sexta-feira, 12 de abril de 2013

ECONOMIA: Revisão de tarifas de elétricas já reduz impacto de cortes na conta de luz

Do ESTADAO.COM.BR
Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo

Queda média de 20% nas tarifas de energia, comemorada pelo governo, já teve boa parte corroída por reajustes das distribuidoras 
SÃO PAULO - Parte da redução média de 20% das tarifas de energia elétrica conseguida com a Medida Provisória 579, que renovou os contratos de concessão do setor elétrico, já foi corroída pelas revisões tarifárias das distribuidoras. Em dois grandes processos, encerrados na semana passada (da Cemig e da CPFL), as tarifas voltaram a subir para algumas classes de consumo. Há casos em que a queda anunciada - e comemorada - pela presidente Dilma Rousseff já foi praticamente zerada.
É o caso, por exemplo, das tarifas de alta tensão (usada pelos grandes consumidores) da distribuidora paulista CPFL, que estão apenas 0,9% abaixo das praticadas antes da MP 579. Segundo cálculos da comercializadora de energia Comerc, com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2012, o preço médio da energia para esses consumidores era de R$ 229,91 o megawatt hora (MWh). Em janeiro, o governo reduziu para R$ 181,18. E, agora, com o resultado da revisão tarifária, subiu para R$ 227,94. Ou seja, o consumidor teve apenas dois meses de alívio na conta de luz.
O presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, responsável pelos cálculos, afirma que vários fatores influenciaram na elevação da conta de luz. Apesar da tarifa fio (transmissão) e do preço da energia na usina terem caído por causa das novas regras de renovação dos contratos de concessão, os problemas climáticos tiveram peso importante nos resultados.
Com a queda no nível dos reservatórios e chuvas abaixo da média, o governo teve de acionar todas as térmicas (a diesel e óleo combustível). A medida teve efeito devastador no setor. "Além disso, alguns contratos novos de geração são reajustados pelo IPCA (que está pressionado) e ainda houve aumento da tarifa da Eletronuclear", explica Vlavianos.
Ele destaca que as elevações nas revisões tarifárias variam entre as classes de consumo. Nos clientes residenciais, o peso da tarifa fio é alto. Como a MP promoveu uma queda grande na receita das transmissoras, a conta de luz ainda mantém desconto significativo, mas abaixo do anunciado pelo governo. Na Cemig, o corte para os consumidores residenciais caiu de 18,1% para 16,01% e para os comerciais, de 18,1% para 10,31%.
Apesar da forte revisão promovida pela Aneel nos ativos da companhia - decisão que derrubou as ações da distribuidora -, as tarifas para os clientes de alta tensão tiveram alta substancial. Em dois meses, os descontos decorrentes da MP caíram entre 7,7 e 12,34 pontos porcentuais. A estatal mineira não quis comentar o assunto.
Tesouro. O efeito nas tarifas de energia poderia ter sido ainda pior para as distribuidoras se o governo não tivesse decidido financiar parte dos custos das térmicas: o Tesouro vai capitalizar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e pagar as distribuidoras. Em 2014, os valores começam a ser repassados para o consumidor num período de cinco anos, explica o gerente de Regulação Econômica da CPFL Energia, Manoel Negrisoli. Ou seja, o problema foi deslocado para os anos seguintes, de forma a não pressionar ainda mais os índices de inflação no País.
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, afirma que o setor viveu fenômenos bons e ruins neste início de ano. O movimento de revisão tarifária, que reavaliou as bases de ativos das empresas, a redução dos encargos e o corte na tarifa decorrente da MP 579 foram extremamente positivos para a indústria. Mas também teve a parte ruim: queda no nível dos reservatórios, aumentos do preço no mercado spot e exposição das distribuidoras no curto prazo (sem a adesão de Cemig e Cesp ao plano de renovação do governo, as distribuidoras ficaram descontratadas e tiveram de recorrer ao mercado spot, com preços altos).
"Foram movimentos distintos. Um jogou a tarifa para baixo e outra para cima. Mas, se o governo não tivesse reduzido os preços, o efeito sobre a sociedade seria pior", completa o professor da UFRJ, Nivalde Castro.
Próximas revisões. A tendência é que as próximas revisões tarifárias ou reajustes tarifários que serão anunciados nos próximos meses sigam o mesmo caminho de Cemig e CPFL e corroam parte do desconto promovido pela MP.
Nesta quinta-feira, a Aneel anunciou o reajuste tarifário anual da Ampla, distribuidora que atende 66 municípios no Estado do Rio de Janeiro. As tarifas para os consumidores atendidos na baixa tensão, como os residenciais e comerciais, terão alta média de 12,02%. Já a conta para os clientes na alta tensão subirão, em média, 12,43%. As novas tarifas da Ampla valem a partir de segunda-feira.
Procurados pelo Estado, o Ministério de Minas e Energia e a Aneel não responderam aos pedidos de entrevista feitos pela reportagem.

ECONOMIA: Bovespa opera em forte queda; dólar cai após fala de Guido Mantega

Do UOL

A Bovespa operava em forte queda nesta sexta-feira (12). Por volta das 13h, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) perdia 1,64%, aos 54.495,06 pontos.
Para Guilherme Sand, sócio do Zenith Asset Management, em Porto Alegre, os fracos sinais de atividade econômica têm aumentado o pessimismo dos investidores com países como o Brasil.
"Os mercados emergentes não estão se recuperando tão rápido quanto outros mercados", disse Sand.
O dólar comercial passou a cair, depois que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo pode subir os juros para controlar a expectativa dos investidores.
A moeda norte-americana perdia 0,27%, para R$ 1,968 na venda. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também afirmou que não haverá tolerância com a inflação, que ficou acima da meta nos últimos 12 meses.
Com juros mais baixos, o país se torna mais atraente para investidores estrangeiros. A maior oferta de dólares no país faz a cotação cair.
O euro recuava 0,56%, a R$ 2,577 na venda. 
Bolsas internacionais
As ações asiáticas caíram nesta após ganhos recentes, com a confiança do investidor sustentada pelo recorde de fechamento das Bolsas dos Estados Unidos. As ações sul-coreanas tiveram queda de 1,31%, e o mercado em Xangai recuou 0,58%.
O índice Nikkei, do Japão, caiu 0,47% com investidores vendendo ações com lucros. O mercado teve leve queda de 0,06% em Hong Kong e a Bolsa de Taiwan caiu 0,46%, enquanto Cingapura retrocedeu 0,44%.
(Com Reuters)

