Justiça Eleitoral, com concurso do IBGE, buscando a maior proporcionalidade possível entre eleitores e cadeiras nos distritos. Nos municípios com menos de cem mil eleitores, a zona seria o município.
O deputado Alfredo Sirkis vê as seguintes vantagens em sua proposta:
a) Introduz um componente de regionalização que aproxima um pouco mais os eleitos da população, barateia custos de campanha e facilita o acompanhamento dos mandatos pelos eleitores.
Esse ponto favoreceria o apoio dos parlamentares favoráveis ao voto distrital. b) Mantém o sistema proporcional na medida em que o voto dado nos grandes distritos continua contando para a eleição proporcional, evitando, assim, a emenda constitucional.
Esse sistema limitaria o alcance e o poder de transferência dos "fenômenos" eleitorais, pois seus votos, embora contando para o cociente partidário, são limitados ao eleitorado da respectiva zona.
Pelo malabarismo que cada grupo está fazendo, é previsível que mais uma vez a reforma política não chegará a bom termo.
Mas o deputado Miro Teixeira pretende simplificar a discussão, levando diretamente ao interessado a questão.
Ele apresentou um projeto de decreto legislativo para que se realize um plebiscito para saber como o povo quer escolher seu representante, "pois qualquer projeto fica sob suspeita de facilitar a eleição dos políticos que o apresentam".
Miro acha que o plebiscito é um constrangimento para os que defendem voto em lista e financiamento público, que já foram rejeitados anteriormente pela reação negativa da opinião pública, que levou à não aprovação do voto em lista fechada.
O plebiscito colocaria em discussão com o público todas as formas eleitorais que estão em debate e mais a opção de não mudar nada.
Quem é que disse que o povo quer mudar?, indaga Miro.
Se for porque o Lula quer, então ele que vá defender seu projeto no plebiscito, desafia o deputado do PDT, que se oferece para um debate público com Lula para criticar o voto em lista e o financiamento público.

ARTIGO: A falácia do aparelhamento e o papel do Estado

Do blog do NOBLAT

Por JOSÉ DIRCEU


A recente divulgação pelo Ipea(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do estudo “Ocupação no setor público brasileiro: tendências recentes e questões em aberto” colocou em pratos limpos o que é fato e o que é discurso quando o assunto é nomeação política para cargos federais: o Governo Lula contratou três vezes mais servidores concursados do que seu antecessor, a gestão Fernando Henrique Cardoso.
Um dos motes repetidos à exaustão na campanha presidencial de 2010 pelo candidato do PSDB, José Serra, era justamente que o Governo Lula aparelhava o Estado com práticas de loteamento da máquina pública. Esse discurso, aliás, tem sido utilizado com frequência pela oposição para aludir a uma suposta ausência de critérios técnicos na nomeação de cargos públicos.
No entanto, o estudo do Ipea derrubou essa falácia e revelou que o nível de contratações na década de 2000 foi crescente, mas apenas repôs o nível de funcionários públicos concursados existente no começo dos anos 1990.
Há, portanto, conclusões duplamente incômodas aos tucanos: de um lado, desmascaram o discurso de campanha e de oposição do “aparelhamento”, que não tem amparo na realidade; e, de outro lado, apontam para um processo de sucateamento da máquina pública sob a gestão FHC. E sabemos que esse processo decorre de uma opção política.
De fato, o segundo mandato de FHC foi marcado pela prioridade conferida à contenção fiscal das despesas estatais e à privatização do patrimônio público nacional. Duas diretrizes do modelo neoliberal, adotado com entusiasmo pelos tucanos.
Como resultado, o tamanho do Estado foi reduzido, com graves perdas à capacidade de planejamento, formulação, gestão e execução de políticas públicas. Essa foi a face perversa da “herança maldita” deixada pelo PSDB na área da Administração Pública.
Tal tendência só foi revertida com o Governo Lula, que fez claras opções políticas opostas ao modelo tucano, dando início a um novo papel do Estado. Nosso caminho foi o de priorizar o crescimento econômico, o desenvolvimento sustentável, a distribuição de renda e a capacidade do Estado de estimular e induzir os vetores produtivos nacionais.
Trata-se de um modelo que se mantém e vem sendo aprofundado no Governo Dilma Rousseff, mas que precisou inicialmente superar a questão de como avançar com uma máquina estatal sem condições de planejar e realizar as políticas públicas.
Era fundamental, portanto, reanimar o Estado, contratar novos funcionários públicos e mirar no aumento da eficiência —metas que se mantêm, especialmente em áreas como a Educação, na qual precisamos avançar sem demora.
Esse novo caminho é claramente identificado no estudo do Ipea, que destaca “a preocupação em conferir maior capacidade burocrática ao Estado brasileiro, mediante o reforço de carreiras em áreas estratégicas”. Em outras palavras, não seria possível crescer sem fortalecer o Estado e as carreiras estatais, por meio de uma política clara e consistente de aumento do salário mínimo e do incremento de benefícios sociais.
Como destaca o Ipea, “o novo cenário de crescimento da economia que teve início em 2004 favoreceu o início de uma fase de expansão do quadro de pessoal da administração federal, bem como a política de ajustes graduais da remuneração dos servidores”.
Paralelamente, o Governo Lula promoveu a reabertura dos concursos públicos dirigidos em áreas prioritárias e estratégicas. Assim, conseguiu atender a três objetivos simultâneos: ampliar a capacidade estatal, recompor os funcionários que se aposentaram e substituir as contratações “terceirizadas” —esta, uma prática frequente dos governos tucanos.
Notem também que, em 2009,Estados e municípios gastaram o dobro com pessoal do que o governo federal, mais um dado que contradiz o “aparelhamento”. Para ser exato: 21,8%das despesas federais foram com pessoal, ou 4,3% do PIB, enquanto que, nos Estados, esses percentuais foram de 51,2% e 6,2%, respectivamente, e nos municípios de 48,9% e 3,5%.
É lamentável que as conclusões do Ipea tenham recebido destaque reduzido e provocado pouca repercussão, porque somente a divulgação ampla é capaz de derrubar o falso mito do aparelhamento.
Ademais, estudos como esses lançam luz sobre a evolução do Estado brasileiro e contribui decisivamente para identificarmos entraves e melhorias no desempenho estatal, permitindo que possamos intensificar esse processo de profissionalização do serviço público e combate à corrupção no interior da máquina estatal.

José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

COMENTÁRIO: Brasil se preparou para momentos de maior turbulência

Por MIRIAM LEITÃO - O GLOBO


A situação lá fora está difícil. As bolsas de valores da Europa abriram em alta hoje, mas agora estão despencando. O ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, admitiu um calote de 50% da dívida ou uma moratória desordenada, o que seria pior, segundo um jornal local.
A boa notícia é que o Brasil se preparou para momentos de maior turbulência. O BC tomou decisões muito acertadas nos últimos tempos. Quando o dólar estava caindo bastante, tentou evitar que se repetisse a situação de 2008, quando empresas, que estavam endividadas em moeda americana e apostando na sua queda, tiveram problemas porque o dólar subiu rapidamente.
O BC, agora, estabeleceu limites para essas posições no mercado futuro e obrigou empresas e bancos a fornecer informações ao governo, que hoje tem um controle maior da situação.
O dólar sobe quando há momentos de pânico, como agora. Todo mundo corre para a moeda americana. Hoje, o BC tem US$ 150 bilhões a mais de reservas do que tinha em 2008. Se houver um travamento do crédito, isso afeta diretamente empresas que têm dívidas em dólar e o crédito interno, como ocorreu em 2008.
O BC tem hoje uma quantidade gigante de recolhimento compulsório, aquele dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao BC; as instituições têm de colocar parte do que depositamos. Em momentos de dificuldades, o governo pode reduzir o recolhimento compulsório, colocando mais dinheiro em circulação.
O BC se preparou para esse momento; mas quando o dólar sobe muito e bruscamente, acaba pegando todo mundo no contrapé. Quem viajou e fez compras no cartão de crédito, terá de se preparar, porque a fatura virá salgada. Quem tem uma viagem para fazer terá de gastar menos, tomar mais cuidado.

