sexta-feira, 4 de maio de 2012

COMENTÁRIO: Hollande, antídoto a Merkel


Por Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo
A três dias do segundo turno das eleições presidenciais, o socialista François Hollande continua o favorito. No entanto, prudência! Numa eleição tão passional, um imprevisto de último minuto pode sempre ocorrer.

Para vários vizinhos da França a vitória do socialista já está prevista. E é igualmente desejada. Por que? O fato é que o candidato socialista é visto como o antídoto de Angela Merkel. O que se espera é que ele solte a camisa de força com a qual Merkel e Sarkozy prenderam o corpo extenuado da Europa, com o risco de sufocá-la.
A Grécia é a primeira da fila dos partidários de Hollande. Segundo o jornal To Ehtnos, as primeiras fissuras já aparecem no muro da retórica orçamentária alemã. Bastou Hollande apresentar um programa econômico para se tornar o líder da "Europa do Sul".
No jornal El País, de Madri, José Ignacio afirma estar farto de ver a França de Sarkozy se dobrar diante dos diktats alemães. "Chegou a hora de dar um 'basta' a Berlim." Na Grã-Bretanha, Michael White, no Guardian, segue na mesma linha. "A vitória de Hollande não será uma revolução. Se for bem gerida, ela poderá ser um passo na boa direção para nós." Poderíamos nos alongar nessa antologia dos partidários europeus do candidato socialista. Claro que a maior parte inclui jornais ou políticos de esquerda. Mas o interessante não é o fato de a esquerda europeia tomar partido de Hollande. A novidade é que essa esquerda é unânime na crença de que o socialista poderá pôr fim aos programas de austeridade que fazem com que a Europa enfraqueça a passos largos. Sem dúvida é conceder ao candidato um grande poder.
O fato é que o remédio prescrito por Merkel e Sarkozy está em vias de "matar o doente" (segundo os gregos, os espanhóis e outros) e as pessoas se agarram a Hollande para que o Velho Continente mude de partitura. E se ofereçam meios de "crescimento" em vez de orquestrar a "deflação".
Esse desejo de crescimento não é novo. Há vários meses uma pequena música tenta substituir a sinfonia alemã. E o que diz essa música? Em vez de se consagrar exclusivamente à redução do endividamento e dos déficits, a Europa deve buscar o "crescimento" que, sozinho, alimentará as receitas fiscais e eliminará as dívidas.
Os que são contrários a Merkel dispõem de um argumento simples. Apesar dos planos de rigor, aplicados com heroísmo pelos europeus, a situação não melhora, mas piora. Europa, Grécia, Itália e mesmo Irlanda ou Holanda, enfim, por todo o lado, a austeridade tem tido efeitos medonhos.
Há cerca de dois anos, vários prêmios Nobel, dirigentes do FMI, editoriais do Financial Times, especialistas respeitados como Joseph Stiglitz, Paul Krugman e Dominique Strauss-Kahn vêm fazendo prognósticos. No New York Times, Paul Krugman escreve: "Em março, os dirigentes europeus assinaram um pacto orçamentário impondo a austeridade. Qualquer estudante de economia poderia prever o resultado; isso somente agravará a recessão". Hollande anunciou que, se eleito, exigirá uma renegociação desse pacto e quer completá-lo adicionando um componente: crescimento.
Merkel e Sarkozy já rejeitaram a ideia. Se for o caso, Hollande poderá impor mudanças, apesar de tudo? Não devemos ter ilusões: se é verdade que a austeridade insana imposta à Grécia é uma calamidade, nada garante que uma ação em favor do crescimento, que significa criar novos déficits, não produzirá outros danos igualmente perniciosos. 
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

COMENTÁRIO: Mudou


Por Celso Ming - O Estado de S.Paulo

Depois de alguma hesitação, o governo Dilma decidiu antecipar a mudança de regras da caderneta. Entendeu que não poderia correr o risco de se expor aos ataques da oposição como confiscador da poupança do povão às vésperas das eleições. (O País continua traumatizado com o bloqueio da poupança do Plano Collor em 1990 e, ainda que sejam situações diferentes, as comparações são quase inevitáveis.)

Desde logo, confirmam-se duas suposições - ou quase suspeitas, digamos assim. A primeira delas é a de que o Banco Central deixou de administrar a política monetária como pede o regime de metas de inflação. Passou a operar com meta de juros. Os juros têm de cair porque assim o determinou o governo Dilma. Depois se vai ver o que fazer com eventuais efeitos colaterais.
Em princípio, nada de errado na troca de metas. O problema está em que o Banco Central não a admite. Toda sua comunicação e, principalmente, os textos oficiais mantêm o teatro de que continua a observar estritamente os critérios do sistema de metas.
A segunda quase suspeita é a de que vem aí um corte mais alentado dos juros básicos. A proposta inicial era apenas atingir um dígito (juros abaixo de 10,0% ao ano). Mas, de lá para cá, a atividade econômica baqueou, conforme ficou confirmado ontem com baixo desempenho da indústria (veja o Confira). Como não se viram ainda sinais de nova safra de inflação, a decisão foi derrubar ainda mais os juros. E aí passou a ser necessária a alteração das regras das cadernetas. Elas pagam rendimento anual entre 6,5% e 7,5% - juros anuais de 6,17% mais a Taxa Referencial de Juros (TR) - e não estão sujeitas nem ao Imposto de Renda nem a taxas de administração. Isso significa que, a partir de juros básicos (Selic) de 8,5% ao ano (hoje estão em 9,0%), as cadernetas começarão a tirar fatia de mercado dos títulos do Tesouro e dos fundos de renda fixa.
A nova remuneração da caderneta corresponderá a 70% da Selic mais a TR quando os juros básicos ao ano estiverem em 8,5% ou abaixo disso. Isso quer dizer que juros a 8,5% ao ano estarão pagando algo em torno dos 6,0%. Como ficou definido que os juros cairão, logo chegará o dia em que a nova caderneta pagará remuneração bem mais baixa do que a que começa a valer agora.
Muitas são as questões que terão de ser avaliadas nas próximas semanas a respeito das novas regras. Uma delas é o nível de risco que deverão trazer para o Sistema de Poupança e Empréstimo. Fácil entender por quê. Os depósitos em poupança são usados pelos bancos para financiar a compra de casa própria a juros proporcionais aos pagos ao aplicador na caderneta. Se a Selic tiver de voltar a subir - como já teve tantas vezes no passado -, a remuneração da caderneta também terá e, com ela, os juros cobrados do mutuário do sistema. Se os juros na ponta do tomador do financiamento habitacional forem fixos, haverá o risco de ficarem descasados com a remuneração paga na nova caderneta - embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desconsidere essa possibilidade. E, se forem flutuantes, para que acompanhem a remuneração da caderneta, o risco será o descasamento entre o valor da prestação (mais os juros nela embutidos) e a renda familiar do mutuário.
Até agora, o governo apenas revelou preocupação com o impacto político da mudança. Vai ser preciso saber como vai equacionar essas variáveis técnicas.

COMENTÁRIO: Primeiros acordes


Por Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

Embora seja impossível ainda dizer com precisão qual o rumo da CPI, nesse começo é possível identificar na atitude da maioria a disposição de firmar compromisso com a seriedade.
Ninguém quer ser responsável pelo enterro das investigações. Ou pelo menos não deseja assim parecer para a opinião pública.
Na reunião que aprovou o roteiro de trabalho prevaleceu o equilíbrio de forças e, noves fora um ou outro caçador de holofotes, o ambiente foi favorável ao exercício civilizado do contraditório.
O bom andamento dos trabalhos deveu-se em parte à condução desapaixonada e partidariamente isonômica do presidente Vital do Rêgo, mas também à atuação firme de parlamentares que conseguiram evitar equívocos que levariam a CPI a causar má impressão logo de início.
Basicamente três: a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a restrição das investigações sobre os negócios da construtora Delta à Região Centro-Oeste e a limitação de depoimentos a servidores de governos estaduais.
Todos atendiam aos interesses explicitados pelo PT.
Quais sejam o de criar constrangimentos ao procurador e de transformar a comissão em uma CPI periférica, sem alcance nacional.
A tentativa de convocação não decorreu da falta de informação sobre o impedimento legal, mas do desejo de fazer uma figuração para não falar na possível má-fé para torná-lo impedido de exercer a titularidade da ação junto ao Supremo Tribunal Federal e enfraquecê-lo na mesma função no processo do mensalão.
No caso da Delta, o plenário da CPI deixou patente a correlação de forças favorável a que a empreiteira seja investigada em todo o País e conseguiu incluir servidores federais e municipais no rol de possíveis convocados. Ficou faltando acertar a convocação de Fernando Cavendish, o mandachuva, e de todos os governadores citados, mas o assunto não ficou fora da pauta como seria o ideal na visão radical do uso da CPI para fins de desforras políticas.
O bom começo garante um bom transcurso? Não necessariamente. Tudo vai depender do resguardo do equilíbrio de forças na CPI, do faro fino dos parlamentares interessados exclusivamente nas investigações e no olho vivo da opinião pública.
O fiscal. Por enquanto, pares de Fernando Collor na CPI veem com condescendência seus ataques de nervos. Acham que está em busca de destaque quando insiste na convocação do procurador-geral da República e investe no papel de bedel do sigilo dos dados em poder da comissão.
Mas, a depender do comportamento do ex-presidente da República, afastado do cargo em decorrência do trabalho de uma CPI que desvendou esquema de corrupção em seu governo, poderá sofrer constrangimentos nos embates entre parlamentares.
Há quem esteja preparado para lembrar-lhe alguns exemplos ilustrativos dos efeitos saneadores da transparência.
Foi mediante os chamados vazamentos que a sociedade ficou sabendo durante os trabalhos da CPI de 1992 que Ana Acioli, secretária particular do então presidente, recebia em sua conta depósitos de Paulo César Farias, o operador do esquema, e de laranjas titulares de contas movimentadas pela organização.
O documento definitivo, um cheque para a compra de um Fiat Elba para Rosane Collor, divulgado pelo repórter Jorge Bastos Moreno de O Globo, chegou ao conhecimento do País pelo mesmo caminho.
Aquele que atende aos preceitos constitucionais da liberdade de imprensa e da aplicação do princípio da publicidade à administração pública.
Nada no front. A nomeação de Brizola Neto para o Ministério do Trabalho não muda nada no PDT. Ele ganha força interna, mas o presidente Carlos Lupi - contrário à indicação - não perde.
Quem dá as cartas no partido chama-se Paulo Pereira da Silva, deputado e presidente da Força Sindical. Ligado a Brizola e a Lupi, já trabalha pela aproximação dos dois.

ECONOMIA: Dólar sobe e opera a R$ 1,91; Bovespa abre a sexta em baixa


De OGLOBO.COM.BR

João Sorima Neto
Com Agencias Internacionais

Números do mercado de trabalho americano vieram abaixo do esperado e Bolsas dos EUA e Europa caem

SÃO PAULO - O dólar comercial opera em alta nesta sexta-feira e por volta de11h10m estava sendo cotado a R$ 1,9190 na venda e R$ 1,9170 na compra, uma valorização de 0,36%. Após cinco sessões de alta, o dólar comercial encerrou as negociações de quinta-feira com queda de 0,67%, cotado a R$ 1,9100 na compra e a R$ 1,9120 na venda. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), abriu as negociações em queda e, no mesmo horário, caía 0,45% aos 61.826 pontos. Na Europa e nos EUA, as Bolsas caem refletindo números abaixo do esperado do mercado de trabalho americano.
- O resultado da criação de emprego nos Estadas Unidos, abaixo do esperado pelo mercado, deve provocar queda nos pregões da Europa e EUA ao longo do dia. Apesar disso, Ibovespa pode se descolar das principais bolsas internacionais refletindo positivamente a mudança no rendimento nas cadernetas de poupança anunciada ontem pelo governo, já que o cenário é de queda de juro - diz um analista.
O governo anunciou que a poupança vai remunerar os novos depósitos em 70% da taxa Selic, mais TR, quando ela for igual ou inferior a 8,5%. A novidade derrubou os juros futuros, que passaram a apontar uma taxa Selic de 8% a 8,25% para o fim do ano. Atualmente a Selic está em 9% ao ano e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne em maio, com a expectativa de que a taxa caía 0,25 ponto percentual.
Após o encerramento do mercado, na quinta, a Gol anunciou um prejuízo de R$ 41,4 milhões no primeiro trimestre, revertendo lucro de mais de R$ 69 milhões em igual período do ano anterior. O resultado foi prejudicado por um cenário de pressão nos custos operacionais, notadamente o custo de combustível, queda do real frente ao dólar e despesas com tarifas aeroportuárias nos principais aeroportos do Brasil.
A Itaúsa, do banco Itaú, divulgou que o lucro líquido consolidado somou R$ 1,370 bilhão no primeiro trimestre, avançando 0,3%, ante R$ 1,367 bilhão no mesmo período do ano passado. O lucro líquido recorrente consolidado, excluindo ajustes de valor de mercado e provisionamente de contigências para planos econômicos alcançou R$ 1,413 bilhão, subindo 2,3%, ante o primeiro trimestre de 2011.
As Bolsas americanas operam em forte queda. Há pouco, o índice SP&500 caía 0,94%; o Dow Jones se desvalorizava 0,74% e o Nasdaq perdia 1,35%. Nesta manhã, o Bureau of Labor Statistics o resultado de criação de postos de trabalho nos EUA, conhecido como Payroll. O indicador mostrou criaçao de 115 mil vagas, quando a expectativa média do mercado era de abertura de160 mil. O crescimento de 130 mil vagas no setor privado está abaixo das expectativas, onde se projetavam165 mil vagas. No setor de manufaturas, houve alta de 16 mil postos, quando a expectativa era de criação de20 mil vagas. No mês anterior, o resultado foi revisado de 120 mil para 154 mil registrados e o desemprego caiu para 8,1%.
- A criação de 116 mil no setor de serviços mostra que ele é essencial à economia americana. Essa alta mostra uma tendência de recuperação dos empregos. Mas o estado continua a mostrar sinais dos cortes de gastos, com queda de 15 mil vagas, impactando no resultado final, mesmo com a alta no setor de serviços - escreve em relatório o analista jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul.
Para Vieira, o temor de que os EUA percam o ímpeto de crescimento econômico é mais preocupante entre os investidores do que as questões fiscais e políticas européias e mesmo o crescimento mais modesto da China e de países emergentes.
Na Europa, as principais Bolsas caem nesta sexta, com exceção de Madri. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, perde 1,37%; O Cac, da Bolsa de Paris, se desvaloriza 1,46% e o FTSE, de Londres, perde 1,47%. Já o Ibex, do pregão de Madri, se valoriza 0,03%. Além dos números dos EUA, os investidores estão na expectativa das eleições presidenciais na França, com a possibilidade de derrota do atual presidente Nicolas Sarkozy e a chance de que o socialista, François Hollande, se eleja. Isso leva tensão ao mercado, já que Sarkozy e Angela Merkel, primiera-ministra da Alemanha, são os fiadores das medidas de austeridade nos países da zona do euro. A Grécia também tem eleições marcadas para este fim de semana.
Na Europa, as vendas no varejo nos 17 países que compõem a zona do euro avançaram 0,3% em março ante fevereiro, segundo a agência de estatísticas Eurostat. Em fevereiro, as vendas apresentaram queda de 0,2%. E o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de atividade do setor de serviços recuou para 46,9 pontos em abril ante 49,2 pontos em março, segundo o instituto de pesquisas Markit Economics. Abaixo de 50 pontos, o indicador mostra contração, enquanto acima de 50 pontos indica expansão da atividade.
As Bolsas da Ásia fecharam na expectativa da divulgação dos números do mercado de trabalho americano. Não houve negociações em Tóquio por ser feriado. A Bolsa de Hong Kong fechou em baixa de 0,77%, já os pregões chineses com a expectativa de que o governo anuncie novas medidas de afrouxamento monetário. O índice Xangai subiu 0,5% e terminou aos 2.452,01 pontos e o índice Shenzhen ganhou 1,1% e encerrou aos 972,30 pontos.