POLÍTICA: Governo não apoia desaposentadoria, diz ministro

Do ESTADAO.COM.BR
Rafael Moraes Moura e Ricardo Brito, da Agência Estado

Projeto deve causar rombo na Previdência ao permitir tempo adicional de trabalho e contribuição
BRASÍLIA - O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta sexta-feira, 11,que o governo não está apoiando a proposta que permite ao aposentado elevar o valor da aposentadoria, caso tenha tempo adicional de trabalho e contribuição.
"Estamos pedindo um prazo para fazermos uma análise, portanto o governo não está apoiando, é preciso deixar bem claro isso, nós não temos como apoiar essa medida pela repercussão que ela tem nos cofres da Previdência. Então a posição do governo é de não apoiar a evolução dessa votação no Congresso", afirmou o ministro, ao participar de evento em Taguatinga (DF).
"Temos de ter responsabilidade num tempo difícil como esse. Tudo aquilo que onera mais os cofres e particularmente a Previdência precisa da nossa parte um cuidado muito grande", prosseguiu.
O objetivo do governo Dilma Rousseff é brecar a proposta ainda no Senado e derrubar o projeto que foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais da Casa, para evitar um rombo na Previdência. O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, já estimou o impacto da eventual mudança em R$ 70 bilhões para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Na quinta-feira, um dia após o texto ter sido aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, indicou que o governo poderia mobilizar senadores da base aliada para entrar com recurso para evitar que a matéria fosse remetida diretamente para a Câmara dos Deputados.
Líder do PT anuncia recurso. O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), anunciou que o líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM), entrará no início da semana que vem com um recurso para fazer com que o projeto que cria a nova aposentadoria, a chamada desaposentadoria, seja apreciado por mais duas comissões temáticas e pelo plenário do Senado. Se o recurso for aprovado, a tramitação da matéria ficará bem mais demorada e o governo poderá se articular para discutir melhor a proposta.
Wellington Dias afirmou que Braga quer que a matéria passe pelas comissões de Constituição e Justiça, para analisar sua constitucionalidade, e de Assuntos Econômicos, para avaliar os impactos financeiros. O petista disse que o interesse do governo não é barrar a proposta e, sim, debatê-la com maior profundidade.
"A ideia é discutir. Na verdade há um pedido do ministro da Previdência que ele precisa fazer algumas contas para que evite o desequilíbrio maior ainda na Previdência", ponderou. Assim que for apresentado, o recurso terá de ser votado em plenário.

DIREITO: PF abre inquérito para investigar ligação de Lula com mensalão

De OGLOBO.COM.BR

Ministério Público solicitou investigação após abrir seis apurações preliminares sobre denúncias de Marcos Valério
O publicitário Marcos Valério foi condenado no STF a mais de 40 anos como operador do mensalão - Givaldo Barbosa / Arquivo O Globo
BRASÍLIA – A Polícia Federal abriu na quinta-feira inquérito criminal para apurar denúncia feitas pelo publicitário Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão por ser o operador do esquema do mensalão. Em depoimento à Procuradoria Geral da República, em setembro de 2012, Valério disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negociou pessoalmente com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, repasse de recursos para o PT. O inquérito deriva de um dos seis procedimentos preliminares abertos pela Procuradoria para apurar as novas denúncias de Marcos Valério.
Segundo o publicitário, o ex-presidente e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci combinaram com Horta a transferência de R$ 7 milhões de uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, para o PT. O dinheiro teria entrado pelas contas no exterior de publicitários que prestavam serviço ao partido. Na época, a empresa tinha interesse em obter negócios com o governo.
Com as novas denúncias, o publicitário buscava obter redução de pena no processo no STF, por delação premiada. No entanto, o Procurador-Geral, Roberto Gurgel, entendeu que o novo depoimento não interferia no processo do mensalão no STF e abriu novas investigações.
Após a divulgação do teor do depoimento, Lula classificou as declarações como mentirosas. Na mesma época, Palocci disse, por meio de sua assessoria, que os fatos relatados por Valério "jamais existiram". Miguel Horta declarou, por meio de nota, que ele não teve “qualquer ligação” com o processo do mensalão.
Conforme informou a PF, o pedido de investigação foi feito pelo Ministério Público Federal, para onde a PGR enviou o caso, com base no depoimento de Valério dado em setembro. O caso ficará sob responsabilidade da Delegacia de Combate a Crimes Financeiros. E a PF tem 30 dias prorrogáveis por mais 30 para finalizar a investigação.
Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo (PT), disse que a Polícia Federal tem autonomia para investigar o ex-presidente no caso do mensalão. Segundo Cardozo, a PF é "republicana" e não está submetida a "nenhum tipo de interferência, de qualquer natureza".
— A PF está apta a investigar quaisquer dos crimes que estão na sua competência — afirmou, antes de participar de um debate sobre Segurança Pública na Assembleia Legislativa de São Paulo.

ECONOMIA: Mesmo com recuo do PIB em fevereiro, Mantega reafirma que BC pode elevar os juros

De OGLOBO.COM.BR
BRUNO ROSA (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
LINO RODRIGUES (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)

