sexta-feira, 12 de maio de 2017

ANÁLISE: Delação abala a imagem da Dilma honesta

OGLOBO.COM.BR
POR PEDRO DIAS LEITE

Colaboração de marqueteiros põe em xeque discurso de vítima da ex-presidente

A presidente afastada Dilma Rousseff é abraçada pelo senador Jorge Viana após fazer declaração sobre seu impeachment. - André Coelho / O Globo/31-08-2016

RIO - Um dos argumentos mais poderosos em defesa de Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, no ano passado, era o de que se tratava do julgamento de uma pessoa honesta feito por políticos desonestos. Afinal, de um lado estava o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais articuladores do afastamento e alvo de um processo no Conselho de Ética por ter contas secretas na Suíça, que bancavam hotéis luxuosos, gastos de milhares de euros em lojas de grife, jantares em restaurantes com muitas estrelas Michelin. Hoje, cumpre pena em Curitiba. Do outro, Dilma, uma presidente contra quem não pesava, pessoalmente, uma acusação sequer de corrupção.
"Saibam todos que vocês estão julgando uma mulher honesta, uma servidora pública dedicada e uma lutadora de causas justas.Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Nestes anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Honrei os votos que recebi", dizia a defesa que Dilma enviou ao Senado, em 6 de julho, antes da confirmação de seu afastamento.
A delação do marqueteiro João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, abala o argumento que sustentava essa narrativa. Por mais que Dilma ainda possa dizer que não colocou dinheiro público no próprio bolso, a questão da honestidade entrou numa zona cinzenta. Afinal, agora ficou claro, a partir da colaboração dos marqueteiros, que ela sabia do esquema ilegal de financiamento que irrigou suas duas campanhas presidenciais, em 2010 e 2014, e que atuou, enquanto estava no Palácio do Planalto, para evitar que fosse descoberto.
Mônica Moura narrou como Dilma lhe sugeriu que transferisse as contas na Suíça onde recebia o pagamento de caixa dois para Cingapura ("ela ouviu falar que era um lugar muito mais seguro, que a Suíça já estava muito visada"), contou como as duas criaram um e-mail em nome de "Iolanda" para que a presidente informasse a marqueteira sobre as investigações da Lava-Jato ("ela falou que era o nome da mulher do presidente Costa e Silva, alguma coisa assim; ela inventou nome, Iolanda, e a gente criou esse e-mail") e narrou como a então presidente ligou para avisar que o casal seria preso.
Dilma teve uma trajetória digna até chegar à Presidência da República: participou da luta armada contra a ditadura militar na juventude, foi vítima da barbárie da tortura, e depois seguiu em frente em uma respeitável carreira de burocrata, até ser pinçada por Luiz Inácio Lula da Silva para ser sua candidata.
Não há nenhum indício de que a ex-presidente tenha enriquecido pessoalmente com os esquemas de corrupção. Mas honestidade não é apenas isso, e a nova leva de delações joga uma sombra sobre sua biografia.

LAVA-JATO: Palocci decide fazer delação e afasta advogado contrário ao acordo

FOLHA.COM
MARIO CESAR CARVALHO, DE SÃO PAULO

Danilo Verpa - 26.set.2016/Folhapress 
O ex-ministro Antonio Palocci, durante fase da Lava Jato em 2016

O ex-ministro Antonio Palocci decidiu negociar um acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. Na tarde desta sexta (12), ele avisou seu advogado de defesa, o criminalista José Roberto Batochio, que ele terá de se afastar do caso, o que deve ocorrer ainda hoje.
A negociação do acordo será feita por dois advogados de Curitiba, Adriano Bretas e Tracy Reinaldeti. Os dois já haviam sido contratados por Palocci, mas, sem maiores explicações, o ex-ministro rompeu o acerto inicial. Nesta semana Palocci retomou as conversas com Bretas e Reinaldeti e decidiu que partiria para a delação. Réu em dois processos em Curitiba, Palocci teme que suas condenações possam ultrapassar os 30 anos de prisão.
A Folha apurou que o afastamento de Batochio foi uma exigência da força-tarefa da Lava Jato porque o criminalista é contrário a esse tipo de acordo.
A colunista Mônica Bergamo havia antecipado nesta sexta (12) que o ex-ministro tinha retomado as negociações com o advogado Adriano Bretas sobre delação.
O próximo passo para Palocci será desistir do pedido de habeas corpus que está para ser julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O ministro Edson Fachin decidiu que o pedido não será julgado pela segunda turma do Supremo, que soltou quatro investigados da Lava Jato em menos de uma semana: o ex-ministro José Dirceu, os empresários Eike Batista e José Carlos Bumlai e o ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu. A decisão de Fachin foi vista pela defesa de Palocci como uma manobra para evitar mais uma derrota.
Pesou na decisão de Palocci a operação que a Polícia Federal deflagrou nesta sexta (12), em torno de repasses do BNDES para o grupo JBS, num total de R$ 8,1 bilhões. Palocci é apontado nas investigações como um dos intermediários dos financiamentos que geraram supostas propinas para o PT. Uma das hipóteses investigadas pela PF e pelos procuradores é que o partido ficava com parte dos repasses do BNDES.
Outra influência na decisão de Palocci foi a delação da Odebrecht. Documentos apreendidos pela Polícia Federal, depois incluídos no acordo da Odebrecht, apontam que o ex-ministro foi responsável por administrar repasses no valor de R$ 128 milhões entre 2008 e 2013.
Palocci era chamado de "Italiano" nos comunicados internos da Obebrecht sobre repasses para o PT. O ex-ministro ficou negando por meses que era o "Italiano", mas o codinome foi confirmado por Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo que leva o seu sobrenome.
Ex-ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma, Palocci foi preso em setembro do ano passado numa fase da Lava Jato chamada Omertà, que quer dizer "lei do silêncio" no linguajar dos mafiosos italianos e era, ao mesmo tempo, uma referência ao apelido que o ex-ministro tinha nos registros da Odebrecht.
A delação de Palocci é vista com potencial explosivo para atingir o sistema financeiro porque ele era o principal interlocutor do PT junto aos bancos. Alguns dos maiores empresários do país, como Joesley Batista, da JBS, e Abílio Diniz.
Uma auditoria interna do Pão de Açúcar apontou que uma empresa de Palocci recebeu R$ 5,5 milhões do grupo entre 2009 e 2010 sem comprovação de que os serviços de consultoria que justificavam o pagamento fossem comprovados. Procuradores suspeitam que o pagamento possa ter alguma relação com a campanha de Dilma Rousseff (PT), de 2010, na qual foi eleita presidente pela primeira vez.
Procurado pela Folha, o grupo JBS informou que não iria se manifestar.
Abílio Diniz afirma em nota que a auditoria que apontou a inexistência prestados por Palocci foi realizada pelo grupo Casino e no período analisado (2009-10) ele não exercia função executiva na empresa. Ocupava o conselho de administração junto com o francês Jean Charles Naouri. Segundo a nota, a relação do Pão de Açúcar "sempre foi com o escritório de Márcio Thomaz Bastos, nunca com Antonio Palocci".
Diniz diz que "o contrato da Projeto Consultoria, de Antonio Palocci,com o escritório de Márcio Thomaz Bastos, inclusive, já foi objeto de investigação, tendo sido encerrado por não apresentar indícios de irregularidades".

