sexta-feira, 5 de abril de 2013

ECONOMIA: Bovespa tem forte queda, puxada por OGX; dólar recua nesta sexta

Do UOL

A Bovespa operava em baixa nesta sexta-feira (5). Por volta das 15h10, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) perdia 0,35%, aos 54.454,8 pontos. 
A ação da OGX, petrolífera de Eike Batista,liderava as perdas e puxava o índice para baixo. A ação já tinha despencado na véspera para o seu menor valor histórico, de R$ 1,98.
O dólar comercial tinha queda de 1,04%, a R$ 1,996 na venda.
Dados fracos de emprego nos Estados Unidos alimentarem expectativas de que o banco central norte-americano terá que dar continuidade às suas medidas de estímulo para impulsionar o crescimento do país.
A continuidade dos estímulos por parte do BC dos EUA deixa investidores otimistas, e mais propensos a investir em mercados considerados arriscados, como o Brasil. Com a maior oferta de dólares no mercado, a cotação tende a cair.
O euro recuava 0,53%, para R$ 2,598 na venda. 
Bolsas internacionais
Notícias de uma nova onda de gripe aviária na China e o aumento das tensões na península coreana pesaram sobre as Bolsas da Ásia, puxando o índice das ações da região para o menor nível em três meses.
O índice de Hong Kong encerrou em queda de 2,7%, menor nível de fechamento desde 28 de novembro. O índice de Seul encerrou em baixa de 1,64%, Cingapura retrocedeu 0,24% e Sydney fechou com desvalorização de 0,45%. Por outro lado, o índice Nikkei do Japão subiu 1,58%, depois de ter saltado 4,7% mais cedo
(Com Reuters)

EDITORIAL: Seca denuncia incompetência desde a monarquia (Editorial)

De O Globo

Diante dos chamados fenômenos climáticos extremos, já ficou entendido que, se é impossível evitá-los, o melhor a fazer é tomar medidas de precaução. É óbvio, mas não se aplica às secas no Nordeste. Mesmo que o conhecimento humano na meteorologia tenha avançado bastante, e seja possível fazer previsões com grande antecedência, a cíclica falta de chuvas na região parece sempre apanhar governos de surpresa.
Deve-se reconhecer que a atual seca, considerada a pior dos últimos 50 anos, demonstra grande poder de destruição de plantações e rebanhos. Mas ela já constava há tempos dos mapas de previsão dos especialistas.
Não surpreende que o aparato burocrático criado para tratar de questões como esta se mostre lento, incapaz de formular e executar projetos no ritmo exigido pelos problemas. É uma característica do Estado. E quando formula, não executa.
O exemplo gritante é o projeto de transposição de águas do Rio São Francisco para irrigar o agreste. Discutido já na monarquia, na corte de D. Pedro II, o empreendimento sempre foi centro de intenso conflito político regional, até que, no segundo governo Lula, com Ciro Gomes no Ministério da Integração Nacional, o que estava nas pranchetas começou a se tornar realidade. Não por muito tempo. Mesmo com a participação de destacamentos de engenharia do Exército, frentes de trabalho foram paralisadas por falta de pagamento. Canais já construídos se deterioraram. Perda de tempo e dinheiro.
Em Brasília, gosta-se muito de falar em “obras estruturantes”. Pois esta é uma, e não recebeu a prioridade merecida. Venceu a tradição de se gastar mais na atenuação dos efeitos da seca — carros-pipa, Bolsa Estiagem etc. — do que em projetos de largo alcance. (Também é assim na Serra Fluminense.)
Levantamento da ONG Contas Abertas constatou que, no ano passado, o programa Oferta de Água, do qual constam a construção de barragens, adutoras e a transposição do São Francisco, aparecia no Orçamento com uma dotação de R$ 3,4 bilhões. Porém, foi empenhado apenas R$ 1,9 bilhão, e gastos, de fato, R$ 406,9 milhões.
Quer dizer, obras para reter e transportar água no atacado ficam em segundo plano, enquanto o varejo dos carros-pipa deslocados para encher cisternas de quintal, entre outras ações fáceis de serem capitalizadas pelo coronelismo político, leva a parte do leão do dinheiro público.
A esta altura, não resta mesmo muito mais a fazer além de assistir as pessoas. Mas esta seca deveria servir de marco zero no enfrentamento da questão. Já existe conhecimento suficiente para se formular um programa sério, com metas de curto, médio e longo prazos, para enfrentar a seca. Teria, porém, de ser um projeto de Estado, não só de governos.

MUNDO: Preso desde 2010, Wesley Snipes é transferido para prisão domiciliar

Do UOL
Larry Busacca/Getty Images for Overture Films
O ator Wesley Snipes, preso desde 2010 por evasão de impostos
O ator Wesley Snipes, conhecido por estrelar a trologia "Blade: O Caçador de Vampiros", foi solto da prisão na última terça-feira (2), informou o site TMZ.
Snipes foi preso em dezembro de 2010 condenado por evasão de impostos federais de 1999 a 2001. Ele tentou se livrar da pena, pagando fiança, mas teve que cumprir a sentença de três anos.
Segundo o site, o ator foi transferido para Nova York onde poderá cumprir o resto de sua sentença, que acaba em 19 de julho, em prisão domiciliar.
Além de "Blade", Snipes tem uma longa carreira em filmes de ação como atuou em vários filmes de ação como "Febre da Selva", "Homens Brancos Não Podem Enterrar", "O Demolidor", "A Cilada" e "Crime na Casa Branca".

COMENTÁRIO: Além da imaginação

Por Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

Algo de sobrenatural, no sentido metafísico do excesso, está acontecendo quando um ministro de Estado toma posse acusando a presidente da República (responsável por sua nomeação) de ter cometido uma injustiça ao demitir um antecessor, colega de partido, por suspeita de corrupção no ministério dos Transportes.
As denúncias que levaram a presidente Dilma Rousseff a demitir Alfredo Nascimento ainda no primeiro ano de governo resultaram em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal e o ato da demissão rendeu prestígio e popularidade à governante ontem apontada pelo novo titular da pasta, César Borges, como autora da iniquidade.
"Hoje se corrige uma injustiça cometida a Vossa Excelência, que foi denunciado, mas nada, nada, nada foi provado", disse Borges referindo-se a Nascimento, muito aplaudido pela plateia.
Entre os que ovacionavam estavam o deputado Paulo Maluf, caçado pela Interpol, o deputado Natan Donadon, prestes a ser preso por ter sido condenado pelo STF por corrupção, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, denunciado ao Supremo por uso de documentos falsos e desvio de dinheiro público.
Tom Jobim dizia que nosso País não é para amadores. A frase literal: "O Brasil não é para principiantes". Tivesse vivido mais uns 20 anos (morreu em 1994) provavelmente chegaria à conclusão de que o panorama nacional foge também à compreensão dos profissionais.
A presidente, cujos assessores são sempre tão ciosos em lustrar-lhe a imagem de pessoa irascível, achou ruim? Caso tenha achado, fez que não notou que o Palácio do Planalto servia de palco para ato de desagravo de um dos varridos na dita "faxina ética".
Sorriu e atribuiu ao empossado a tarefa de consolidar a presença do PR - até então tratado feito lixo no governo a fim, naturalmente, de "segurar" o partido na aliança até a eleição de 2014. Afinal, o que é a coerência (não, não, falar em decência soaria grosseiro) diante dos 70 segundos a que tem direito a legenda no horário eleitoral?
Em verdade, o que se passou naquela cerimônia foi um jogo de aparências. O PR fingindo que estava satisfeito, a presidente fazendo de conta que preservava autoridade ao impor nome de sua preferência, mas o que fica é o seguinte: o ministério não é garantia de nada e Dilma tropeçou na austeridade.
A conta só não soma zero porque o País continua a arcar com o prejuízo do modelo pervertido de loteamento da máquina pública mediante critério puramente eleitoral.
Legado. Além de ministros "faxinados" de partidos depois reincorporados ao governo, além da ilusão "vendida" ao governador Sérgio Cabral de que a divisão dos royalties do petróleo seria resolvida no Palácio do Planalto, e os problemas daí decorrentes na aprovação da nova lei pelo Congresso, o ex-presidente Lula deixou várias heranças nada benditas para a sucessora Dilma Rousseff.
A construtora Odebrecht, por exemplo, arcou com os custos do estádio do Corinthians, o Itaquerão, confiante na promessa de Lula de que o BNDES entraria com R$ 400 milhões. Como a construção de campos de futebol está fora do alcance legal da instituição, o problema se transferiu para o Banco do Brasil, o agente financeiro, que há meses negocia com a Odebrecht as garantias, ora não aceitas pela empresa, ora não aceitas pelo BB.
E com isso, a pendenga se estende na proporção direta em que se reduzem as chances de o estádio ficar pronto para a abertura da Copa do Mundo como previsto no anúncio retumbante do então presidente.