ECONOMIA: Especialistas recomendam manter dinheiro na poupança


De OGLOBO.COM.BR


Rendimento só diminui quando taxa Selic chegar a 8,5%
RIO — Depósitos feitos na caderneta de poupança a partir desta sexta-feira (4) estarão sujeitos a render menos juros do que antes quando a taxa básica de juros, a Selic, estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano. Hoje a Selic está em 9%. Mas especialistas alertam que não é preciso se precipitar e retirar dinheiro da poupança.
O rendimento da poupança para o dinheiro depositado até quinta-feira (3) continua sendo de 0,5% ao mês (6% ao ano) mais taxa de referência (TR).
Mas depósitos feitos a partir desta sexta-feira terão o rendimento equivalente à soma da TR com 70% da meta da Selic, sempre que a taxa estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano. O Banco Central já indicou que a taxa Selic pode cair de 9% para 8,5% ao ano, na reunião de 30 de maio.
— Sugiro que não mexa quem já tem a poupança antiga, que não se precipite — diz Samy Dana, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo.
Gilberto Braga, professor de finanças do IBMEC no Rio, concorda que a poupança antiga continua mais rentável do que uma série de investimentos em títulos públicos.
— Não vai mudar nada por enquanto. Não é motivação suficiente para migrar o dinheiro para outros investimentos ou para consumo.
A Caixa Econômica Federal divulgou comunicado na manhã desta sexta-feira para informar aos cerca de 41,4 milhões de clientes com poupança no banco que esclarecerá eventuais dúvidas sobre rendimentos pelo SAC Caixa (0800 726 0101), pelo site (www.caixa.gov.br) e nas agências em todo o país.
“Os novos depósitos continuam sendo remunerados a 0,5% a.m + TR enquanto não houver alteração na Selic. E os depósitos realizados até 03 de maio tem a remuneração antiga pelo tempo que forem mantidos em poupança, independentemente de oscilações na taxa Selic”, lembra o vice-presidente de pessoa física da Caixa, Fábio Lenza.

ECONOMIA: Casa própria: mudanças na poupança não garantem taxas menores


De OGLOBO.COM.BR

Geralda Doca / Roberta Scrivano / Martha Beck

Especialistas alertam que bancos podem não repassar o menor custo de captação para o financiamento habitacional
BRASÍLIA e SÃO PAULO — Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha dito que a mudança nas regras da poupança vai diminuir os custos dos bancos e as instituições vão poder reduzir as taxas do crédito habitacional, na visão de especialistas, se a lei não obrigar, o setor financeiro não vai repassar os ganhos para os mutuários. Essa é a avaliação, por exemplo, do ex-secretário da Fazenda Bernard Appy, que hoje atua na LCA Consultoria.
— A lei teria que obrigar os bancos a repassar esses ganhos — disse Appy.
Os financiamentos habitacionais são atrelados à remuneração da poupança. Com a alteração nas regras, as instituições gastarão menos para captar os recursos da caderneta, porque os poupadores passarão a ter uma remuneração vinculada a 70% da Taxa Selic, quando os juros caírem ao patamar de 8,5%. Os bancos continuam obrigados a aplicar no setor imobiliário 65% dos depósitos da poupança.
Appy afirmou que o cenário mais provável é que os bancos lucrem com a medida. Isso vai acontecer se o estoque da poupança antiga cair mais rápido do que os financiamentos já firmados, que levam em média 15 anos para acabar.
— Se o estoque da poupança cair mais rápido, o banco lucra porque terá um custo menor de captação. Ou seja, estará financiando um contrato antigo com um custo mais baixo — explicou.
Mantega reconheceu que o governo precisa tomar medidas para destravar a portabilidade do crédito imobiliário — mecanismo que permite ao mutuário renegociar contratos antigos a taxas mais baixas com outro banco. Isso já é permitido, mas os próprios bancos não têm interesse em estimular as migrações.
— Estamos estudando ajustes na portabilidade para que uma pessoa quite sua dívida mais cara e procure uma mais barata — disse o ministro.
Analistas não creem em fuga da poupança
O vice-presidente de Pessoa Física da Caixa Econômica Federal, Fábio Lenza, reafirmou que nada mudará para os contratos antigos. Disse também que nos próximos meses não deverá haver novas reduções para o crédito imobiliário, além dos cortes anunciados na semana passada e que entram em vigor hoje. A Caixa domina cerca de 70% do mercado imobiliário.
O menor rendimento da poupança não deve afastar os investidores da aplicação e, assim, não existe risco de redução no volume de recursos destinado ao crédito imobiliário, segundo especialistas. A dúvida é quando aquele menor rendimento vai se traduzir também em corte para as taxas cobradas nos financiamentos da casa própria.
— Os bancos pagarão menos ao investidor com as novas regras. Sendo assim, poderão emprestar a menores taxas também. Acredito que isso ocorrerá — afirmou o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Eduardo Zaidan.
Para o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octavio de Lazari Júnior, assim que a taxa básica de juros (Selic) cair para 8,5% ao ano, os bancos já conseguirão repassar aos clientes taxas mais atraentes no crédito imobiliário.
— Lógico que isso depende do quanto entrar na caderneta quando a Selic estiver no patamar que contempla a nova regra. Mas a redução virá.
A possibilidade de os investidores saírem maciçamente da aplicação, que responde por 65% dos recursos ao setor imobiliário, foi descartada pelos dois especialistas.
— A caderneta seguirá com suas principais características, que são a segurança e a liquidez. Portanto, não espantará os investidores — completou Zaidan.

ECONOMIA: Gol tem prejuízo no 1º trimestre em meio a custos maiores


Da FOLHA.COM

Da Reuters

A Gol encerrou o primeiro trimestre com prejuízo de R$ 41,4 milhões, em um momento no qual a companhia aérea implementa diversas medidas para conter seus custos operacionais. 
O resultado foi prejudicado por um cenário de pressão nos custos operacionais, notadamente o custo de combustível, queda do real frente ao dólar e despesas com tarifas aeroportuárias nos principais aeroportos do Brasil.
"Adicionalmente, o resultado do período foi impactado pelas despesas com resultado financeiro de R$ 23,2 milhões e R$ 25,5 milhões de Imposto de Renda", afirmou a empresa em comunicado nesta sexta-feira.
Analistas consultados pela Reuters não tinham uma linha de estimativas comuns para a companhia. Seis analistas previram prejuízos que iam de R$ 2,4 milhões a R$ 127 milhões, enquanto um esperava lucro de R$ 32 milhões.
A companhia afirmou que vem tomando medidas para diminuir seus custos e despesas operacionais, que cresceram 22,6% na comparação anual, para R$ 2,158 bilhões.
O custo operacional por assento disponível por quilômetro (cask) total avançou 6,6% no primeiro trimestre, pressionado por maiores despesas com combustível e lubrificantes e com tarifas de pouso e decolagem.
Em março, foi anunciada uma racionalização inicial de cerca de 100 voos, entre Gol e Webjet, ao passo que a companhia aérea busca uma redução de 2% na oferta doméstica neste ano sobre 2011.
"Essas medidas estão em linha com os objetivos da Gol na busca permanente em focar cada vez mais em eficiência, competitividade e rentabilidade", informou comunicado.
O prejuízo de R$ 41,4 milhões nos três primeiros meses de 2012 reverte um lucro de líquido de R$ 69,4 milhões no mesmo intervalo do ano passado. A margem líquida foi negativa em 1,9%.
O caixa total da Gol fechou o trimestre com cerca de R$ 2,2 bilhões. "A companhia permanece sem pressão de refinanciamento no horizonte dos próximos três anos", de acordo com comunicado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e leasing de aeronaves (Ebitdar, na na sigla em inglês) foi de R$ 267,9 milhões no período, queda de 24,2% ante o primeiro trimestre do ano passado, de acordo com o padrão contábil IFRS, com informações não auditadas.
A receita líquida da companhia no primeiro trimestre foi de R$ 2,166 bilhões, alta de 14,3% em comparação ao primeiro trimestre de 2011.
Por sua vez, o yield --valor médio pago por passageiro para voar um quilômetro-- cresceu 2,5%, para 0,2025 real no primeiro trimestre.
Os resultados do primeiro trimestre incorporam na totalidade os resultados da Webjet, adquirida pela Gol no ano passado. 

ECONOMIA: Nacionalizações podem deslocar investimentos espanhóis para o Brasil


Da FOLHA.COM

DA BBC BRASIL

As recentes nacionalizações de empresas espanholas na Argentina e na Bolívia podem empurrar investimentos realizados pelo país europeu na América Latina para o Brasil, preveem especialistas.

Para eles, o Brasil, que já é o principal destino dos investimentos da Espanha na região, se beneficiaria por garantir maior segurança jurídica, além de um quadro econômico e político mais estável comparado ao de seus vizinhos.
"De maneira geral, o Brasil tem um marco regulatório consolidado e assegura maior respeito aos contratos, dando guarida aos investimentos", disse a BBC Brasil Ernesto Lozardo, professor de economia da FGV-EAESP.
O país, que se tornou em 2011 a sexta economia do mundo, com um vasto mercado interno e prestes a sediar vários eventos internacionais de grande porte, já está na rota dos investidores externos que, sem perspectivas de ganhos futuros nas economias dos Estados Unidos e da Europa, buscam mercados mais atraentes para aplicar seu capital.
Segundo dados recentes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o Brasil foi o país latino-americano que mais recebeu investimentos do exterior no ano passado, respondendo por US$ 66,7 bilhões (R$ 128,4 bilhões) ou 43,7% do total de US$ 153,4 bilhões investidos na região, seguido do México, Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Venezuela e Uruguai.
Desde 1993 (início da série histórica), segundo dados do Ministério de Economia e Competitividade da Espanha, o Brasil recebeu mais de 30% do volume de investimentos estrangeiros diretos (IED) espanhóis na América Latina.
No ano passado, esse fluxo cresceu, totalizando 4 bilhões de euros (R$ 10,1 bilhões) ou 64% do montante total de 6,3 bilhões de euros investidos pela Espanha no continente.
Descontados os "desinvestimentos" (ou seja, investimentos que foram desfeitos, como venda de ativos, por exemplo), a taxa líquida das aplicações espanholas no Brasil em 2011 ficou em 3,9 bilhões de euros, volume muito superior ao segundo colocado, o México, com cerca de 1 bilhão de euros investidos.
Dados do Banco Central do Brasil confirmam que, em 2011, a Espanha esteve entre os principais investidores no país, depois da Holanda e dos Estados Unidos.
Por outro lado, no ano passado, considerando a mesma taxa líquida de investimentos, a Espanha "desinvestiu" 85,29 mil euros na Bolívia e 1,3 bilhão de euros na Argentina, de acordo com as estatísticas do governo espanhol.
Se depender das empresas espanholas, tal cenário não deve ser alterado neste ano. Segundo o relatório "Panorama de Investimento Espanhol na América Latina 2012", divulgado pelo Instituto de Empresa de Madri em fevereiro passado, 30 das companhias de maior faturamento da Espanha enxergam com pessimismo a evolução de seus negócios em países como Argentina, Bolívia e Venezuela.
Das empresas com filiais nesses três países, somente 15% planejam aumentar sua presença na Argentina em 2012, contra 4% na Bolívia e na Venezuela.
No Brasil, entretanto, o índice é de 62%.
NACIONALIZAÇÃO
Na última terça-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou a estatização da empresa Transportadora de Electricidad S.A (TDE), filial do grupo espanhol Red Eléctrica de España (REE), que administra 73% das linhas de transmissão de energia do país.
A nacionalização, anunciada em meio às comemorações do Dia do Trabalho (1º de maio), atendeu a reivindicações de sindicalistas e veio acompanhada de uma ordem às Forças Armadas para a ocupação imediata das instalações da companhia.
Ainda que tenha criticado o ato unilateral, o governo espanhol reagiu à expropriação de maneira diferente de quando recebeu a notícia da nacionalização de 51% das ações da YPF, petrolífera argentina controlada pela espanhola Repsol, anunciada pelo governo da presidente Cristina Kirchner há três semanas.
"O governo espanhol entende que a Bolívia se comprometeu a pagar um valor justo pela estatização da TDE, ao contrário do que foi sinalizado pela Argentina", disse a BBC Brasil José Manuel Rodríguez de Castro, conselheiro econômico e comercial da embaixada da Espanha no Brasil.
Para além do contexto político, entretanto, analistas afirmam que o tamanho das operações da companhia na Bolívia teria influenciado o tom das críticas. No ano passado, a TDE respondeu por apenas 1,5% receita total da REE.
Na opinião deles, a situação na Argentina, no entanto, é diferente. Responsável por 34% e 25% do volume de produção de petróleo e gás, respectivamente, no país, a YPF-Repsol havia acabado de anunciar a descoberta da reserva 'Vaca Muerta' com potencial de 22 bilhões de barris na província de Neuquén, o que pode alçar o país a um novo patamar na exploração da commodity no mundo. 

CORRUPÇÃO: CPI 'promete espalhar mais sujeira do que o normal', diz 'Economist'


Da FOLHA.COM

DA BBC BRASIL

O escândalo do esquema de corrupção comandado pelo empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, "promete espalhar mais sujeira do que o normal", diz a edição da revista britânica "The Economist" que chegou às bancas nesta sexta-feira (4).
A revista diz que escândalos como esse são comuns em Brasília, mas que a CPI que investigará o caso coloca políticos de todos os partidos na berlinda.
A reportagem cita o envolvimento do senador Demóstenes Torres (ex-DEM) e de outros políticos --e lembra que Torres foi descrito como um homem de "princípios e convicções" em uma lista dos cem brasileiros mais influentes publicada em 2009 pela revista "Época".
"Até agora, os custos políticos da investigação parecem recair sobre a oposição ao governo de centro-esquerda de Dilma Rousseff", diz o texto.
"Mas as revelações não são necessariamente um presente político para Rousseff."
PLANOS
Segundo a reportagem, apesar de a linha dura adotada pela presidente contra a corrupção desde o início de seu governo lhe garantir "uma reserva de credibilidade com o público", os resultados de CPIs costuma ser imprevisíveis.
"Mesmo que Rousseff saia politicamente ilesa, a investigação provavelmente irá atrapalhar alguns de seus planos", diz o artigo, citando a votação sobre a distribuição dos royalties do pré-sal e projetos de infraestrutura para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que podem ser atrasados, especialmente pelo envolvimento da construtora Delta, que está sendo investigada.
"Quanto mais a podridão na política brasileira é exposta, menor o número de políticos nos quais os brasileiros sentem que podem confiar", diz a revista.  

ECONOMIA: Donos põem Delta à venda para evitar fechamento


Da FOLHA.COM


No centro do escândalo envolvendo Carlinhos Cachoeira, a construtora Delta foi posta à venda para tentar salvar as operações da empresa, informa reportagem de Natuza Nery e Catia Seabra, publicada na Folha desta sexta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Folha apurou junto a pessoas com acesso à operação, o grupo JBS manifestou interesse na aquisição.
Procurado, o empresário Joesley Batista, presidente da holding que controla o frigorífico JBS, disse que não poderia comentar o caso: "Vixe! Não posso falar disso, não". Já a Delta optou por não se pronunciar a esse respeito.
Leia a reportagem completa na Folha desta sexta-feira, que já está nas bancas. 

ECONOMIA: Mudança no rendimento da poupança é 'medida ousada', diz Dilma


Da FOLHA.COM

A presidente Dilma Rousseff disse a sindicalistas, empresários e líderes aliados, em três reuniões distintas no Palácio do Planalto, que a mudança no rendimento da poupança é uma "medida ousada", mas que tinha de ser "enfrentada" para permitir a queda dos juros no país.

As regras de remuneração da caderneta de poupança, a mais tradicional e popular aplicação financeira do país, vão mudar a partir desta sexta-feira. O novo modelo vale apenas para novos depósitos e novas contas. As que já existem até hoje seguem com o cálculo de seus rendimentos sem modificações.

A nova regra terá um gatilho, a ser acionado sempre que a taxa básica de juros do Banco Central, a Selic, for igual ou inferior a 8,5% ao ano --hoje ela está em 9%.

Neste caso, as novas cadernetas de poupança e novos depósitos terão seus rendimentos calculados com base em 70% da Selic, acrescidos da TR (Taxa Referencial). Enquanto a taxa do BC estiver acima de 8,5%, nada muda, inclusive para as novas poupanças, que continuam a ter uma correção de 6,17% ao ano mais TR como prevê o modelo atual.


REUNIÕES


Segundo os participantes, Dilma disse não temer perder popularidade e foi elogiada pelos empresários por adotar uma medida polêmica. "São coisas que precisam ser feitas e serão feitas, fomos eleitos para isso", afirmou no encontro com os empresários, o último dos três que teve para pedir apoio à medida.


A primeira reunião foi com o Conselho Político, que reúne líderes dos partidos aliados. Nela, parlamentares lembraram a tentativa frustrada do ex-presidente Lula de mudar a poupança. 


Bem-humorada, a presidente aproveitou para brincar com o ministro Guido Mantega (Fazenda), que comandava a pasta na época: "É que o Mantega evoluiu muito de lá para cá".


Nas reuniões, Dilma reforçou que o país precisa vencer três entraves para continuar se desenvolvendo: a redução dos juros, a valorização cambial e a carga tributária do país: "Não estou aqui para vender facilidades. Esse é um passo que tem que ser dado".


O último encontro reuniu 26 empresários. Presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade diz que todos elogiaram a medida, incluindo os banqueiros presdentes: Pedro Moreira Salles (Itaú-Unibanco), Luis Carlos Trabuco (Bradesco) e André Esteves (BTG Pactual).


O presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, disse que "foi uma mudança boa para todos, importante, pois preserva os saldos existentes, mantendo as regras de liquidez e isenção tributária, preservando a grande credibilidade deste instrumento, um dos mais populares do país. A mudança foi boa, pois permite espaço para a continuidade na queda dos juros".
Robson Andrade disse que a busca por juros menores não poderá ser feita só por bancos oficiais e afirmou que os demais estão reagindo por conta da concorrência. "Se você não tem concorrência, não tem necessidade de buscar maior eficiência. À medida que bancos tenham concorrência, isso faz com que busquem reduzir os juros."


O líder do governo na Câmara lembrou que a MP terá de ser aprovada no Congresso. "O assunto é importante, mas ninguém manifestou resistência durante a reunião", disse Arlindo Chinaglia (PT-SP), após reunião com Dilma. 


ECONOMIA: Caixa corta juros da casa própria a partir de hoje; tire dúvidas

Do UOL, em São Paulo

Aiana Freitas



Quem fechar contrato de financiamento habitacional com a Caixa Econômica Federal a partir desta sexta-feira (4) terá direito a taxas de juros mais baixas. A redução nas taxas do crédito imobiliário foi anunciada pelo banco há cerca de dez dias.

Imóveis que custam até R$ 500 mil e financiados dentro do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) terão a taxa reduzida de 10% para 9% ao ano. Clientes da Caixa que tiveram conta-salário no banco pagarão uma taxa mais baixa, de 7,9% ao ano.
No caso de imóveis que custam mais de R$ 500 mil e são financiados fora do SFH, os novos juros vão variar de 9% ao ano (para clientes com conta-salário) a 10% anuais (para os demais). Antes, eram de 11% anuais para todos os clientes.
Quem já tem financiamento com a Caixa não será beneficiado.

Consumidor deve considerar outros custos

Uma simulação feita pela própria Caixa mostra de quanto pode ser a economia do consumidor com a taxa nova.  Considerando-se, por exemplo, um financiamento de 30 anos no valor de R$ 150 mil, pelo SFH, a prestação inicial seria de R$ 1.686,66.
Com uma taxa de 7,9% ao ano, a prestação cairia para R$ 1.443,99, o que representaria uma economia de R$ 242,67, ou de 14,4%. Segundo os cálculos da Caixa, em 30 anos a economia total seria de R$ 43.801,94.
Apesar de o corte parecer interessante, o consumidor deve, antes de assinar contrato, comparar os custos do mesmo financiamento em outros bancos, aconselha a coordenadora institucional da associação de consumidores Proteste, Maira Inês Dolci.
"Dentro do valor da prestação estão incluídos outros custos, de taxas e seguros, por exemplo. O consumidor que já é cliente de outro banco pode aproveitar o momento para negociar e conseguir custos mais baixos", diz.
Na simulação da Caixa, que considerou um consumidor de 38 anos de idade, o seguro de vida custa R$ 35,10 ao mês. A prestação inclui, ainda, uma taxa de administração, de R$ 25, e um seguro de danos físicos ao imóvel (DFI), de R$ 13,77.

Banco dá início a feirão da casa própria

Nesta sexta-feira (4), a Caixa dá início também ao 8º Feirão da Casa Própria em cinco capitais (Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília). Até 10 de junho, o feirão vai passar por outras oito cidades, incluindo São Paulo e Curitiba.
Mais de 430 mil imóveis novos, usados e na planta estarão à venda no evento, segundo a Caixa. O feirão é realizado em parceria com construtoras e imobiliárias.

Banco do Brasil deve anunciar nova redução

Além de cortar os juros no crédito imobiliário, a Caixa promoveu outros dois cortes nos juros nas últimas semanas, que atingiram, entre outras linhas de crédito, o cheque especial e o rotativo do cartão.
Nesta sexta (4), o Banco do Brasil deve anunciar novos cortes nos juros cobrados dos consumidores. A instituição também já promoveu dois cortes.
Além de Caixa e Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, HSBC e Citibank também fizeram reduções recentemente.
Tire suas dúvidas sobre as novas taxas do financiamento de imóveis da Caixa:
  • Quem tem direito aos juros mais baixos?
    Segundo a Caixa Econômica Federal, todos os clientes terão direito aos juros mais baixos. Quem já tem conta na instituição ou transferir para lá sua conta-salário, porém, terá redução ainda maior.
  • Como faço para ter acesso aos juros mais baixos?
    É preciso ir a uma agência da Caixa. Todo contrato assinado a partir de 04/05/2012 irá vigorar com as novas taxas.
  • Quais são as taxas novas?
    Para imóveis de até R$ 500 mil, os juros vão variar de 7,9% ao ano (para clientes da Caixa) a 9% ao ano (para não-clientes). No caso dos imóveis que custam mais de R$ 500 mil, as taxas vão de 9% ao ano (clientes) a 10% anuais (não-clientes).
  • Já tenho financiamento imobiliário com a Caixa. Os juros do meu financiamento também vão cair?
    Não. Quem já tem financiamento com o banco não será beneficiado pela redução.
  • Estou em processo de negociação de um financiamento com a Caixa. Já enviei meus documentos, mas o financiamento ainda não saiu nem assinei o contrato. Terei direito às novas taxas?
    Sim. Se o contrato for assinado a partir desta sexta (4), sim.
  • Tenho financiamento imobiliário em outro banco e gostaria de transferí-lo para a Caixa por meio da portabilidade do crédito. Posso? Preciso pagar alguma taxa pela portabilidade?
    Sim, o financiamento imobiliário pode ser transferido. A portabilidade de crédito é gratuita.