ECONOMIA: Governo estuda rever medidas cambiais com novo cenário

Da FOLHA.COM.BR

EDUARDO CUCOLO / VALDO CRUZ, DE BRASÍLIA


Em estado de alerta com a alta do dólar, o governo interveio no mercado e já estuda novas medidas para conter a desvalorização do real em relação à moeda americana, informa reportagem de Eduardo Cucolo e Valdo Cruz, publicada na edição desta sexta-feira da Folha (a
íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Uma das ideias em discussão é ajustar ou mesmo revogar a medida que em julho taxou operações cambiais no mercado futuro, um dos fatores que contribuíram para o dólar subir nos últimos dias.
A medida foi aprovada num cenário diferente do atual, em que o dólar estava em queda e o governo desejava que o real se desvalorizasse.

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Denyse Godoy: Dólar não é investimento

Leia mais na edição da Folha desta sexta-feira, que já está nas bancas.

ECONOMIA: Com alta do dólar, pão francês terá aumento entre 5% e 10% em outubro

De O GLOBO.COM.BR
Bruno Rosa, Fabiana Ribeiro e Ramona Ordoñez


RIO - O aumento na cotação do dólar vai elevar o preço do pão francês já no início de outubro. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), o aumento será entre 5% e 10%. Já o macarrão e o pão de fôrma terão na próxima semana alta de 5%, informou a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima).
O Brasil importa hoje 60% do trigo que consome. Cerca de 70% do custo da farinha de trigo vem de sua principal matéria-prima, o trigo. Das dez milhões de toneladas de trigo consumidas por ano no país, metade é usada para a fabricação do pão francês. Os 30% restantes vão para macarrão, biscoitos e pão de forma.
- O repasse é rápido porque os estoques duram entre sete e dez dias. Na padaria, o aumento nos preços vai variar entre 5% e 10%, pois cada empresa tem um determinado nível de estoque e exposição cambial - diz Christian Saigh, diretor da Abitrigo.
Claudio Zanão, presidente da Abima, diz que não há como segurar a alta do dólar:
- A alta do dólar foi repentina. No fim deste mês, já haverá o repasse - diz.
Com estoque alto, varejo consegue manter preço
No varejo, a situação é um pouco diferente. Os estoques e as negociações feitas com antecedência estão permitindo que parte do comércio segure os preços. Na rede Lidador, os importados não ficaram mais caros por causa da oscilação do câmbio. Mas, com as encomendas de Natal em aberto, manter os preços ainda é uma dúvida.
- Vamos segurar o máximo. Se o câmbio ficar nesse novo patamar por um período mais longo, seremos obrigados a repassar para o consumidor - disse Bruno Pereira, consultor de vendas da Lidador do Rio Sul.
Apesar dos custos até 20% maiores apenas em setembro, a italiana Onda Mobile, fabricante de celular, ainda não repassou a alta para o varejo.
- Vamos reduzir margem, mas, até quando der, vamos segurar - disse Vicenzo di Giorgio, presidente da companhia.
Enquanto a indústria tenta segurar suas margens, o brasileiro com viagem marcada para o exterior deve comprar dólares aos poucos, segundo especialistas em finanças, para diluir o sobe e desce da divisa.
As altas das cotações da moeda americana nos últimos dias não afetaram a defasagem dos preços da gasolina e do diesel vendidos pela Petrobras porque, ao mesmo tempo, os preços desses dois combustíveis também têm tido queda no exterior.

LEIA MAIS:

ECONOMIA: Dólar abre em alta de 1,29%, cotado a R$ 1,92

De O Globo


RIO - O dólar abriu para negociações, nesta sexta-feira, em alta de 1,29% a R$ 1,92. Após ultrapassar a cotação de R$ 1,90 na última quinta-feira, o dólar comercial fechou em alta de 1,61%, cotado a R$ 1,895, para venda. Já o mercado de ações teve um dia de perdas intensas e o Ibovespa fechou em queda de 4,83%, aos 55.280 pontos. os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

Em meio à escalada da violência, presidente Saleh volta ao Iêmen e pede cessar-fogo

De O Globo

Com agências internacionais

SANA - O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, voltou nesta sexta-feira ao país após três meses na Arábia Saudita, onde estava se recuperando de uma tentativa de assassinato, e foi recebido ao som de disparos e explosões em toda a capital. Diante da escalada da violência no país, onde dezenas de pessoas morreram na última semana, Saleh pediu o cessar-fogo. Sua volta surpresa, no entanto, eleva ainda mais o risco de uma guerra civil.
- Definitivamente vamos ter uma escalada da violência, mas desejamos que ele volte e seja julgado por seus crimes - disse Mohammed al-Asl, organizador dos protestos antigovernistas.
Poucas horas após voltar sem aviso ao Iêmen, Saleh pediu o cessar-fogo entre tropas antigovernistas e o Exército. Em nota divulgada pelo Ministério da Defesa, o presidente iemenita disse que "a solução não está em rifles e pistolas, mas sim no diálogo e no fim da matança". O comunicado, no entanto, não faz nenhuma menção à uma possível renúncia de Saleh, há mais de 30 anos no poder do Iêmen. Para a oposição, o retorno do presidente vai aprofundar ainda mais a violência no país.
- Sua volta (a de Saleh) significa mais divisões e mais confrontos. Estamos em meio a uma escalada (da violência) muito crítica - afirmou o ativista Abdel-Hadi al-Azazi.
Durante os últimos oito meses de protestos antigovernistas e repressão violenta, o governo tentou negociar algumas vezes o cessar-fogo, mas nenhuma das tréguas chegam a surtir efeito. O Iêmen vive um momento delicado de instabilidade e o aumento de atividades terroristas no sul do país. EUA e a Arábia Saudita tentam mediar um acordo de transição, mas o presidente Saleh resiste a deixar o poder.
O anúncio de seu retorno foi feito pela televisão estatal, que informou: "Ali Abdullah Saleh, Presidente da República, voltou esta manhã à nação são e salvo depois de ter sido tratado em Riad durante mais de três meses".
Nos minutos seguintes ao anúncio, intensos sons de disparos e explosões puderam ser ouvidos na capital. Também havia fogos de artifício.A expectativa é de que os manifestantes lotem as ruas de Sana durante as orações de sexta-feira, exigindo o fim do regime.
O número de mortos durante os últimos cinco dias de violência aumentou para mais de cem. Desde o início da revolta contra o regime de Saleh, em janeiro, mais de 450 pessoas já morreram.

MUNDO: Israel reforça segurança e eleva nível de alerta horas antes de discursos de Abbas e Netanyahu na ONU

De O Globo

Com agências internacionais

JERUSALÉM - Jerusalém Oriental e a esplanada das mesquitas estão fechadas nesta sexta-feira aos palestinos com menos de 50 anos. Essa é uma das medidas extra tomadas pelas forças de segurança de Israel, que mobilizaram 22 mil agentes e elevaram o nível de alerta especial para 3C - apenas um abaixo do máximo - horas antes do discurso do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, na Assembleia Geral da ONU.
Por enquanto, apenas pequenos incidentes foram registrados e a tensão não provocou confrontos, mas a preocupação maior é com o fim da tarde, quando por volta das 19h (14h no horário de Brasília) Abbas deve apresentar o pedido de reconhecimento do Estado palestino nas Nações Unidas, em Nova York. Pouco depois, será o discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O ministro de Segurança Pública israelense, Yitzhak Aharonovitch, percorreu Jerusalém e disse que a polícia na cidade "está preparada para qualquer possível cenário".
- As próximas horas até Abbas e Netanyahu fazerem seus discursos serão muito tensas - afirmou Aharonovitch ao jornal "Jerusalem Post".
O movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, declarou nesta sexta "um dia de fúria", mas Israel acredita que o grupo não tem infraestrutura suficiente para provocar distúrbios na Cisjordânia. Uma das maiores preocupações das Forças de Defesa de Israel é com possíveis ataques de colonos israelenses.
- Estamos em contato com rabinos e lideranças - disse um autoridade israelense ao jornal "Haaretz".

O nível de alerta vai continuar elevado pelo menos até a manhã de sábado. As forças israelenses posicionaram cinco batalhões extra do Exército na Cisjordânia. Se houver uma explosão de violência, 13 outros batalhões, compostos na maioria por oficiais da reserva, estão a postos. Mas Israel acredita que a ANP tentará impedir que manifestantes cheguem a áreas sob controle israelense.
As Forças de Segurança de Israel chegaram a tentar monitorar as redes sociais, como o Facebook e o Twitter, na tentativa de evitar a organização de manifestações, mas desistiram depois de constatar que muitas das ações convocadas na web não chegam a acontecer.
Todas as folgas de policiais já haviam sido canceladas ao longo de todo o mês de setembro e, na preparação para esta sexta, a polícia realizou grandes ensaios para responder a possíveis protestos.

FRASE DO (PARA O) DIA

"Cuando se tiene el poder se quiere el predominio; si no se consigue - si se es demasiado débil para conquistarle -, se quiere la justicia" esto es: un poder igual."
Frederick Nietzsche

ECONOMIA: BC diz que continuará a atuar no mercado futuro

Do ESTADÃO.COM.BR

Fernando Nakagawa, da Agência Estado
Segundo Aldo Luiz Mendes, autoridade monetária não descarta entrada no segmento à vista

O diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, disse à Agência Estado que a instituição atuará no mercado cambial futuro enquanto entender ser necessário. Disse ainda que, se for preciso, o BC também poderá agir com a moeda norte-americana no segmento à vista. "O Banco Central vai continuar no mercado futuro enquanto entender que é necessário", disse.

Segundo ele, a decisão de atuar ou não nos negócios é determinada pelas condições de liquidez observada no mercado. "Entramos enquanto acharmos que a liquidez do mercado não é adequada", disse.

Por enquanto, explica Aldo Luiz Mendes, o Banco Central não encontrou problemas nos negócios do mercado à vista. "Não identificamos liquidez apertada no mercado spot. Mas se encontrarmos liquidez apertada nesse mercado, também podemos agir", disse.

As afirmações do diretor acontecem horas depois de o BC mostrar suas armas ao mercado ao oferecer mais de 112 mil contratos de swap cambial tradicional - que correspondem à venda de dólares no mercado futuro. A operação anunciada após os primeiros negócios na abertura do mercado correspondia à oferta de mais de US$ 5,5 bilhões no mercado futuro. Da oferta total, foram vendidos pouco 55 mil contratos em uma operação que alcançou US$ 2,7 bilhões e conseguiu interromper a escalada das cotações.

ECONOMIA: Bolsas na Europa seguem sexta-feira em queda

Do ESTADÃO.COM.BR

E&N TEMPO REAL

Yolanda Fordelone

A Bolsa de Londres opera em forte queda nesta manhã, com o índice FTSE caindo abaixo dos 5 mil pontos pela primeira vez desde 10 de agosto. As perdas se aceleraram após o ministro de Finanças da Alemanha reafirmar que é contra a criação de um bônus comum da zona do euro (eurobônus), mesmo se ele fosse emitido apenas por países com rating triplo A. Às 8h45 (de Brasília), o FTSE recuava 1,65%, para 4.958 pontos.
O restante dos mercados na Europa também seguem em queda nesta sexta-feira. A Bolsa de Frankfurt recua 2,99%, Paris, 2,63% e Madri, 1,63%.
(Com Álvaro Campos, da Agência Estado)

ECONOMIA: Grécia admite calote e sugere desconto de 50% na dívida

Do ESTADÃO.COM.BR

Gustavo Nicoletta e Hélio Barboza, da Agência Estado

De acordo com o jornal local, ministro de Finanças apresentou aos parlamentares do Partido Socialista três cenários possíveis para a Grécia
ATENAS - O ministro de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, disse a parlamentares do seu partido que o país enfrenta o risco de um default desordenado, segundo a edição desta sexta-feira de um jornal grego. A publicação acrescenta que o ministro sugeriu um possível desconto de 50% na dívida do país. De acordo com o jornal Ta Nea, Venizelos apresentou aos parlamentares do Partido Socialista três cenários possíveis para a Grécia.
No primeiro cenário, a Europa seguiria adiante com os compromissos assumidos em uma reunião de cúpula de 21 de julho, estendendo um novo pacote de ajuda aos gregos, no valor de € 109 bilhões, mas incluindo o oferecimento aos credores do país de um programa voluntário de troca da dívida.
No segundo cenário, a Grécia não conseguiria chegar a um acordo com seus credores internacionais nos próximos dias, o que levaria o governo grego a ficar sem dinheiro no meio de outubro e o obrigaria a um default desordenado.
Sem citar fontes, o Ta Nea relata que Venizelos também indicou uma terceira opção para o país, que incluiria uma reestruturação ordenada da dívida grega, mas com os credores enfrentando uma perda de 50%. Tal cenário seria acordado com os credores e permitiria a permanência da Grécia na zona do euro, diz o jornal. O Ta Nea acrescenta que esse cenário parece estar ganhando terreno no restante da Europa.
O ministro das Finanças disse, no entanto, serem contraproducentes informações distribuídas na mídia sugerindo que o país avalia um default programado, com perdas de 50% aos credores. Embora não tenha negado diretamente, Evangelos Venizelos reafirmou o compromisso da Grécia de atingir as metas de déficit e dar prosseguimento a uma agenda ambiciosa de reformas, como o prometido a seus parceiros europeus.
BCE em alerta
O calote da Grécia não pode ser descartado enquanto o país mediterrâneo lutar para escorar suas finanças, disse Klaas Knot, novo representante da Holanda no conselho da presidência do Banco Central Europeu (BCE), em uma entrevista ao jornal Financieele Dagblad. Knot, que também é presidente do Banco Central Holandês, disse que o default "é um dos cenários".
"Eu não estou dizendo que a Grécia vai entrar em default", afirmou. "Eu já havia sido convencido há muito tempo que um default não era necessário, mas as notícias que chegam de Atenas não são encorajadoras", declarou. "Todos os esforços são destinados a impedir isso, mas eu agora tenho menos certeza do que tinha há alguns meses para descartar um default", disse Knot, em sua primeira entrevista desde que tomou posse no Banco Central Holandês, em julho.
Knot é uma das primeiras autoridades do BCE a admitir publicamente um possível calote da Grécia. O banco sempre insistiu que o default seria evitado a todo custo porque poderia desestabilizar a zona do euro. Mas os mercados estão cada vez mais se antecipando a este cenário, enquanto a Grécia luta para reunir condições que lhe assegurem ajuda financeira. Sem essa ajuda, o país ficará sem dinheiro em meados de outubro.
Na entrevista, Knot questionou "se os gregos percebem a seriedade da situação" e disse que "há dúvidas quanto à qualidade do governo grego e se os políticos têm um controle firme do país".
Nas próximas semanas, inspetores internacionais do BCE, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia - a chamada "troica" - vão revisar os esforços do país para amparar suas finanças. "Será tenso", declarou Knor ao jornal. "(A troica) terá de chegar à conclusão positiva de que a Grécia está fazendo o que prometeu."
Um eventual calote da Grécia poderia deflagrar o contágio para outros países da zona do euro, como Itália e Espanha. Repetindo o que havia afirmado seu predecessor Nout Wellink, Knot disse que tal cenário pode ser impedido pela ampliação substancial do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
Reunião
A agenda de eventos dos EUA desta sexta-feira traz como destaque o início da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. Paralelamente a esse evento, também acontecerá o encontro dos ministros de Finanças e representantes de bancos centrais do G-20. O grupo deve conceder uma entrevista coletiva por volta das 21h30 (de Brasília). As informações são do site do FMI.
As informações são da Dow Jones.

