Da FOLHA.COM
BERNARDO MELLO FRANCO, DE SÃO PAULO
Insatisfeito com a falta de apoio financeiro a seus candidatos a vereador, o
PC do B abriu uma nova crise na campanha de Fernando Haddad (PT) a prefeito de
São Paulo.
O partido diz ser boicotado pela cúpula petista e promete fazer queixa ao
ex-presidente Lula, fiador da aliança. Nos bastidores, seus dirigentes ameaça
até retirar da chapa a vice Nádia Campeão.
Os comunistas acusam o PT de privilegiar seus próprios candidatos e atrasar
os repasses prometidos em junho, quando a coligação entre as siglas foi
formalizada.
Os dois partidos fazem mistério sobre os valores envolvidos na negociação. A
coordenação da campanha de Haddad reconhece o problema, mas diz que o dinheiro
será liberado em breve.
"Estão subestimando o nosso papel. A gente quer ajudar o Haddad, mas também
precisa ser ajudado", disse à Folha o presidente municipal do PC do B, Vander
Geraldo. "Estamos com muita dificuldade para fazer nossas campanhas, e eles
sabem disso. Agora vamos procurar outros mecanismos de pressão."
O dirigente pretende fazer seu primeiro gesto público de insatisfação hoje:
boicotar a reunião semanal da coordenação da campanha.
Ele diz que os petistas afirmam concordar com as queixas, mas não tomam
providências para ajudar. "Todo mundo concorda, diz que vai resolver, mas na
prática nada acontece", diz.
O sumiço de Netinho das aparições públicas de Haddad é outro sinal da tensão
entre os dois partidos. Ele foi presença constante ao lado do candidato nas
primeiras semanas da campanha, mas foi para os EUA e desapareceu das fotos com o
petista.
EMPENHO
O PC do B conta com ajuda financeira do PT para eleger ao menos três
vereadores: Netinho, Jamil Murad e Orlando Silva, ex-ministro do Esporte dos
governos Lula e Dilma.
O coordenador da campanha de Haddad e presidente municipal do PT, Antonio
Donato, reconhece o problema na relação entre as siglas, mas promete empenho
para ajudar os aliados.
"Começo de campanha é difícil mesmo, o dinheiro custa a chegar. Para nós era
melhor ajudá-los com material, mas eles preferiram recursos financeiros.
Infelizmente houve um pequeno atraso, mas vamos cumprir os nossos compromissos",
diz.
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