quinta-feira, 27 de abril de 2017

SEGURANÇA: Ladrões usaram barco em travessia ao Brasil após megarroubo no Paraguai

FOLHA.COM
LEANDRO MACHADO
EDUARDO ANIZELLI
ENVIADOS ESPECIAIS A FOZ DO IGUAÇU

Eduardo Anizelli/Folhapress 
Vista do Brasil a partir da ponte da Amizade, na divisa com Paraguai; bandidos atravessaram o rio Paraná para fugir

O rio pode não ser o caminho mais curto, mas vem sendo considerado por criminosos como o mais seguro para passar do Paraguai para o Brasil sem levantar suspeitas, carregando dinheiro, drogas, armas ou cigarros falsificados.
Foi pelo rio Paraná que fugiram os responsáveis pelo roubo milionário de uma empresa de valores em Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil. Usaram dois barcos para atravessar as águas que dividem os dois países.
O roubo é considerado por autoridades do Paraguai como o maior da história do país. Segundo a polícia local, foram levados US$ 40 milhões (cerca de R$ 120 milhões). A transportadora Prosegur chegou a divulgar um valor menor em outros países (US$ 8 milhões), mas, segundo a assessoria da empresa no Brasil, houve um erro, e a informação não está confirmada.
A suspeita é que o megarroubo tenha sido praticado por membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Até esta quarta (26), 15 suspeitos haviam sido presos –todos brasileiros. Cinco deles, no entanto, foram soltos. Para a Justiça, não há provas da participação desses detidos no assalto.
Os responsáveis pela investigação afirmaram que alguns dos presos na operação foram detidos por falta de documentos ou documentos falsos, mas não necessariamente têm relação com o roubo.
A ação foi cinematográfica e bem planejada, de acordo com a polícia. Um mês antes, os criminosos alugaram um sobrado na rua Manday, bairro San José, a dois quilômetros da empresa de valores.
No final da noite de domingo (23), queimaram carros e caminhões para impedir que policiais se aproximassem da sede da companhia.
Seis bombas explodiram as paredes blindadas, além de tiros de fuzis disparados da rua e do telhado de uma casa. Os homens usavam armamentos que as polícias brasileira e paraguaia não dispõem, como metralhara.50, capaz de derrubar aeronaves.
Na empresa, apenas três funcionários faziam a segurança. Um policial que estava na rua foi assassinado.
Eduardo Anizelli/Folhapress

BARCOS
Depois de pegar o dinheiro, os homens fugiram em carros pela Supercarretera, rodovia que corta Ciudad del Este e passa próximo da usina de Itaipu. Em seguida, na margem do rio, numa área conhecida como Lago Itaipu, os criminosos pegaram dois barcos em direção ao Brasil.
Para policiais federais ouvidos pela Folha, os bandidos preferiram usar o rio Paraná porque essa é uma rota com menos fiscalização do que a tradicional travessia pela ponte da Amizade. É pelo rio que contrabandistas e traficantes de drogas têm entrado com mercadoria no país.
Em linha reta, o rio Paraná tem 140 km. No entanto, o rio não é regular: há reentrâncias que aumentam a margem em mais de mil quilômetros.
A opção de travessia pela ponte da Amizade seria o caminho mais próximo após o megarroubo, por estar a cerca de quatro quilômetros da empresa Prosegur. No entanto, o local é mais bem policiado, com postos da PF e da Polícia Rodoviária Federal.
Para o secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, a atuação das polícias do Paraguai e do Brasil nos últimos anos fez com que a ponte não fosse mais rota de grandes contrabandistas. "Há dez anos, isso aqui era inferno", disse, em entrevista na terça (25).
Policiais afirmam que atualmente passam pela ponte só pequenos contrabandistas, com poucos produtos escondidos em carros de passeio. Segundo a Folha constatou, no entanto, poucos veículos são parados no local, dos dois lados da fronteira.
Parte dos ladrões que atacaram a Prosegur chegou de barco ao distrito rural de São José do Itavó, na cidade paranaense de Itaipulândia.
No local, depararam-se com policiais. Houve tiroteio e três suspeitos morreram – outros foram detidos. Parte do grupo fugiu para cidades como Santa Helena e Cascavel.
Segundo a PF, já foram recuperados R$ 4,5 milhões do total. Dois barcos foram apreendidos – dentro deles havia fuzis abandonados.
Desde segunda, as polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar, além da PF, fazem operação para tentar prender outros envolvidos no crime.
Segundo Fabiano Bordignon, delegado da PF, os criminosos se espalharam e podem não estar mais armados ou levando o dinheiro, o que dificulta a identificação.
Nesta quarta, a PRF recebeu auxílio de 30 policiais de outros Estados para ajudar nas buscas. A corporação tem parado carros e ônibus que deixam as cidades próximas de Foz do Iguaçu para procurar os assaltantes.

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