COMENTÁRIO: Bondade para quem pode

Por Celso Ming - O Estado de S.Paulo

Para a indústria de veículos, tudo.
A produção das montadoras cresce uma enormidade. Nada menos que 39,2%, em março sobre fevereiro; e 3,4%, em relação a março do ano passado. Comparando-se o primeiro trimestre deste ano com o primeiro de 2012, o avanço foi de 12,1%.
Tomadas as mesmas bases de comparação, os números correspondentes às vendas, algo mais baixos, não são pouca coisa: houve crescimento de 20,8% sobre fevereiro; queda de 5,5% sobre março de 2012; e expansão de 1,5% no trimestre.
No entanto, para o governo, as montadoras, tadinhas, precisam de ajuda. Desde 2009 vêm tirando proveito de reduções tributárias e acabam de ganhar novo presente: a prorrogação dos favores fiscais até o final deste ano. As graças do governo são tão generosas que nem a Anfavea, a associação que defende os interesses do setor, tem argumentos aceitáveis para justificá-las. Ontem, seu presidente, Cledorvino Belini, não conseguiu dizer outra coisa senão agradecer e repetir que, não fosse a prorrogação, os estoques cresceriam e o desempenho do segmento decepcionaria seus dirigentes.
Por essa lógica, o governo deveria conceder as mesmas bondades para cada setor industrial incapaz de cumprir as metas que compõem os planos dos seus dirigentes. O problema é que nem todos têm o mesmo poder de lobby, nem todos contam com os mesmos padrinhos, nem todos contam com o respaldo obtido pelas montadoras de veículos da aristocracia do proletariado, agasalhada tanto pelo governo Lula quanto pelo governo Dilma.
Não se trata somente de um caso de sucesso de quem consegue gritar mais alto ou de quem tem maior poder de convencimento ante as autoridades. Trata-se, também, de omissão e/ou de fragilidade das lideranças da Indústria, tanto na Confederação Nacional da Indústria como na Fiesp, sempre propensas a aplaudir qualquer presentinho do governo sem, no entanto, se empenharem em arrancar melhores condições de competitividade para todo o setor produtivo, e não apenas para os abonados de sempre.
Essas cortesias não saem barato. De desoneração em desoneração, o Tesouro vai perdendo receita. O governo admite que, neste ano, passarão dos R$ 50 bilhões, algo na casa de 32% do superávit primário previsto para 2013 pelo Banco Central.
Mas o preço mais alto é o avanço das distorções. Está claro que, uma vez concedidas, sempre em caráter transitório, essas isenções se perpetuam, com a agravante de semearem incertezas na medida em que tudo depende da boa vontade e dos favores do rei, circunstâncias que não cabem nos planejamentos - até porque podem cessar a qualquer momento.
No mais, são expedientes que não garantem, como não vêm garantindo, o bom desempenho da indústria. Os pibinhos vão se sucedendo e a política de puxadinhos, também. Por essas e outras é que se aprofunda o processo que a Fiesp chama de desindustrialização. E o que se desindustraliza já não é mais indústria. É desindústria.

ESPORTE: Presidente Dilma Rousseff deu o pontapé inicial

De OGLOBO.COM.BR
IBAHIA (FACEBOOK·TWITTER)

Estádio é o terceiro da Copa do Mundo a ser entregue
Clássico Ba-Vi, domingo, será a primeira partida do novo estádio
Dilma Rousseff dá o pontapé inicial na Arena Fonte Nova - Divulgação

SALVADOR - A Arena Fonte Nova está inaugurada. Em cerimônia na manhã desta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff, descalça, deu o pontapé inicial no centro do gramado. A Arena Fonte Nova, em Salvador, é o terceiro estádio entregue e inaugurado para a Copa de 2014. Os primeiros foram o Castelão, em Fortaleza, e o Mineirão, em Belo Horizonte. Em ambos, a presidente Dilma Rousseff também deu o pontapé inicial. O clássico entre Bahia e Vitória, no domingo, pelo Campeonato Baiano, será o primeiro jogo do novo estádio. A venda de ingressos para a partida teve tumulto.
Enquanto as autoridades circulavam pelas dependências do estádio, operários, autoridades e membros de um projeto social aguardavam, das arquibancadas, o grupo para a série de pronunciamentos. Representando ex-jogadores do futebol baiano, Osni e Zé Eduardo foram homenageados pela presidente Dilma, assim como os operários das obras do estádio. Eles receberam das mãos de Dilma certificado de qualificação de cursos promovidos pela Secopa-BA.
- Eu tenho uma palavra para sintetizar este momento. Esta construção é única e mostra, sem dúvida, o espírito e a criatividade do povo dessa terra. A palavra é orgulho. Como presidente, dá orgulho de olhar esse estádio e ver que estamos superando as expectativas. Não é qualquer país que tem essa qualidade e essa beleza. Este formato em ferradura da Fonte Nova dá uma atitude, um perfil especial a esse estádio. É a criatividade, uma das características maiores deste povo. O estádio se vira para a Fonte de Tororó, onde estão os orixás dessa terra. Um estádio que se volta para o sincretismo, a cultura do estado. Isso é muito especial.
Antes do clássico Ba-Vi de domingo, a Arena Fonte Nova terá apresentações de artistas como Ivete Sangalo, Cláudia Leite, Margareth Menezes e Olodum.
A Arena Fonte Nova receberá seis jogos da Copa do Mundo de 2014 e três da Copa das Confederações. Em 20 de junho, Nigéria e Uruguai se enfrentam pelo grupo B e, em 22 de junho, a seleção brasileira joga contra a Itália, pelo grupo A. Em 30 de junho, último dia da competição, o estádio recebe a disputa do terceiro lugar.
O estádio, que custou R$ 591,7 milhões, tem capacidade para 55 mil torcedores, com cinco mil assentos móveis. Do total de investimentos, R$ 323,6 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômica e Social (BNDES) e R$ 268,1 milhões são recursos estaduais. Realizado por meio de parceria público-privada, a gestão do estádio será feita, nos próximos 35 anos, pelas empresas OAS e Odebrecht, que fizeram a obra.

