segunda-feira, 7 de maio de 2012

ECONOMIA: Bolsas na Europa revertem perdas e Ibovespa segue tendência


De O Globo

Com agências internacionais

Dólar opera em estabilidade e estava sendo negociado a R$ 1,92



Eleição na França e na Grécia coloca cortes de gastos em risco: Angela Merkel, chanceler da Alemanha, descarta renegociação de acordo fiscal com franceses e gregos
Foto: FABRIZIO BENSCH / REUTERS
Eleição na França e na Grécia coloca cortes de gastos em risco: Angela Merkel, chanceler da Alemanha, descarta renegociação de acordo fiscal com franceses e gregos FABRIZIO BENSCH / REUTERS
SÃO PAULO e RIO — Os principais mercados europeus venceram o nervosismo inicial desta segunda-feira após os resultados das eleições presidenciais na França e parlamentares na Grécia e passaram a operar em alta. O Ibovespa, entretanto, também seguiu este movimento e depois de ter operado em queda durante toda a manhã, por volta de 12h25m subia 0,11% aos 60.890 pontos. No mercado doméstico, o dólar comercial começou o dia em alta, mas por volta de 12h22m, a moeda americana operava em estabilidade cotado a R$ 1,9260 na venda e R$ 1,9240 na compra.
Na Bovespa, as ações com maior peso se desvalorizam, com exceção de OGX. Vale PNA tem queda de 0,51% a R$ 40,23; Petrobras PN perde 0,39% a R$ 20,41; OGX Petróleo ON ganha 3,09% a R$ 13,99; Itaú Unibanco se desvaloriza a 0,59% a R$ 28,63 e PDG Realty cai 0,39% a R$ 5,08.
O Ibex, principal índice da Bolsa de Madri, sobe 1,49%; o Cac, da Bolsa de Paris, se valoriza 0,97% e o Dax, da Bolsa de Frankfurt, reverteu as fortes perdas da manhã e operava com leve baixa de 0,21% há pouco. Perto das 12h, na bolsa de Atenas, o índice ASE tinha queda de 6,67% e o PSI de Portugal tinha desvalorização de 0,48%. O índice Euro STOXX 50 de blue chips da zona do euro, apresentava alta de 0,93%, mas chegou a cair até 1,9% - chegando ao nível mais baixo desde o final de dezembro de 2011.
Os mercados americanos abriram em baixa. Há pouco, o Dow Jones perdia 0,22%; o Nasdaq operava em alta de 0,16% e o SP&500 operava com leve queda de 0,01%.
A eleição do socialista François Hollande, na França, que sucederá a Nicolas Sarkozy, um dos fiadores do pacto de austeridade dos países da zona do euro ao lado da chanceler Angela Merkel, repercutiu nos principais pregões do mundo. Isso porque durante sua campanha, Hollande prometeu aliviar os cortes de gastos para fazer a economia da França voltar a crescer. Merkel defende que os membros da zona do euro devem manter os cortes e promover crescimento através de reformas estruturais. Nesta segunda—feira, Merkel já sinalizou que o pacto fiscal para reduzir o endividamento público — firmado entre 25 países dos 27 Estados da União Europeia — não será renegociado.
Na Grécia, houve eleições parlamentares neste fim de semana e o resultado também ameaça o cumprimento das medidas do pacto fiscal e os cortes de gastos no país. Isso porque partidos contrários à União Europeia e às medidas de austeridade ficaram mais representativos no Parlamento do que os defensores do pacto europeu. Com um parlamento dividido, ficou mais difícil a formação de um governo de coalizão. Neste cenário, a saída da Grécia dos países que usam a moeda única volta ao centro das discussões. A possibilidade de o país não receber o restante dos recursos do pacote de ajuda também entra na pauta.
Na Ásia, os mercados asiáticos terminaram o pregão de segunda-feira em baixa. O Nikkei 225, da Bolsa de Tóquio, recuou 2,78%. O índice Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, caiu 2,61%. Na China, o índice Shangai recuou 0,28% e Taiwan perdeu 2,11%.
Segundo analistas, o resultado da eleição na França e na Grécia mostra que a população tem uma posição contrária às medidas de austeridade adotadas até agora pelos atuais governos.
— Há um movimento de desgaste dos atuais governos e as escolhas têm sido feitas não baseadas em crenças ou direções políticas, como direita e esquerda, mas na expectativa real de mudança — avalia Jason Vieira, estrategista da corretora Cruzeiro do Sul.
Para Vieira, a eleição de Hollande na França traz uma preocupação renovada à zona do euro, pois o novo presidente fala em estímulo à economia, ao contrário do que vinha sendo pregado até agora, principalmente pela Alemanha. A posição de Hollande reforça o temor de que outros países sigam a mesma linha, abandonando os cortes de gastos públicos exigidos para pacotes de resgate pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia — como no caso da Grécia.
Vieira avalia que o caso grego é mais complicado.
- A perda da maioria da coalizão de esquerda-direita eleva o temor de que o país possa necessitar de novos pacotes de ajuda, ou mesmo que as necessidades de contenção atuais não sejam cumpridas - diz o estrategista.
Agora, a reação de investidores dependerá dos rumos da nova aliança entre Merkel e Hollande.
- Agora, teremos a dupla “Merlande”, que aparentemente soa pior do que a anterior - ironiza a economista Monica Baumgarten de Bolle, professora da PUC-Rio e sócia da consultoria Galanto.
Com aliança desfeita, aumenta o risco político.
Felipe Casotti, gestor de renda variável da Máxima Asset Management, vê o resultado das eleições de domingo como um aumento do risco político na crise europeia. Portanto, os mercados não deverão reagir bem esta semana.
- Uma aliança importante foi desfeita - afirma Casotti, referindo-se a Merkel e Sarkozy.
Monica de Bolle aposta numa reação “limitada” nos mercados. Isso porque a eleição de Hollande já era esperada e, na avaliação da economista, não haverá espaço para o novo governo alterar decisivamente a condução da crise.
No domingo, Hollande declarou no discurso da vitória que a “a austeridade não pode mais ser uma fatalidade”. Para o professor Luiz Carlos Prado, do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, com o novo governo francês, a política de austeridade defendida pela Alemanha terá que mudar. As altas taxas de desemprego e as diversas trocas de governo na Europa desde o agravamento da crise - com destaque para Itália, Grécia, Espanha e, agora, a França - mostram que o corte de gastos públicos a todo o custo não se sustenta.
No entanto, na avaliação de Monica, da Galanto, uma flexibilização na austeridade ocorreria de qualquer forma. A forma como os cortes de gastos públicos estão sendo feitos, rápido demais, é insustentável. Por isso, até mesmo a chanceler Merkel e o presidente do BCE, Mario Draghi, já começaram a falar em apoio ao crescimento.

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