sexta-feira, 28 de abril de 2017

POLÍTICA: Governo vai punir infiéis para garantir apoio na reforma da Previdência

FOLHA.COM
MARINA DIAS
GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA

Pedro Ladeira - 15.dez.2016/Folhapress

O presidente Michel Temer usará o placar de aprovação da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados para traçar o que chamou de "mapeamento real" da base aliada antes da votação da nova Previdência.
Segundo a reportagem apurou, desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (27), o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) fazia o levantamento dos chamados infiéis, ou seja, deputados que integram a base de Temer, mas votaram contra a reforma trabalhista, para traçar as possíveis punições.
A ordem no Palácio do Planalto é que esses deputados sejam punidos com a exoneração de indicados por eles a cargos no segundo e terceiro escalão do governo, além da suspensão de emendas a esses parlamentares.
As medidas, de acordo com integrantes do governo, servirão de exemplo para tentar evitar novas defecções na base durante a votação da reforma da Previdência, considerada a principal bandeira de Temer.
Na noite de quarta (26), depois de mais de dez horas de sessão, o plenário da Câmara aprovou o texto base que altera as leis trabalhistas por um placar de 296 a 177 votos.
Para aprovar as mudanças na aposentadoria, porém, são necessários 308 votos, por se tratar de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição).
Cientes do aperto do placar, auxiliares de Temer convocaram uma reunião para o fim da tarde de quinta justamente para tratar da infidelidade da base e das possíveis exonerações.
Líderes partidários, por sua vez, dizem que têm cobrado a liberação de cargos já negociados em troca de apoio à reforma da Previdência e foram ao encontro para se certificar de que a situação seria mesmo resolvida.
Temer reconheceu a aliados que aprovar a nova Previdência diante da pressão popular é uma "missão difícil", mas se mostrou mais otimista com esse mapeamento de votos, que, de acordo com assessores, é menos subjetivo que as tabelas feitas até agora.
ALIADOS
Ao lado do DEM como o partido mais fiel ao governo na votação da reforma trabalhista, o PSDB estuda "fechar questão", conforme o jargão político, em apoio à nova Previdência após votação do texto na comissão especial que discute o tema na Câmara.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do partido, pretende fazer uma rodada de conversas com governadores tucanos na próxima semana para consultá-los sobre a possibilidade de a sigla fechar questão em apoio à proposta, ou seja, determinar que todos os seus parlamentares votem com o governo.
A conta do PSDB é que, no Senado, não há problemas no partido para aprovar as mudanças na aposentadoria entre seus 11 senadores.
Já na Câmara dos Deputados, entre os 47 deputados tucanos, cerca de 15 ainda têm resistência, principalmente por pressão de suas bases eleitorais. A avaliação de caciques da sigla é a de que o fechamento de questão daria certo "conforto" a esses parlamentes, que poderiam justificar o voto como uma determinação da sigla.
O PSB, por sua vez, têm gerado dor de cabeça ao governo. Sétima maior bancada na Câmara, o partido fechou questão contra a reforma trabalhista, mas 14 dos 30 deputados que votaram ignoraram a determinação e foram favoráveis ao projeto.
Nesta quinta-feira, o PSB destituiu quatro deputados que presidem órgãos estaduais da legenda devido ao apoio desses parlamentares à reforma trabalhista.

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