MUNDO:Coreia do Norte oferece ajuda a diplomatas brasileiros para deixarem o país

Do UOL
Thiago Varella 


Tensão entre as Coreias
Tanques de artilharia sul-coreanos são deslocados para área de treinamento militar na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias em Paju, ao norte de Seul, na Coreia do Sul, nesta quinta-feira (4) Leia mais Lee Jae-Won/Reuters
O governo norte-coreano comunicou nesta sexta-feira (5) todas as representações diplomáticas que estão no país, inclusive a do Brasil, sobre a possibilidade de receberem apoio logístico para deixarem a Coreia do Norte. Segundo o Itamaraty, o Brasil deve responder nos próximos dias se aceita ou não a ajuda. 
No país, vivem o embaixador Roberto Colin, a mulher dele, o filho do casal e um funcionário da embaixada. A mulher e o filho do embaixador da Palestina na Coreia do Norte também são brasileiros. A medida norte-coreana visa a cumprir a Convenção de Viena, que estabelece que os diplomatas devem ter a segurança garantida pelo país onde estão vivendo.
O Itamaraty não soube informar se a Coreia do Norte deu algum prazo para as embaixadas. No entanto, o Reino Unido disse que o governo norte-coreano só conseguiria garantir a segurança das representações diplomáticas até a próxima quarta-feira (10).
"Podemos confirmar que a embaixada britânica em Pyongyang recebeu uma comunicação do governo norte-coreano nesta manhã", afirmou um porta-voz do ministério das Relações Internacionais do Reino Unido, ao jornal Telegraph.
A embaixada da Rússia também recebeu um comunicado do governo norte-coreano para que considerassem a possibilidade de retirada de pessoal do país.
Segundo o porta-voz da embaixada russa em Pyongyang, Denis Samsonov, os diplomatas receberam a visita de representantes norte-coreanos, que fizeram pessoalmente o pedido.
Por enquanto, Rússia e Reino Unido não planejam fechar suas embaixadas e deixar a Coreia do Norte. Atualmente 24 embaixadas estrangeiras estão no país.
Mísseis
Nesta sexta-feira (5), a Coreia do Norte colocou dois de seus mísseis de médio alcance em lançadores móveis e os escondeu na costa leste do país, disse a agência sul-coreana de notícias Yonhap, citando fontes de inteligência da Coreia do Sul --que já posicionou em sua costa dois navios para interceptar mísseis.
A informação não foi confirmada oficialmente, mas pode ser uma demonstração de ameaça por parte do Norte ao Japão ou às bases norte-americanas em Guam.
"No início desta semana, o Norte transferiu por trem dois mísseis Musudan e os colocou em lançadores móveis", disse um oficial militar à Yonhap. O Ministério da Defesa da Coreia do Sul não quis comentar o assunto.
Ainda não está claro quais mísseis teriam sido deslocados. A especulação são em torno de dois tipos de mísseis que aparentemente não foram testados.
Um deles é o chamado míssil Musudan, que o Ministério da Defesa da Coreia do Sul estima que tem alcance de até 3.000 km. O outro é chamado de KN-08, que se acredita ser um míssil balístico intercontinental, que não foi testado.

ECONOMIA: Dilma edita MP com novas desonerações

De OGLOBO.COM.BR
ROBERTA SCRIVANO, COM VALOR (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
MARTHA BECK (EMAIL)

Entre os novos setores beneficiados, estão construtoras de obras de infraestrutura e empresas de jornalismo e radiodifusão
Renúncia fiscal chegará a R$ 5,4 bilhões, diz Mantega
BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta sexta-feira em São Paulo, a inclusão de mais 14 setores no regime de desoneração da folha de pagamento. A medida provisória (MP) 612, já publicada em edição extra do “Diário Oficial” de quinta-feira, passa a valer em 1º de janeiro de 2014. Segundo o ministro, a renúncia fiscal do governo chegará a R$ 5,4 bilhões em 2014 e a União compensará a perda de arrecadação de impostos com recursos do Tesouro. A medida também zera a alíquota do PIS/Cofins para as indenizações do setor elétrico pela renovação antecipada de concessões.
— Com o anúncio desta nova leva de setores que serão desonerados, vamos estimular a atividade. Redução de impostos é muito bom para a economia — disse Mantega.
Depois de ter vetado nesta semana, Dilma resolveu incluir novamente na desoneração da folha de pagamento setores como jornalismo e radiodifusão, prestação de serviços aeroportuários, empresas de transporte aéreo de passageiros; transporte metroviário; engenharia e arquitetura e construtoras de obras de infraestrutura. Também serão desonerados transportes de cargas por navegação de travessia, marítimo e rodoviário. Também foi desonerado o setor de defesa. No entanto, o benefício não inclui os segmentos de produção de armas, munições e fogos de artifício.
Em Brasília, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, detalhou a renúncia fiscal. Somente no caso do setor de transportes, o governo vai abrir mão de R$ 1,8 bilhão. No caso das empresas jornalísticas, a renúncia será de R$ 1,267 bilhão. O secretário explicou que o veto de Dilma dos setores que foram agora incluídos na desoneração foi necessário porque a proposta dos parlamentares era que a desoneração fosse feita imediatamente, sendo que o espaço fiscal é limitado.
Mantega também anunciou o aumento do teto do faturamento para empresas que optam pelo regime de lucro presumido. Hoje, o teto é de R$ 48 milhões. A partir de primeiro de janeiro do próximo ano, o limite passa a ser de R$ 72 milhões por ano. Dessa forma, as empresas pagarão menos imposto de renda. Ele acrescentou que estão previstas novas medidas de estímulo envolvendo PIS/Cofins, incluindo para o etanol.
— Estamos elevando o limite do faturamento para quem optou pelo lucro presumido. Essa medida dará mais competitividade às empresas — afirmou Mantega.
Na quarta-feira, Dilma Rousseff sancionou uma lei permitindo que 25 segmentos e atividades possam deixar de recolher a contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento e pagar uma alíquota de 1% a 2% do faturamento. A lei sancionada vetou 33 áreas incluídas pelo Congresso. Muitos desses setores estão na MP 612, que trata ainda de outros temas. Até ontem, as desonerações contemplavam 42 setores, com ênfase na atividades industrial, que teve mais de 30 segmentos beneficiados.
A desoneração da folha já beneficia 42 setores da economia e tem como objetivo reduzir o custo de produção no Brasil. Além disso, o governo tem dito que espera que essa redução do custo se transforme em expansão do investimento.
Em São Paulo, Mantega disse ainda que espera que os preços dos alimentos caiam para um patamar “mais razoável” nos próximos meses, com o fim do período das chuvas. Segundo ele, os alimentos têm sido os “vilões da inflação”, mas este ano se espera uma safra recorde de grãos no país, o que deve aliviar também a pressão sobre os preços. O ministro afirmou ainda que serão tomadas todas as medidas para manter a inflação sob controle, e que espera que o IPCA de março seja menor que o de fevereiro, quando houve alta de 0,60%. Para ele, há indicadores de que os investimentos estão crescendo em 2013, e o crescimento econômico deve ser maior no primeiro trimestre deste ano do que no quarto trimestre de 2012.
Medida também beneficia setor elétrico
A medida provisória (MP) 612 também reduz a zero as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre as indenizações do governo sobre o setor elétrico.
A Lei 12.783, de janeiro de 2013, a que se refere a MP, viabiliza a redução das tarifas de energia elétrica e permitiu a prorrogação antecipada das concessões de usinas e linhas de transmissão. A MP isenta as concessionárias do pagamento de tributos sobre as indenizações que receberão da União.
Havia dúvida entre as empresas do setor elétrico sobre esse custo, mas os artigos 21 e 22 da MP deixam clara a redução.

DIREITO: ADI impede concurso para cartórios na Bahia

Da CONJUR

O Tribunal de Justiça da Bahia não pode fazer, de imediato, concurso para vaga de titular dos cartórios extrajudiciais devido a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que tramita no Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria Geral da União questionou o artigo 2º da lei de privatização dos cartórios da Bahia (Lei 12.352/2011), que dá o direito dos servidores legalmente investidos na titularidade das serventias oficializadas de optar por migrar para a prestação do serviço notarial ou de registro em caráter privado. O TJ-BA só poderá promover o concurso após o julgamento da ADI.
No último dia 25 de março, o corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, determinou que Tribunais de Justiça de 14 estados e do Distrito Federal preparem, em até três meses, concurso público para preenchimento da vaga de titular dos cartórios extrajudiciais, sob pena de abertura de processos disciplinares. Segundo informações dos próprios tribunais, ainda não foram feitos concursos nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins, além do Distrito Federal.