DIREITO: Supremo declara constitucionalidade do ProUni



O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria de votos, julgou improcedente o pedido feito na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3330, ajuizada pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen). A entidade questionava a Medida Provisória nº 213/04, convertida na Lei nº 11.096/2005, que instituiu o Programa Universidade para Todos (ProUni) e passou a regular a atuação de entidades de assistência social no ensino superior.
O julgamento da ADI – à qual foi anexada a ADI 3314, proposta pelo partido DEM, por ter exatamente o mesmo objeto – foi iniciado em 02 de abril de 2008, quando seu relator, ministro Ayres Britto, se pronunciou pela improcedência do pedido. Naquele mesmo julgamento, o Plenário, por unanimidade, não conheceu (decidiu não julgar o mérito) da ADI 3319, por não reconhecer legitimidade ativa à Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social (Fenafisp), autora dessa ADI, para propor a ação. Suspenso naquela oportunidade, o julgamento foi retomado hoje com a apresentação do voto-vista do ministro Joaquim Barbosa.
Alegações
Na ação, a Confenen sustentava que a MP e a lei em que foi convertida ofendem o artigo 62 da Constituição Federal (CF) e, por via de consequência, ao princípio da separação dos Poderes da República Federativa, consagrado no artigo 2º da CF, caracterizando-se a usurpação legislativa pelo chefe do Executivo, ante à ausência de “estado de necessidade legislativo”, que autorizaria a utilização de Medida Provisória.
Sustentava, ainda, que os artigos 10 e 11 da lei impugnada violam os artigos 146, II e 195, parágrafo 7º, da Constituição, por invadirem seara reservada a lei complementar, ao pretenderem “conceituar entidade beneficente de assistência social“, e ao estabelecerem “requisitos para que a entidade possa ser considerada beneficente de assistência social”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se pela improcedência da ação. No mesmo sentido se pronunciou a Advocacia-Geral da União (AGU), que defendeu a constitucionalidade da MP e da lei impugnada.
Voto-vista
Em seu voto-vista, o ministro Joaquim Barbosa refutou todos os argumentos da Confenen e do DEM. Em síntese, ele sustentou que o ProUni é coerente com diversos dispositivos constitucionais que preveem a redução de desigualdades sociais. Em favor desse argumento, ele citou dados do Censo Anual de 2008 do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacional (Inep), segundo o qual havia, naquele ano, uma oferta de 2,98 milhões de vagas nas universidades de todo o país, das quais 1,479 milhão estavam ociosas.
Ainda segundo aquele censo, a maior parte dessas vagas ociosas se localizava em universidades privadas. E a causa disso era a dificuldade financeira das famílias de pagar o estudo superior de seus filhos.
Assim, conforme o ministro, ao financiar a bolsa total para alunos de famílias com renda até 1,5 salário mínimo e parcial para aqueles egressos de famílias com renda de até 3 salários mínimos, o ProUni representa um importante fator de inserção social. E essa afirmação, segundo ele, é confirmada por uma pesquisa feita em março de 2009 pelo Ibope, segundo a qual 56% dos alunos apoiados pelo ProUni já trabalhavam quando iniciaram seu curso superior, mas seu nível de emprego aumentou para 80% após esse patrocínio, contribuindo para melhorar a renda de suas famílias. Além disso, conforme argumentou, o custo de cada bolsa do programa é inferior ao custo por aluno em universidades públicas e, também, privadas.
Autonomia e igualdade
O ministro Joaquim Barbosa refutou, ainda, a alegação de que o ProUni ofenderia o princípio da autonomia universitária, previsto no artigo 207 da CF. Segundo ele, a adesão das universidades ao programa é facultativa. “Nenhuma instituição particular de ensino superior está obrigada a se vincular ou se manter vinculada ao ProUni, e a adesão tem prazo de vigência de 10 anos, contado da data de sua assinatura”, afirmou.
Por outro lado, de acordo com ele, “há que se considerar que a autonomia universitária não é um objetivo que se esgota em si próprio. Ela existe para que se atinjam outros objetivos, de natureza educacional, social, cultural”. Ele refutou, também, a alegação de ofensa ao princípio da igualdade, alegando que somente podem candidatar-se ao ProUni aqueles candidatos aprovados em processo de seleção regular, disputado com os demais alunos.
Livre iniciativa
O ministro rebateu, também, a alegação de que o ProUni ofenderia o princípio da livre iniciativa (artigo 170, parágrafo único da CF), que assegura a todos o livre exercício da atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previsto em lei. Segundo ele, as universidades que aderirem ao ProUni não sofrem qualquer restrição. E, considerando a ociosidade de vagas nessas instituições, a lei pode até favorecer a manutenção de suas atividades, em razão dos benefícios tributários que passarão a usufruir.
Por outro lado, ele destacou que a educação não é uma mercadoria ou serviço sujeito às leis do mercado e sob a regência do princípio da livre iniciativa. “Se a legislação franqueia a educação à exploração pela iniciativa privada, essa só pode ocorrer se atendidos requisitos do artigo 209 da CF”, sustentou. Segundo ele, “não se trata, propriamente, de incidência pura do princípio da livre iniciativa”.
Ministra Rosa Weber
Acompanhando o voto do relator, a ministra Rosa Weber destacou que as alegações de violação aos princípios da isonomia, autonomia universitária e livre iniciativa já foram abordados em seu voto na ação julgada há duas semanas pelo STF, quanto ao critério de cotas da Universidade de Brasília (ADPF 186).
Especificamente sobre a lei que instituiu o ProUni, a ministra proferiu seu entendimento com relação ao dispositivo que dá prioridade às empresas aderentes ao programa na distribuição dos recursos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Para a ministra Rosa Weber, não há inconstitucionalidade, uma vez que o sistema apenas estimula a adesão ao programa ao dar prioridade ao repasse dos recursos, não deixa de fazer repasse às não aderentes, e cria mecanismos de estímulo à participação em um importante programa de inclusão social.
Ministro Luiz Fux
O ministro Luiz Fux votou hoje pela constitucionalidade do programa. “O ProUni representa uma política pública federal, subsidiado com recursos federais, de adesão voluntária, por isso não viola a livre iniciativa nem o pacto federativo. É um exemplo eloquente de fomento público de atividades particulares relevantes”, disse. O ministro rebateu o argumento de que o programa fere a isonomia ao repassar verbas para universidades privadas que instituírem ações afirmativas, reservando bolsas para alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas, sendo que boa parte delas deve ser concedida a negros, índios e portadores de necessidades especiais.
“A isonomia, no caso concreto, reclama tratamento isonômico, tratando igual os iguais e desigualmente os desiguais. Um dos subprincípios da isonomia na Constituição Federal, no seu artigo 206, é garantir a igualdade de acesso à educação”, afirmou, lembrando que há um paradoxo no Brasil no qual alunos de escolas públicas têm dificuldade de acesso às universidades federais e estaduais, que são as melhores do país, por conta da baixa qualidade dos colégios públicos. O ministro Luiz Fux também sustentou que a lei que criou o ProUni não limitou o poder estatal de tributar ao conceder isenção às entidades que aderem ao programa. “A lei apenas estabelece critérios para que as entidades possam se enquadrar no programa. Isso nada tem a ver com o poder de tributar”, apontou. O ministro Cezar Peluso também acompanhou o relator.
Ministro Gilmar Mendes
Ao acompanhar o voto do relator das ADIs 3330 e 3314, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a sistemática adotada pelo ProUni para fomentar a concessão de bolsas de estudo por parte de instituições privadas de educação superior mediante o oferecimento, em contrapartida, de isenção de alguns tributos, é, em sua opinião, um modelo extremamente engenhoso que favorece mais de um milhão de estudantes, e que deveria ser estendido a outros setores.
Para o ministro, o ProUni é bem-sucedido muito em razão de seu mecanismo de fiscalização, que é “bastante simples, quase documental”, na medida em que dispensa a atuação de fiscais para impedir fraudes. “É um modelo institucional digno de encômios [elogios] porque todos nós sabemos da dificuldade de se fazer um controle dessas entidades. E é um modelo que pode se expandir para outras áreas, como a saúde”, afirmou.
O ministro Gilmar Mendes também teceu elogios aos critérios para a concessão de bolsas com base na renda, e não na cor da pele. O programa é dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas integrais, com renda per capita familiar máxima de três salários mínimos. “A lei do ProUni, em verdade, estabelece o critério de renda do aluno como requisito essencial para a concessão dessas bolsas”, finalizou.
Divergência
O ministro Marco Aurélio foi o único a divergir da maioria e votar contra a norma que instituiu o ProUni. “O meu compromisso não é com o politicamente correto. É com o politicamente correto se estiver, sob a minha ótica, segundo a minha ciência e consciência, harmônico com a Carta da República”, disse.
Para o ministro Marco Aurélio, o projeto de lei originalmente apresentado pelo Executivo ao Congresso Nacional com o intuito de criar o ProUni foi atropelado pela MP. Ainda segundo ele, a medida provisória contém diversos vícios, como, por exemplo, não respeitar os requisitos de urgência e relevância previstos na Constituição Federal, e regular matéria tributária (prevê isenção fiscal às universidades que aderirem ao ProUni), o que somente pode ser feito por meio de lei complementar.
“O Poder Executivo abandonou o projeto tendo em conta a polivalência que ganhou a medida provisória e potencializando requisitos (da urgência e relevância) editou a medida provisória”, ponderou. Ele observou ainda que pouco importa que a MP tenha sido convertida em lei. “O vício originário quanto à edição da medida provisória contamina a lei de conversão. A lei de conversão, em síntese, é válida se válida se mostrar a medida provisória”, concluiu ao citar o jurista Celso Antonio Bandeira de Mello.
O ministro Marco Aurélio também questionou o fato de a lei prever sanções, a serem aplicadas pelo Ministério da Educação, para instituições que descumprirem as obrigações assumidas no termo de adesão ao ProUni. “Sob esse ângulo, se tem um maltrato à autonomia universitária”, afirmou. Ao final de seu voto, o ministro defendeu que o Estado invista em universidades públicas, ao invés de “compelir a iniciativa privada fazer o que o próprio Estado deveria fazer”.

