quinta-feira, 22 de setembro de 2016

LAVA-JATO: Força-tarefa confirma repasse de US$ 2,3 milhões de Eike a pedido de Mantega e vê atuação de Dirceu

OGLOBO.COM.BR
POR KATNA BARAN, ESPECIAL PARA O GLOBO

Empresário da OSX falou na condição de testemunha, e não de colaborador, segundo a força-tarefa da Lava-Jato

Lava Jato: Policia Federal chega ao prédio de empresa de Eike Batista para cumprir mandado - Custódio Coimbra / Agência O Globo

CURITIBA - O empresário Eike Batista, responsável por um dos depoimentos que levou o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega à prisão temporária na 34ª fase da Lava-Jato, procurou espontaneamente a força-tarefa, segundo os procuradores do Ministério Público Federal. Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o empresário, na condição de testemunha, poderia ter permanecido calado. O depoimento de Eike aconteceu em junho deste ano. O MPF chegou a pedir a prisão preventiva de Mantega - sem prazo definido, o que foi negado pelo juiz Sergio Moro, que autorizou somente a temporária, com prazo de duração de cinco dias. Segundo os procuradores, uma das empresas de Eike repassou US$ 2,3 milhões de dólares a uma conta no exterior, a pedido de Mantega.
Carlos Fernando afirma também haver "inúmeros fatos e denúncias" envolvendo o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado André Vargas (sem partido). Eles estão inseridos em "diversos fatos" que envolviam financiar o partido.
- Nós vamos aprofundar as investigações - disse
Antes, ele explicou como se deu a participação de Eike na operação de hoje
— O que podemos dizer sobre Eike Batista é que ele compareceu espontaneamente noa força-tarefa, e prestou depoimento onde narrou os fatos e apresentou provas. Ele é ouvido como testemunha, não é colaborador, então ele estava no direito constitucional de permanecer em silêncio ou oferecer as informações que desejassem.
Operação Arquivo X da Policia Federal prende o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega - Edilson Dantas / O Globo

Na coletiva, o procurador Carlos Fernando explicou que a ação desta quinta-feira seguiu três vertentes. A primeira refere-se a indícios de que cerca de R$ 7 milhões foram transferidos entre fevereiro e dezembro de 2013 pela empreiteira Mendes Junior para João Henriques, considerado operador financeiro ligado ao PMDB e à diretoria Internacional da Petrobras. A segunda vertente, segundo o MP, refere-se à simulação de contratos falsos em valores de R$ 6 milhoes de empresas ligadas ao ex-ministro José Dirceu.
Por fim, o MP considerou o depoimento de Eike como uma das provas que serviram para a deflagração da operação.
— Essa circunstância envolvendo Guido Mantega se soma ao esquema de corrupção instalado no governo federal desde 2003, 2004 — afirmou Carlos Fernando.
CONTRATOS DE PLATAFORMAS
Segundo a PF, na Arquivo X são investigados fatos relacionados à contratação pela Petrobras de empresas para a construção de 2 plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s (Floating Storage Offloanding).
“Utilizando-se de expedientes já revelados no bojo da Operação Lava-Jato, fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal, empresas se associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas muito embora não possuíssem experiência, estrutura ou preparo para tanto”, disse nota da PF.
Durante as investigações verificou-se ainda que, no ano de 2012, “um ex-ministro da Fazenda” (Mantega) teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político da situação. Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Nos casos dos investigados para os quais foram expedidos mandados de condução coercitiva, estes estão sendo levados às sedes da Polícia Federal nas respectivas cidades onde foram localizados a fim de prestarem os esclarecimentos necessários. Os investigados serão liberados após serem ouvidos no interesse da apuração em curso.
Quanto aos investigados com prisão cautelar decretada, tão logo sejam localizados eles serão trazidos à sede da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição das autoridades responsáveis pela investigação.

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