Governo deve priorizar biodiesel europeu, o que
pode substituir importação da Argentina
BRASÍLIA e PUERTO VALLARTA (MÉXICO) — A crise diplomática aberta entre
Argentina e Espanha ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira. Segundo o jornal
“El País”, o governo espanhol está finalizando uma proposta para dar prioridade
a fornecedores europeus na compra de biodiesel. A medida comercial pode ser a
primeira retaliação contra os argentinos — que são, junto com a Indonésia, os
principais fornecedores de biodiesel para a Espanha — depois que a presidente da
Argentina, Cristina Kirchner, enviou projeto de lei para expropriar a YPF,
subsidiária argentina do grupo espanhol Repsol.
O embate entre Repsol e governo argentino ficou mais grave depois que o
vice-primeiro-ministro da Economia, Axel Kicillof, declarou na terça-feira que o
país não vai pagar uma indenização de US$ 10 bilhões como quer a empresa pela
reestatização.
A retaliação comercial deve reduzir as importações do combustível da
Argentina, que cresceram de 90 milhões para 800 milhões de litros nos últimos
anos. De acordo com a APPA, associação de produtores espanhóis, em reportagem
publicada em março pelo “El País”, as importações de biodiesel, quase
inteiramente da Argentina e da Indonésia, responderam por 89% do abastecimento
do mercado espanhol no último trimestre de 2011.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, está no México para pedir o
apoio dos líderes latino-americanos na ação que os espanhóis pretendem mover
contra a decisão argentina de expropriar a petrolífera YPF, administrada pela
Repsol. Rajoy participa do Fórum Econômico Mundial sobre América Latina, em
Puerto Vallarta, na região de Jalisco. Rajoy participa de mesa-redonda sobre
medidas adotadas pelos governos para reagir à recessão econômica global. Há
ainda uma reunião com o presidente do México, Felipe Calderón. O
primeiro-ministro pretende ir também à Colômbia para conversar com o presidente
Juan Manuel Santos.
Porém, ainda na Espanha, Rajoy pretende se reunir com os três principais
candidatos presidenciais - Enrique Peña Nieto (Partido Revolucionário
Institucional, o PRI), Josefina Vázquez Mota (Partido Ação Nacional , o PAN) e
Andrés Manuel Lopez Obrador (Partido da Revolução Democrática, o PRD).
Na segunda-feira, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou a
proposta de expropriação da YPF. Pelo texto, em discussão no Congresso Nacional
da Argentina, 51% das ações da empresa petrolífera serão expropriadas - o
governo federal ficará com 26,06% e as regiões produtoras com 24,99% -, enquanto
os restantes 49% serão de responsabilidade das províncias (estados) nas quais a
empresa atua. O governo argentino alega que a empresa Repsol, que administra a
YPF, cometia uma série de irregularidades, como violações ao meio ambiente. As
autoridades informaram que não pagarão o valor exigido pelos empresários
espanhóis pela expropriação.
A iniciativa da Argentina gerou uma série de contestações na Espanha. As
autoridades espanholas condenaram a medida e prometem levar o caso à Justiça
internacional. Para as autoridades, a decisão ameaça a relação de cordialidade
entre os dois países.
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