OGLOBO.COM.BR
POR JULIANA GARÇON
Moeda americana chegou a ser vendida a R$ 3,162, com fluxo positivo para o país

- Ron Antonelli / Bloomberg News
RIO e SÃO PAULO — O dólar comercial renovou a mínima em mais de um ano e recuou 0,81% nesta sexta, encerrando o pregão cotado a R$ 3,17, a menor cotação desde 16 de julho de 2015, quando bateu em R$ 3,158. Na mínima do dia, a divisa americana chegou a ser negociada a R$ 3,162. Na semana, a divisa recuou 2,28%. Analistas apontam o fluxo positivo de dólares para o país como o principal fator para a depreciação da moeda americana e já avaliam que o dólar pode atingir em breve o patamar de R$ 3,10 a R$ 3,00 por real.
O dólar se depreciou frente ao real na contramão da tendência global. O dollar index, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de dez moedas, teve alta de 0,52%. Segundo analistas, o Brasil continua oferecendo uma taxa de juros ainda muito atraente em relação à Europa e ao Japão, onde há inclusive juros negativos. Além disso, observa, muitos bancos centrais, como o banco da inglaterra, anunciou a recompra de 60 bilhões de libras em títulos públicos, aumentando a liquidez. Assim, os investidores são atraídos para o país pelos altos juros — fazem empréstimos em regiões de juros mais baixos e aplicam aqui —, num movimento conhecido como “carry trade”, que já deu retornos em 34% ao ano.
Para Rafael Figueredo, analista da Clear Corretora, o melhor resultado do mercado de trabalho americano, que criou 255 mil vagas frente a uma expectativa de 180 mil, fortalece a moeda americana porque indica recuperação da economia dos EUA. Mas, ao mesmo tempo, os investidores não esperam que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, eleve os juros em breve.
— A recuperação da economia americana é boa para a economia global. Em algum momento, o mercado de trabalho mais forte nos EUA vai bater no Fed. Mas por enquanto não se espera uma elevação dos juros para breve até porque a inflação está baixa — explica ele, que acredita que somente em dezembro a autoridade monetária possa elevar os juros.
Figueiredo acredita que até o fim do ano o dólar chegue a R$ 3,10 ou R$ 3 frente ao real. Isso porque o risco político no Brasil foi reduzido e a sinalização de que o país começa a se recuperar a partir do ano que vem atrai investidores que querem surfar nesta onda. Assim, começam a trazer os recursos para o país neste momento, o que tem impacto sobre o dólar.
Para Paulo Nepomuceno, economista da corretora CoinValores, o governo não deverá usar o câmbio como instrumento de política monetária, apesar do dólar baixo tirar pressão da inflação. Ele acredita que a moeda americana pode chegar a R$ 3,15 no fim do ano.
— A queda do dólar ajuda no controle da inflação, mas o governo não vem usando o câmbio como âncora dos preços — diz, lembrando que o governo tem mantido as intervenções no mercado de câmbio, com leilões de swap cambial tradicional, que equivalem à compra de dólares.
— O Banco Central vem reduzindo suas posições em swaps tradicionais. O volume operado atualmente, de 10 mil contratos por leilão, é pequeno para o tamanho do mercado - diz ele, lembrando que ontem houve nova intervenção do BC.
Ainda assim, destaca, a queda do dólar tem um aspecto positivo: represa as expectativas de inflação futura.
— Disso o BC precisa agora.
BC FAZ LEILÃO E VENDE 10 MIL CONTRATOS DE SWAP CAMBIAL
Nesta manhã, o Banco Central vendeu novamente 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares. O BC vem realizando essa operação praticamente todos os dias, mas mudou o horário do leilão desta sexta-feira. Até a sessão passada, o leilão acontecia entre 9:30 e 9:40, com o resultado divulgado a partir das 9:50, uma hora antes do que o leilão deste pregão. O horário anterior coincidiria com a divulgação dos dados de emprego dos EUA. Segundo a assessoria de imprensa, "o BC avaliou que, para hoje, o horário do leilão de swaps foi o mais adequado".
Mesmo com as intervenções do BC, a moeda americana deve descer até R$ 3, aposta Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Corretora:
— Se houver intervenção, será pequena. O Ilan Goldfajn, presidente do BC, tem mencionado que o câmbio é flutuante — diz Plácido.
BOVESPA TEM TERCEIRA ALTA
Na Bovespa, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações, fechou em leve alta de 0,12%, no terceiro dia consecutivo de alta, aos 57.661 pontos e volume negociado de R$ 6,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa subiu 0,62%. As ações preferenciais da Vale tiveram alta de 0,90% a R4 15,63, favorecidas pela alta no preço do minério de ferro no exteior. Já as preferenciais da petrobras caíram 2,99% a R$ 11,66, com o petróleo recuando. As ações de bancos, que tem peso maior no índice, fecharam sem tendência definida. As preferenciais do Itaú cairam 0,59% a R$ 35,23, enquanto as PN do Bradesco subiram 0,62% a R$ 29,17.
— O Ibovespa não andou por aqui, mesmo com ganhos lá fora — disse o operador de Bolsa, Luiz Roberto Monteiro.
Nos EUA, os principais índices fecharam com ganhos. O S&P 500 subiu 0,86%, o Dow Jones avançou 1,04% e o Nasdaq teve ganho de 1,06%. Na Europa, o dia também foi de ganhos com a Bolsa de Londres subindo 0,79%, Frankfurt apresentando ganho de 1,36% e Paris avançando 1,49%.




Ministro da Defesa chega a Natal no sexto dia de ataques
Após ataques, tropas do Exército chegam ao RN para reforçar segurança
Cinco presos em Natal são transferidos para presídio federal
Clint Eastwood declara apoio a Donald Trump
Artigo: Há algo muito errado com Trump
Republicanos discutem intervenção em campanha de Trump

Aposentadoria: novas regras valerão para trabalhadores de até 50 anos
Reforma da Previdência deve ser dividida em três grupos
Reforma da Previdência terá exigência maior de anos de contribuição
Reforma trabalhista vai prestigiar a negociação coletiva
Panamá se recusa a enviar dados da Odebrecht
Roberto Jefferson: 'Lula quer acusar todo o mundo para se livrar'



EBC abre sidicância sobre postagem que ironiza Temer no Twitter
Presidente do PT diz que plebiscito proposto por Dilma é inviável
Lewandowski vai permitir seis testemunhas para defesa e acusação