DIREITO: Gravação de conversa sem consentimento é aceita como prova

Da CONJUR

A 2ª turma do TRT/MG negou provimento ao recurso que pedia o desentranhamento de gravação de uma conversa feita sem o conhecimento do interlocutor, em que uma testemunha deixou claro ter mentido em juízo em favor dos recorrentes.
Na ação em questão, um trabalhador rural que alegou receber por dia de trabalho na colheita de café dos réus, reivindicou direito a benefícios trabalhistas. Os reclamados, contudo, afirmavam que havia um contrato de parceria agrícola entre as partes.
Ao defender a relação de emprego, o trabalhador disse ter sido dispensado sem justa causa e sem aviso prévio ou pagamento das verbas rescisórias. O reclamante requereu a conversão do julgamento em diligência para que o crime de falso testemunho fosse apurado. De acordo com ele, os empregadores prometeram vantagens para que as testemunhas mentissem, o que foi provado através de gravação anexada ao processo.
O juiz de 1º grau deferiu o pedido e intimou o reclamante a apresentar a degravação da conversa, o que foi feito por e-mail, com apresentação posterior do original. Ao requerer o desentranhamento da degravação, os réus argumentaram que o e-mail foi encaminhado por pessoa alheia ao processo e que os documentos não atendem aos requisitos legais mínimos. Afirmaram ainda que o autor da gravação utilizou de artifícios para iludir o interlocutor, sendo-lhe dirigidas perguntas capciosas para obter respostas induzidas.
A juíza sentenciante, contudo, rejeitou os argumentos e ressaltou que não há regra legal que determine que o endereço de e-mail utilizado para remessa de peças seja de pessoa vinculada aos autos. Frisou, ainda, que a peça foi regularmente subscrita pelo advogado do reclamante. Considerou, então, que a degravação corresponde à reprodução fiel da gravação constante do pen drive, portanto uma prova lícita.
Entendimento esse que foi acompanhado pelo relator, desembargador Luiz Ronan Neves Koury, e demais julgadores da turma, ao apreciar o recurso dos réus. Convencendo-se de que houve desvirtuamento do contrato de safra, já que o reclamante também prestava serviços para o réu, o relator manteve a relação de emprego reconhecida na sentença, com o consequente pagamento das parcelas trabalhistas e rescisórias de direito, no que foi acompanhado pela turma julgadora.

DIREITO: STF - STF declara constitucionalidade da reincidência como agravante da pena

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta quinta-feira (4) que é constitucional a aplicação do instituto da reincidência como agravante da pena em processos criminais (artigo 61, inciso I, do Código Penal). A questão foi julgada no Recurso Extraordinário (RE 453000) interposto contra acórdão (decisão colegiada) do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) que manteve a pena de quatro anos e seis meses imposta a um condenado pelo crime de extorsão e entendeu como válida a incidência da agravante da reincidência, na fixação da pena.
Argumentos
A tese do autor do recurso, representado pela Defensoria Pública, era de que a aplicação da reincidência caracterizaria bis in idem, ou seja, o réu seria punido duas vezes pelo mesmo fato. Durante a sustentação oral no Plenário, o defensor público federal Afonso Carlos Roberto do Prado comparou a situação com a de pessoas que cometem infração de trânsito e nem por isso são punidas como reincidentes.
“O agravamento pela reincidência traz a clara situação de penalizar outra vez o mesmo delito, a mesma situação com a projeção de uma pena já cumprida sobre a outra”, afirmou. De acordo com o defensor, a regra também contraria o princípio constitucional da individualização da pena, estigmatiza e cria obstáculos para o réu a uma série de benefícios legais.
Já a representante do Ministério Público Federal (MPF), Deborah Duprat, defendeu a constitucionalidade da regra e afirmou que o sistema penal brasileiro adota a pena com dupla função: reprovação e prevenção do crime. Portanto, segundo afirmou, a “reincidência foi pensada no sentido de censura mais grave àquele que, tendo respondido por um crime anterior, persiste na atividade criminosa”. Para ela, não se pune duas vezes o mesmo fato, se pune fatos diferentes levando em consideração uma circunstância que o autor do fato carrega e a história de vida do agente criminoso.
Voto
O relator do caso, ministro Marco Aurélio, negou provimento ao recurso ao afirmar que, ao contrário do que alega a Defensoria Pública, “o instituto constitucional da individualização da pena respalda a consideração da reincidência, evitando a colocação de situações desiguais na mesma vala”. Conforme asseverou o ministro, o instituto da reincidência está em harmonia com a lei básica da República – a Constituição Federal – e “a regência da matéria circunscreve-se com a oportuna, sadia e razoável política criminal, além de envolver mais de 20 institutos penais”.
Nesse sentido, ele destacou que as repercussões legais da reincidência são diversas e não se restringem à questão do agravamento da pena. Por essa razão, caso a regra fosse considerada inconstitucional, haveria o afastamento de diversas outras implicações que usam a reincidência como critério, a exemplo do regime semiaberto, da possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou por multa, do livramento condicional, da suspensão condicional do processo, dentre outros.
“Descabe dizer que há regência a contrariar a individualização da pena. Ao reverso, leva-se em conta, justamente, o perfil do condenado, o fato de haver claudicado novamente, distinguindo-o daqueles que cometem a primeira infração penal”, afirmou o ministro.
Seu voto foi acompanhado por todos os demais ministros que participaram do julgamento – Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e o presidente, Joaquim Barbosa.
A ministra Cármen Lúcia ponderou que a regra é uma forma de se tratar igualmente os iguais, deixando a desigualdade para os desiguais e garante àquele que cometeu um delito “a oportunidade de pensar sobre isso para que não venha a delinquir novamente em afronta à sociedade”.
O presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, destacou que a pena tem finalidade ressocializadora e preventiva, de modo que o condenado que volta a cometer novo crime demonstra que a pena não cumpriu nenhuma dessas finalidades.
Repercussão geral
Apesar desse processo ter chegado à Corte anteriormente à regulamentação da repercussão geral, os ministros decidiram aplicar à decisão de hoje os efeitos desse instituto, uma vez que a matéria teve repercussão geral reconhecida em outro recurso (RE 732290, de relatoria do ministro Gilmar Mendes). Dessa forma, o mesmo entendimento será aplicado a todos os processos semelhantes em trâmite nos demais tribunais do País.
Além disso, o Plenário decidiu que os ministros poderão aplicar esse entendimento monocraticamente em habeas corpus que tratem do mesmo tema.
Habeas Corpus
Em seguida, os ministros também negaram quatro Habeas Corpus (HCs 93411, 93851, 94361 e 94711) que tratavam da mesma matéria. O relator dos HCs, ministro Gilmar Mendes, votou no sentido de negar todos os pedidos e fez uma distinção apenas em relação ao HC 93411, que discutia uma multa aplicada ao réu. “Diante da jurisprudência segundo a qual não se permite a conversão da multa em pena privativa de liberdade, nesse ponto não estou conhecendo do habeas corpus”.