ECONOMIA: Bolsa sobe 1%, na 4ª alta seguida; em um ano com Temer, ganho chega a 29%

UOL

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou esta sexta-feira (12) em alta de 1,01%, a 68.221,94 pontos. É o quarto avanço seguido da Bolsa, que havia subido 0,28% na véspera. Com isso, a Bolsa termina a semana com valorização acumulada de 3,82%. Nesta sexta, o presidente Michel Temer completa um ano no poder. Neste período, a Bolsa acumula ganho de 29,3%. Em 11 de maio de 2016, um dia antes de Temer assumir interinamente, o Ibovespa estava a 52.764,46 pontos. O resultado de hoje foi influenciado, principalmente, pelo desempenho positivo das ações da Petrobras, que subiram mais de 4%. Na noite da última quinta-feira (11), a estatal anunciou seu melhor resultado trimestral em dois anos. (Com Reuters) 

Dólar fecha em queda pelo 4º dia, a R$ 3,124; em um ano com Temer, cai 9,3%

O dólar comercial fechou esta sexta-feira (12) em queda de 0,63%, cotado a R$ 3,124 na venda. É a quarta baixa seguida da moeda norte-americana, que havia caído 0,73% na véspera. Com isso, o dólar termina a semana com desvalorização acumulada de 1,61%. Nesta sexta, o presidente Michel Temer completa um ano no poder. Neste período, o dólar acumula queda de 9,33%. Em 11 de maio de 2016, um dia antes de Temer assumir interinamente, a moeda valia R$ 3,446. (Com Reuters) 

LAVA-JATO: Moro nega pedido de Lula para ouvir testemunhas no exterior

FOLHA.COM
JOSÉ MARQUES, DE CURITIBA

Fotomontagem 
Juiz Sergio Moro aceitou que a defesa liste outras quatro pessoas que moram no Brasil para depor

O juiz Sergio Moro negou pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ouvir quatro das 86 testemunhas listadas em uma das ações em que o petista é réu na Lava Jato. As quatro moram no exterior – duas não são brasileiras.
No entanto, Moro aceitou que a defesa liste outras quatro pessoas que moram no Brasil para depor no lugar das testemunhas excluídas.
"A ampla defesa, direito fundamental, não significa um direito amplo e irrestrito à produção de qualquer prova, mesmo as impossíveis, as custosas e as protelatórias", disse Moro em sua decisão.
Esse processo acusa o ex-presidente de ter recebido vantagens indevidas da Odebrecht em troca de contratos da empreiteira com a Petrobras - e não é o mesmo que levou o ex-presidente a depor na última quarta (10) em Curitiba, relativo a contratos da OAS.
As testemunhas que Moro negou ouvir são os embaixadores do Brasil em Lima, Marcos Leal Raposo Lopes, em Paris, Paulo Cesar de Oliveira Campos, e duas pessoas que fizeram auditoria na Petrobras, Nicholas Grabar e Stuart K. Fleischan.
Para a defesa, os embaixadores ocuparam postos relevantes durante o governo Lula e "poderão prestar valiosos esclarecimentos para contrapor as afirmações contidas na denúncia - notadamente no que diz respeito ao caráter lícito, probo e ético da atuação do peticionário [Lula] em relação aos assuntos relativos à Petrobras".
Já sobre os auditores, disseram que "ambos participaram de amplo e minucioso processo de auditoria na Petrobras, por ocasião das emissões de ações em 2010, conhecendo detalhes da operação, bem como da própria companhia".
No despacho, Moro argumenta que os advogados de Lula não demonstraram "a imprescindibilidade da oitiva dessas testemunhas residentes no exterior, mesmo sendo intimada para tanto, sequer esclarecendo, aliás, o que elas teriam a relatar".
O juiz deu cinco dias para que sejam listadas as substitutas dessas testemunhas.
Procurada, a defesa de Lula ainda não se manifestou. Os advogados sempre afirmaram que o ex-presidente é inocente e não cometeu irregularidades.

LAVA-JATO: Lula quis afastar Graça Foster porque ela 'fechou a torneira', diz Santana

FOLHA.COM
DE SÃO PAULO

Em delação premiada, o marqueteiro João Santana relatou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu para que Dilma Rousseff tirasse Graça Foster da presidência da Petrobras porque ela estava "fechando a torneira" para as construtoras que faziam obras da estatal.
Ele sugere que, à época, em 2014, não via relação entre as críticas de Lula e os pagamentos das construtoras para o PT, mas que "vendo de trás para diante" entende dessa maneira.
"Ele nunca deixava a entender que fechando essa torneira estava fechando forma de pagamento — mas de trás pra diante, entendo dessa maneira", afirmou o marqueteiro.
"Visto de trás para diante, pode parecer que tem algo a mais. Eu não posso dizer isso com convicção, mas que cria uma nuvem de significados que podem ser um pouco diferentes."
Ricardo Borges - 29.jan.15/Folhapress 
A ex-presidente de Petrobras Graça Foster em coletiva de imprensa em 2015