POLÍTICA: Deputado afirma que 30% dos colegas da Assembleia de SP vendem emendas

Do ESTADÃO.COM.BR

Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo

Ministério Público vai investigar denúncia feita em vídeo por Roque Barbiere (PTB), integrante da base governista
Denúncia do deputado Roque Barbiere (PTB) sobre maracutaia na Assembleia Legislativa de São Paulo é alvo de investigação do Ministério Público Estadual. Segundo Barbiere, "tem bastante" parlamentar ganhando dinheiro por meio da venda de emendas e fazendo lobby de empreiteiras junto a administrações municipais. "Não é a maioria, mas tem um belo de um grupo que vive e sobrevive e enriquece fazendo isso", afirma.
Ele estima que entre 25% e 30% dos deputados adotam essa rotina. A Assembleia paulista abriga 94 parlamentares. É o maior Legislativo estadual do País. Pelas contas de Barbiere, cerca de 30 pares seus se enquadram no esquema de tráfico de emendas.
O petebista, pelos amigos e eleitores chamado Roquinho, não cita nomes. Sua explicação. "Poderia (citar), mas não vou ser dedo-duro e não vou citar." Dá uma pista. "Mas existe, existe do meu lado, existe vizinho, vejo acontecer. Falo para eles inclusive para parar."
O Estado procurou Barbieri e seus assessores nos últimos dias. Foram deixados recados no gabinete, no escritório político e no celular do deputado. Ninguém respondeu.
Revela-se um conselheiro daqueles que trilham o caminho do desvio. "Aviso que se um dia vier a cassação do mandato deles para não vir me pedir o voto que eu vou votar para cassá-los. Mas não vou dedurar."

MUNDO: EUA tiveram mais de 13 milhões de prisões em 2010

Da CONJUR



Em 2010, foram registrados mais de 10,3 milhões de crimes nos Estados Unidos — 1.246.248 crimes violentos contra a pessoa e 9.082.887 crimes contra a propriedade. Foram feitas mais de 13 milhões de prisões (o número maior que o de crimes reflete o fato de muitas pessoas serem presas mais de uma vez durante o ano). Em um press release referente ao relatório anual sobre a criminalidade nos Estados Unidos, o FBI (departamento federal de investigações dos EUA) destacou a queda, em relação a 2009, de 6% do número de crimes violentos e de 2,7% do número de crimes contra a propriedade.
De acordo com o relatório, divulgado esta semana pelo FBI, o índice foi de 403,6 crimes violentos por 100 mil habitantes, em 2010. Entre os crimes violentos, o mais comum foi a "agressão com agravante" (62,5% do total). Seguiram-se os roubos com violência (29,5%), estupro violento (6,8%) e homicídio (1,2%). Para seu relatório, o FBI coleta dados sobre 28 tipos de crime.
A hierarquia da gravidade dos "crimes violentos" nos EUA é: 1) murder (assassinato premeditado) e nonnegligent manslaughter (homicídio voluntário sem premeditação, ocorrido "no calor da paixão", como o crime passional ou o resultante de uma provocação); 2) robbery (roubo com uso de força ou ameaça de força, como assalto a mão armada); 3) forcible rape (estupro com o uso de força, coerção ou abuso de autoridade de uma pessoa que não dá — ou não pode dar — seu consentimento para o ato sexual); 4) aggravated assault (agressão com agravante, isto é, deliberada, com a intenção de causar ferimentos físicos).
Seguem-se, na hierarquia, os "crimes contra a propriedade": 5) burglary (arrombamento com o fim de cometer um crime, como roubo); 6) larceny-theft (apropriação indébita, furto/roubo); 7) motor vehicle theft (roubo de carro). Arson (incêndio criminoso) — embora seja um crime contra a propriedade, não está incluído na regra da hierarquia dos crimes.
Foram registrados 12.996 assassinatos em 2010 (média de 35,6 por dia) — excluídos desse total os homicídios que o FBI define como "justificáveis". Das vítimas, 77,4% eram homens; 50,4% eram negros, 47% brancos; e 2,6% de outras raças (não foram registradas as raças de 152 vítimas). Entre os acusados de assassinato, 90,3% eram homens; 53,1% eram negros; 44,6% eram brancos; e 2,3% eram de outras raças (não foram registradas as raças de 4.224 acusados).
Sobre o aspecto do relacionamento entre o assassino e a vítima: 53% foram mortas por pessoas de seu círculo de relacionamento (conhecidos, vizinhos, amigos, namorados, etc.); 24,8% foram mortas por membros da família; 22,2% foram mortas por desconhecidos. Mas em 44% dos casos de assassinato o relacionamento entre agressor e vítima não foi relatado. Entre as vítimas femininas, em que o relacionamento foi relatado, 37,5% foram mortas por seus maridos ou namorados.
Em 5.544 casos, em que o relacionamento entre vítima e agressor foi relatado, as vítimas foram: 110 maridos, 603 esposas, 107 mães, 135 pais, 256 filhos, 197 filhas, 88 irmãos, 19 irmãs, 287 (outros) familiares, 2.723 conhecidos, 396 amigos, 131 namorados e 492 namoradas.
Em respeito às circunstâncias que envolveram os crimes, quando relatadas, 41,8% das vítimas foram mortas devido a brigas (incluindo as derivadas de triângulos amorosos); 23,1% devido a crimes dolosos (estupros, assaltos a mão armada, roubos, etc.). Em 35,8% dos casos, as circunstâncias dos homicídios não foram relatadas.
Do total de 12.996 assassinatos, 41 pessoas morreram em decorrência de estupro; 780 em assalto a mão armada; 80 em roubo com invasão de propriedade; 20 em roubos e furtos; 37 em roubos de veículos; 35 em incêndios criminosos; 5 em casos de prostituição; 14 em casos de ataque sexual; 463 em casos relacionados ao narcotráfico; 7 em casos relacionados a jogos de azar; 441 em casos de crime dolosos não especificados; 66 em casos em que houve suspeita de crime doloso; 6,351 em outros tipos de crime que não o doloso; 90 em decorrência de triângulos amorosos; 36 crianças foram mortas pela babá; 121 pessoas foram mortas por causa de brigas sob a influência do álcool; 58, de brigas sob a influência de drogas; 181, de brigas relacionadas a dinheiro ou a propriedade; 3,215 por causa de outros tipos de brigas; 176 foram mortas por gangs; 673 adolescentes também foram mortos por gangs; 17 em casos de homicídios institucionais (como em prisões); 3 foram mortas por franco-atiradores; 1,781 por causas não especificadas; 4,656 por crimes não desvendados.
Dos 665 homicídios como "justificáveis" pelo FBI, 387 foram cometidos por agentes policiais e 278 por cidadãos privados, "enquanto o cometimento de um crime estava em andamento".
Armas de fogo foram usadas em 65,5% dos assassinatos, em 41,4% dos roubos violentos e em 20,6% das agressões com agravante (não há levantamento de dados sobre o uso de armas em estupro). Outros instrumentos usados nos crimes: facas e outros instrumentos cortantes (13,1%), mãos, punhos, pés, etc. (5,8%), desconhecidos (13,6%).
Dos 9.082.887 crimes contra a propriedade, o mais comum foi o de "roubos e furtos" (68,2% do total); seguem-se roubo com invasão de propriedade (23.8%) e roubos de veículos (8,1%). A proporção foi de 2.942 crimes por 100 mil habitantes, em 2010. Os prejuízos foram estimados em US$ 15,7 bilhões, dos quais 21% foram recuperados.
Do total de 449.246 assaltos a mão armada, 200.062 foram nas ruas e estradas, 61.266 em casas de comércio, 12.125 em postos de gasolina, 25.023 em lojas de conveniência, 64.288 em residências, 9.631 em bancos e 76.852 em locais não relatados.
Do total de 2.194.993 roubos em propriedade alheia, 1.453.002 foram em residências (413.678 durante a noite, 708.807 durante o dia, 330.517 em horário desconhecido); 741.991 foram em lojas, escritórios e outros estabelecimentos (308.658 durante a noite, 235.666 durante o dia e 197.668 em horário desconhecido).
Do total de 6.626.363 roubos e furtos, 28.854 foram em bolsos, 40.114 de bolsas, 875.191 em lojas, 1.757.565 de veículos, 640.549 de acessórios de veículos, 231.915 de bicicletas, 832.186 de prédios, 35.367 de máquinas de vendas automáticas e 2.184.623 não especificados.
Em 2010, foram efetuadas 13.120.947 prisões (sem contar as prisões por violações às leis do tráfego e as feitas pela imigração). Dessas prisões, 552.077 foram por crimes violentos; 1.643.962 por crimes contra a propriedade; 1.638.846 por produção, tráfego ou uso excessivo de drogas (o maior número de prisões por um crime específico); 1.412.223 por dirigir sob a influência do álcool; 1.271.410 por roubos e furtos.
Do total das prisões na área de narcóticos, 18,1% foram por produção ou tráfego de drogas (6,2% de heroína, cocaína e derivados; 6,3% de maconha; 1,8% de drogas sintéticas ou manufaturadas, 3,7% de outros narcóticos) e 81,9% foram pelo uso de drogas (16,4% de heroína, cocaína e derivados; 45,8% de maconha; 4,1% de drogas sintéticas ou manufaturadas e 15,7% de outros narcóticos).
Em proporção, o índice foi de 4.257,6 de presos por 100 mil habitantes, em 2010; por crimes violentos, o índice foi de 179,2 presos por 100 mil habitantes; por crimes contra a propriedade, 538,5 por 100 mil. Quase três quartos de todas as prisões no ano foram de homens; 80,5% das prisões decorrentes de crimes violentos foi de homens; 69,4% das prisões por crimes contra a propriedade foi de homens. Do total de presos, 69,4% eram brancos, 28% eram negros e 2,6% eram de outras raças.
O FBI não comenta, em seu relatório, o percentual maior de prisões de brancos. Mas a explicação é: da população de mais de 300 milhões de habitantes dos EUA, 72% são da raça branca e menos de 13% da raça negra — o restante da raça hispânica e outras raças.