DIREITO: STJ - Novo edital não pode mudar cálculo de nota previsto no edital de abertura do concurso público

Os critérios de classificação e aprovação dos candidatos, fixados no edital de abertura do concurso público, não podem ser alterados pela administração durante a realização do certame, sob pena de ofensa aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica. 
Com esse entendimento, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao recurso em mandado de segurança impetrado por candidatos que participaram de concurso público para promotor de Justiça substituto em Rondônia, no qual houve mudança nas regras de cálculo das notas no decorrer do certame. 
Os recorrentes afirmaram que o edital de abertura do processo seletivo – Edital 39/10 – estabelecia em cinco a nota mínima em cada prova escrita discursiva, e em seis o mínimo a ser alcançado no total obtido nessas provas, valor a ser calculado pelo somatório das notas de cada prova discursiva. O critério foi confirmado pelo Edital 40/10. 
Mudança de regras
Após a realização da prova discursiva, o Cespe, organizador do concurso, publicou o Edital 45/10, com a divulgação das notas provisórias dessas provas. Porém, no mesmo mês, tornou-o sem efeito, para adequar o certame ao artigo 48 da Resolução 8/10, do Conselho Superior do Ministério Público de Rondônia (CSMP/RO). 
De acordo com os recorrentes, a redação do artigo 48 traz nova regra para cálculo da nota de corte dos candidatos, pois afirma que “serão considerados aprovados nas provas escritas discursivas os candidatos que obtiverem nota igual ou superior a cinco em cada grupo de disciplinas e média final, considerando os três grupos de disciplinas, igual ou superior a seis”. 
Para os impetrantes, o edital de abertura é bastante claro quando determina que o somatório das notas dos grupos deve ser seis ou mais. Em nenhum momento cita a palavra “média”, inovação trazida com base na resolução. 
O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) entendeu de forma divergente. Para a corte, a Resolução do CSMP/RO deveria ser observada. Nela, o cálculo da nota mínima de seis pontos, necessária para aprovação na fase discursiva, deveria “ser apurada por meio de média aritmética, e não pela simples somatória das notas”. 
Parecer do Ministério Público Federal considerou que a resolução, “não publicada em meio oficial, não pode se sobrepor ao edital do concurso, cuja publicidade e divulgação foram amplas”; e que, se se tratasse de mero erro material, a banca organizadora deveria tê-lo corrigido antes da realização das provas. 
Segurança jurídica
Inconformados com a decisão de segundo grau, os candidatos recorreram ao STJ invocando, entre outros, os princípios da legalidade e da segurança jurídica, para que o cálculo de suas notas fosse feito conforme o edital inaugural, ou seja, de acordo com a lei que rege o concurso. 
A Primeira Turma atendeu ao pedido. Para o ministro Benedito Gonçalves, relator do recurso, “não pode a administração pública, durante a realização do concurso, a pretexto de fazer cumprir norma do Conselho Superior do MP/RO, alterar as regras que estabeleceu para a classificação e aprovação dos candidatos, sob pena de ofensa aos princípios da boa fé e da segurança jurídica”.

DIREITO: STJ - Aplicação da causa de diminuição de pena não afasta caráter hediondo do crime de tráfico de drogas

A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no parágrafo 4º, artigo 33, da Lei 11.343/06, no tráfico de drogas, não afasta o caráter hediondo nem caracteriza forma privilegiada do crime. A tese foi firmada pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em julgamento de recurso repetitivo. O relator, ministro Sebastião Reis Júnior, concluiu que a natureza hedionda do crime de tráfico de drogas deve ser mantida, mesmo quando aplicada a referida minorante. 
Segundo esse dispositivo, deve ter redução de um sexto a dois terços a pena imposta ao réu que é agente primário, tem bons antecedentes, não se dedica ao crime e não integra organização criminosa. 
O julgamento da Terceira Seção serve como orientação às demais instâncias da Justiça e impede que novos recursos defendendo posição contrária cheguem ao STJ. 
Recursos suspensos
A questão foi afetada à Terceira Seção em novembro do ano passado e, desde então, os processos sobre esse assunto em todos os tribunais de segunda instância estavam com andamento suspenso. Agora, caso o entendimento na segunda instância seja divergente do manifestado pelo STJ, o tribunal pode usar do chamado juízo de retratação, adequando-se à posição superior. 
No caso, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ao analisar um agravo em execução (tipo de recurso) apresentado pelo preso, entendeu que a aplicação da causa de diminuição do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei 11.343 faria surgir uma forma privilegiada do crime de tráfico de drogas, ficando afastada a hediondez prevista na Lei 8.072/90, a Lei de Crimes Hediondos. 
Com isso, o juiz de execução teria de reapreciar os pedidos da defesa para concessão de indulto e livramento condicional, levando em conta o requisito objetivo temporal comum e não o dos hediondos. 
Política criminal 
O Ministério Público gaúcho recorreu, então, ao STJ. O ministro Sebastião Reis Júnior lembrou que a progressão de regime, no caso de condenados por crimes hediondos, se dá após o cumprimento de dois quintos da pena, se o apenado por primário, e de três quintos, se reincidente. A regra consta da Lei de Crimes Hediondos, que não exclui de seu rol o tráfico de drogas quando há aplicação da minorante do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei de Drogas. 
O relator também observou que a causa de diminuição elenca como requisitos necessários para sua aplicação circunstâncias inerentes à pessoa do agente, e não à conduta por ele praticada, motivo pelo qual não existe a figura típica do tráfico privilegiado. 
“A causa de diminuição do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei 11.343 não é aplicada por ser a conduta menos grave, mas surge por razões de política criminal, como um favor legislativo ao pequeno traficante, ainda não envolvido em maior profundidade com o mundo criminoso, de forma a propiciar-lhe mais rápida oportunidade de ressocialização”, refletiu o ministro.

DIREITO: STJ -É cabível contra o credor direto a exceção de pré-executividade relativa a pagamento de promissória

Havendo relação contratual entre devedor e credor, é cabível a oposição de exceções pessoais na execução de título de crédito. A decisão é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que admitiu a alegação de pagamento extracartular de nota promissória por meio de exceção de pré-executividade. 
Para o ministro Luis Felipe Salomão, a alegação de pagamento dos títulos executados pode ser arguida em exceção de pré-executividade, sempre que evidenciada por prova pré-constituída. O pagamento retiraria a exigibilidade do título, impedindo o seguimento da execução. 
Criada pelo jurista Pontes de Miranda, a exceção de pré-executividade constitui expediente processual excepcional e serve para apontar ao magistrado, por meio de prova pré-constituída, a inexistência de certeza, liquidez ou exigibilidade do título, a partir de questões de ordem pública ou reconhecíveis de ofício pelo juiz.
Exceções pessoais
O relator esclareceu que os princípios da literalidade, autonomia e abstração do título de crédito operam plenamente quando há a circulação da carta de crédito, colocando em contato duas pessoas que não contrataram entre si, que se encontram apenas por força do título. 
Isso evita que o terceiro de boa-fé que adquire o título de crédito seja surpreendido por questões relativas à relação entre o devedor e o credor original, como forma de dar segurança e celeridade à circulação do crédito. 
Porém, conforme o ministro, a relação jurídica entre o devedor de nota promissória e seu credor contratual direto é regida pelo direito comum, não sendo aplicáveis as regras de direito cambiário que impedem a oposição de exceções pessoais pelo devedor. Por isso, seria possível a alegação de pagamento extracartular da promissória.