Santana conta que, por partilhar da "intimidade estratégica", por vezes era usado para levar mensagens de Lula até Dilma, como nesse caso.
"Diga à presidenta Dilma que a Graça está atrasando sistematicamente o pagamento, e muitas empresas vão parar obras importantes porque não estão recebendo", disse Lula a Santana, segundo a versão do delator.
Ele diz ter repassado as críticas a Foster à então presidente, que "não fez nenhum comentário".
"A presidenta muitas vezes, a algumas coisas ela reagia com simples muxoxo: 'Eu sei o que estou fazendo'. Nunca passava disso."
Segundo Santana, Lula se queixou de que as prestadoras de serviço estavam sem recursos e que isso poderia trazer danos à campanha de Dilma.
"Ele não citava quais as empresas que estão ameaçando parar. 'Vem uma fila enorme de empresários se queixar a mim —que não tem coragem ou não tem acesso a ela. Tem obras que vão comprometer, e parar essas obras significa dano de imagem muito grave a ela'", diz Santana.
Ele diz também que sua mulher Mônica Moura teve diálogos semelhantes com João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, que também se queixava de Graça Foster. 

TECNOLOGIA: Ataque global de hackers afeta Brasil e mais de 70 países

OGLOBO.COM.BR
POR BRUNO DUTRA

Computadores de diferentes áreas do governo são alvos de vírus. Postos do INSS paralisaram atendimento

Países afetados pelos hackers - Reprodução/El País/Malware Tech

RIO - O ataque de hackers que está afetando sistemas em todo o mundo nesta sexta-feira chegou ao Brasil e deixou o país em alerta. A Previdência Social foi um dos alvos. No Rio de Janeiro, conforme informou uma fonte ligada ao órgão, todos os computadores da Previdência e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foram afetados pelo vírus e foram desligados. Os postos de atendimento foram 100% afetados pelo ciberataque e não estão funcionando. Petrobras e Telefônica também foram atingidos.
Outras páginas do governo federal na internet estão fora do ar. A página da Previdência Social e do Ministério do Trabalho, por exemplo, estão sem acesso. Os telefones do órgão também não funcionam no momento.
O ataque cibernético aos sistemas da Telefónica, na Espanha, nesta sexta-feira também atingiu a operação brasileira da empresa. Funcionários da companhia, dona da operadora Vivo, foram orientados a não ligarem seus computadores e não acessarem os e-mails pelo celular. Desde o meio da manhã, o escritório central da empresa, na zona sul de São Paulo, está praticamente sem atividade. Os serviços ao usuários estão normais.
O governo espanhol divulgou um comunicado em que informa sobre o ciberataque em várias empresas da Espanha. O banco BBVA e a seguradora Mapfre são outros que tiveram seus sistemas invadidos. No Brasil, porém, as operações estão normais. A empresa Portugal Telecom também informou que foi afetada pelo ataque dos hackers em sua sede.
A Petrobras foi na mesma linha e comunicou a os funcionários da empresa em todo país para que salvassem todos os trabalhos que estivessem realizando e desligassem os computadores (boot) por cerca de 15 minutos.

Posto do INSS: telefones da Previdência Social também pararam - Cléber Júnior / Agência O Globo

No Twitter, usuários relatam ataques no Tribunal de Justiça de São Vicente, em São Paulo. Além disso, o Ministério Público também foi atacado.
Diferentes empresas em todo o mundo registraram ataques. Os equipamentos de informática foram infectados com um vírus do tipo “ransomware”, que bloqueia os arquivos até o pagamento de um resgate. Há registro de computadores infectados em Espanha, Taiwan, Rússia, Portugal, Ucrânia, Turquia e Reino Unido, segundo informaram as companhias de segurança cibernética 21sec y Check-point ao jornal "El País".
No Reino Unido, o vírus fez entrar em colapso o Serviço Nacional de Saúde. Costin Raiu, diretor de pesquisa global e equipe de análise da Kaspersky Lab, uma empresa de segurança de computadores, publicou nas redes sociais que houve mais de 45.000 ataques em 74 países.
O Centro Criptológico Nacional (CCN), a divisão dos serviços espanhois de inteligência encarregada da segurança das tecnologias da informação, assegurou que se trata de “um ataque em massa de ramsomware”, que afeta os “sistemas Windows cifrando todos seus arquivos e os das unidades de rede que estejam conectados”.

LAVA-JATO: 2606iolanda@gmail.com

ESTADAO.COM.BR
Julia Affonso, Luiz Vassallo, Rafael Moraes Moura, Breno Pires, Bernardo Gonzaga, Deivlin Vale* e Liana Costa

Delatora entrega imagem de e-mail criado para conversas secretas com Dilma quando a Lava Jato avançava

E-mail Iolanda. Foto: Reprodução

A empresária Monica Moura, delatora da Operação Lava Jato, entregou ao Ministério Público Federal um registro com as imagens do e-mail que diz ter usado para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.
Documento
Monica afirmou em delação premiada que criou ‘no computador da presidente’ uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma, Giles Azevedo.


Monica é casada com o publicitário João Santana. O casal de marqueteiros fez as campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Eles foram presos na Operação Lava Jato em fevereiro de 2016 e fecharam acordo de delação premiada para se livrar da cadeia. O juiz federal Sérgio Moro mandou soltar Mônica Moura e João Santana em 1 de agosto de 2016.
Segundo a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
A solicitação do registro das imagens foi feita, segundo o documento, por Felipe Pedrotti Cadori. Na Ata Notarial, o funcionário do Tabelionato afirma que ‘às 15 horas e 14 minutos, acessei o sítio “http://www.gmail.com”, e, após o solicitante efetuar login com usuário e senha, acessei referido e-mail, registrando a rotina sugerida na forma a seguir, do que dou fé’.
Do documento constam três imagens. Em uma delas, há um rascunho de e-mail “2606iolanda@gmail.com” com uma mensagem de ‘22 de fev’: “Vamos visitar nosso amigo querido amanha. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?”.
Monica Moura declarou em papel assinado de próprio punho e entregue à Procuradoria-Geral da República que a senha de acesso ao e-mail ‘2606iolanda’ era ‘iolanda47′.
Segundo ela, foi Dilma quem sugeriu o nome ‘Iolanda’ em alusão à mulher do ex-presidente Costa e Silva – um dos generais da ditadura. Ainda segundo a delatora, 47 é o ano de nascimento da petista.
“Para preservar a existência da conta de e-mail, enquanto a colaboradora se encontrava presa, a senha de acesso foi trocada para “lice1984”, que permanece até hoje”, afirmou.