João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.

GESTÃO: Governo federal libera R$ 200 milhões em créditos

Do CONJUR


O governo federal sancionou na terça-feira (20/9) R$ 200 milhões em créditos suplementares ao Orçamento Fiscal da União deste ano. São R$ 150,6 milhões para os Ministérios da Justiça e da Defesa e R$ 49 milhões para as Justiças do Trabalho e Eleitoral, para o Ministério Público e para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O dinheiro extra vem da arrecadação com multas, cancelamento de projetos e de Recursos de Convênios, segundo publicações da Casa Civil (clique aqui e aqui para ler).
Com a verba a mais, o CNMP receberá R$ 5,2 milhões para a compra de um novo edifício-sede em Brasília. O Ministério Público Militar ficará com R$ 236,5 mil para “defesa do interesse público no processo judiciário”.
Já o Tribunal Superior Eleitoral receberá R$ 3,3 milhões, pra a construção de um novo edifício-sede em Brasília. O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia receberá R$ 2,1 milhões, para a construção de um edifício-anexo em Salvador, cartórios eleitorais no interior do estado e sedes para armazenamento de urnas eletrônicas.
Os TREs de Alagoas, Acres, Goiás, Maranhão e Rondônia receberão, juntos, outros R$ 2,2 milhões. O destino do dinheiro são projetos que vão desde a ampliação das sedes, construção de novos cartórios eleitorais e projeto de Assistência Jurídica a Pessoas Carentes.
A Justiça do Trabalho vai receber R$ 21,1 milhões. O Tribunal que mais receberá dinheiro será o da 23ª Região, em Mato Grosso, que ganhará R$ 8,4 milhões para a construção de novas sedes e ampliação de fóruns. O TRT de Mato Grosso do Sul, por sua vez, ganhará R$ 6,1 milhões para as mesmas finalidades.
Os créditos à Justiça do Trabalho vêm quase um mês depois da
criação de 50 varas trabalhistas. Naquela ocasião, foram sancionadas oito leis para a ampliação da Justiça trabalhista em todo o território nacional.
No governoO Sistema Único de Segurança Pública (Susp), do Ministério da Justiça, ficará com R$ 19,5 milhões. Desses, R$ 8 milhões vão para o Sistema Integrado de Prevenção à Violência e R$ 5,9 milhões, para a Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização (Infoseg). Outros R$ 5,5 milhões vão para o “apoio ao reaparelhamento das instituições de segurança pública”.
O Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) receberá R$ 8,7 milhões para “aprimoramento da execução penal”, principalmente para fins estatísticos. A integração dos sistemas de informações penitenciárias em base nacional ficará com R$ 5,4 milhões, enquanto a pesquisa e produção de dados sobre execução penal receberá R$ 1,1 milhão. Ainda foram destinados R$ 1,9 milhão ao “aparelhamento de estabelecimentos penais”.
Por outro lado, um dos programas de reintegração social de presos e egressos foi cancelado, o que rendeu ao Funpen R$ 250 mil. A construção da quinta penitenciária nacional também foi cancelada, dando ao Funpen mais R$ 4,5 milhões.
Já o Fundo Nacional Antidrogas ficará com R$ 3,5 milhões para o “apoio a projetos de interesse do sistema nacional de políticas sobre drogas”.
Nas fronteirasO crédito no Orçamento rendeu ao Ministério da Defesa R$ 3,2 milhões, dos quais R$ 2,6 milhões serão destinados à implantação de infraestrutura básica nos municípios da região da Calha Norte, em Roraima. A administração da Aeronáutica receberá R$ 575 mil.
Da mesma forma, a região do Calha Norte perdeu outro projeto de infraestrutura, economizando R$ 2,6 milhões. O Exército, por sua vez, teve um projeto de reserva de contingência, de R$ 45 mil, abortado.

Pedro Canário é repórter da revista Consultor Jurídico.