DIREITO: TRF1 - Menor de idade aprovado no Enem tem direito à matricula em universidade federal antes de terminar o ensino médio

A 5ª Turma do TRF da 1.ª Região manteve sentença que concedeu segurança a estudante menor de idade, aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) antes de completar o ensino médio.
O aluno impetrou mandado de segurança pretendendo que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFTMG) concedesse seu Certificado de Conclusão de Ensino Médio, embora ainda faltasse um ano para finalizar o curso.
Ao analisar o caso, o juízo de primeiro grau concedeu a segurança ao estudante, mesmo o impetrante não tendo 18 anos completos, como determina a Portaria nº 807/2010 do Ministério da Educação. “Assim, com a aprovação no ENEM, além de preencher o requisito alusivo à conclusão do ensino médio, demonstrou o impetrante sua capacidade para ingressar no ensino superior, não sendo razoável impedir seu ingresso na Universidade com base tão-só no limite de idade, mormente num sistema educacional como o nosso, em que o acesso a uma universidade pública constitui privilégio de poucos”, decidiu o juiz.
O caso chegou ao TRF para reexame necessário da sentença.
O relator do caso, juiz federal convocado Carlos Eduardo Castro Martins, concordou com a sentença proferida no primeiro grau. “Deve-se valorizar o mérito do estudante que, a um ano de concluir o ensino médio, logrou aprovação no ENEM, tornando-se apto a ingressar em duas universidades públicas federais, conforme acentuado na sentença em apreço. Entender o contrário equivaleria a impedir injustamente a ascensão intelectual do aluno que já possui conhecimento suficiente para se matricular no curso superior pretendido”, avaliou o magistrado.
Desta forma, segundo o relator, “restaram asseguradas ao impetrante a expedição do certificado almejado e a consequente efetivação da matrícula no curso superior de sua escolha (...)”.
O magistrado citou entendimento desta Corte no mesmo sentido (TRF 1ª Região, AMS 0024292-54.2009.4.01.3400/DF, Rel. Desembargador Federal DANIEL PAES RIBEIRO, SEXTA TURMA, e-DJF1 p.422 de 24/10/2011).
A decisão foi unânime.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

POLÍTICA: PSDB propõe reduzir INSS e FGTS de domésticas e zerar multa na demissão

Da FOLHA.COM
GABRIELA GUERREIRO, DE BRASÍLIA

Em mais uma tentativa de regulamentar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) das empregadas domésticas no Congresso, o PSDB apresentou nesta quinta-feira (4) projeto que zera a multa do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para patrões que demitirem as domésticas sem justa causa.
O projeto também reduz de 8% para 4% o percentual do recolhimento do FGTS das domésticas incidente sobre o valor nominal do salário registrado na carteira de trabalho, além de revogar a lei que considera opcional o pagamento do FGTS pelos patrões.
Além disso, a proposta reduz para 8% a alíquota do INSS paga às domésticas - na divisão de 5% recolhido pelos patrões e 3% recolhidos para as empregadas. Na legislação em vigor, o percentual total é de 20% - dos quais 12% são recolhidos pelos patrões.
"A ideia é simplificar, reduzir a cobrança de encargos. A PEC veio para garantir direitos, não para promover demissões em massa", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que apresentou o projeto em nome da bancada do PSDB.
O PSDB defende no texto a extinção da multa de 40% do FGTS em casos de demissão sem justa causa por considerar que as famílias brasileiras não são empresas, por isso não podem receber encargos considerados "altíssimos" pelos tucanos.
"A empresa visa o lucro. Mas as pessoas trabalham na sua casa para o bem-estar da família, sem fins lucrativos do empregador. É melhor demissão em massa ou a redução do pagamento de uma multa no caso de uma demissão futura?", questionou Sampaio.
"MICRO EMPREGADOR"
Para viabilizar a redução das alíquotas, o projeto propõe criar a figura do "micro empregador doméstico", pessoa ou família que contrata a empregada ou um cuidador de pessoa idosa sem fins lucrativos. Com a criação desse figura jurídica, Sampaio diz que os patrões poderão ter os encargos simplificados - como a redução das alíquotas de INSS e FGTS.
Os tucanos também sugerem no projeto o "Supersimples" das domésticas, com a unificação do documento de arrecadação para o INSS e o FGTS - proposta semelhante à do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que é relator da comissão que discute a regulamentação das domésticas. O projeto do PSDB também será submetido à análise da comissão.
TEMPORÁRIO E JUSTA CAUSA
Outra mudança sugerida pelo PSDB é autorizar a contratação de empregado temporário quando a doméstica estiver de licença maternidade ou se afastar por acidente de trabalho. O empregado temporário não recebe os direitos previstos pela PEC das domésticas, uma vez que existe legislação específica para esses casos.
Os tucanos ainda incluíram, no projeto, três novos casos para demissão sem justa causa das domésticas: morte do empregador ou do seu cônjuge, invalidez ou motivos econômicos que causem diminuição da renda familiar por período superior a três meses.
TRÂMITE DA PROPOSTA
Para que as sugestões dos tucanos entrem em vigor, elas têm que ser aprovadas pelo plenário da Câmara e do Senado. A ideia de Sampaio é que a maioria dos pontos do projeto sejam acolhidos por Jucá na comissão que discute a regulamentação da PEC e outros artigos constitucionais.
O Congresso promulgou nesta semana a PEC que amplia os benefícios da categoria em todo o país. Alguns pontos da proposta, porém, ainda precisam de regulamentação para entrarem em vigor, como é o caso do pagamento do FGTS. Por esse motivo, governo e Congresso discutem mecanismos para regulamentar a proposta.

ECONOMIA: Bovespa cai mais de 1% puxada por OGX; dólar recua nesta quinta

Do UOL

A Bovespa operava em baixa nesta quinta-feira (4). Por volta das 15h10, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) perdia 1,4%, aos 54.782,15 pontos. 
A principal influência de queda eram as ações da Vale, que recuavam depois de terem saltado cerca de 6% na véspera. A OGX caía quase 9%, depois que a agência de classificação de risco S&P fez uma avaliação negativa sobre o futuro da empresa.
O dólar comercial tinha queda de 0,59%, para R$ 2,012 na venda.
O euro tinha leve queda de 0,09%, a R$ 2,603 na venda. 
Bolsas internacionais
As ações europeias tiveram forte queda nesta quinta. Os operadores estavam desanimados pela falta de novas medidas de estímulo econômico do Banco Central Europeu (BCE) e embolsaram lucro de setores que tiveram bons desempenhos recentemente.
O índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 fechou em baixa de 1,1%, a 1.180 pontos. Em Londres, o índice Financial Times caiu 1,19%. Em Frankfurt, o índice DAX perdeu 0,73%. Em Paris, o índice CAC-40 recuou 0,77%.
As ações japonesas e os títulos governamentais do país avançaram, enquanto o iene caiu mais de 1% frente ao dólar e o euro, depois que o banco central do Japão adotou fortes medidas), mas outras ações asiáticas caíram devido a preocupações com a economia dos Estados Unidos.
Tensões crescentes na península coreana também pesaram sobre o mercado. As ações da Coreia do Sul recuaram 1,2%. Cingapura retrocedeu 0,42% e Sydney fechou com desvalorização de 0,89%.
(Com Reuters)

ECONOMIA: Leilão para exploração de petróleo vai reunir maiores do mundo, diz ANP

Do UOL

Shutterstock
A décima primeira rodada de áreas de exploração de petróleo no Brasil, prevista para maio, atraiu interesse de 71 empresas, afirmou em nota nesta quinta-feira (4) a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A rodada marcará a retomada das licitações da ANP suspensas desde 2008, por conta das discussões do marco regulatório do petróleo nos últimos anos, em função da descoberta do pré-sal.
Somente do Brasil, 19 empresas apontaram interesse em participar. Oito petrolíferas dos Estados Unidos também disseram que estão interessadas. Há também empresas do Reino Unido (seis)Canadá (cinco), Japão (cinco), entre outros países.
Entre as brasileiras que entregaram documentação para participar da rodada estão a Petrobras, OGX e HRT. Entre as estrangeiras, Repsol Sinopec, Chevron, BHP, BG, BP, Shell.
"Encerrado o prazo para entrega de documentos de qualificação para a 11a. Rodada de Licitações da ANP, 71 empresas, oriundas de 18 países e 3 territórios ultramarinos, submeteram documentação à Agência", afirmou a autarquia em nota, referindo-se às empresas que manifestaram interesse em participar.
A rodada vai licitar 289 blocos em 23 setores, totalizando 155,8 mil quilômetros quadrados, distribuídos em 11 bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano Sul, segundo a ANP.
Dos 289 blocos, 166 estão localizados no mar, sendo 94 em águas profundas, 72 em águas rasas, e 123 em terra.
A 11ª rodada será realizada nos dias 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro.
(Por Roberto Samora)