https://www.youtube.com/edit?o=U&video_id=x4PLbEyN3x4
*Sob supervisão de Fausto Macedo

GERAL: Crítico literário Antonio Candido morre em São Paulo aos 98 anos

FOLHA.COM
SÉRGIO RIZZO, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Greg Salibian - 23.mar.2013/Folhapress

O crítico literário, ensaísta, professor e sociólogo Antonio Candido morreu na madrugada desta sexta-feira (12), aos 98 anos, no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Candido estava internado desde sábado, depois de ter uma "crise gástrica", diz Laura Escorel, neta que morava com ele havia quatro anos.
"Estamos em paz, ele esteve lúcido até o fim e não sofreu", diz.
O velório começou às 9h e vai até às 17h desta sexta (12), no hospital Albert Einstein do Morumbi. No sábado (13), Candido será cremado em uma cerimônia só para familiares e amigos próximos. Ele deixou orientações para que suas cinzas sejam misturadas às de sua mulher, Gilda de Mello e Souza, morta em 2005. Depois, as cinzas do casal ficarão em um jardim.
TRAJETÓRIA SINGULAR
Em 1996, chamado a celebrar a memória do escritor e professor Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977) em um evento da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Candido de Mello e Souza disse que o amigo era dessas pessoas que "Deus faz e quebra a forma, pelo conjunto de qualidades interessantes e originais". A frase poderia ricochetear no espelho, ajudando a definir também seu próprio autor.
Como crítico literário (sua forma preferida de se apresentar), professor universitário, conferencista e intelectual de posições políticas assumidas em público com destemor, autor de livros, ensaios e artigos para a imprensa, Antonio Candido percorreu uma trajetória singular que o transformou em referência de independência de pensamento e de integridade moral para diversas gerações de alunos, discípulos, leitores e admiradores.
Nascido no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1918, Candido se mudou aos três anos para Santa Rita de Cássia (MG). Aprendeu as matérias do antigo primário com a mãe, Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Foi só aos 11 anos, quando passou a morar em Poços de Caldas (MG), que entrou na escola para fazer o antigo ginásio, concluído em São João da Boa Vista (SP). Veio para São Paulo em 1936 e, nos dois anos seguintes, fez o curso complementar do extinto Colégio Universitário — espécie de escola preparatória — da USP.
Em 1939, ingressou na Faculdade de Direito da USP (que viria a abandonar no quinto ano, antes da conclusão) como espécie de compensação exigida pelo pai, o médico Aristides Candido de Mello e Souza, para que fizesse, conforme seu desejo, o curso de Ciências Sociais na antiga Faculdade de Filosofia da mesma universidade (atual Faculdade de Filosofia,Letras e Ciências Humanas - FFLCH). Nessa unidade, assumiria em 1942 o cargo de professor assistente de sociologia.
Tinha início uma carreira universitária brilhante. Em 1945, com a tese "Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero", tornou-se livre-docente em Literatura Brasileira pela USP. Em 1954, recebeu o título de doutor em Ciências Sociais com a tese "Os Parceiros do Rio Bonito". E, em 1960, assumiu o cargo de professor de Teoria Literária e Literatura Comparada na FFLCH. Aposentado da instituição em 1978, continuou a orientar dissertações e teses de pós-graduação.
Em 1958, Candido assumiu o cargo de professor de Teoria Literária na Faculdade de Filosofia de Assis, hoje pertencente à Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde passou dois anos. De 1976 a 1978, coordenou o Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No exterior, lecionou na Universidade de Paris, de 1964 a 1966, e na Universidade Yale, em 1968.
A carreira de crítico literário na imprensa teve início em 1943, quando começou a escrever para a "Folha da Manhã", que deu origem à Folha de S.Paulo. Ainda nos anos 1940, foi crítico do "Diário de São Paulo". E, em 1956, fez o projeto do "Suplemento Literário" de "O Estado de S. Paulo", que ajudou a modernizar o jornalismo cultural brasileiro.
Candido foi também um dos fundadores da lendária revista cultural "Clima", que publicou apenas 16 números, entre 1941 e 1944, mas que revelou um grupo de intelectuais de atuação marcante no cenário cultural e universitário paulista: Salles Gomes, Décio de Almeida Prado, Lourival Gomes Machado, Ruy Coelho e Gilda de Moraes Rocha, com quem Candido se casou em 1943, quando ela adotou o nome Gilda de Mello e Souza. O casal teve três filhas: Ana Luiza, Laura e Marina. Gilda morreu em 2005.
A militância política de Candido começou ainda na juventude, como integrante da Frente de Resistência contra a ditadura do Estado Novo. Em 1942, ele participou da criação do Grupo Radical de Ação Popular. Três anos depois, ajudou a fundar a União Democrática Socialista. Logo em seguida, aderiu – ao lado de Sérgio Buarque de Holanda, um de seus grandes amigos – à Esquerda Democrática, que daria origem em 1947 ao Partido Socialista Brasileiro, pelo qual Candido foi candidato a deputado estadual em 1950. Teve pouco mais de 500 votos.
Em 1966, ao voltar da temporada em Paris, manifestou seu apoio ao MDB. Em 1977, assinou o Manifesto dos Intelectuais, que pedia o fim da censura. E, em 1980, participou da fundação do PT. "Confesso que por toda a minha vida, mesmo nos momentos mais agudos, nunca fui capaz de perder a preocupação com os fatores sociais e políticos, que obcecaram a minha geração como uma espécie de memento e quase de remorso", disse em entrevista à revista acadêmica "Trans-form-ação", em 1975. Antonio Candido reunia, como se vê, "um conjunto de qualidades interessantes e originais".
Candido deixa três filhas, Laura de Mello e Souza, Ana Luisa Escorel e Marina de Mello e Souza.