DIREITO: STF - Plenário recebe denúncia contra deputado por desvio de verbas públicas para contratação de funcionários

Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu, nesta quinta-feira (22), denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o deputado federal Hidekazu Takayama (PSC-PR). Ele é investigado por suposto desvio de verbas públicas, quando exerceu o cargo de deputado estadual, envolvendo a contratação de funcionários na Assembleia Legislativa do Paraná. Com esta decisão, tomada no Inquérito (INQ) 2652, o deputado federal passou a figurar como réu em ação penal, na qual ele poderá exercer seu direito ao contraditório e à ampla defesa.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Hidekazu Takayama é acusado do crime de peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal, por 12 vezes. Ele teria desviado valores públicos em proveito próprio entre 1999 e 2003, período em que exerceu o mandato de deputado estadual. O parlamentar teria promovido a nomeação de 12 funcionários para ocupar cargos em comissão no seu gabinete, na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Essas pessoas, no entanto, teriam atuado na prestação de serviços particulares.
Defesa
A defesa sustentou, em resposta à denúncia, que não estariam presentes os requisitos necessários para o recebimento da denúncia, pelo fato de a peça de acusação não ter exposto cada fato criminoso. “Não há prova da maioria dos fatos narrados, não há qualquer prova de desvio de recursos públicos". Acrescentou não haver “qualquer prova de apropriação dos salários de funcionários mas, ao contrário, todos os funcionários confirmam que recebiam a remuneração indicada em seus contracheques”. Alegou, ainda, que a denúncia não possui “a necessária descrição da forma como ocorreu o desvio de valores públicos, contendo omissões e incongruências”.
Voto
Em seu voto, o relator, ministro Dias Toffoli, informou que constam no inquérito depoimentos prestados pelos servidores nomeados, em que eles afirmavam trabalhar para o deputado, “seja na sua agência de vídeo, seja na qualidade de pastor”. Os funcionários informavam que, inicialmente, recebiam diretamente do parlamentar e que, posteriormente foi aberta uma conta corrente vínculada a um cargo em comissão da Assembleia Legislativa paranaense.
O relator observou que a denúncia não se fundamentou exclusivamente em depoimentos, tanto que nela estão presentes, também, cópias parciais de ações trabalhistas movidas por ex-empregados do parlamentar, que eram remunerados pela Assembleia e, ainda, informações obtidas a partir de quebra de sigilo bancário e documentação fornecida pela casa legislativa.
Dias Toffoli esclareceu que, além das informações obtidas pela Assembleia, o inquérito foi instaurado com base “em representação criminal e em outras peças informativas encaminhadas pela Primeira Vara Federal Criminal de Curitiba”. Assim, o relator entendeu que os fatos imputados ao denunciado estão “satisfatoriamente descritos, com a devida individualização das condutas do parlamentar em relação a cada um dos delitos que lhe são imputados”.
“A resposta apresentada pelo denunciado, finalmente, não permite concluir de modo robusto pela improcedência da acusação, estando, assim, a meu ver, reunidos os elementos necessários para o recebimento da denúncia”, concluiu o relator.

DIREITO: STJ - Gerente de agência bancária responde por gestão fraudulenta de instituição financeira

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso de um gerente de agência da Caixa Econômica Federal (CEF) condenado por gestão fraudulenta de instituição financeira. A decisão segue a jurisprudência consolidada no STJ que entende ser possível a prática do delito de gestão temerária por gerente de agência bancária, desde que fique comprovado que o acusado detinha poderes de gestão.
No caso julgado, o gerente foi denunciado por autorizar inúmeros empréstimos sem garantia a uma empresa de transportes no período em que substituiu o titular do cargo, que estava de férias. Segundo o processo, ele descumpriu diversas normas da CEF e do Banco Central, o que resultou em prejuízo estimado em mais de um milhão de dólares.
Condenado em primeira instância a três anos de reclusão em regime aberto e ao pagamento de multa no valor de R$ 5,2 mil, o gerente foi absolvido em segundo grau. Os magistrados do Tribunal Regional Federal da 3ª Região consideram que gerente de agência não gere a instituição financeira e não responde pelos delitos previstos na Lei 7492/86, que define os crimes contra o sistema financeiro.
O Ministério Público recorreu ao STJ e o então relator, desembargador convocado Celso Limongi, em decisão individual, deu provimento ao recurso para aplicar a jurisprudência da Corte e restabelecer a sentença. Contra essa decisão, o gerente apresentou agravo regimental para que o conjunto de ministros de órgão colegiado reavaliasse a questão.
O relator do agravo, ministro Sebastião Reis Junior, não acatou os argumentos do gerente. Ele considerou que o recurso especial de autoria do Ministério Público atacou de forma adequada os fundamentos da decisão de segundo grau e que a reforma dessa decisão não demandava a revisão de provas. Todos os ministros da Sexta Turma acompanharam o voto do relator para negar provimento ao agravo, de forma que a condenação imposta em primeiro grau fica mantida.

DIREITO: STJ - Notificação para defesa prévia em peculato não alcança particular que participa do crime

O procedimento de notificação para defesa prévia para o funcionário público processado por peculato não beneficia o particular denunciado como coautor ou partícipe. A decisão é da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou pedido de advogado acusado de desvio de verbas destinadas ao Instituto Candango de Solidariedade (ICS), do Distrito Federal.
Segundo a denúncia, o ICS servia de intermediário para a destinação ilícita de recursos oriundos do governo do Distrito Federal (GDF) em favor de campanhas políticas locais, entre 2002 e 2004. Um diretor financeiro e o presidente do ICS teriam se associado ao advogado, cunhado do presidente, para participarem do esquema.
Conforme a acusação, o ICS recebia os valores do GDF, mas não executava o serviço diretamente. Ao contrário, subcontratava “um conhecido e sempre presente grupo de empresas privadas”. A administração do ICS também “casava” as notas fiscais emitidas pelo instituto contra o GDF com as emitidas pelos reais prestadores de serviço, superfaturando o valor cobrado pelas empresas para desviar “o exato percentual de 9%” para o caixa do ICS.
Parte desse dinheiro seria repassado periodicamente ao escritório do advogado cunhado do presidente, por meio de “contratos milionários de serviços advocatícios”, ainda segundo a denúncia, mesmo tendo o ICS assessoria jurídica com mais de cinco advogados.
Afirma ainda a acusação que apenas três dias depois de assinado o primeiro contrato, o escritório teria recebido, antes de qualquer contraprestação, R$ 166 mil. Onze dias depois, o escritório repassou R$ 30 mil para a esposa do então diretor financeiro do ICS. Outros R$ 10 mil teriam sido transferidos dias depois.
Cerca de quatro meses depois, narra a denúncia, assim que recebeu cerca de R$ 360 mil, o escritório transferiu R$ 25 mil ao próprio então diretor financeiro. Mais alguns meses e após receber R$ 453 mil do ICS, o escritório transferiu R$ 30 mil a uma empresa de engenharia que tinha como sócio o próprio diretor financeiro.
Defesa
A defesa sustenta que o recebimento da denúncia é absolutamente nulo porque não deu oportunidade de defesa prévia ao advogado. Além disso, as supostas práticas não configurariam peculato, mas apenas apropriação indébita dos valores particulares do ICS.
A ministra Maria Thereza de Assis Moura afirmou que a jurisprudência do STJ e a doutrina são tranquilas no sentido de negar ao particular associado a funcionário público direito à defesa prévia em caso de peculato. Conforme obra citada, o objetivo do dispositivo é proteger a própria Administração Pública, na figura do funcionário.
Quanto ao enquadramento jurídico das práticas tidas como crimes, a ministra esclareceu que, também conforme jurisprudência e doutrina, o réu se defende dos fatos narrados na denúncia e não da classificação efetuada pela acusação.
Segundo a relatora, a denúncia indica que o diretor financeiro autorizava repasses periódicos ao escritório de advocacia do cunhado do presidente do ICS, que revertia parte dos valores ao próprio diretor ou seus familiares. “Tais fatos são, ao menos em tese, tipicamente relevantes para o Direito Penal, seja como crime de peculato, como entendeu o Ministério Público na peça acusatória, seja como o delito” de apropriação indébita, concluiu a ministra.

DIREITO: STJ - Mesmo no SFH, pagamentos quitam primeiro juros e depois o capital, salvo disposição contratual diversa

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou recurso representativo de controvérsia repetidamente submetida ao Tribunal quanto à imputação de pagamento no Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Para os ministros, a regra do SFH repete o disposto tanto no Código Civil anterior quanto no atual, de que, sem previsão contratual diversa, os pagamentos quitam primeiro a dívida relativa aos juros e depois ao capital.
Segundo o ministro Teori Zavascki, essa forma de imputação, prevista no artigo 993 do Código Civil de 1916 e reproduzida integralmente no artigo 354 do atual, era regulada de modo idêntico pelo ato normativo BNH 81, de 1969. Essa norma é aplicável aos contratos celebrados no âmbito do SFH.
O relator esclareceu que, diferente do que entendeu a decisão recorrida, essa regra de quitação mensal primeiro dos juros e só depois, com o saldo, o capital, não viola as leis 4.380/64 e 8.692/93, que tratam de temas diversos: critérios de incidência e periodicidade da correção monetária nos contratos e limites de comprometimento da renda do mutuário no pagamento dos encargos mensais, respectivamente.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) entendia correto “assegurar a destinação prioritária dos valores pagos a título de encargos mensais à quitação integral dos acessórios, parcela de amortização e, por fim, dos juros, nesta ordem”. Por isso, os juros remuneratórios não pagos deveriam compor saldo próprio, sobre o qual incidiria apenas correção, e não ser integrados ao montante principal da dívida.
FCVS
Outro ponto do recurso representativo dizia respeito à cobertura do saldo devedor pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). Mas a questão não pôde ser analisada pela Corte. Isso porque a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) deixou de mostrar os dispositivos de lei federal que teriam sido interpretados pelo TRF4 de forma diversa do entendimento do STJ. Além disso, o julgamento apontado pela recorrente como referência da interpretação divergente se referia à situação fática diferente do caso analisado.

DIREITO: STJ - É ilegal demissão de servidor que se apropriou de dinheiro público por estado de necessidade

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento a recurso especial no qual o estado de Alagoas pedia a demissão de servidor que se apropriou de R$ 28,6 mil reais dos cofres públicos. Na esfera penal, o servidor foi absolvido do crime de peculato porque o Judiciário entendeu que ele agiu em estado de necessidade, o que exclui a ilicitude da conduta. Ele estava há oito meses sem salário.
Seguindo o voto da ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora, a Turma negou o recurso porque tanto a doutrina quanto a jurisprudência pacificaram o entendimento de que a esfera administrativa e a penal são independentes, salvo nas hipóteses de absolvição penal por excludente de ilicitude. Dessa forma, os ministros consideram incabível a manutenção de demissão baseada exclusivamente em fato reconhecido em sentença penal como lícito.
A relatora destacou que o próprio Código Penal, no artigo 65, estabelece que “faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”. Necessidade
Segundo o processo, o agente auxiliar de controle de arrecadação do Estado de Alagoas estava há oito meses sem receber salário. O juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual afirmou estar convencido de que o servidor, com filho menor de idade, agiu efetivamente movido pelo estado de necessidade. Por isso, absolveu o réu com base na excludente de ilicitude prevista nos artigos 23 e 24 do Código Penal.
Após essa decisão, o servidor solicitou administrativamente a sua reintegração no cargo, mas o pedido foi negado, motivando nova ação na justiça. A sentença determinou a reintegração, com o pagamento dos vencimentos a partir do ingresso da ação até a reintegração no cargo. O Tribunal de Justiça alagoano negou apelação do Estado e rejeitou embargos de declaração, aplicando multa 1% sobre o valor da causa por entender que eles eram meramente protelatórios.
Recurso especial
No recurso ao STJ, o estado de Alagoas também alegou que a reintegração do servidor, com sua inclusão em folha de pagamento, seria verdadeira execução provisória. A relatora afirmou que a reintegração é mero retorno do servidor ao cargo após o reconhecimento da ilegalidade de sua demissão. Nesse caso, é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública.
Houve também pedido de anulação da multa e de revisão dos honorários advocatícios fixados em 15% sobre o valor da causa. A ministra Maria Thereza de Assis Moura esclareceu que, nas hipóteses em que a Fazenda Pública for vencida, a verba advocatícia pode ser fixada de acordo com os percentuais previstos no parágrafo 3º do artigo 20 do Código de Processo Civil. Ela entendeu que os honorários foram fixados com base na equidade, não cabendo ao STJ a revisão desse percentual. A relatora também manteve a multa, que considerou corretamente aplicada.

DIREITO: TSE - Pedido de vista suspende apreciação do processo de registro do PSD

Um pedido de vista apresentado pelo ministro Marcelo Ribeiro, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), suspendeu, na sessão administrativa desta quinta-feira (22), o exame, pelo plenário, do pedido de registro do estatuto do Partido Social Democrático (PSD). A suspensão ocorreu após dois votos. O ministro Marcelo Ribeiro informou que apresentará seu voto-vista na sessão da próxima terça-feira (27).
Relatora do pedido, a ministra Nancy Andrighi votou pelo deferimento do registro. Ela disse que o partido comprovou o apoio nacional mínimo de eleitores e o registro em mais de nove diretórios estaduais da legenda nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Essas são duas exigências da Lei dos Partidos Políticos (Lei n° 9096/95) e da Resolução 23.282/2010 do TSE sobre a criação de partido político.
O segundo voto foi do ministro Teori Zavascki. Ele divergiu da relatora e manifestou dúvida sobre a validade de parte das certidões, votando pela realização de diligências nos TREs, pelo prazo de uma semana, para certificar documentos emitidos pelos cartórios e não avalizados pelos Tribunais Regionais.
No momento do pedido de vista, os ministros debatiam se o TSE pode ou não reconhecer como válidas certidões emitidas pelos cartórios e não analisadas pelos TREs.
O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, defendeu o voto da relatora dizendo que as certidões emitidas por cartórios eleitorais são reconhecidamente documentos da Justiça Eleitoral e merecem fé pública. Ele afirmou que a ministra Nancy Andrighi realizou “um trabalho hercúleo” e que ela se debruçou sobre a documentação anexada ao processo para atestar que o partido cumpriu os requisitos necessários à sua criação.
Com a utilização de gráficos e tabelas em slides, Nancy Andrighi afirmou que o PSD comprovou a existência de 514.932 assinaturas de eleitores em apoio à criação da legenda, superior ao mínimo de 491.643 apoios exigido pela legislação. Ela desconsiderou 27.660 assinaturas apresentadas pelo partido, mas que, de acordo com ela, têm vícios como duplicidade, falta de data, ausência de certidão, entre outras irregularidades.
Para pedir registro no TSE, o partido em formação precisa atestar o apoio mínimo de 0,5% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados na última eleição, percentual equivalente hoje a 491.643 eleitores. Esse apoio deve estar distribuído em, pelo menos, nove estados (um terço) da Federação, entre outros requisitos.
De acordo com a relatora, o partido também demonstrou ter obtido o registro de diretórios estaduais em 16 TREs, número superior aos nove diretórios exigidos.
Com base na documentação apresentada pelo PSD, a ministra afirmou que a legenda atestou com certidões de cartórios eleitorais e de TREs e com outras documentações com assinaturas, posteriormente anexadas ao processo, após a expedição de certidões pelos TREs, o apoiamento nacional mínimo de eleitores à criação do partido.
Após avaliar se o PSD cumprira as exigências legais, Nancy Andrighi julgou improcedentes as impugnações apresentadas pelo PSPB, DEM, PTB, e pelo deputado federal Lúcio Quadros Vieira Lima (PMDB-BA), entre outras.
Entre as impugnações contra o pedido de registro do PSD que a ministra julgou improcedente está a do PTB, que afirmava que a legenda em formação não poderia utilizar o nome e a sigla escolhidos porque pertenceram a um partido incorporado pelo PTB em 2002. Porém, a ministra disse que nada impede que a legenda em formação peça registro no TSE, utilizando nome e sigla de partido extinto, pois, no caso, não se trata de recriação de legenda incorporada por outra agremiação, mas de outra agremiação política, com registro civil próprio.
Pedido
O PSD entrou com o pedido de registro no TSE no dia 23 de agosto deste ano. No requerimento, o partido solicita o registro do estatuto da agremiação, além do reconhecimento do direito de filiar eleitores para a participação em pleitos eleitorais. O PSD pede ainda que seja autorizado o número 55 para agremiação.
Em sua defesa da tribuna, o PSD sustentou que obteve assinaturas de apoio de mais de meio milhão de eleitores para criação da legenda e o registro de diretórios regionais em 16 Estados, além de cumprir outras formalidades legais. Em favor da impugnação do registro do PSD, falaram da tribuna os advogados do DEM e do PTB.
Em sua fala a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, defendeu o indeferimento do pedido de registro porque considerou que a legenda não cumpriu a exigência do apoio mínimo nacional para a sua constituição.
Leia a íntegra do voto da relatora, ministra Nancy Andrighi.

