quarta-feira, 21 de setembro de 2016

ECONOMIA: Com juro estável nos EUA, dólar fecha em queda de 1,53%

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO / JULIANA GARÇON

Moeda encerrou negócios a R$ 3,211; Bolsa tem alta de 1,13%

- Akos Stiller / Bloomberg

SÃO PAULO E RIO - O dólar comercial intensificou a queda após a decisão do Federal Reserve (Fed, o bc americano) em manter inalterada as taxas de juros nos Estados Unidos, apesar da sinalização de uma alta no curto prazo. A moeda americana encerrou o pregão cotada a R$ 3,211, recuo de 1,53% ante o real. Minutos antes do comunicado do Fed, divulgado às 15h, a divisa tinha queda em torno de 0,70%. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou os negócios com alta de 1,13%, aos 58.393 pontos, impulsionada pela visão menos negativa em relação à política monetária americana.
O comunicado do Fed mostrou que a decisão não foi unânime - três integrantes votaram pela alta de sete pela manutenção. No entanto, a mediana para o juro no ano que vem está menor - passou de 1,6% para 1,1%. Ou seja, os juros vão subir, mas em um ritmo ainda mais gradual que o esperado, por isso os ativos de maior risco, como moedas e ações, se beneficiaram da decisão. Atualmente, a taxa nos EUA varia entre 0,25% e 0,50% ao ano. “O comitê julga que o argumento para uma elevação nas taxas de juros foi reforçado, mas decidiu, por enquanto, esperar por mais evidências de um progresso em direção aos seus objetivos”, diz o comunicado.
Em entrevista coletiva após a decisão, a presidente da instituição, Janet Yellen, afirmou que espera um maior equilíbrio das taxas de desemprego mas, ao mesmo tempo, uma entrada de mais pessoas no mercado de trabalho, dado que a economia está mais aquecida. Ressaltou, ainda, os sinais de recuperação da economia americana.
— O crescimento econômico tem um pequeno espaço para se acelerar do que nós pensávamos. Não temos intenção de sobreaquecer economia e extrapolar meta de inflação — afirmou. A meta do Fed é de uma inflação de 2%, que deve ser atingida entre dois e três anos.
Na avaliação de Luiz Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, essa queda do dólar está relacionada ao alívio da manutenção dos juros, mas a volatilidade deve continuar nas próximas semanas, já que há uma maior probabilidade de um aumento das taxas na reunião de dezembro do Fed.
— Essa foi uma reação de alívio, mas aumentou a chace de uma elevação até o final do ano. O preço dos ativos (moedas e ações) estão refletindo o alívio dessa decisão, e não ao aumento da probabilidade para dezembro. O que é certo dizer é que a volatilidade vai continuar elevada — disse, lembrando que fatores geopolíticos, como eleições americanas, também terão peso maior daqui para frente.
Na reunião anterior, houve apenas um voto favorável a uma alta. Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, a expectativa é de um Fed mais gradualista.
— O Fed está mais confortável para subir os juros, mas o movimento tende a ser mais gradual do que esperávamos. Co misso, os ativos de emergentes acabam se valorizando — afirmou. O benefício para os emergentes ocorre porque os investidores buscam aplicações de retorno mais elevado. No Brasil, a Selic está em 14,25% ao ano.
O “dollar index”, que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de dez moedas, registrava queda de 0,49% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil. Esse recuo é maior do que o registrado momentos antes da decisão do Fed.
ESTÍMULOS NO JAPÃO
Contribuiu para a queda do dólar na parte da manhã a decisão do Banco do Japão de manter os estímulos monetários. O BoJ manterá o volume de comprar ao redor de 80 trilhões de ienes (US$ 780 bilhões) anuais no longo prazo. Além disso, a instituição sinalizou que pode deixar as taxas ainda mais negativas do que o patamar atual (0,1%). Após as medidas, os juros de dez anos do governo japonês — que se movem inversamente aos preços — ficaram positivos pela primeira vez desde março. Em janeiro, ao tornar as taxas negativas, o BC japonês obteve um efeito indesejado: as ações dos bancos caíram, o iene se fortaleceu e o sentimento das famílias se deteriorou.
“O BoJ não abriu mão de seu compromisso de manter a flexibilização da política monetária e o seu comunicado enfatiza a importância do ímpeto na mudança da “mentalidade de inflação” no Japão”, disse ao “Financial Times” Derek Halpenny, analista do Banco de Tóquio-Mitsubishi. “Então os participantes do mercado estão propensos a concluir que mais estímulos devem vir nas próximas reuniões sobre política econômica.” Para Todd Elmer, analista do City, o BoJ “está se permitindo maior liberdade para moldar a curva de juros”.
Internamente, o BC vendeu esta manhã todo o lote de cinco mil contratos de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares.
BOLSA SE RECUPERA
A alta da Bolsa nessa etapa final do pregão foi sustentada pelas empresas de maior peso no índice. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras subiram 1,18% e as ordinárias (ONs, com direito a voto) registraram valorização de 1,92%, seguindo o desempenho do petróleo no mercado internacional - o barril do tipo Brent tinha alta de 2,62%, a US$ 47,08%.
No caso da Vale, as PNs registraram valorização de 6,33% e as ONs avançaram 5,68%. Já a maior alta foi registrada pelos papéis da Usiminas, que tiveram alta de 7,35% no pregão. O setor bancário, de maior peso na composição do Ibovespa, também avançaram. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco tiveram alta de, respectivamente, 0,96% e 1,96%. Já no caso do Banco do Brasil, a alta foi de 3,22%.
Entre as quedas, os destaques foram registrados por Suzano e Fibria. Como empresas exportadoras, essas ações perdem a força com a desvalorização do dólar. Os recuos foram de, respectivamente, 3,62% e 3,31%.
Em Nova York, o Dow Jones teve ganho de 0,90% e o S&P 500 avançou 1,09%, ambos refletindo a manutenção dos juros pelo Fed. Na Europa, o FTSE 100, em Londres, fechou com leve alta de 0,06%. O CAC 40 da França fechou com valorização de 0,48% e o DAX alemão subiu 0,41%.
No Japão, o índice Nikkei fechou em alta de 1,91%, indicando que o mercado aprovou o pacote de estímulos do BoJ. Na Austrália, o índice ASX200 valorizou 0,68%. Na China, o índice Shangai Composite subiu 0,10%.

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