GERAL: Diplomatas brasileiros em Sydney são acusados de assédio moral e sexual

Do UOL
Gustavo Basso e Izabelle Mundim

Após três denúncias feitas ao Itamaraty, oito funcionários do Consulado Geral do Brasil em Sydney, na Austrália apresentaram um abaixo-assinado pedindo a abertura de um processo administrativo disciplinar contra o embaixador e cônsul-geral Américo Dyott Fontenelle e o cônsul-adjunto do órgão, o conselheiro Cesar de Paula Cidade, acusados pelo grupo de assédio moral e sexual, homofobia, discriminação e abuso de poder.
O embaixador Américo Fontenelle já havia sido investigado em 2007, quando era cônsul-geral em Toronto (Canadá)
Segundo as denúncias, o comportamento "agressivo, discriminatório e humilhante" dos dois diplomatas, transferidos para Sydney em 2010, fez com que oito funcionários do consulado pedissem demissão e seis solicitassem transferência do quadro permanente nos últimos dois anos. O texto do abaixo-assinado também cita "o assédio sexual sofrido e relatado durante os depoimentos pelas funcionárias Márcia Regina Monje de Castro, Viviane Hottume Jones e funcionária que recentemente demitiu-se".
Américo Fontenelle já foi investigado por assédio moral e sexual em 2007, quando atuava em Toronto, no Canadá, mas a sindicância acabou arquivada pela dificuldade de se obterem provas materiais, apesar dos "elementos testemunhais relevantes".
Fontenelle está em período de férias, não relacionado com o caso, e Cidade está sob licença-médica. Ambos devem voltar ao trabalho até o fim desta semana. À reportagem do UOL, Cidade afirmou que não irá se pronunciar enquanto não houver o resultado da investigação. Fontenelle não foi localizado.
Em março, o embaixador do Brasil no Kuwait, Roberto Abdalla, foi enviado a Sydney para analisar o caso. O diplomata apresentou seu relatório à Comissão de Ética, que, até o final de abril, deverá decidir sobre a abertura ou não de um processo de apuração ética, segundo o Itamaraty. 
O conselheiro César Cidade é acusado de ter atirado uma caneca em um ataque de raiva
Em entrevista ao UOL, funcionários relatam que Abdalla tentou dissuadi-los de prosseguir com as denúncias de assédio moral, o que, segundo o Itamaraty, não foi registrado oficialmente.
O funcionário Luis Henrique Neves, responsável pelo setor comercial e de investimentos do órgão, afirmou que Abdalla tentou convencê-lo de que os episódios que narrava não correspondiam às acusações. Ele diz ainda que, na semana anterior à visita do embaixador do Kuwait, Fontenelle advertiu os funcionários que Abdalla e ele eram grandes amigos e, por isso, a diligência não daria em nada.
"Meu depoimento ao embaixador do Kuait foi interrompido quando o cônsul-geral entrou, sem bater, perguntando a Roberto, como chamou Abdalla, se a feijoada do almoço estava boa", conta.
O oficial de chancelaria Alberto Pinho Amarilho disse que na entrevista com Abdalla, quando contava episódios vividos no órgão, ouviu do embaixador que era visível o quão fragilizado estava e que deveria procurar ajuda médica.
A assessoria de imprensa do Itamaraty afirmou que Abdalla não pode falar com a imprensa para não invalidar o sigilo da investigação, informação que foi repetida pela secretária do embaixador no Kuait, ao tentar contatá-lo.
'Bola da Vez'
Viviane Jones, auxiliar administrativa do consulado desde novembro de 2011, já havia trabalhado lá entre 2006 e 2007, e disse que suas experiências até então eram positivas.
Em entrevista ao UOL, ela contou que, na segunda passagem, foi alertada pelos colegas sobre o comportamento dos novos chefes. "Eles estão sempre atrás de você, atrás da porta, ouvindo", afirmou, ressaltando que já no primeiro dia ouviu gritos por chegar atrasada.
Segundo ela, Fontenelle costumava fazer piadinhas e falar coisas inadequadas às mulheres. "Já fazia com as mulheres que estavam lá. Quando cheguei, passei a ser a bola da vez. Ele gosta de chegar de surpresa, sorrateiro, dando susto, e falar algo ao ouvido ou tocar de modo invasivo", disse Viviane.
Em um dos episódios, ressaltou ela, quando estava abaixada na cozinha, o cônsul-geral entrou e, ao vê-la, disse "você está em uma posição muito sugestiva". Viviane disse que saiu rapidamente do local.
As denúncias narram episódios de gritos, xingamentos tanto entre o embaixador e o conselheiro quanto com funcionários do consulado e até com pessoas que iam ao local atrás de serviços. Amarilho, funcionário do Itamaraty deslocado para Sydney em fevereiro de 2012, contou já ter sido ofendido por deixar migalhas de pão na cozinha e ter presenciado Cidade atirar uma caneca contra uma porta de vidro.
Segundo o oficial, é comum "funcionários tratarem de assuntos consulares complexos através de sussurros e gestos, evitando assim o envolvimento repressivo e contra-producente, tanto por parte do embaixador, quanto do conselheiro".
Viviane afirmou ainda que a maioria dos chineses que davam entrada em visto ou tentava se informar era considerada "golpista, 171, imigrante ilegal".
Luis Henrique Neves diz que para "evitar desgastar a imagem do Brasil" agenda visitantes sempre após as 15h. Segundo ele, os episódios agressivos se concentram, sobretudo, no período da manhã.
Ofensas homofóbicas
Em entrevista ao UOL, o brasileiro Helio Milani, gerente de uma loja de departamentos e morador de Sydney há nove anos, afirmou que é visível o constrangimento dos funcionários com os gritos e discursos preconceituosos dos chefes da embaixada. Ele contou que visitou o consulado em dezembro de 2012 para pedir informação a respeito de visto de permanência no Brasil para seu parceiro, australiano. Quem o atendeu foi Vivane Jones.
Segundo Milani, após questionada, Viviane foi se esclarecer com Cidade sobre o procedimento a ser adotado. A resposta do conselheiro pôde ser ouvida da recepção, onde estava o visitante: "Já falei para esse bando de 'veado' que isso não é 'veadeiro'. Que vá se informar na Polícia Federal". Milani disse que houve mais palavrões e ofensas no discurso.
Após sair do consulado sem a informação que procurava, Milani fez uma reclamação formal ao Itamaraty, mas não recebeu nenhum esclarecimento ou pedido de desculpas pelo episódio. Até hoje ele não sabe se o parceiro tem ou não direito a visto de permanência no Brasil equivalente ao que ele tem, por causa da união estável, na Austrália.
Pressão "extramuros"
Segundo Alexey van der Broocke, presidente do Sinditamaraty (Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores), as denúncias contra Fontenelle vão além dos casos que ganharam visibilidade: o de Toronto, no Canadá, e o mais recente, de Sydney, na Austrália. "A impunidade do caso de Toronto o incentivou a continuar', afirmou.
Segundo ele, o Itamaraty tem dificuldade de lidar com os casos devido ao corporativismo. "Recebemos diversas denúncias de assédio, e muitas delas não têm visibilidade nem mesmo no interior dos consulados. Os funcionários locais são os mais vulneráveis, pelo risco de demissão", disse Broocke. "O assédio é institucional, cultural nas embaixadas. E também é sofrido pelos diplomatas que, enquanto tentam subir de cargo, vivem sob pressão."
Broocke também conta que muitos diplomatas temem ter a imagem relacionada aos episódios de assédio.
Nesta quinta-feira (4), durante a participação do ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, funcionários associados ao Sinditamaraty farão um protesto. O presidente do sindicato acredita que, para que desta fez os acusados sejam punidos, o ministro deve manifestar um parecer "imparcial".
"O corporativismo do Itamaraty é o responsável pela impunidade, por isso nossa esperança é o parecer do ministro e, caso isso não aconteça, recorreremos a outros caminhos", afirma Broocke.
Ele afirmou ainda que os funcionários de Sydney foram orientados a registrarem as acusações junto à Ouvidoria do Ministério do Planejamento para "registrar a denúncia 'extramuros', tirá-la do Itamaraty".
A assessoria de imprensa do Itamaraty explicou que o órgão só divulgará um posicionamento oficial se o caso for analisado pela Comissão de Ética.
Em 21 de fevereiro de 2013, funcionários do Itamaraty em Brasília fizeram uma manifestação contra o assédio moral dentro dos escalões do ministério, no Brasil e no exterior.
A Aflex (Associação Internacional dos Funcionários Locais do Ministério das Relações Exteriores no Mundo), que representa funcionários em embaixadas brasileiras no exterior, já recebeu mais de 50 denúncias relacionadas a assédio moral e abuso de poder desde sua criação, em 2011.