Veja quadros das certidões consolidadas e das descartadas pela ministra Nancy Andrighi.
Processo relacionado: RPP 141796

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ECONOMIA: BC intervém no mercado e freia valorização do dólar; bolsas desabam

De O GLOBO

Daniel Haidar e Vinicius Neder, com agências (economia@oglobo.com.br)

RIO - Após ultrapassar a cotação de R$ 1,90, o dólar comercial amenizou a valorização depois da intervenção do Banco Central com a venda de contratos de swap tradicional, que corresponde a uma venda de dólares no mercado futuro para tentar frear a valorização da moeda americana. A última vez que o BC vendeu dólares com esse tipo de operação foi em 26 de junho de 2009. Dos 112.290 contratos que poderiam ser oferecidos pelo BC, foram vendidos 55.075 contratos (US$ 2,75 bilhões). A operação foi anunciada por volta de 10h e os lances foram feitos até 11h. A partir daí, a valorização perdeu força. Por volta de 13h03m, a moeda americana apresentava valorização de 0,80% ante o real, a R$ 1,880 na venda e a R$ 1,878 na compra. Na máxima do dia, em pouco mais de uma hora de negociação, a moeda americana chegou a R$ 1,963, alta de 5,25% no dia.
O dólar turismo, referência em casas de câmbio, ultrapassou nesta quinta-feira R$ 2,00 no Rio Grande do Sul (R$ 2,05) e em São Paulo (R$ 2,07). No Rio, o dólar turismo estava cotado a R$ 1,96.
- O desespero do mercado fez com que o BC atuasse, mas não precisava de tanto dólar. Teve muito especulador nos últimos dias - diz o gerente da mesa de câmbio da corretora Icap Brasil, Ítalo Abucater.
O Ibovespa, índice de referência do mercado, acompanhava mercados internacionais e desabava 4,21%, aos 53.622 pontos. Petrobras PN caía 4,17%, a R$ 19,74, Vale PNA tombava 4,34%, a R$ 41,56, e OGX Petróleo ON desabava 5,16%, a R$ 11,76.
O dólar não termina a sessão negociado acima de R$ 1,90 desde 1º de setembro de 2009. Na quarta-feira, a moeda americana fechou cotada em R$ 1,865, alta de 4,25% sobre o dia anterior, o que foi a maior expansão em termos percentuais desde 22 de outubro de 2008. O dólar não fechava acima de R$ 1,80 desde 30 de junho de 2010.
Para analistas, o dólar valorizou mais sobre o real do que em relação a outras moedas, porque havia mais capital financeiro do exterior concentrado no país.
- Estrangeiros tinham mais aplicações em real do que em outras moedas, porque o Brasil foi o queridinho do mercados nos últimos anos. Quando é pra liquidar, aquilo que foi mais comprado é o que mais cai - disse o economista Tony Volpon, diretor de pesquisa econômica nas Américas do banco japonês Nomura, em entrevista ao GLOBO por telefone de Nova York.
A escalada do dólar desta quinta-feira foi precipitada pelo comunicado do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) divulgado na quarta-feira, que anunciou a injeção de US$ 400 bilhões para reativar a economia. A decisão fez investidores fugirem de investimentos mais arriscados em países emergentes como o Brasil, avalia Volpon. No documento, um trecho particularmente pessimista foi o Fed dizer que "existem riscos de deterioração significativa para a perspectiva econômica, incluindo feridas nos mercados financeiros globais".
Isso contribuiu para investidores venderem ativos mais arriscados em países emergentes e se refugiarem em investimentos mais seguros como títulos do tesouro americano e ouro. Só em setembro, das 16 principais moedas acompanhadas pelo mercado, o real tinha a maior desvalorização ante o dólar.
Essa aversão ao risco de estrangeiros só agravou a tendência de desvalorização do real inspirada pelo corte de 0,5 ponto da taxa básica de juros para 12% ao ano e pela cobrança de 1% de IOF sobre o saldo líquido de posições vendidas em dólar futuro. Essa taxação dos contratos de derivativos que apostam na valorização do real foi instituída em julho quando o governo queria frear a desvalorização do dólar. Mas os tempos mudaram e a tendência atual é de valorização do dólar, só agravada pela tributação do dólar futuro e juros menores.
- O feitiço voltou contra o feiticeiro. Até o fim do ano, o governo vai acabar abrindo mão do IOF no dólar futuro. E não vai mais reduzir o juro para trazer o gringo de volta e reduzir a inflação - avalia Abucater, da Icap Brasil.
Mercado externo
As bolsas americanas e europeias despencavam nesta quinta-feira após o anúncio na véspera de injeção de US$ 400 bilhões na economia pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) e a divulgação de indicadores de desaceleração na China e na Alemanha.
Em Wall Street, o Dow Jones tombava 3,82%, S&P 500 recuava 3,51% e Nasdaq perdia 3,23%.
As bolsas europeias fecharam em forte queda. O Euro Stoxx 50, índice com 50 ações das principais empresas da zona do euro, tombou 4,90%. Em Londres, o FTSE 100 desabou 4,67%. Em Paris, o CAC 40 perdeu 5,25%. Em Frankfurt, o DAX derreteu 4,96%. Em Madri, o IBEX 35 retrocedeu 4,62%. Em Milão, o FTSE MIB teve forte queda de 4,52%.
A preocupação aumentou nesta quinta-feira depois que o índice PMI da China do HSBC mostrou que a indústria encolheu pelo terceiro mês consecutivo em setembro, indicando uma desaceleração na segunda maior economia do mundo. Também causou apreensão a divulgação de que a atividade econômica na Alemanha aumentou na taxa mais fraca em dois anos em setembro e encomendas caíram pelo terceiro mês consecutivo.
O BC americano informou na quarta-feira, em comunicado, que até o fim de 2012 vai comprar US$ 400 bilhões em títulos da dívida do Tesouro de longo prazo. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária pretende vender o mesmo valor em títulos de curto prazo (três anos ou menos) para tentar estimular uma queda nas taxas de juros de empréstimos do setor privado, uma forma de estimular a economia.
As bolsas de valores asiáticas desabaram nesta quinta-feira, depois do alerta do Federal Reserve para os "riscos significativos" que a economia dos Estados Unidos enfrenta, enquanto dados mostraram evidência maior de desaceleração na China.
Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 2,07%. O índice de Seul encerrou em baixa de 2,90%. O mercado tombou 4,85% em Hong Kong e a bolsa de Taiwan retrocedeu 3,06%, enquanto o índice referencial de Xangai perdeu 2,78%. Cingapura declinou 2,55% e Sydney fechou com desvalorização de 2,63%.
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