DIREITO: Ex-dono da Gol é condenado a 16 anos de prisão por matar líder comunitário

FOLHA.COM
DE SÃO PAULO

Alan Marques - 26.out.2007/Folhapress 
O empresário Constantino Oliveira, 85, um dos fundadores da empresa aérea Gol

O empresário Nenê Constantino de Oliveira, 85, ex-proprietário da Gol Linhas Aéreas, foi condenado na noite desta quinta-feira (11) pela morte do líder comunitário Márcio Brito, em 2001.
De acordo com o TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), o empresário foi condenado a 16 anos e seis meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e corrupção de testemunha. O empresário também terá que pagar multa de R$ 84 mil. Ele respondia em liberdade a acusação.
Além de Constantino, mais quatro réus também foram julgados. O ex-vereador de Amaralina (GO) Vanderlei Batista foi condenado a 13 anos de prisão e João Alcides Miranda a 17 anos e seis meses de detenção pelos mesmos crimes de Constantino.
O ex-empregado de Constantino João Marques foi condenado a 15 anos de prisão apenas pelo crime de homicídio qualificado. Marques seria um dos pistoleiros contratados pelo empresário. Já Victor Foresti, um dos genros do empresário, foi absolvido das acusações. Segundo a Justiça, os condenados poderão recorrer em liberdade.
O julgamento do empresários de dos demais réus começou na última segunda (8) quando foram ouvidas seis testemunhas, das 31 arroladas inicialmente. No segundo dia de julgamento, o juiz ouviu a última testemunha que faltava e, em seguida, começou com o interrogatório dos cinco réus. Já na quarta (10) foi a fase dos debates entre acusação e defesa.

DIREITO: Fachin manda para Moro investigação sobre caixa dois em campanhas de Dilma

OGLOBO.COM.BR
POR ANDRÉ DE SOUZA

Juiz receberá depoimentos e provas das delações do marqueteiro João Santana e de sua mulher, Mônica Moura

João Santana e Dilma, durante o intervalo do primeiro debate na campanha presidencial de 2010 - Marlene Bergamo/Folhapress/10-10-2010

BRASÍLIA - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou para a Justiça Federal do Paraná nesta quinta-feira a parte da delação do marqueteiro João Santana que trata de possível uso de caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014 da ex-presidente Dilma Rousseff. Santana foi o responsável por fazer as duas campanhas vitoriosas. Na Justiça Federal do Paraná, trabalha o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato. Santana, sua mulher, Mônica Moura, e André Santana, que trabalhava para o casal, firmaram acordo de delação premiada, tornado público nesta quinta-feira.
Santana e Mônica Moura dizem que Dilma tinha pleno conhecimento de que a Odebrecht ficou responsável por pagar, via caixa dois, R$ 35 milhões ao casal na campanha de 2014. Outros R$ 70 milhões foram pagos com recursos declarados. Em sua delação, Mônica Moura contou que, já em 2010, uma parcela relevante da campanha no primeiro turno foi paga mediante caixa dois. Os valores, em espécie ou transferidos por meio de uma conta na Suíça, teriam sido repassados com a ajuda da Odebrecht. Em 2012, parte do que a campanha de Dilma devia a Santana ainda não tinha sido quitada. Assim, Mônica contou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto a chamou e disse para procurar o empresário Zwi Skornicki, hoje delator da Operação Lava-Jato. Skonick então acertou pagamentos no exterior.
André Santana contou que foi orientado por Mônica Moura para receber valores em espécie, indo de Brasília para São Paulo durante a campanha de 2010. Ele afirmou ter recebido quatro vezes, em valores estimados entre R$ 150 mil a R$ 200 mil. Mas não soube identificar quem lhe entregou o dinheiro. Ele ficava hospedado em um flat para isso. Santana também relatou caixa dois na campanha.
Em relação à campanha à reeleição de 2014, Mônica Moura afirmou que o então ministro da Fazenda Guido Mantega intermediou o pagamento de valores oriundos de caixa dois. Ela relatou que Dilma não queria interferência do PT nos pagamentos da campanha dela, por não confiar em Vaccari. A ex-presidente teria reclamado que o ex-tesoureiro do PT usou recursos destinados a Santana em 2010 para cobrir outras dívidas do partido.
Em 2014, teriam sido repassados ao casal R$ 10 milhões por meio de caixa dois, usando uma conta na Suíça. Outros R$ 25 milhões devidos pela campanha nunca foram pagos, uma vez que as investigações da Operação Lava-Jato alcançaram a Odebrecht.
Para tentar quitar as dividas, Mônica teria recebido de Mantega a sugestão para procurar a ajuda do empresário Eike Batista.André Santana contou que esteve em um hotel em São Paulo para receber R$ 1,5 milhão da Odebrecht para a campanha de 2014. Mas o dinheiro foi roubado num assalto.
"De fato, conforme relata do Ministério Público, não se verifica, nesta fase, o envolvimento de autoridade que detenha foro por prerrogativa de função nesta Corte, o que determina, desde logo, o envio de cópia das declarações prestadas pelos colaboradores ao juízo indicado como, em tese, competente", dediciu Fachin, autorizando pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

LAVA-JATO: Palocci retoma conversa com advogados sobre delação premiada

Por MÔNICA BERGAMO - FOLHA.COM

O ex-ministro Antonio Palocci voltou a conversar com advogados sobre delação premiada. Ele retomou o diálogo com o escritório de Adriano Bretas, que tinha dispensado há alguns dias.

SAÍDA
Palocci está na mesma cela que Renato Duque, que é cliente de Bretas e já está fazendo delação.

VAI E VEM
O petista vive um drama com a possibilidade de delatar, dizem interlocutores que o visitam na cadeia. Em alguns momentos, se mostra confiante na possibilidade de passar pouco tempo na prisão e animado com a ascensão de Lula nas pesquisas eleitorais. Em outros, revela desânimo e convicção de que, sem colaborar e atirar no ex-presidente, poderá amargar décadas no cárcere.

COMENTÁRIO: A crua realidade

POR MERVAL PEREIRA - OGLOBO.COM.BR

Nem bem os militantes lulistas comemoravam uma suposta superioridade do ex-presidente sobre o Juiz Sérgio Moro no seu depoimento em Curitiba, novas delações surgem, liberadas pelo relator da Lava Jato no Supremo ministro Edson Fachin, para acabar com a enganosa sensação de vitória da véspera. São declarações divulgadas pelo STF, não vazadas para a imprensa.
Trata-se da íntegra das declarações do casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura que revelam, com riqueza de detalhes e contas bancárias em diversos países, os meandros do financiamento de campanhas presidenciais no Brasil (de Lula e Dilma) e na Venezuela (de Chavez) pelas empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez sob a coordenação direta dos ex-presidentes Lula, Dilma e do ditador da hora na Venezuela Nicolas Maduro, nossa trinca bolivariana.
A fugaz sensação de vitória se baseia mais na capacidade histriônica do ex-presidente do que nas suas declarações, que foram vagas quando tratavam de sua pessoa, e peremptórias quando se referiam à falecida Dona Mariza. Lula nunca sabia de nada, Dona Mariza era quem dava as ordens.
Lula se sai bem sempre que não precisa dar atenção aos fatos, aos números, essas coisas concretas da realidade. Quando se trata de tergiversar, de discursar, de enrolar. É uma espécie de Rolando Lero, o personagem de Chico Anisio interpretado pelo ator Rogério Cardoso, num eterno palanque.
Ou, para elevar o rumo dessa prosa, da espécie do Teodorico Raposo, o Raposão, de "A Relíquia" de Eça de Queiroz, que se faz passar por beato para enganar a tia. Carola Titi, e se tornar o herdeiro de sua fortuna.
Raposão, ao final da vida, se convence de que não teria sido deserdado se afirmasse sempre que a relíquia que havia trazido da Terra Santa era a camisola de Maria Madalena, e não a de Miss Mary, uma prostituta que conhecera na viagem.
Os detalhes contados por João Santana e sua mulher Monica Moura também colocam por terra a fama de “presidenta honesta” de Dilma Rousseff, ou do republicanismo de seu governo. A presidente tinha sempre informações sobre as operações da Polícia Federal, e avisava aos marqueteiros quando o cerco apertava.
Sugeriu que passassem um tempo no exterior e chegou a criar um sistema de mensagens em código para informá-los das investigações. Era Dilma também, segundo o relato dos dois, quem comandava as negociações para pagamento de Caixa 2 para sua campanha eleitoral.
Santana chegou a contar que o próprio Lula autorizava os pagamentos mais altos, tendo o ex-ministro Palocci dito sempre que a última palavra era “do chefe”. O ex-presidente tinha uma maneira maliciosa de se referir aos pagamentos da Odebrecht, contou João Santana. Perguntava se “os alemães” o estavam tratando bem.
Todos os detalhes estão lá, até mesmo o pagamento de contas pessoais da então presidente Dilma, e todos os relatos batem com outros, de outros delatores. A retórica palanqueira de Lula pode se impor em determinados momentos, mas suas contradições e as histórias dos que o rodearam nesses anos todos de corrupção organizada pelo seu governo não deixam dúvidas de que ele estava sempre no comando do esquema.
Até mesmo um documento rasurado encontrado em seu apartamento, demonstrando que já havia a intenção de ficar com o triplex em vez da unidade simples, serviu para que colocasse a culpa nos policiais que estiveram lá para a condução coercitiva. “Quero saber quem rasurou”, disse Lula, jogando a culpa para quem encontrou o documento.
Os mesmos a quem ele já havia ameaçado, dizendo que voltaria à presidência e não se esqueceria da cara de nenhum deles. Vai ser processado pela Associação dos Delegados de Polícia Federal.

COMNETÁRIO: O fogo amigo do marqueteiro

Por BERNARDO MELLO FRANCO - FOLHA.COM

Xando Pereira-24.abr.2017/Ag. A Tarde/Folhapress 
João Santana e Mônica Moura chegam ao TRE da Bahia para depor sobre a chapa Dilma-Temer

BRASÍLIA - João Santana é um personagem central na história do PT no poder. Quando a crise do mensalão ameaçou varrer o partido do mapa, Lula recorreu a ele para reconstruir sua imagem. O marqueteiro bolou um slogan sob medida para calar os críticos. Com o mote "Deixa o homem trabalhar", o petista superou o desgaste e se reelegeu.
No segundo mandato, Santana recebeu uma missão impossível. Precisava transformar uma ministra de nome difícil, com fama de turrona, em herdeira da popularidade do chefe. Sem ter disputado uma eleição na vida, Dilma Rousseff chegou lá.
O mago das campanhas ganhou prestígio e virou eminência parda do governo. Passou a opinar sobre tudo e foi apelidado de "40º ministro". Quando Dilma recebeu a notícia de que podia comemorar a reeleição, voltou a pedir o seu socorro: "Vou com roupa de que cor?"
Santana caiu em desgraça junto com o petismo. Virou alvo colateral da Lava Jato, que rastreou pagamentos secretos à sua empresa. Em fevereiro de 2016, ele foi preso com a mulher, Mônica Moura. Depois de uma temporada na cadeia, o casal de marqueteiros assinou acordo de delação. Nesta quinta (11), o Supremo liberou os depoimentos.
Santana disse que Lula dava a "palavra final" no esquema de caixa dois. Mônica contou que Dilma usou um e-mail secreto para vazar investigações. As delações não são atestado de culpa, mas agravam muito a situação dos ex-presidentes.
Em 2014, Aécio Neves e Marina Silva atribuíram suas derrotas ao bombardeio do publicitário. O que eles sofreram não se compara ao dano que o fogo amigo de Santana promete causar a Lula e Dilma. O mago que recuperou a imagem do petismo agora ajuda a desconstruí-la.
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Michel Temer festeja um ano no cargo com uma proeza: aprovado por 9%, é mais impopular que a antecessora às vésperas do impeachment.

