quinta-feira, 10 de maio de 2012

POLÍTICA: Perillo teria relação próxima com Cachoeira, diz delegado à CPI


De OGLOBO.COM.BR

Delegado aponta que setores do governo Agnelo teriam ligações com o bicheiro
BRASÍLIA  -  O  delegado  da  Polícia  Federal  Matheus  Mela  Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, apontou indícios de envolvimento do  governador de Goiás, Marconi Perillo, com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), durante depoimento nesta quinta-feira à CPI do Cachoeira, o delegado mencionou pelo menos   quatro   situações   que   caracterizariam   a   proximidade   do   governador   com  o contraventor. Das  conversas  gravadas  com  autorização  judicial,  a  polícia  registrou  dois telefonemas do governador para o bicheiro e dois encontros.
Ao longo da operação, a Polícia Federal acumulou 250 mil horas de conversas interceptadas do bicheiro Carlinhos Cachoeira e integrantes da organização liderada por ele, disse o delegado. Ele afirmou que na Operação Monte Carlo foram feitas citações de 81 autoridades e que existem 3.753 gravações que tratam e envolvem políticos, como Demóstenes Torres (sem partido-GO).
- Há relações (da organização de Cachoeira) nos governos de Goiás e do Distrito Federal, mas mais intensamente no governo de Goiás. Há necessidade de o governador (Marconi Perillo) vir à CPI. O nome de Perillo é citado 270 vezes nas conversas de Cachoeira e outros integrantes da organização - afirmou Randolfe.
Randolfe defendeu também a convocação de Agnelo Queiroz. Como aconteceu na terça-feira com o delegado Raul Alexandre Marques Souza, responsável pela Operação Vegas, o depoimento do delegado Matheus Rodrigues ocorre a portas fechadas. A imprensa não tem acesso ao local.
O deputado deputado Silvio Costa (PTB-PE) discordou da versão de Randolfe sobre o relato do delegado. Eles bateram boca, e deputado chegou a dizer que o senador estava precisando de “remédio no ouvido”.
- O delegado disse que Demóstenes estava com Marconi, passou o telefone para o governador e disse que era aniversário de Cachoeira. E Marconi deu parabéns - disse o deputado, ao que Randolfe retrucou, dizendo que não era isso que teria ouvido.
- Quando isso tudo sair amanhã Vossa Excelência vai posar de ético na opinião pública e eu vou posar mal. Só que eu estou posando com responsabilidade - disse SIlvio Costa.
Delegado afirma que Delta fez pagamentos a Cachoeira
Delta também deve ser ouvida, defende Randolfe. Ele afirma que deve ocorrer a convocação urgente do ex-presidente da construtora, Fernando Cavendish, e outros dirigentes da empresa. O senador ficou surpreso com o grau de envolvimento da Delta com a organização de Cachoeira. Pelas informações do delegado, a empresa de Cavendish fez vários depósitos para três empresas de Cachoeira em nome de laranjas: JR, Brava e Alberto Pantoja. A polícia suspeita que a movimentação fazia parte do processo de lavagem do dinheiro da contravenção.
Pelas anotações do senador Randolfe, a polícia interceptou 250.959 ligações ao longo da operação Monte Carlo, iniciada no final de 2010. O delegado coordenador da investigação considerou que 16 mil delas são importantes. São diálogos relacionados à exploração ilegal de jogos e à corrupção. A partir das conversas, o delegado preparou um relatório de 300 páginas sobre encontros "fortuitos", conversas captadas casualmente entre Cachoeira e outros integrantes da organização com políticos que, por prerrogativa de foro, não podem ser investigados pela Polícia Federal sem autorização prévia do Supremo Tribunal Federal (STF).
O delegado revelou também que 30 máquinas caça-níqueis proporcionavam faturamento de R$ 1 milhão por mês a Cachoeira.
A previsão do relator é que o depoimento do delegado demore mais de sete horas. Depois dele, ainda falarão os procuradores da República Daniel de Resende Salgado e Léa Batista de Oliveira, responsáveis pela investigação da operação.
A reunião começou às 10h35 com 26 parlamentares inscritos para inquirir o delegado e os procuradores. A previsão é de que cada depoente faça uma exposição inicial com duração de 20 minutos, seguindo-se as perguntas dos parlamentares. Cada um deles poderá demorar até 25 minutos na formulação de questões. A expectativa dos deputados é que seja uma sessão longa
- Oito horas, na melhor das hipóteses - estimou o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI.
O acesso à reunião será restrito aos parlamentares integrantes da CPI. O objetivo é evitar o vazamento de informações contidas no inquérito sigiloso que está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento de Carlinhos Cachoeira foi agendado para o dia 15.
Matheus Mela Rodriges e o delegado responsável pela Operação Vegas, Raul Alexandre Marques de Souza, deverão conferir nesta quinta-feira no Senado se os volumes relativos às investigações remetidos pela Justiça incluem tudo o que foi produzido pela Polícia Federal. Em seu depoimento na terça-feira, Raul Alexandre disse que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) era braço político da organização de Cachoeira.
A fala do delegado à CPI complicou a situação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O procurador recebeu o relatório da Vegas em 15 de setembro de 2009 e nada fez. Gurgel só pediu abertura de inquérito contra Demóstenes no STF em 27 de março deste ano, cinco dias depois de O GLOBO revelar o conteúdo das ligações entre o senador e Cachoeira. Gurgel reagiu às críticas sobre sua atuação no caso Cachoeira.
Deputado reclama do formato dos documentos entregues à CPI
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrante da CPI que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, reclamou do formato dos arquivos que compõem a investigação da operação Monte Carlo, realizada pela Polícia Federal. Segundo o deputado, os arquivos enviados pela Justiça Federal de Goiás estão em formato de imagem, e não de texto, inviabilizando a investigação. Sampaio disse que vai pedir verbalmente ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para que ele requisite à Polícia Federal os arquivos em formato de texto.
- Foram enviados para cá documentos com imagem e não com texto. Portanto nós não podemos fazer a busca por uma pesquisa específica. Tudo que formos fazer temos que consultar página por página. Isso é impossível e inviabiliza a investigação.
Na manhã desta quinta, os dois delegados da PF que devem depor à CPI estiveram na sala-cofre onde estão guardados sob sigilo os documentos das duas investigações, checando se todo o material já estava disponível aos membros da CPI.
Alguns parlamentares, como o próprio Sampaio, vem reclamando que não estão conseguindo encontrar o material da Operação Vegas, realizada pela PF em 2009.
- Os delegados estão certificando, olhando as máquinas, vendo o armazenamento das imagens, as informações, os textos, os inquéritos. Estão tomando conhecimento cada um das suas operações - disse o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo.
- Eles vão falar hoje, dar uma resposta à presidência da CPI - acrescentou.
Veja também

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |