terça-feira, 25 de setembro de 2012

COMENTÁRIO: O DIABO TE COME


Por SAMUEL CELESTINO - BAHIA NOTÍCIAS / A TARDE
Não vejo como uma tentativa de golpe à democracia  para atingir (!!!) um ex-presidente despido de poder a não ser da sua decantada mística que pode começar a desmoronar se o PT, como parece, não tiver os êxitos esperados pelo partido nessas eleições municipais. Não vejo como materializar-se um golpe se o mensalão foi investigado pela Polícia Federal no governo Lula, de igual modo no governo anterior  denunciado pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal, e se oito dos dez ministros que no momento compõem o colegiado foram nomeados na era Luis Inácio da Silva e Dilma Rousseff. O que na verdade existe é uma inusitada pressa para a nomeação do novo ministro que ocupará a vaga de Cesar Peluso, Teori Zavascki, de excelente conceito nos meios jurídicos.
Andam, no entanto a falar que o futuro ministro pode ter seu nome aprovado em tempo recorde a partir da convocação  para aprovar o Código Florestal. Renan Calheiros estaria engendrando engatar no Código Florestal a aprovação do nome do novo ministro aproveitando os senadores presentes. O Senado anda no momento às moscas em razão das eleições, assim como acontece com as casas legislativas do País. Se o fato acontecer Teori quebra um recorde de rapidez,  por haver interesse, para compor o STF com 11º. Ministro.   
Há, de certo modo, uma grande esperança de que a justiça no Brasil mude a partir do julgamento do mensalão. O PT, porém, não quer que haja condenação de quem cometeu crime desviando dinheiro público -o mensalão – se os réus forem integrantes, como são, da sua legenda. Se assim for, o que o partido está se esforçando é para manter prisão apenas para pobres e negros, como se diz ao longo do tempo, e não para bacanas de colarinho branco. O PT não aceita condenação para seu trio de ouro, José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. Os outros políticos integrantes de legendas aliadas, ou aliadas no crime, que se lixem.
Aconteceu na sexta feira da semana que passou a divulgação de um documento, inspirado por Lula, falando em golpe à democracia, com o apoio de partidos aliados, que levou o presidente do PMDB, senador Raup, a assinar, na medida em que o presidente do PT, Rui Falcão, entregou-lhe o documento já com as assinaturas dois demais presidentes de legendas aliadas. Assinou e correu para o vice-presidente, Michel Temer para se explicar, desde que as lideranças maiores do PMDB não gostaram do acontecido. Entenderam que, no mínimo, o documento fosse debatido e analisado, e não imposto. Raup não teve pulso para pedir tempo. Mas assim foi feito e a nota foi liberada, numa tentativa de amedrontar o que não mais se amedronta: um País que passou a ter conhecimento do significado do que seja democracia.
Curioso é que o governo petista silenciou quando o presidente Fernando Lugo, do Paraguai, foi apeado do poder pelo Congresso e, em 24 horas, o Supremo de lá manteve o afastamento. Houve dúvida em relação ao caso, o que não há aqui, mas, mesmo assim, o Itamaraty, por ordem do governo, foi a Assunção, com o ministro chanceler Patriota à frente e de lá voltou sem nada dizer. Há sete anos rola o caso do mensalão. Há dois meses e meio o Supremo Tribunal Federal, com um trabalho belíssimo e extenuante, julga e condena réus, provando que houve desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, além de peculato. Supõe-se, desconfia-se, que o governo projeta um golpe de João Sem Braço enviando para lá um ministro que não conhece o processo, que nunca o leu e pode paralisar o julgamento pedindo vistas a ele.
Este é o assunto que percorre os gabinetes brasilienses e que amedronta a democracia com o golpe que, no caso, seria patrocinado pelo poder, que a legenda acha que é de Lula e sempre foi, mesmo quando perdeu as três eleições. Misturaram, no documento que soltaram, Getúlio Vargas e Jango. Fecho está análise com uma mensagem que recebi de Eduardo Sarno, provavelmente um dos últimos clandestinos brasileiros. Sarno participou da luta armada, conseguiu permanecer vivo e até 1982 ficou em Belém do Pará. No retorno, aqui, resolveu participar da política partidária, ingressou no PT, mas desligou-se da legenda por discordar dos seus métodos. E de Lula. Enviou-me  em e-mail neste domingo, o que pensa sobre o que ocorre. Divulgo um trecho::
“...Você pode, e às vezes deve, se aliar com o diabo para lutar contra o capeta. Mas, ai vai uma avaliação de forças. Se você é fraco e perde junto com o diabo, o capeta te come. Se você é fraco e ganha junto com ele, o diabo te come. Aqui, a esquerda era forte, conseguiu eleger Lula em uma eleição histórica. E ele, de graça, foi lamber o rabo do diabo e do capeta...
Daí porque o PT, da esperança que de início emanava, tornou-se um partido igual aos demais. Ou pior do que eles: farinha do mesmo saco.

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