LAVA-JATO: Ex-presidente Lula denuncia Sergio Moro no Conselho Nacional de Justiça

OGLOBO.COM.BR
POR RAYANDERSON GUERRA

Defesa do petista pede que juiz federal seja notificado a prestar informações em 15 dias

Lula denuncia Sérgio Moro no Conselho Nacional de Justiça, um dias antes de prestar depoimento - Reprodução

RIO — Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dia antes do depoimento ao juiz Sergio Moro, nesta quarta-feira, entraram com uma reclamação disciplinar (nº 0003865-65.2017.2.00.0000) contra o juiz federal no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na petição, assinada também por Lula, a defesa pede providências sobre a decisão de Moro de proibir a gravação independente da audiência. Antes do depoimento, os advogados entraram com recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para anular a decisão, mas tiveram os pedidos negados nas duas instâncias.
Os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira pedem que o juiz Sergio Moro seja notificado para prestar informações no prazo de 15 dias, "sem prejuízo de outras diligências necessárias para apurar as verossimilhanças da imputação". Após o processamento do pedido, os advogados pedem que “sejam adotadas as medidas previstas no Regimento Interno do CNJ, com a eventual imposição de sanções disciplinares” a Sérgio Moro.
O GLOBO entrou em contato com a assessoria da Justiça Federal do Paraná, mas ainda não obteve uma resposta do juiz Sérgio Moro.
Lula entra com reclamação contra Sérgio Moro no CNJ - Reprodução

Roberto Teixeira e Cristiano Zanin alegam no documento que pediram para gravar o interrogatório, em áudio e vídeo, alegando princípio da publicidade e da ampla defesa. No pedido, os advogados de Lula pediram uma modificação na forma como a audiência seria gravada para que a câmera não ficasse fixada no Lula durante a audiência e uma autorização para um "registro fidedigno do ato processual, com captação de imagem de todos os participantes da audiência".
Trechos da petição de Lula e seus advogados ao CNJ - Reprodução

Na sexta-feira, dia 5 de maio, o Ministério Público Federal (MPF) e a defesa de José Adelmário Pinheiro Filho, ex-presidente da construtora OAS, condenado a 16 anos e 4 meses de reclusão, se manifestaram contrários ao pedido de Lula de gravar de forma independente a audiência e das alterações na forma da captação.
A defesa propõe ao corregedor do CNJ que, se os argumentos apresentados forem suficientes, que ele proponha ao plenário do conselho a investigação de processo administrativo disciplinar.
"Muito estranha o mesmo magistrado, que utiliza o poder geral de cautela do processo civil para conduzir um cidadão coercitivamente sem prévia intimação, agora decidir que ‘nem tudo é pertinente ao processo civil é igualmente pertinente ao processo penal’, manejando tal fundamento para cercear o direito da defesa de gravar o ato processual", argumenta dizendo que a proibição contraria o princípio de legalidade do processo.
Ao decidir que a defesa do petista não poderia gravar de forma independente a audiência, o juiz Sérgio Moro alegou que Lula e seus advogados queriam transformar o interrogatório “em um evento político-partidário”. Por conta disso, a defesa do ex-presidente alegou que Moro desrespeitou a dignidade profissional dos advogados.
TRÂMITES DO PROCESSO NO CNJ
Caso a reclamação seja aceita pelo Corregedor Nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, ele irá propor ao plenário do CNJ a instauração de um processo contra o juiz Sérgio Moro. Caso contrário, Noronha vai instaurar uma sindicância para “investigação dos fatos”.
No caso de instauração do processo, antes de submeter aos outros ministros do CNJ, o corregedor vai intimar Moro para que ele se defenda em 15 dias. Se a apuração constatar uma infração no ato do juiz federal, o corregedor poderá instaurar uma sindicância.
Se após a apuração dos fatos ficar claro, com elementos suficientes para a intauração de um processo administrativo disciplinar contra Moro, Noronha vai propor ao plenário essa medida ou encaminhará os dados à corregedoria local para as providencias cabíveis. O corregedor nacional de justiça poderá delegar aos conselheiros e aos magistrados competência para a apuração de irregularidades objeto de reclamações.
LULA JÁ HAVIA ENTRADO COM OUTRA RECLAMAÇÃO CONTRA MORO
Em outra representação da defesa do ex-presidente Lula contra Sérgio Moro, protocolada no dia 9 de dezembro do ano passado, Lula pede a instauração de um procedimento disciplinar contra o juiz para que seja aplicada uma sanção disciplinar.
Lula já haviada entrado com uma reclamação no CNJ no ano passado - Givaldo Barbosa / Agência O Globo

"O magistrado utilizou-se da função jurisdicional para emitir opinião sobre processo que se encontra sob a jurisdição de outro magistrado, fez juízo negativo de valor em relação a sua esposa e disseminou inverdades com o intuito de prejudicar sua imagem perante a opinião pública e até mesmo para incitar reações corporativas e pessoais. Alega sofrer perseguição por parte do magistrado requerido e afirma que a conduta do juiz configura desvio funcional", sustenta a defesa do ex-presidente.
Quatro meses após a reclamação no CNJ, o ministro João Otávio de Noronha, corregedor do conselho, encaminhou, no dia 16 de março, as cópias dos autos à Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região para fosse apurado, em até 60 dias, se a procedência da reclamação do ex-presidente. O prazo termina na próxima semana.
O juiz federal Sergio Moro já respondeu a sete requerimentos no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Todas foram arquivadas pela corregedoria do conselho.
Processos contra Sérgio Moro no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - Reprodução

Antes das duas reclamações protocoladas pela defesa de Lula, o filósofo Egydio Schwade, um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), e o presidente do sindicato dos jornalistas do Amazonas, Wilson Carlos Braga Reis, entraram com um processo no CNJ alegando que o juiz Sérgio Moro “agiu com abuso de poder e extrapola sua função constitucional de juiz em processos da Operação Lava-Jato”.

LAVA-JATO: MPF pede para ouvir mais três testemunhas em processo de Lula na Lava Jato

JB.COM.BR

A força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) pediu ao juiz federal Sérgio Moro para que sejam ouvidas mais três testemunhas de acusação em um dos processos em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu. O pedido se refere ao caso do trilplex do Guarujá (SP). O requerimento foi enviado quinta-feira (11) à Justiça Federal do Paraná (JFPR), um dia depois do interrogatório de Lula em Curitiba.
Segundo o documento, durante os depoimentos de testemunhas e réus foram mencionados nomes de pessoas que teriam conhecimento dos fatos investigados pela ação penal. "A análise do conteúdo de referidos depoimentos demonstrou que se faz de suma importância a oitiva das pessoas supramencionadas", completa o MPF.

Lula prestou cinco horas de depoimento a Sérgio Moro

Um dos nomes apontados pela força-tarefa é o de Joilson Santos Goes, funcionário da OAS Empreendimentos. Ele foi citado durante o depoimento do ex-presidente da empresa, Léo Pinheiro, como responsável pela criação do centro de custo "2º Zeca Pagodinho (Praia)" que, segundo Pinheiro, foi utilizado pela empreiteira para lançar as despesas relacionadas a Lula.
As outras duas pessoas que o MPF deseja interrogar são a ex-funcionária da OAS, Jéssica Monteiro Malzone, e o ex-executivo do Grupo Odebrecht, Marcio Faria. Os procuradores pedem que Moro autorize a oitiva destas testemunhas antes da próxima etapa do processo, a fase de alegações finais, que antecede a fase de sentença.
Lula é réu na ação em que é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina por conta de três contratos entre a OAS e a Petrobras. O MPF alega que os valores foram repassados a Lula por meio da reforma de um apartamento no Guarujá e do pagamento do armazenamento de bens de Lula, como presentes recebidos no período em que era presidente. O ex-presidente é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa nega as acusações.

INVESTIGAÇÃO: Operação da PF investiga apoio do BNDES aos negócios do JBS

FOLHA.COM
BELA MEGALE
CAMILA MATTOSO
DE BRASÍLIA

Ueslei Marcelino - 21.mar.2017/Reuters 
Unidade da JBS no Paraná

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (12) a Operação Bullish, que investiga possíveis fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A investigação apura se houve supostas irregularidades na concessão de apoio financeiros pela BNDESPAr, subsidiária do BNDES, à JBS a partir de junho de 2007.
Os investigadores apontam problemas de avaliações envolvendo o banco estatal, como rapidez de análises de operações financeiras complexas que fogem aos padrões, sem mensurar riscos ou garantidas devidas.
"Os aportes, realizados a partir de junho de 2007, tinham como objetivo a aquisição de empresas também do ramo de frigoríficos no valor total de R$ 8,1 bilhões", afirma a PF.
Na decisão, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, afirma que um laudo da Polícia Federal demonstra prejuízos em operações de debêntures que favoreceram a JBS e prejudicaram o BNDES.
Também diz que a PF apontou "as pessoas que incidiram para a eclosão da irregularidade".
Leite afirma, porém, que "não há indícios de conluio ou negociata sobre a aquisição de ações da JBS por parte do BNDESPar".
Na decisão, o juiz também negou o pedido de prisão contra os donos da JBS afirmando que ele poderia ser substituído por outras medidas. Destacou ainda que se deve "salvaguardar o patrimônio desta entidade" e "evitar ou pelo menos atenuar medidas que possam dilacerar a atividade produtiva" do grupo.
Diz ainda que a prisão dos sócios pode afetar ainda mais a "já abalada imagem desta empresa".
Entre as medidas cautelares impostas aos investigados estão a apreensão de passaportes e a impossibilidade de mudar de domicílio sem autorização judicial.
Os donos da JBS também estão impedidos de fazer mudanças societárias na empresa, além de não poder criar outras companhias no Brasil e no exterior.
A JBS é uma das maiores processadoras de proteína animal do mundo. Ela pertence à J&F, dos irmão Joesley e Wesley Batista. A empresa já é investigada na Greenfield, operação que apura o suposto uso irregular de dinheiro de fundos de pensão.
Joesley Batista é alvo de condução coercitiva. A medida, porém, não foi cumprida porque ele se encontra no exterior, segundo investigadores.
O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, que está fora do país, também é alvo de condução coercitiva, além de haver um mandado de busca e apreensão na casa dele.
As investigações apontaram que os desembolsos dos recursos públicos tiveram tramitação em tempo recorde após a empresa contratar a Projeto, consultoria do ex-ministro Antônio Palocci, que está preso em Curitiba no âmbito da Operação Lava Jato.
Quando a investigação surgiu, em 2014, o procurador Ivan Marx, responsável pelo caso, apurou que a consultoria de Palocci estava envolvida na liberação do recurso investigado.
No entanto, a Projeto passou a ser alvo de outros inquéritos e a operação Bullish focou sua atuação na aquisição de frigoríficos pela JBS.
Dados obtidos em 2015 pela Folha, indicam que a JBS foi o quarto maior cliente da consultoria de Palocci até 2010, com pagamentos de R$ 2,285 milhões no total.
Palocci, que foi ministro dos governos Lula e Dilma, quer negociar acordo de delação premiada e tem o BNDES como um dos temas que pretende explorar.
A PF relata também que essas transações foram executadas sem a exigência de garantias e geraram um prejuízo de cerca de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.
São cumpridos 37 mandados de condução coercitiva, sendo 30 no Rio de Janeiro e sete em São Paulo, e 20 de busca e apreensão, sendo 14 no Rio e seis em São Paulo.
Há também medidas de indisponibilidade de bens de pessoas físicas e jurídicas que participam direta ou indiretamente da composição acionária da empresa investigada.
Todas as medidas foram autorizadas pelo juiz Ricardo Leite, da Justiça Federal do Distrito Federal.
A PF monitora cinco dos investigados que se encontram em viagem ao exterior.
O nome Bullish vem da tendência de valorização gerada entre os operadores do mercado financeiro em relação aos papéis da empresa, "para a qual os aportes da subsidiária BNDESPar foram imprescindíveis", diz a nota da polícia.
OUTRO LADO
A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de todos os citados.
A J&F informou que ainda não vai se pronunciar, porque as medidas estão em andamento e eles ainda não tiveram acesso a todas as informações de operação.
TRIBUNAL DE CONTAS
Em 2015, o Tribunal de Contas da União já havia encontrado alguns indícios de que o suporte que o BNDES dava à JBS podia ter lesado o banco estatal em pelo menos R$ 847,7 milhões.
Entre 2006 e 2014, a JBS recebeu R$ 8,1 bilhões para comprar companhias no exterior e se tornar uma gigante no setor de carnes. Em troca, o banco se tornou sócio da empresa.
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