COMENTÁRIO: Hollande, cúmplice ou idiota

Por Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo

Um ministro diz uma mentira e o Estado balança. Esse é o espetáculo que vimos se desenrolar desde terça-feira, depois que o ministro do Orçamento da França, Jérôme Cahuzac, reconheceu compungido, após cinco meses de negação, que possuíra contas bancárias enormes na Suíça e em Cingapura. 
O governo socialista tremeu. O presidente François Hollande ficou arrasado. Os figurões da oposição pediram cabeças. O jornal Le Figaro exultou. A chefe do partido de extrema direita, Marine Le Pen, se regozijou. Os líderes de extrema esquerda, Jean-Luc Mélechon à frente, também esfregaram as mãos. 
O ministro mentiroso não é um qualquer. Não só era o melhor da equipe de Hollande, como ainda ocupava um posto nevrálgico, o Orçamento. Ele não tinha igual em impor a dura lei da austeridade, enfrentar os sonegadores e corruptos, os canalhas que utilizam bancos longínquos para lavar seu dinheiro sujo. Não espanta que Cahuzac conhecesse na ponta dos dedos todas as artimanhas e velhacarias que os malfeitores usam para esconder seu dinheiro. Ele mesmo fazia como eles com o seu. 
A História está cheia de sacripantas convertidos em policiais. No século 17, um pirata inglês, Henry Morgan, devastava as costas do Caribe. O rei da Inglaterra tomou uma decisão. Nomeou Morgan "vice-governador da Jamaica" e a pirataria desapareceu num passe de mágica. 
É bem verdade que o caso de Cahuzac é o inverso: ele passa por um homem decente, distinto, um ministro da república, mas quando se "abre" o sujeito descobre-se que esse grande burguês brilhante oculta um velhaco. 
O presidente Hollande pediu a seu ministro vedete que lhe dissesse, olho no olho, se possuía contas podres no exterior. O gentil ministro, olho no olho, disse "não". E Hollande acreditou. Mais tarde, contudo, as investigações fecharam o cerco. Cahuzac está fora. Acabou. Sua carreira política está morta. Talvez seja processado. E no coração da tempestade permaneceu, em estado lastimável, seu chefe, o presidente Hollande. 
Um primeiro erro foi encarregar do Orçamento um homem com certeza brilhante, mas rico e mundano, sem antes exigir uma investigação sobre seus bens, seu modo de vida, suas contas. Mas, e depois? Por que Hollande protegeu durante tanto tempo seu nauseabundo ministro apesar dos rumores crescentes? Tamanha cegueira da parte de um chefe é tão estranha que a oposição de direita deixou entender que Hollande estava certamente inteirado dos fatos. Essa hipótese parece infundada: de fato, se Hollande, conhecendo a verdade, houvesse mantido Cahuzac no cargo, o presidente não seria apenas mentiroso, mas um "suicida". 
Hollande é um cúmplice ou um idiota. Não é uma situação muito confortável para um chefe de Estado.
Tradução de Celso Paciornik.
* Gilles Lapouge é correspondente em Paris

COMENTÁRIO: Chá de ostracismo

Por Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

O caso do deputado Marco Feliciano está na hora de acabar. Por bem, não vai. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e até colegas de PSC do deputado tentaram convencê-lo a deixar a presidência da Comissão de Direitos Humanos, sem sucesso.
No grito, também não vai. Os protestos - muitos agressivos outros bem criativos - só fizeram alimentar a teimosia de Feliciano na proporção direta em que a polêmica aumentava seu prestígio e o levava a frequentar espaços nunca dantes navegados por ele nos meios de comunicação.
Pela confusão que gera, o deputado é notícia, desperta a curiosidade das pessoas, provoca ações e reações que movimentam o círculo do falatório e mantém o assunto em evidência.
O tema essencial aqui, hoje, já não são as opiniões do deputado, amplamente conhecidas, algumas até aparente e propositadamente exageradas para "render". O principal é a paralisia dos trabalhos de uma comissão permanente da Câmara.
Não que o lema das comissões seja "meu nome é trabalho". Nada disso. O ponto é a impossibilidade de um colegiado se reunir porque é presidido por alguém que se tornou inaceitável.
Aí se misturam razões racionais, oportunismo, excessos da patrulha dita politicamente correta e indignidades à deriva sempre em busca de uma causa mais fácil diante do insucesso (preguiça, submissão ideológica ou o que for) no enfrentamento de combates mais consistentes.
Mas tudo tem um limite. Até o ridículo, embora os desdobramentos da fama recentemente adquirida possam não ser tão risíveis. Quem poderia imaginar que um governador meio amalucado das Alagoas seria presidente da República quando surgiu na televisão falando em nome do Partido da Juventude?
Os partidos que não se interessaram pela presidência da Comissão de Direitos Humanos tampouco avaliaram o tamanho da encrenca.
Feliciano fala em mobilizar seu "povo" ao embate político; seu partido começa a elucubrar voos mais altos; todo valente, ele invoca os pecados de colegas para desafiá-los a lhe atirar a primeira pedra.
Já passou da hora de a Câmara cortar esse mal pela raiz. O questionamento sobre quebra de decoro pode ser um caminho. Um instrumento de pressão para levá-lo a considerar a renúncia à comissão para preservar o mandato.
Voltando à planície, degustaria o chá de ostracismo que está a merecer. Para isso é preciso que o conjunto da Casa não tema o poder eleitoral do "povo" de Feliciano e leve em conta que venenos são inoculados assim: sorrateiramente, no vácuo da distração.
Nem pensar. A presidente Dilma Rousseff ouviu, e negou socorro do governo ao empresário Eike Batista. Da reunião-apelo participaram representantes do BNDES, Itaú, Bradesco, BGT-Pactual e o próprio Eike, em dificuldades para honrar as dívidas com todos eles.
Dilma ainda alertou que se algo de pior vier a acontecer aos negócios do empresário símbolo (pelo jeito com pés de barro) da prosperidade nacional, isso afetará ainda mais a disposição interna e externa do setor privado para investir no Brasil.
Presença vip. No segundo semestre o senador Aécio Neves planeja frequentar o noticiário político com frequência e veemência. Vai a todos os lugares onde puder "mostrar o rosto" e "soltar o verbo".
No momento, quem cumpre esse papel é Eduardo Campos. Sobre o circuito do governador em conversas com políticos e empresários, diz Aécio: "Os caminhos que o Eduardo está percorrendo eu já percorri e vou percorrer de novo".
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