sexta-feira, 5 de agosto de 2016

ECONOMIA: Dólar comercial renova mínima em um ano e fecha cotado a R$ 3,17

OGLOBO.COM.BR
POR JULIANA GARÇON

Moeda americana chegou a ser vendida a R$ 3,162, com fluxo positivo para o país

- Ron Antonelli / Bloomberg News

RIO e SÃO PAULO — O dólar comercial renovou a mínima em mais de um ano e recuou 0,81% nesta sexta, encerrando o pregão cotado a R$ 3,17, a menor cotação desde 16 de julho de 2015, quando bateu em R$ 3,158. Na mínima do dia, a divisa americana chegou a ser negociada a R$ 3,162. Na semana, a divisa recuou 2,28%. Analistas apontam o fluxo positivo de dólares para o país como o principal fator para a depreciação da moeda americana e já avaliam que o dólar pode atingir em breve o patamar de R$ 3,10 a R$ 3,00 por real.
O dólar se depreciou frente ao real na contramão da tendência global. O dollar index, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de dez moedas, teve alta de 0,52%. Segundo analistas, o Brasil continua oferecendo uma taxa de juros ainda muito atraente em relação à Europa e ao Japão, onde há inclusive juros negativos. Além disso, observa, muitos bancos centrais, como o banco da inglaterra, anunciou a recompra de 60 bilhões de libras em títulos públicos, aumentando a liquidez. Assim, os investidores são atraídos para o país pelos altos juros — fazem empréstimos em regiões de juros mais baixos e aplicam aqui —, num movimento conhecido como “carry trade”, que já deu retornos em 34% ao ano.
Para Rafael Figueredo, analista da Clear Corretora, o melhor resultado do mercado de trabalho americano, que criou 255 mil vagas frente a uma expectativa de 180 mil, fortalece a moeda americana porque indica recuperação da economia dos EUA. Mas, ao mesmo tempo, os investidores não esperam que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, eleve os juros em breve.
— A recuperação da economia americana é boa para a economia global. Em algum momento, o mercado de trabalho mais forte nos EUA vai bater no Fed. Mas por enquanto não se espera uma elevação dos juros para breve até porque a inflação está baixa — explica ele, que acredita que somente em dezembro a autoridade monetária possa elevar os juros.
Figueiredo acredita que até o fim do ano o dólar chegue a R$ 3,10 ou R$ 3 frente ao real. Isso porque o risco político no Brasil foi reduzido e a sinalização de que o país começa a se recuperar a partir do ano que vem atrai investidores que querem surfar nesta onda. Assim, começam a trazer os recursos para o país neste momento, o que tem impacto sobre o dólar.
Para Paulo Nepomuceno, economista da corretora CoinValores, o governo não deverá usar o câmbio como instrumento de política monetária, apesar do dólar baixo tirar pressão da inflação. Ele acredita que a moeda americana pode chegar a R$ 3,15 no fim do ano.
— A queda do dólar ajuda no controle da inflação, mas o governo não vem usando o câmbio como âncora dos preços — diz, lembrando que o governo tem mantido as intervenções no mercado de câmbio, com leilões de swap cambial tradicional, que equivalem à compra de dólares.
— O Banco Central vem reduzindo suas posições em swaps tradicionais. O volume operado atualmente, de 10 mil contratos por leilão, é pequeno para o tamanho do mercado - diz ele, lembrando que ontem houve nova intervenção do BC.
Ainda assim, destaca, a queda do dólar tem um aspecto positivo: represa as expectativas de inflação futura.
— Disso o BC precisa agora.
BC FAZ LEILÃO E VENDE 10 MIL CONTRATOS DE SWAP CAMBIAL
Nesta manhã, o Banco Central vendeu novamente 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares. O BC vem realizando essa operação praticamente todos os dias, mas mudou o horário do leilão desta sexta-feira. Até a sessão passada, o leilão acontecia entre 9:30 e 9:40, com o resultado divulgado a partir das 9:50, uma hora antes do que o leilão deste pregão. O horário anterior coincidiria com a divulgação dos dados de emprego dos EUA. Segundo a assessoria de imprensa, "o BC avaliou que, para hoje, o horário do leilão de swaps foi o mais adequado".
Mesmo com as intervenções do BC, a moeda americana deve descer até R$ 3, aposta Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Corretora:
— Se houver intervenção, será pequena. O Ilan Goldfajn, presidente do BC, tem mencionado que o câmbio é flutuante — diz Plácido.

BOVESPA TEM TERCEIRA ALTA

Na Bovespa, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações, fechou em leve alta de 0,12%, no terceiro dia consecutivo de alta, aos 57.661 pontos e volume negociado de R$ 6,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa subiu 0,62%. As ações preferenciais da Vale tiveram alta de 0,90% a R4 15,63, favorecidas pela alta no preço do minério de ferro no exteior. Já as preferenciais da petrobras caíram 2,99% a R$ 11,66, com o petróleo recuando. As ações de bancos, que tem peso maior no índice, fecharam sem tendência definida. As preferenciais do Itaú cairam 0,59% a R$ 35,23, enquanto as PN do Bradesco subiram 0,62% a R$ 29,17.
— O Ibovespa não andou por aqui, mesmo com ganhos lá fora — disse o operador de Bolsa, Luiz Roberto Monteiro.
Nos EUA, os principais índices fecharam com ganhos. O S&P 500 subiu 0,86%, o Dow Jones avançou 1,04% e o Nasdaq teve ganho de 1,06%. Na Europa, o dia também foi de ganhos com a Bolsa de Londres subindo 0,79%, Frankfurt apresentando ganho de 1,36% e Paris avançando 1,49%.

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