Prévia do Banco Central mostrou que economia recuou 0,52% em fevereiro
Tombini diz que não haverá tolerância com inflação
RIO e SÃO PAULO - O Índice de Atividade Econômica do Banco Central-Brasil (IBC-Br) mostrou que a economia do país recuou 0,52% em fevereiro ante janeiro, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pela autoridade monetária. O número inclui os chamados ajustes sazonais. O desempenho ficou pouco acima da previsão dos analistas ouvidos pela Bloomberg: na mediana dos economistas, o esperado era recuo de 0,7%. Apesar da retração, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou que o BC pode elevar a taxa de juros básica da economia. Mantega disse que a inflação de alimentos não se combate com juros, mas admitiu que a elevação resolveria as expectativas de altas futuras.
— Inflação de alimentos não resolve com juros, porém expectativa resolve com juros. Mas isso não é o ministro da Fazenda que resolve. O que o ministro da Fazenda faz é tomar as medidas no seu campo de responsabilidade, que é continuar estimulando a produção agrícola, diminuindo tributos... Cada um faz a sua parte e não sei, nem quero saber o que vai acontecer com os juros — afirmou o ministro logo após participar de seminário da revista “Brasileiros”, em São Paulo.
Segundo o ministro, o problema maior é que, com a elevação pontual dos preços dos alimentos, o país corre o risco de uma contaminação de setores que não têm aumento de custo, mas querem aumentar os preços. Nesse sentido, defendeu que o governo sinalize, por meio de juros maiores, que os preços não vão continuar subindo. Salientou, porém, que esta decisão cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom) que reúne-se na próxima semana.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, por sua vez, afirmou que não haverá tolerância com a inflação e que, neste momento, a autoridade monetária monitora atentamente todos os indicadores:
— No futuro, vamos tomar decisões sobre o melhor curso para a política monetária — disse a jornalistas, em encontro com presidentes de bancos centrais da América do Sul.
Em janeiro, o IBC-Br apontara que a economia cresceu 1,29%, puxada pela recuperação do setor industrial, que avançou 2,6% no mês, segundo dados do IBGE. Mas em fevereiro, os números se inverteram. A produção industrial recuou 2,5% em fevereiro frente a janeiro, praticamente eliminando a expansão de janeiro. Foi o maior tombo desde dezembro de 2008, quando a retração fora de 12,2%. Dos 27 ramos investigados pelo IBGE, 15 mostraram retração, ou seja, mais da metade deles.
O IBGE também informou nesta quinta-feira que as vendas do varejo recuaram 0,4% em fevereiro, frente a janeiro, já com ajuste sazonal. O resultado surpreendeu os analistas, que previam uma alta de 1,2% nas vendas do comércio varejista. Em relação a fevereiro do ano passado, o movimento caiu 0,2%. No segmento de supermercados e varejo de alimentos e bebidas, as vendas recuaram 1% em relação a janeiro e 2,1% na comparação com fevereiro de 2012. Os números fracos refletem a alta dos preços, dizem os especialistas. Na última quarta-feira, foi anunciado que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que orienta o sistema de metas de inflação do governo, acumulou em 12 meses 6,59%, estourando o teto da meta de inflação perseguido pelo governo, que é de 6,5%.
É por isso que as atenções agora se voltam para o mercado de juros. Na próxima semana, entre os dias 16 e 17 de abril, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne para decidir se aumenta ou não a taxa básica de juros (a Selic), hoje em 7,25% ao ano. O estouro do teto da meta ampliou a preocupação da equipe econômica com a alta dos preços e reforçou entre os técnicos a ideia de que é preciso deixar claro para o mercado que o governo não é leniente com esse fenômeno. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, a sinalização poderia ser dada já na próxima reunião do Copom. Há quem diga que a autoridade monetária deverá elevar a Selic principalmente para deixar claro que tem autonomia para agir no combate à inflação.
Esse sinal seria necessário devido às seguidas declarações da presidente Dilma Rousseff sobre a importância de se preservar a atividade econômica. Ela chegou a dizer recentemente que não concorda com medidas de combate à inflação que prejudiquem o crescimento. A frase foi vista pelo mercado como uma pressão para que o Banco Central segure os juros mesmo com a inflação acima de 6% ao ano, para não prejudicar a retomada da economia.
No entanto, assessores da área econômica ponderam que a autoridade monetária teria argumentos técnicos para segurar a alta da Selic. Além de a inflação estar caindo mês a mês — o que aconteceu em março — está menos espalhada pelos preços. Enquanto em fevereiro a dispersão estava em 72,6%, em março baixou para 69%.
Parte do mercado também acredita que a Selic deve subir em 0,25 ponto percentual. Mas o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas, afirma que o mais importante é que a autoridade monetária sinalize seus próximos passos.
— Acredito que o BC tem de dar uma sinalização, mesmo que não haja aumento já na próxima reunião. O BC vai olhar para frente. A queda na indústria, a retração no comércio e o recuo da atividade econômica é passado e reflexo de um ano fraco (2012). Por outro lado, o fato de o desemprego estar baixo significa que é possível elevar os juros sem causar problemas — disse Carlos Thadeu.
Em fevereiro, a taxa de desemprego ficou em 5,6%, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgados no dia 28 de março. Foi a taxa mais baixa para um mês de fevereiro desde o início da série história, em março de 2002.
O economista acredita que o BC vai olhar a expectativa de preços para 2014. Isso é necessário, completa, pois não haverá a ajuda da queda na conta de luz e da desoneração da cesta básica, como ocorre neste ano.
— A minha aposta é que o BC vai trabalhar para reduzir a inflação, de olho em 2014. Mas esse aumento não precisa ser já na próxima reunião. Basta ele sinalizar. Isso é importante para evitar volatilidade, pois as taxas de juros estão subindo no mercado futuro — destaca Carlos Thadeu.
O diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, também afirmou, em nota, que o desempenho da economia em fevereiro não deve impedir que o BC eleve os juros.
“Nós somos da opinião de que o ambiente de inflação alta e altamente disseminada poderia potencialmente afetar a recuperação. Assim, a melhor contribuição que o Banco Central pode dar para fortalecer a confiança nos negócios e apoiar a recuperação seria ancorar as expectativas inflacionárias e moderar a inflação”, acrescentou Ramos.
Transporte e serviços podem pressionar ainda mais a inflação, diz FGV
Depois das fortes altas de preços de alimentos no primeiro trimestre, o consumidor deverá ver um alívio este mês. O fim do período das chuvas vai coincidir com os efeitos da desoneração da cesta básica, anunciada pela presidente Dilma Rousseff em 8 de março. Itens como açúcar, óleo de soja e carnes terão queda mais acentuada de preços. Mas começam a aparecer novos focos de pressão, caso do leite longa vida. E analistas afirmam que serviços e transportes poderão puxar a inflação.
No atacado, os preços de alguns alimentos começam a ceder. A caixa com 18 quilos de tomate tipo Débora, que chegou a custar R$ 150 no início de abril, já era comercializado a R$ 80 ontem na Ceasa do Rio. O feijão preto deve se beneficiar da chegada do produto importado da China e passar de cerca de R$ 180 (a saca de 60 quilos) para R$ 120 em maio, no atacado, na previsão do presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio de Janeiro, José de Souza e Silva.
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que é o maior centro de abastecimento de hortifrutigranjeiros do país, a expectativa é de uma “normalização” nos preços. A oferta de tomate, por exemplo, melhorou, e fez o preço cair de R$ 7,80 para R$ 4,20 o quilo. Josmar Macedo, assistente-executivo do Ceagesp, diz que a expectativa é que esse preço caia para R$ 2,50.
No varejo, dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontam queda de 3,29% do quilo do açúcar refinado nos 30 dias encerrados em 10 de abril. Nos 30 dias encerrados em 1º de abril, a queda era menor, de 2,61%. O frango inteiro passa de uma alta de 1,19% em 1º de abril para uma queda de 0,57% agora. Mas o leite sai de uma alta de 1,36% para 2,82%. Segundo André Braz, da FGV, a alta do leite está relacionada ao clima. Com menos chuvas, as pastagens começam a secar. Para Elson Teles, do Itaú Unibanco, o aumento do leite pode ter relação com a seca na Nova Zelândia, que é grande produtor.
Se a alta da maioria dos alimentos começa a perder fôlego, outros itens poderão pressionar a inflação daqui para frente, como os serviços e as tarifas de transportes. O emprego e a renda em alta, apesar do "PIB anêmico", segundo Paulo Picchetti, da FGV, são algo sem precedente que dificulta projeções, mas vão continuar pressionando a demanda. Juan Jensen, da Consultoria Tendências, lembra que, em São Paulo, o último reajuste das tarifas de ônibus foi em janeiro de 2011, o que significa que em junho, quando serão reajustadas, as tarifas estarão há 30 meses congeladas.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária. Por causa da defasagem de tempo na divulgação dos dados oficiais pela instituição, o Banco Central leva em conta o IBC-Br para traçar os rumos da política de juros do país.
Segundo a última pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo BC com analistas, o mercado projeta que a Selic vai encerrar 2013 a 8,50% e o IPCA, a 5,70%. Já para o Produto Interno Bruto a expectativa é de expansão de 3% este ano.

DIREITO: Barbosa nega suspensão da publicação de acórdão

Da CONJUR

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, negou o pedido de suspensão da publicação do acórdão da Ação Penal 470, o processo do mensalão, feito pela defesa de José Dirceu. Os advogados de Dirceu pediram que o ministro permitisse o acesso das defesas dos réus aos votos já concluídos, antes da publicação do acórdão. E, até que isso fosse analisado, que o acórdão não fosse publicado.
Os pedidos foram rejeitados. De acordo com Barbosa, o que a defesa de Dirceu pretende,“em última análise, é a manipulação de prazo processual legalmente previsto”. Em sua decisão, o presidente do STF registrou que “o (hipotético) acolhimento do pedido de divulgação dos votos escritos, antes da publicação do acórdão, e ‘com antecedência razoável’ para a interposição de recursos, acarretaria, na prática, a dilação do prazo para a oposição de embargos, ampliando-o indevidamente para um lapso temporal indefinido, que o requerente entende como ‘razoável’.”
O ministro voltou a justificar a negativa de acesso com o argumento de que os votos proferidos foram amplamente divulgados e transmitidos pela TV Justiça. Além disso, “todos os interessados no conteúdo das sessões públicas de julgamento, em especial os réus e seus advogados, puderam assisti-las

DIREITO: Luiz Fux permite pagamento parcelado de precatórios

Da CONJUR

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, determinou, na noite desta quinta-feira (11/4), que os tribunais de Justiça do país têm de continuar a pagar precatórios normalmente até que a Corte defina o alcance da decisão que julgou inconstitucional a Emenda 62, apelidada de Emenda do Calote. Na prática, a decisão permite que quem vinha recebendo os pagamentos parcelados, continue a receber. Novos precatórios têm de ser pagos integralmente.
A decisão foi tomada a pedido do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. A OAB entrou com petição junto ao processo informando que o fato de o Supremo ter derrubado as regras vigentes fez com que alguns tribunais suspendessem o pagamento de precatórios. Ou seja, quem estava recebendo de forma parcelada, parou de receber.
Para Fux, “até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance de sua decisão, não se justifica que os tribunais locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo”. Os pagamentos devem continuar a ser feitos com base nos critérios da Emenda Constitucional 62, ao menos até que o STF defina o que fazer com os precatórios que já vinham sendo quitados sob essas regras. O plenário ainda discutirá a modulação dos efeitos da decisão.
Luiz Fux determinou, inclusive, que deve ser respeitada a vinculação de receitas para quitar as dívidas de estados e municípios, “sob pena de sequestro”. O presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho afirmou que “a decisão do ministro relator da ADI impede que a vitória da cidadania seja aproveitada para beneficiar devedores, como alguns pretendiam”. A determinação de Fux modula os efeitos da decisão do plenário do Supremo.
Em recente entrevista à revista Consultor Jurídico, o presidente da OAB afirmou que o poder público não pode transformar a vitória da cidadania em ato de esperteza da má-fé de alguns governantes: “Jamais, é inadmissível — e o Supremo Tribunal Federal será alertado pela OAB se isso realmente ocorrer. Será inadmissível que um estado que vinha pagando um determinado valor deixe de pagar por conta do julgamento. Porque ficará claro — é evidente, se isso acontecer —, que ele deixou de pagar por oportunismo e por má-fé, não por dificuldade financeira, já que vinha pagando”.
O Supremo Tribunal Federal derrubou em parte, em 14 de março, a Emenda Constitucional 62/2009, que alterou o regime de pagamento de precatórios — títulos da dívida pública reconhecidos por decisão judicial definitiva. Estima-se que cerca de 1 milhão de credores tenham mais de R$ 90 bilhões a receber de estados e municípios.
A norma julgada inconstitucional previa o pagamento em até 15 anos, leilões para priorizar o credor disposto a dar mais desconto e a reserva no orçamento de estados e municípios entre 1% e 2% para quitação das dívidas. Para a maioria dos ministros, não é possível manter o regime porque ele prejudica o cidadão, permitindo o parcelamento e a redução de uma dívida que deveria ser paga integralmente e de forma imediata, no ano seguinte à expedição do precatório. Também houve críticas ao comprometimento da autoridade judicial, uma vez que as decisões deixam de ser cumpridas integralmente.
Rodrigo Haidar é editor da revista Consultor Jurídico em Brasília.

DIREITO: STJ - Justiça cível decidirá sobre indenização a pastor excluído de igreja evangélica

Compete ao juízo de direito da Vara Cível de Prado (BA) processar e julgar ação de indenização por danos morais e materiais ajuizada por pastor contra a Convenção Estadual das Assembleias de Deus da Bahia, devido ao seu afastamento das funções na igreja. O entendimento é da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o conflito de competência suscitado pela Vara do Trabalho de Itamaraju (BA). 
A ação foi proposta pelo pastor perante o juízo de Prado, ao argumento de que ele teria exercido a função na Assembleia de Deus por mais de 31 anos, em várias cidades, e que, sem nenhuma justificativa por parte da cúpula da Convenção Estadual, foi afastado de suas funções. 
O pastor sustentou que o seu afastamento foi ilegal, motivado, provavelmente, pelo término de seu casamento, e que tal fato é inaceitável, pois se trata de episódio relacionado exclusivamente à sua vida íntima. 
Sem justa causa
A Justiça comum declinou da competência para a Justiça do Trabalho, ao argumento de que a indenização pedida pelo pastor seria de natureza trabalhista, já que ele alegou não ter sido despedido por justa causa. 
Encaminhados os autos à Justiça especializada, o juízo da Vara do Trabalho de Itamaraju reconheceu a sua incompetência para processar e julgar a ação e, assim, suscitou o conflito de competência. 
“A pretensão do autor não apresenta como pano de fundo relação de emprego. Na verdade, o autor aponta como fundamento o fato de ter sido desligado da igreja sem nenhuma explicação e ainda o fato de que, ao contrário do que normalmente ocorre, seu afastamento não foi fruto de deliberação pela Assembleia, mas sim da decisão de dois pastores”, sustentou o juízo trabalhista. 
Política interna 
Em seu voto, o relator, ministro Raul Araújo, destacou que a questão enfatiza aspectos de política interna de uma congregação religiosa na relação com seus ministros, envolvendo direitos e garantias constitucionais de liberdade de culto e de crença religiosa, competindo, dessa forma, à Justiça comum processar e julgar a ação. 
“A ação proposta não tem causa de pedir e pedidos fundados em eventual relação de trabalho entre as partes. Em momento algum da inicial o autor afirma ter relação de trabalho com a ré, assim como não postula o pagamento de verba de natureza trabalhista”, afirmou o ministro.

DIREITO: TRF1 - Inadimplência de empresa não é suficiente para desconsideração da personalidade jurídica

A 5.ª Turma do TRF da 1.ª Região negou provimento a agravo de instrumento apresentado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) contra decisão de primeira instância que indeferiu o pedido de desconsideração de personalidade jurídica de empresa. A decisão foi proferida pelo juízo da 3.ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais sob o fundamento de que não ficou comprovada nenhuma das hipóteses necessárias para a desconsideração.
A ECT apelou a esta Corte, argumentando que a desconsideração de personalidade jurídica da empresa em questão foi deferida em decisão anterior que determinou a expedição de ofícios para a Receita Federal e para o Banco Central para requisição de informações a respeito da empresa devedora e de seus sócios. Assim, a recorrente entende que a decisão anterior, que deferiu o pedido de desconsideração, deveria prevalecer e a decisão da SJMG deveria ser anulada por preclusão (perda do direito de ação), posto que a desconsideração da personalidade jurídica já teria sido decidida.
A recorrente alega, ainda, que ficou comprovada a inexistência de bens da empresa devedora e a impossibilidade de a empresa cumprir as suas obrigações com a agravante. Sustenta que há fortes indícios de que houve dissolução irregular da empresa, pois não foram encontrados bens de liquidez e que a firma estaria inativa na Receita Federal por não ter apresentado declaração de Imposto de Renda nos anos de 2003, 2004 e 2005.
O relator do processo na 5.ª Turma, juiz federal convocado Carlos Eduardo Castro Martins, esclareceu que não há que se falar em preclusão, pois a questão referente à desconsideração da personalidade jurídica não foi discutida na primeira decisão quando o juiz apenas acolheu o pedido para que fosse expedido o ofício ao Banco Central e à Receita Federal com o propósito de obter informações.
Quanto à solicitação pelo deferimento da desconsideração da personalidade jurídica, o magistrado esclareceu que, para que ocorra tal desconsideração, a ECT teria que comprovar as hipóteses por ela levantadas, pois não basta que se alegue a extinção irregular da sociedade, fraude ou abuso de direitos. É necessária a verificação rigorosa de questões comprobatórias, como a existência de ato ilícito dos sócios da empresa e a certeza da inexistência de bens. “Na hipótese dos autos, não restou provada a ocorrência dos pressupostos necessários à adoção da desconsideração de personalidade jurídica, não havendo que se cogitar da reforma da decisão agravada, razão pela qual não merece prosperar o presente recurso”, votou Carlos Eduardo Castro Martins.
O relator embasou seu voto em jurisprudência do TRF da 1.ª Região proferida pelo juiz federal Rodrigo Navarro de Oliveira, na 4.ª Turma Suplementar, cujo entendimento é que o inadimplemento da obrigação, por si só, não justifica a adoção da medida excepcional de desconsideração da personalidade jurídica para responsabilizar os sócios por dívida da pessoa jurídica.
Assim, o magistrado indeferiu o agravo de instrumento, sendo acompanhado, à unanimidade, pela Turma.
Processo n.º 2007.01.00.036365-6/MG

quinta-feira, 11 de abril de 2013

EDITORIAL: País precisa ser convencido de que a inflação cairá (Editorial)

Do blog do NOBLAT

O Globo

A inflação acumulada em doze meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,59%, ultrapassou em março o teto da meta definida pelo governo em 0,9 ponto percentual. Há razões pontuais para a alta, como a expressiva variação nos preços de alguns alimentos, especialmente verduras, com ciclo curto de produção, o que leva as autoridades econômicas a acreditar que no segundo semestre os índices recuarão.
No entanto, mesmo se considerando essas pressões pontuais, é inegável que a inflação mudou de patamar nos dois últimos anos. O próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu tal fenômeno, preocupante para um país que teve tantas dificuldades no passado para vencer uma inflação aguda e crônica.
Até mesmo em função desse passado de inflação galopante, a economia brasileira criou defesas para poder sobreviver em ambientes de instabilidade. Tais defesas acabaram também se transformando em fontes de realimentação do processo inflacionário, constituindo-se muitas vezes em obstáculos ao recuo dos índices de preços.
Prova disso é a indexação sobre tarifas de serviços públicos e transportes, as datas anuais de dissídio coletivo, os aumentos reais de salário mínimo assegurados por lei. A reposição da inflação passada para tais tarifas, preços e salários se tornou uma rotina, até com dia marcado no calendário.
Para compensar a inflação previamente contratada, a parcela da economia que funciona com preços realmente livres precisa obter ganhos de produtividade expressivos e contínuos, o que é uma tarefa hercúlea, pois há uma sucessão de fatores alheios à cadeia produtiva que apontam no sentido contrário, formando uma coleção de ineficiências.
Assim, o combate à inflação precisa ser travado em várias frentes. Envolve esforços para superação das ineficiências, além de iniciativas concretas que possam convencer não só os agentes econômicos, mas a sociedade como um todo, que a inflação pode ser vencida.
No momento, a percepção dos agentes econômicos e da sociedade é inversa: a batalha das expectativas estaria sendo perdida. Todos os prognósticos, até do BC, preveem índices de inflação acima do centro da meta este ano e em 2014, o que contribui para que a profecia se realize. É nesse sentido que a questão da taxa de juros voltou a merecer mais atenção.
Os juros no Brasil continuam mais elevados que na maior parte da economia mundial? Sim, mas a leitura que se faz da política monetária hoje é que a ação das autoridades não é restritiva à alta de preços. Não faz com que os agentes econômicos acreditem que a inflação entrará em trajetória de queda.
A política monetária sozinha não pode vencer a inflação sem afetar bruscamente o ritmo de atividade econômica. Mas pode dar uma contribuição para fazê-la recuar em direção ao centro da meta (4,5%), que não chega a ser um desafio monumental.

COMENTÁRIO: Torre de Babel

Do blog do NOBLAT
Por Merval Pereira, O Globo

Existem diversas propostas de emenda constitucional na Câmara e no Senado extinguindo a obrigatoriedade do voto, sendo a mais antiga de 1994, mas nunca alcançam consenso para sequer ir à votação quanto mais condições para serem aprovadas.
Prevalece entre os políticos a tese, muito cômoda para seus interesses, de que a obrigação de votar é um modo de educar, e não há no horizonte a perspectiva de chegar-se um dia à conclusão de que o eleitor brasileiro já está suficientemente maduro para ser deixado a seu critério a decisão de comparecer ou não às urnas.
Uma discussão associada a essa é sobre o crescimento das abstenções nas eleições municipais de 2012, que até hoje não tem uma explicação: o eleitor cansou de votar, ou o crescimento registrado é apenas um erro estatístico devido aos cadastros antiquados dos tribunais eleitorais? Como em diversas oportunidades anteriores, a questão do voto obrigatório não chegou a ser discutida em mais esta rodada de tentativa frustrada de reforma política.
Ao contrário, o que se discutia era o fortalecimento das estruturas partidárias. O professor Geraldo Tadeu, do Iuperj, aborda um tema central ao criticar a proposta de fim das coligações para eleições proporcionais, porém permitindo que os partidos façam federações partidárias que durariam, no mínimo, quatro anos.
O problema, para ele, consiste na separação formal entre as “coligações partidárias” e as “coalizões de governo” em que “candidatos e partidos apresentam-se ao eleitor como aliados de uns para, posteriormente e em função dos resultados eleitorais, aliar-se a outros partidos para fins de participação no governo”.
Enquanto nos países europeus os partidos se apresentam como coalizões para governar, aqui só se unem para alcançar um maior número de eleitos e, depois, negociar livremente apoios aos governos, cometendo, do ponto de vista do eleitor, “um verdadeiro estelionato eleitoral", lamenta Tadeu.
Ele vê no nosso sistema proporcional puro, sem cláusula de barreira, o responsável pela fragmentação do sistema partidário e formação das Casas legislativas (o Congresso tem 15 partidos representados), tornando impossível a maioria governamental se houvesse restrição a que as legendas negociassem umas com as outras para a formação de coalizões governamentais.
A nova opção de lista flexível proposta, em que o eleitor continuaria votando no deputado ou no partido, mas só o voto na legenda é que reforçaria a lista apresentada pelo partido, termina fortalecendo as direções partidárias, explica Geraldo Tadeu.
No caso da Bélgica, o sistema foi introduzido em 2003 com o intuito de aumentar o poder dos cidadãos na escolha dos candidatos contra o sistema de listas fechadas proposto pelos partidos políticos, mas, ainda que tenha crescido o número de candidatos eleitos “fora da ordem”, eles representaram apenas 15% do total de eleitos em 2003, por exemplo.
Na prática, diz o professor do Iuperj, os eleitores só homologam as listas partidárias. No caso brasileiro, a tendência é que a lista flexível se transformasse num voto de lista disfarçado, aumentando bastante o poder das oligarquias partidárias.
O deputado Alfredo Sirkis, do PV, acha que o maior erro de Henrique Fontana (PT-RS) foi ter insistido numa incongruência: o sistema “belga” com financiamento público, que só funciona com lista fechada, sistema distrital ou distrital misto. “Apresentei uma proposta que poderia ter prosperado se ele tivesse ajudado: o voto distrital misto plurinominal: metade pelas listas, metade por um voto majoritário em grandes distritos elegendo três ou quatro federais e cinco ou seis estaduais. O financiamento seria público para as listas e misto, permitindo doação de pessoa física, para os distritos.”
Sirkis vê como vantagem o fortalecimento dos partidos, sobretudo os programáticos, e das lideranças com voto na eleição majoritária nos distritos, o que, segundo ele, praticamente eliminaria o “baixo clero”. Tinha a vantagem de combinar com uma pequena variável as propostas dos dois maiores partidos: a lista do PT com o distritão do PMDB, só que regionalizado. “Era a única que poderia ter — com dificuldade — emplacado, mas naquela torre de Babel não prosperou”, lamenta-se Sirkis.

ECONOMIA: Bovespa tem forte queda, e dólar recua nesta quinta

Do UOL

A Bovespa operava em queda nesta quinta-feira (11). Por volta das 16h05, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) perdia 1,45%, aos 55.371,67 pontos, puxada pela queda das ações da OGX, de Eike Batista.
O dólar comercial tinha leve queda de 0,04%, a R$ 1,975 na venda.
O euro subia 0,21%, a R$ 2,586 na venda. 
Bolsas internacionais
As ações europeias subiram pela quarta sessão consecutiva, puxadas pelo desempenho do setor financeiro, em meio a fortes ganhos de gestores de ativos que se beneficiaram das fortes altas deste ano.
O indicador FTSEurofirst das principais ações europeias subiu 0,6%, para 1.192 pontos. Em Londres, o índice Financial Times subiu 0,45%. Em Frankfurt, o índice DAX avançou 0,78%. Em Paris, o índice CAC-40 ganhou 0,85%.
Novos dados destacando uma recuperação na China e a alta recorde das Bolsas em Nova York impulsionaram as ações asiáticas. As ações australianas subiram 0,79%, enquanto as sul-coreanas se recuperaram de perdas anteriores para avançar 0,3%.
No Japão, o índice Nikkei avançou 1,96% depois de atingir mais cedo o maior nível desde julho de 2008. As ações de Hong Kong registraram avanço de 0,3%. A Bolsa de Taiwan fechou com alta de 1,36%, enquanto o índice referencial de Xangai teve baixa de 0,3%. Cingapura ganhou 0,47%.
(Com Reuters)

LEGISLAÇÃO: Após morte de estudante, Alckmin quer pena mais rígida para adolescentes

Do UOL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (11) que encaminhará em 15 dias ao Congresso Nacional um projeto de lei que propõe tornar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) mais rígido em relação a adolescentes envolvidos em casos de violência considerados graves e reincidentes.
Estudantes fazem passeata pela paz após assassinato de jovem em São Paulo
11.abr.2013 - Estudantes da Fundação Cásper Líbero realizam passeata na avenida Paulista, em São Paulo, na manhã desta quinta-feira (11). A manifestação ocorre após a morte de Victor Deepmann, assassinado na porta de casa na última terça (9) J. Duran Machfee/Futura Press
A manifestação do governador, feita hoje de manhã durante visita às obras do futuro estádio do Corinthians, o Itaquerão, na zona leste de São Paulo, aconteceu dois dias depois de o universitário Victor Hugo Deppman, 19, ter sido assassinadoem frente ao prédio onde morava, no Belém, na mesma região, supostamente por um adolescente de 17 anos --que completa 18 anos amanhã (12).
O tucano estava acompanhado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PC do B).
O adolescente, que foi apresentado à Vara de Infância e Juventude no Brás pela própria família, nessa quarta-feira (10), foi encaminhado hoje à Fundação Casa. A Polícia Civil vai pedir que ele cumpra a pena máxima de três anos, prevista pelo Estatuto. Pelo Código de Processo Penal, a pena para adultos que cometem crime de latrocínio pode variar de 20 a 30 anos de reclusão.
Entre as mudanças propostas na legislação pelo governador está a de que, após completar 18 anos, o jovem sentenciado por crime violento teria de cumprir a pena em uma unidade do sistema penitenciário. Hoje, pela lei, ele pode ficar até os 21 anos em unidades destinadas a menores.
"Defendemos mudança da legislação federal. Hoje, o adolescente que comete um crime grave pode ficar, no máximo, três anos, na Fundação Casa. Queremos que esse período possa aumentar", disse o governador, ao falar da morte do universitário.
Alckmin questionou a presença de jovens infratores com 20 anos de idade em instituições voltadas para os infratores menores de 18 anos.
"Quem fica e tem mais de 20 anos de idade na Fundação Casa não é mais criança nem adolescente, portanto deve ser encaminhado a uma prisão comum", afirmou, ao defender mais uma alteração no ECA.
Delegado procura arma usada no crime
O delegado que investiga o caso pelo 81º DP (Belém), André Pimentel, afirmou que pedirá à Vara de Infância e Juventude que o adolescente cumpra a pena máxima, ou seja, três anos de internação. Ele não soube dizer se o detido é reincidente.
"Agora os trabalhos estão focados em localizar a arma usada no crime e o smartphone roubado da vítima. Nos próximos dias, vamos ouvir os familiares do adolescente e do universitário", afirmou o delegado.
De acordo com o policial, ontem foi apreendido outro adolescente de 17 anos e um adulto, ambos, suspeitos de participarem do crime. Com eles, que moravam na mesma comunidade do adolescente detido, a Nelson Cruz, foram localizadas drogas e uma arma, que não a usada para matar Deppman.
"Vamos investigar, por exemplo, quem forneceu a arma e quem deu carona para esse adolescente envolvido no crime", definiu o delegado, segundo o qual a mãe do menino é quem teve a iniciativa de apresenta-lo à Vara de Infância, após as diligências policiais terem começado a partir das imagens da câmera de segurança do prédio do universitário.
Pela Fundação Casa, para onde o adolescente foi encaminhado hoje de manhã, a superintendência informou que ele nunca havia sido interno do local. O Centro de Atendimento Inicial do Brás, onde está, tem capacidade para anteder 64 adolescentes e, hoje, está com 57.
Em todo o Estado, a Fundação Casa atende 8.544 jovens em 143 centros socioeducativos.
* Com informações de Janaina Garcia e do Valor

ECONOMIA: Alimentos em alta fazem vendas de supermercados caírem

Da FOLHA.COM
PEDRO SOARES, DO RIO

Os preços mais elevados dos alimentos já colocaram um freio ao consumo e rebateram negativamente nas vendas dos supermercados.
Na comparação com fevereiro de 2012, a atividade de supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas caiu 2,1% em fevereiro deste ano. Foi a primeira retração desde março de 2009 (-0,2%) e a mais intensa desde novembro de 2003 (-2,2%).
O recuo ocorre num momento de pico dos preços de alimentos, o que pode sinalizar uma redução do consumo, segundo o IBGE.
"Devido à subida de preços, nós acreditamos que há uma freada da demanda das famílias por alimentos", disse Aleciana Gusmão, técnica do IBGE.
Outro fator, diz, foi a elevada base de comparação em fevereiro de 2012, quando as vendas tinham subido 13,3%. O aumento dos combustíveis também encarece os fretes e inibe as vendas, segundo Gusmão.
Em relação a janeiro, o setor de supermercados e lojas afins registrou queda de 1%, a maior desde agosto de 2012.
Segundo dados do IPCA, os preços dos alimentos subiram 4,84% no primeiro trimestre deste ano. Em fevereiro, o aumento havia sido de 1,46% e a alta, ainda que um pouco menor, persistiu em março (1,4%).
Os reajustes decorrem do clima desfavorável, de quebras de safra e do consumo ainda forte, que permite um nível maior de repasses de custos --como os fretes mais caros.
Para tentar conter o avanço dos preços, o governo desonerou itens da cesta básica em março, mas o efeito não se traduziu numa clara redução dos preços ainda.
ELETRODOMÉSTICOS E VEÍCULOS
Em relação a fevereiro do ano passado, destacou-se ainda a queda de móveis e eletrodomésticos (-0,8%), na expectativa do fim gradual do IPI reduzido, que elevou os preços.
O IBGE pesquisa ainda o comércio varejista ampliado, que inclui veículos e material de construção, setores que também vendem por atacado.
Nesse indicador, houve queda de 0,7% de janeiro para fevereiro em razão das vendas menores de veículos diante da expectativa do fim do desconto do IPI, que acabou sendo prorrogado pelo governo.
O setor registrou perda de 1,7% ante janeiro, mas as vendas ainda superam em 3,2% o patamar de fevereiro de 2012.
Já o ramo de materiais de construção viu suas vendas subirem 0,7% na comparação com janeiro e 4,4% na comparação com fevereiro de 2012.

MUNDO:Confronto entre chavistas e opositores deixa 14 feridos em ato de Capriles

De OGLOBO.COM.BR
Com AGENCIAS INTERNACIONAIS

Campanha eleitoral termina nesta quinta-feira; último discurso de Maduro terá a presença do Maradona
Um desenho do candidato Nicolás Maduro segurando um pássaro e um boneco inflável do Chávez colore as ruas de Caracas - Ramon Espinosa / AP
CARACAS - Os candidatos à presidência da Venezuela, Nicolás Maduro e Henrique Capriles, encerram nesta quinta-feira a breve campanha eleitoral que antecede as eleições deste domingo. Na quarta-feira, pelo menos 14 pessoas ficaram feridas em confronto entre opositores e chavistas durante um ato de Capriles na cidade de Mérida. De acordo com informações do jornal “El Universal”, militantes que apoiam o presidente em exercício saíram às ruas para “amedrontar” as pessoas que participaram da concentração do líder opositor.
- Motorizados, vestidos de vermelho e com os rostos tampados, agrediam as pessoas que saíram correndo. E inclusive tentaram aprisionar algumas pessoas em um portão de ferro com acesso ao estacionamento do Palácio Arcebispal. A força foi tanta que derrubou o portão e caiu em cima de três pessoas: um padre, uma professora e um senhor, que foi levado imediatamente para o hospital - relatou o arcebispo de Mérida, Baltazar Porras.
Nesta quinta de manhã, os seguidores de Maduro começaram a se reunir em vários pontos de Caracas para assistir à concentração que vai encerrar sua campanha. Maduro viajou do Estado de Lara a Zulia e voltará a capital na tarde para o seu último discurso eleitoral, que terá a participação do astro argentino de futebol, Diego Maradona. Já Capriles fará seu último comício em Lara, a 400 quilômetros de Caracas.
- Chegou à Venezuela para nos acompanhar no apoteótico fechamento da campanha que vamos fazer amanhã (quinta), em sete avenidas de Caracas, a estrela do futebol Diego Armando Maradona, grande amigo da Venezuela...os amigos da Venezuela estão chegando de todo o mundo para serem protagonistas da grande vitória das forças de Chávez - disse Maduro.
Apesar de Maduro já ter praticamente cantado vitória, a oposição tem demonstrado força. Capriles, em entrevista ao GLOBO, disse que a dificuldade de Maduro em mobilizar chavistas pode decidir as eleições de 14 de abril.
- Hoje me atrevo a dizer que ganharemos - afirmou o candidato da oposição em entrevista à enviada especial Janaína Figueiredo.

POLÍTICA: Favorito a ministro atende a demanda do STF, mas entra numa Suprema geladeira

Do UOL

O professor de Direito Tributário da USP Heleno Torres entrou na geladeira do Palácio do Planalto. A presidente Dilma ficou irritada após ele vazar a reunião em que o recebeu. Agora, a presidente vai entrevistar mais nomes e esperar a polêmica passar. Isso porque Torres é favorito, e Dilma atende a um pedido dos ministros.
A indicação de Torres, um pernambucano, confirma demanda interna do Supremo Tribunal Federal e do ex-presidente Ayres de Britto, revelada pela coluna em Outubro: que o substituto fosse um tributarista, e do Nordeste – de preferência uma mulher, único ponto não atendido por Dilma. Explica-se a demanda pela lógica: num levantamento, descobriu-se que 30% dos processos da corte têm viés tributário. E com a saída de Ayres de Britto, a região Nordeste, com nove estados, ficou sem representante no Supremo.
Apesar de favorito, além da irritação agora da presidente Dilma, há pontos contra Torres. Ele ganhou adversários na equipe econômica ao defender o pagamento do crédito do prêmio de IPI para empresas com litígio contra a União. E há exatos três anos, numa entrevista, criticou o ministro Ricardo Lewandowski, o novo queridinho do Planalto e, pelo contado nos bastidores da toga, agora um de seus padrinhos.
Na entrevista, Torres falou de decisão sobre o crédito do IPI no STF: ‘Antes sequer de ter sido publicado o acórdão do STF, Lewandowski propõe Súmula Vinculante’. E emendou: ‘Se a Constituição exige reiteradas decisões sobre a matéria para justificar a Súmula, como é possível aplicar a Súmula Vinculante no caso onde sequer os acórdãos foram publicados?’
O padrinho de Torres é o ministro da AGU, Luís Adams, que anda balançando no cargo. A entrevista foi divulgada dia 14 de Março de 2010 na revista Consultor Jurídico.

COMENTÁRIO: O risco do avanço

Por Janio de Freitas - FOLHA DE SÃO PAULO

O risco é grande e, pior ainda, crescente. O que pode suceder quando um alvejado por agressões orais do presidente do Supremo Tribunal Federal usar o direito de reagir à altura, como é provável que acabe acontecendo? Em qualquer caso, estará criado um embaraço extremo. Não se está distante nem da possibilidade de uma crise com ingredientes institucionais, caso o ministro Joaquim Barbosa progrida nas investidas desmoralizantes que atingem o Congresso e os magistrados.
O fundo de moralismo ao gosto da classe média assegura às exorbitâncias conceituais e verbais do ministro a tolerância, nos meios de comunicação, do tipo "ele diz a coisa certa do modo errado" - o que é um modo moralmente errado de tratar a coisa errada. Não é novidade como método, nem como lugar onde é aplicado.
Nem por isso o sentido dos atos é mudado. "Só se dirija a mim se eu pedir!" é uma frase possível nas delegacias de polícia. Dita a um representante eleito da magistratura, no Supremo Tribunal Federal, por seu presidente, é, no mínimo, uma manifestação despótica, sugestiva de sentimento ou pretensão idem. Se, tal como suas similares anteriores, levou apenas a mais uma nota insossa dos alvejados, não faz esperar que seja assim em reedições futuras desses incidentes.
Afinal, quem quer viver em democracia tem o dever de repelir toda manifestação de autoritarismo, arbitrariedade e prepotência. É o único dever que o Estado de Direito cobra e dele não abre mão.
FACILITÁRIO
A Câmara avança no projeto de tornar obrigatória a liberação, pelo governo federal, das verbas correspondentes às chamadas "emendas parlamentares". São as verbas destinadas, no Orçamento da União, às finalidades desejadas por cada deputado e cada senador. Na sua origem, as emendas eram um dispositivo de atendimento a necessidades e reivindicações mais conhecidas pelo parlamentar da região do que pelo governo federal.
Eis no que deram: na megaoperação feita anteontem em 12 Estados, pelo Ministério Público, contra a corrupção, em 79 cidades foram reprimidas fraudes e desvios de verbas provenientes, todas, de emendas parlamentares. Se a investigação continuar, chegará a parentes, sócios e laranjas dos parlamentares. Não é por outro motivo que desejam a obrigatoriedade da liberação de suas emendas pelo Tesouro Nacional.
POR UMA VEZ
Parte das tevês e dos jornalistas esportivos valem-se de uma CBF chegada ao "é dando que se recebe", como atestam as longevidades de João Havelange e Ricardo Teixeira, incólumes, na presidência da entidade. Mas, se é para substituir o não menos deplorável José Maria Marin, talvez pudessem concordar, desta vez, com alguma dose de decência no comando do decomposto futebol brasileiro.
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno "Poder" aos domingos, terças e quintas-feiras.

GESTÃO: STF quer aumentar mais cargos comissionados

Da CONJUR

Os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram por unanimidade enviar ao Congresso Federal dois projetos de lei relativos à remuneração de assessores e ao aumento de cargos de funções comissionadas no tribunal. A justificativa apresentada em sessão administrativa na noite desta quarta-feira (10/4) para a elaboração de ambos os projetos foi a dificuldade de se recrutar mão de obra qualificada para o “assessoramento superior”, em cargos como o de chefe de gabinete e de assessores.
Ao defender o aumento da remuneração dos cargos de função comissionada (CJ-3) no STF, o ministro Ricardo Lewandowski chegou a dizer, durante a reunião administrativa desta quarta, que tem perdido assessores em seu gabinete por conta da má remuneração. Os demais ministros também disseram ter dificuldades de encontrar assessores de nível superior por conta da remuneração. 
Atualmente, o salário para cargos de CJ-3 no Supremo Tribunal Federal é de R$ 10.352,52. O projeto de lei que deve ser enviado pelo Supremo à Câmara dos Deputados aumenta o ganho mensal para R$ 12.940. “Com essa remuneração não se consegue recrutar profissionais com nível de direção e assessoramento superiores”, disse o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa.
De acordo com o presidente do STF, o aumento acompanha o percentual de reajuste dado aos cargos comissionados (DAS) no Executivo. “Verificamos que, considerando o quadro do Judiciário, está difícil arregimentar assessoramento superior. A proposta é módica”, disse o ministro Marco Aurélio, ao reiterar os argumentos do ministro Joaquim Barbosa.
O outro projeto de lei prevê a criação de outras 33 funções comissionadas para o STF. Desta forma, cada gabinete passaria a ter três novas CJ-3, além dos seis atualmente em atividade. Se aprovada, a inciativa equiparará o número de cargos comissionados nos gabinetes de ministros do Supremo Tribunal Federal aos dos ministros do Superior Tribunal de Justiça, que já contam com nove funções de assessoramento de nível superior.
Rafael Baliardo é repórter da revista Consultor Jurídico em Brasília.

DIREITO: Receita pode quebrar sigilo bancário sem ordem judicial

Da CONJUR

A Justiça Federal de São Paulo decidiu que não há violação de informação sigilosa se os dados são transferidos entre entidades obrigadas a manter esse sigilo. O entendimento é do juiz Dasser Lettiére Júnior, da 2ª Vara Federal de São José do Rio Preto (SP), que negou pedido de uma empresa de confecção que tentava impedir a Receita Federal de ter acesso a seus documentos e informações bancárias.
Na sentença, o juiz discutiu a constitucionalidade da Lei Complementar 105/2001, que regulamenta o trato de informações bancárias sigilosas. Ele afirmou que o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal determina a inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. Já o inciso XII do mesmo artigo estabelece a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo por ordem judicial.
O juiz Dassler Lettiére descartou as duas possibilidades de violação ao artigo 5º, porque a lei complementar não fala em interceptações, apenas em dados bancários sigilosos. Quanto à violação ao inciso X, disse: “Não vislumbro a inconstitucionalidade da Lei Complementar 105 por violação aos direitos da privacidade previstos no artigo 5º, inciso X da Constituição Federal, vez que mantida pelo legislador a sigilosidade dos dados obtidos e, portanto, respeitada a manutenção da privacidade do indivíduo”.
Em outras palavras, ele entendeu que a lei obriga tanto o banco quanto a Receita a manter o sigilo dessas informações dos cidadãos. Ou seja: “Basta não interceptar comunicações (inciso XII) e manter o sigilo das informações obtidas, para não violar os direitos inerentes à dignidade da pessoa (inciso X). Isso a Lei Complementar 105 faz”, anotou o juiz.
Ao negar o pedido, o juiz federal afirmou que o contribuinte não pode se negar a fornecer as informações de movimentação bancária ao fisco, se há a obrigação legal de as instituições manterem o sigilo desses dados. “Não há direito líquido e certo do cidadão em obter proteção do Poder Judiciário para escondê-la.”
Com a divergência
Com a negativa da transferência das informações entre bancos e Receita, o juiz federal contrariou o que já decidiu o Supremo Tribunal Federal. No julgamento de um Recurso Extraordinário em 2010, o STF definiu, por cinco votos a quatro, que o sigilo de informações bancárias só pode ser violado mediante ordem judicial, e apenas para fins de investigação criminal ou instrução processual criminal. Nunca por meio de ato administrativo da Receita Federal.
O autor do voto vencedor foi o relator, o ministro Marco Aurélio. Ele afirmou que o repasse dos dados pelo banco à Receita, sem ordem judicial, viola o inciso XII do artigo 5º da Constituição. O mesmo dispositivo que o juiz Dassler Lettiére afirmou não ser afrontado pela Lei Complementar 105, autorizando o repasse das informações ao fisco.
Em seu voto, o ministro Marco Aurélio afirmou que “a inviabilidade de se estender essa exceção resguarda o cidadão de atos extravagantes do Poder Público, atos que possam violar a dignidade do cidadão”. Foi acompanhado pelos ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski.
No entanto, houve quatro votos na discussão do Supremo que entenderam o mesmo que o juiz federal Dassler Lettiére. A divergência foi aberta pelo ministro Dias Toffoli. E o que ele disse foi justamete que não há violação se a transferência de informações foi feita entre entidades que estão obrigadas a manter sigilo.
Toffoli citou o parágrafo 1 do artigo 145 da Constituição, que diz que, “sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”.
E concluiu, a partir dele, que o contribuinte tem a obrigação legal de fazer a declaração de seus bens ao fisco. Foi acompanhado pelos ministros Ayres Britto, Cármen Lúcia e Ellen Gracie. 
Com informações da Assessoria de Imprensa da Justiça Federal de São Paulo.

DIREITO: OAB publica provimento com novas regras de formação de lista sêxtupla

Do MIGALHAS

O Conselho Federal da OAB publicou no DOU desta quarta-feira, 10, o provimento 153/13, que acrescenta o parágrafo 11 ao artigo 8º do provimento 102/04, que trata da indicação de advogados para integrar os tribunais judiciários e administrativos, em decorrência do mecanismo constitucional do Quinto Constitucional da advocacia.
O novo dispositivo impede conselheiros Federais, conselheiros estaduais e membros honorários vitalícios da OAB de votar nas sessões públicas destinadas à arguição de advogados, votação e elaboração de listas sêxtuplas para os tribunais, quando possuírem relação de parentesco ou de sociedade com os candidatos inscritos.
A mudança foi aprovada na última sessão plenária do Conselho Federal, realizada nessa segunda-feira, 8, em Brasília.
Veja o provimento abaixo.
___________
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
CONSELHO FEDERAL
CONSELHO PLENO
PROVIMENTO Nº- 153, DE 8 DE ABRIL DE 2013
Acrescenta o § 11 ao art. 8º do Provimento n. 102/2004-CFOAB, que "Dispõe sobre a
indicação, em lista sêxtupla, de advogados que devam integrar os Tribunais Judiciários
e Administrativos".
O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 54, V, da Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994 - Estatuto da Advocacia e da OAB, e considerando o decidido nos autos da Proposição n. 49.0000.2013.002055-7/COP, resolve:
Art. 1º O art. 8º do Provimento n. 102/2004-CFOAB, que "Dispõe sobre a indicação, em lista sêxtupla, de advogados que devam integrar os Tribunais Judiciários e Administrativos", passa a vigorar acrescido do § 11, com a seguinte redação: "Art. 8º... § 11. Estão impedidos de tomar parte do julgamento dos recursos e impugnações, assim como da arguição e votação no processo de escolha dos candidatos, os membros de órgãos da OAB e Institutos dos Advogados, que tenham direito a voz e/ou voto, que sejam cônjuges, companheiros ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de candidato inscrito, ou integrantes de sociedade de advocacia a que esse pertença, como sócios ou associados."
Art. 2º Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
MARCUS VINICIUS FURTADO COÊLHO
Presidente do Conselho
FRANCISCO EDUARDO TORRES ESGAIB
Relator
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| 2010 |