DIREITO: Suplente de deputado federal por São Paulo tem diploma cassado





Sessão do TSE. Brasilia/DF 03/05/2012 Foto:Nelson Jr./ASICS/TSE
O Ministério Público Eleitoral acusou Daniel Mateus de fazer promoção de sua candidatura na festa de reinauguração da sede campestre do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de São José do Rio Preto, realizada em 18 de setembro de 2010. No evento, compareceram 12 mil associados e seus familiares.
Informa o Ministério Público que Daniel Mateus foi presidente do sindicato. Alega ainda o órgão que a festa de reinauguração da sede campestre já estava sendo planejada desde a gestão de Daniel, no final de 2009, e ocorreu a menos de um mês da eleição.  
Relatora da ação, a ministra Nancy Andrighi, afirmou que a reinauguração da sede do sindicato teve como finalidade promover a candidatura de Daniel Mateus. A ministra destaca que já na entrada do evento foi colocada faixa e retrato do candidato, demonstrando a finalidade da comemoração. Vários carros do lado de fora traziam também adesivos de apoio ao candidato.
A relatora informou que os convites para a festa foram assinados somente por Daniel, sem a menção do sindicato patrocinador da comemoração e que o candidato chegou à festa de helicóptero. 
Disse ainda a relatora que o locutor da festa pediu expressamente votos para Daniel Mateus, inclusive dizendo o nome e o número do candidato. Acrescentou a ministra que na festa houve show artístico, distribuição de bebidas, comida e de brindes.
“A comemoração teve a sua finalidade desvirtuada, pois no exame dos documentos juntados aos autos denota-se que o evento promovido pelo sindicato teve uma conotação eleitoral”, disse a ministra.  
Divergência
Apesar de reconhecer que o candidato recebeu recursos de sindicato para a sua campanha, o que a legislação proíbe, o ministro Arnaldo Versiani foi o único a negar o recurso do Ministério Público contra Daniel Mateus.
Para o ministro, não ficou demonstrado o impacto da doação do sindicato, por meio da festa, no montante da campanha do candidato. Diante da impossibilidade da averiguar esse valor, o ministro votou por rejeitar o recurso do Ministério Publico. 
Processo relacionado: RO 1874028 

DIREITO: TRF determina que UFU indenize estrangeiro por danos materiais e morais


A Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região atendeu à solicitação de um doutor em Engenharia Mecânica que, em recurso apresentado ao tribunal, requeria reparação por dano moral e material da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) pelo rompimento prematuro do contrato de prestação de serviços por ele formulado.
No recurso, o doutor afirma ter desistido de um cargo na universidade alemã Rhur Universitat Bochum depois de ser convidado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para trabalhar como pesquisador no Laboratório de Engenharia de Materiais da Universidade pelo período de quatro anos.
O doutor alega ter investido todas as suas economias na mudança para o Brasil e que contava unicamente com a bolsa do CNPq como renda, nas categorias de especialista visitante, no primeiro ano, e pesquisador visitante, nos três anos restantes.
Passado o período inicial de 12 meses, o estrangeiro foi dispensado sem justa causa e impedido de renovar a bolsa como pesquisador visitante. Explica que, por inoperância do coordenador do Laboratório de Tribologia e Materiais da UFU, as providências necessárias para sua permanência não foram tomadas em tempo de se possibilitar a renovação pelo CNPq do suporte financeiro do demandante.
Segundo ele, “foi tratado com descaso pelos professores da Universidade, o que lhe causou sentimentos negativos de insegurança e aflição, e que sua dispensa foi devido a uma mudança de prioridades da instituição.” Por essas razões, entrou na Justiça, pedindo indenização pelos três anos finais da segunda etapa do contrato, além de quantia relativa aos danos morais sofridos.
O relator do processo, juiz federal convocado Álvaro Mozar José Ferraz de Novaes, analisou documentos e evidências que comprovaram a vinculação jurídica da UFU com o autor e a desistência dele de um bom cargo na Alemanha em face dessa oferta de emprego.
O magistrado também constatou, ao analisar os autos, que mensagens de e-mail trocadas entre o doutor em Engenharia Mecânica e o coordenador do Laboratório de Tribologia e Materiais da UFU comprovam que o recorrente fez tudo para honrar o contrato e que foi impossibilitado por inoperância do coordenador e, mais à frente, pelo desinteresse da Universidade em uma eventual renovação.
Para o juiz Novaes, possíveis mudanças de prioridades e escolha de programas da universidade não podem desconsiderar compromissos anteriores, especialmente se tratando de visitantes estrangeiros que, como no caso, abdicaram de bons empregos para se dedicar ao ensino em nosso país, a convite de professores brasileiros.
Com base nos fatos citados, o juiz julgou a Universidade Federal de Uberlândia responsável pela indenização referente ao período acordado inicialmente com o estrangeiro. A UFU terá que pagar, ainda, uma soma relacionada aos danos morais sofridos pelo pesquisador, que passou por situações de sofrimento após uma mudança de país e cultura, instigada pelos profissionais da Universidade.
AC 1999.38.03.002033-8/MG

DIREITO: TRF 1 - Competência territorial para julgamento é definida na propositura da ação


A Primeira Turma decidiu, em conflito de competência relatado pela desembargadora federal Ângela Catão, que “conforme preceitua a legislação processual em vigor, a fixação da competência territorial se dá no momento da propositura da ação, não sendo permitida a alteração desta, quer seja por mudança de domicílio ou por vontade da parte, sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural, salvo quanto às exceções recepcionadas no art. 87 do Código de Processo Civil”.
No caso dos autos, a ação previdenciária fora ajuizada perante a Comarca de Monte Belo, Minas Gerais, e, posteriormente, o autor pediu a remessa do processo para a Comarca de Alfenas, Minas Gerais, em razão da alteração de endereço.
Assim, a Turma entendeu que a competência para processar e julgar o processo é da Comarca de Monte Belo.
CC 0091528720124010000/MG


DIREITO: TRF 1 - União terá que indenizar repórter fotográfico vítima de agressão



A Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região reduziu de R$ 200 mil para R$ 50 mil o valor da indenização por dano moral que a União terá que pagar a um repórter fotográfico, que foi agredido por militares do Exército durante a cobertura da festa de réveillon, no Forte de Copacabana, Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1999.
A decisão atende parcialmente ao recurso apresentado pela União contra decisão de primeiro grau, que havia determinado o pagamento de R$ 200 mil ao repórter fotográfico a título de dano moral. Na apelação, a União sustenta que não há provas nos autos que comprovem que o repórter foi vítima de agressão por parte dos militares.
A União ainda cita acórdão do Superior Tribunal Militar (STM) que, em processo militar relativo ao fato em questão, absolveu os militares envolvidos. No julgamento do caso, o STM entendeu que os repórteres que fotografaram o evento invadiram área proibida e não atenderam à ordem de retorno ao local onde anteriormente se encontravam, tendo havido “desrespeito, ofensa a honra e desacato a militar.”
Em sua defesa, o repórter fotográfico sustenta que não fotografou em local proibido, “sendo certo que a ira de um dos militares se acendeu quando o apelado fotografou o exato momento em que o militar agride outro jornalista, motivo por que aquele exigiu que fossem entregues máquina e filme.”
Em seu voto, o relator, juiz federal convocado Ávio Mozar José Ferraz de Novaes, afirmou que a situação, inicialmente, parece ter sido provocada pela própria organização do evento, “a qual procurou impedir que fossem registradas, pela imprensa, imagens de um incidente causado pelo mau tempo naquela noite de réveillon, consistente na queda da estrutura do toldo, malgrado estivessem os repórteres credenciados à cobertura do evento em si.”
Para o magistrado, a análise dos fatos noticiados e comprovados nos autos conduz à conclusão de que houve excesso por parte das autoridades envolvidas, culminando com violação de direitos de personalidade do repórter fotográfico, como a honra e sua integridade física. “Configurado está o dever de indenizar por parte da União, porquanto estão demonstrados os elementos que caracterizam a responsabilidade estatal do ato ilícito”, afirma o relator.
Contudo, conforme destaca o juiz federal Ávio Mozar de Novaes em seu voto, a indenização por dano moral deve ter como parâmetro a repercussão do dano, as sequelas, a repreensão ao agente causador do fato e sua possibilidade de pagamento, bem como não pode ocasionar enriquecimento. “Assim, verifica-se que a condenação ao pagamento de R$ 200 mil como reparação pelos danos morais suportados se mostra demasiadamente excessiva e incompatível com as condenações aplicadas no âmbito desta Corte, merecendo ser reduzida para R$ 50 mil”, determinou o relator.
Processo n.º 2004.34.00.048747-5/DF

quinta-feira, 3 de maio de 2012

ECONOMIA: Lucro do Banco do Brasil cai 14,7% no 1º trimestre



De OGLOBO.COM.BR

Banco teve de aumentar provisões contra calotes de devedores
SÃO PAULO — O Banco do Brasil encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 2,5 bilhões, queda de 14,7% na comparação anual, conforme dados divulgados nesta quinta-feira. A redução ocorreu, porque houve maiores provisões para perdas diante da tendência de aumento da inadimplência.

A previsão média de 11 analistas consultados pela Reuters apontava para lucro líquido de R$ 2,7 bilhões para a instituição no período.
Sem considerar efeitos extraordinários, o maior banco do país em ativos apurou lucro recorrente de R$ 2,7 bilhões entre janeiro e março, o que equivale a recuo de 7,5% ano a ano.
De um lado, o banco viu sua carteira de crédito crescer 19% no espaço de 12 meses encerrado em março, para R$ 473,1 bilhões.
Em contrapartida, o BB teve despesas com provisões para perdas com devedores duvidosos de R$ 3,576 bilhões no período, um crescimento de 36% em um ano e o maior nível desde pelo menos o quarto trimestre de 2009.
O índice de inadimplência da carteira, medido pelo saldo de empréstimos vencidos há mais de 90 dias, foi de 2,2%, ligeiramente maior ante os 2,1% em igual etapa de 2011.
Os números foram divulgados semanas após BB e Caixa Econômica Federal abrirem uma fase de cortes agressivos de juros em várias linhas para empresas e pessoas físicas, em meio aos esforços do governo para baixar o spread bancário. Mas essa queda nos juros só vai ser sentida na divulgação do balanço do segundo trimestre deste ano.
Esse corte nos juros foi feito num momento em que os calotes não param de subir. Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil já divulgaram seus resultados do trimestre, em todos os casos afetados por maior inadimplência, que os fez aumentar as provisões para perdas.
Os ativos do BB somavam R$ 1 trilhão ao final de março, crescimento de 16% sobre um ano antes.
Veja também:

COMENTÁRIO: Som de guizos


Por CELSO MING - O Estado de S.Paulo

Em meio a uma economia global prostrada pela recessão e pelo desemprego, a retórica da ênfase ao crescimento econômico ganha corpo - e cada vez mais apelo político. Bem mais complicado é definir o que fazer para transformar palavras, apostas e voluntarismo em resultado.

Quem quer substituir as dolorosas políticas de saneamento e austeridade pelos programas de crescimento econômico, especialmente na Europa, vem apresentando algumas propostas nessa direção.
A primeira é trocar o corte das despesas públicas e dos salários por investimento. De onde tirar os recursos para isso é que são elas. Na Europa, há o sempre mencionado Banco Europeu de Investimento, que conta com 200 bilhões de euros em recursos, ninharia para o tamanho da empreitada. Apenas uma empresa brasileira, a Petrobrás, tem investimentos programados quase nas mesmas proporções (172 bilhões de euros) até 2015.
Outra fonte são os financiamentos bancários. Mas é cada vez menor o interesse das instituições financeiras em despejar dinheiro em economias superendividadas, mais e mais sujeitas a calotes soberanos. Afora isso, grande número de bancos na Europa sofre de grandes desarranjos financeiros. Precisam urgentemente de reforço de capital. Por isso, já não conseguem aumentar suas operações de crédito.
Há, também, a sugestão recorrente da elevação de impostos, sobretudo sobre os ricos e sobre os bancos. O candidato socialista à presidência da França, François Hollande, por exemplo, avisou que vai puxar para 75% a alíquota do Imposto de Renda a ser cobrada dos que ganham mais de 1 milhão de euros por ano. Mas reconhece que vai atingir apenas 3 mil pessoas, se antes disso esses não tiverem transferido seu patrimônio para o exterior. A criação do Imposto sobre Transações Financeiras, uma espécie de IOF que atingiria determinadas operações bancárias, parece impraticável. Seria necessário que toda a Europa adotasse a novidade. E os principais centros financeiros não querem perder mercado para Nova York, Hong Kong ou, até mesmo, para Londres. Ademais, aumento de impostos numa economia em recessão parece contrassenso.
Diante das dificuldades ou impossibilidades anteriores, aumenta o clamor de que o Banco Central Europeu (BCE) feche os olhos para meia dúzia de cláusulas contratuais e se ponha a emitir moeda que se destine à compra de títulos públicos e, nessas condições, financie o crescimento com mais inflação. Essa é uma possibilidade reiteradamente negada, mas não inteiramente descartada - principalmente se a iminência de uma catástrofe não deixar outra opção. Mas, como diz o Salmo 41/42, "todo abismo chama outro abismo". E o abismo das emissões de moeda é particularmente perigoso - e não apenas porque os alemães têm ojeriza de inflação. Se for para cobrir rombos fiscais, para quanto o BCE terá de expandir seu balanço para além dos 3 trilhões de euros que já estão lá nos seus ativos?
Mas não bastaria resolver a questão dos recursos que financiassem a retomada. Mesmo se os políticos conseguissem montar essa equação, seria preciso resolver dois outros problemas.
Um deles é o pânico, fator que acentuaria o tamanho da encrenca. E, outra vez, a ideia é arrancar do BCE o compromisso de despejar recursos ilimitados sempre que um Estado soberano da área do euro apresentasse sinais de suspensão iminente de pagamentos.
Outro ponto é o desequilíbrio. De um lado, estão um ou dois países superavitários (que faturam mais do que gastam com os demais) e, de outro, os deficitários. Na prática, seria preciso arrancar da Alemanha, de economia altamente superavitária, políticas que reduzissem suas exportações e elevassem suas importações. Em outras palavras, seria preciso que a Alemanha se conformasse em perder a competitividade obtida com grande sacrifício de sua gente.
Suponhamos que, afinal, a Alemanha aceitasse deixar de ser formiga, se transformasse em cigarra e passasse a importar compulsivamente. Nesse caso, seria preciso evitar outro risco: o de que essa política beneficiasse não seus parceiros de bloco, mas a China...
Enfim, crescer para sair da crise com base no aumento do consumo é um lindo som de guizos. Seria bom que fosse mais do que isso.
Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |