quinta-feira, 22 de setembro de 2016

LAVA-JATO: Presidente do PT diz que prisão é 'desumanidade' para desgastar partido

FOLHA.COM
MARINA DIAS, DE BRASÍLIA

O presidente do PT, Rui Falcão, disse que a prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega nesta quinta-feira (22) em nova fase da Lava Jato é mais uma tentativa de desgastar a imagem do partido às vésperas da eleição. "Foi uma desumanidade inaceitável. A operação não deveria chamar Arquivo X, mas sim Operação Boca de Urna", afirmou Falcão à Folha.
Ele se disse "revoltado" com as circunstâncias em que Mantega foi preso e afirmou que o "estilo de arbitrariedade e violação de direito" da força-tarefa da Lava Jato é "insuportável". Quando foi detido na manhã desta quinta, o ex-ministro estava acompanhando a mulher, que está doente, em uma cirurgia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
"Não é possível que as pessoas suportem esse tipo de violência. Ele é ex-ministro, tem endereço fixo, já foi feita uma busca e apreensão na casa dele e ele não fugiu", afirmou Falcão. "Apurem o que quiserem, mas isso não é aceitável. A maneira como é feita [a prisão] é midiática, faz parte do espetáculo", completou o presidente petista.
A prisão decretada ao ex-ministro foi do tipo temporária, com duração de cinco dias, prorrogável por igual período caso comprovada sua necessidade. Para ex-colegas de Esplanada de Mantega, a ação foi "teatral" pois a prisão temporária tem o objetivo de evitar que o investigado converse com outras pessoas ou destrua provas, por exemplo, o que, segundo eles, não era o caso do ex-ministro.
Mantega é investigado por supostos desvios, em 2012, na construção das plataformas P-67 e P-70, da Petrobras, para a exploração do pré-sal. A PF tem indícios de que o ex-ministro atuou diretamente junto à direção de empresas como Mendes Júnior e OSX, do empresário Eike Batista, para negociar repasse de recursos ao PT a fim de pagar dívidas de campanha.
Dirigentes petistas, porém, se dizem surpresos com o motivo da prisão do ex-ministro, conhecido por atuar na arrecadação de campanhas eleitorais em razão do seu trânsito com empresários. Para eles, uma coisa é pedir dinheiro para campanha, "que é lícito", outra é participar desse tipo de esquema.
As ligações de Mantega com supostas irregularidades em campanhas eleitorais, no entanto, já haviam aparecido. Em maio, a Folha revelou que o empresário Marcelo Odebrecht relatou a procuradores, em roteiro para negociar sua delação premiada, que o ex-ministro e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho eram os responsáveis por cobrar doações para a campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014.
A mulher do publicitário João Santana, Mônica Moura, também havia dito a procuradores, em tentativa de negociar delação, que Mantega foi responsável por intermediar pagamento de caixa 2 para a campanha de Dilma em 2014.
POLÍCIA
Em nota e durante entrevista coletiva na manhã desta quinta, a PF negou que tenha havido ação policial dentro do hospital. Afirmou que os policiais foram à residência do ex-ministro para os cumprimentos das ordens judiciais e que somente lá foram informados de que Mantega estava na unidade de saúde.
"Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram feito contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício", disse a PF, em nota. "De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca", completa.
Do apartamento, Mantega foi levado à sede da PF.
O delegado Igor Mário de Paula reiterou que não houve a entrada de policiais na unidade de saúde. O procurador Carlos Fernando Lima, da força-tarefa da Lava Jato, afirmou que a ação ocorreu com o "máximo de cuidado que a situação exigia". "Infelizmente, quando uma operação é deflagrada, não é possível voltar atrás."
Colaborou BELA MEGALE, de Brasília

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