quinta-feira, 16 de novembro de 2017

MUNDO: Democratas desafiam Trump e pedem abertura de processo de impeachment

OGLOBO.COM.BR
POR HENRIQUE GOMES BATISTA, CORRESPONDENTE

Apesar de pouca chance de avançar, medida é mais um entrave para presidente

Trump responde a perguntas, na Casa Branca, na volta da Ásia - NICHOLAS KAMM / AFP

WASHINGTON — Seis deputados democratas apresentaram na quarta-feira à Câmara dos Representantes cinco acusações que formam parte de um pedido de abertura de processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, num movimento que dividiu até mesmo o partido de oposição. A medida tem poucas chances de avançar num Congresso dominado por republicanos, mas causa mais um constrangimento para o presidente no momento em que assessores e até mesmo familiares são alvo de uma investigação sobre a influência russa nas eleições presidenciais de 2016.
O pedido acusa Trump de tentar obstruir a Justiça quando demitiu James Comey da direção do FBI — justamente quando ele investigava se houve conluio de sua campanha com os russos — e de violar a proibição constitucional de receber recursos de países estrangeiros, uma vez que seus hotéis hospedaram uma série de delegações externas.
Outra acusação afirma que Trump lucrou em função do cargo ao optar passar os fins de semana em suas propriedades, obrigando agentes do serviço secreto, por exemplo, a se hospedarem em seus hotéis, gerando lucros pessoais. O presidente ainda é acusado de ameaçar a Justiça e a imprensa e de ter incentivado o racismo ao evitar condenar de maneira firme os extremistas brancos após os conflitos raciais em Charlottesville, em agosto.
— Em todo lugar que eu vou no meu distrito, as pessoas estão pedindo isso — disse o deputado democrata Adriano Espaillat, que assina o pedido com Steve Cohen, Luis Gutiérrez, Al Green, Marcia Fudge e John Yarmuth.
REPUBLICANOS CRITICAM INICIATIVA
O Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês) classificou a iniciativa dos deputados de “um esforço radical sem fundamento” e prometeu que isso não vai distrair a agenda do presidente.
— Os democratas da Câmara não têm uma mensagem positiva e estão dispostos a criar confusão — afirmou o porta-voz da RNC, Michael Ahrens.
De certa forma desconectada da estratégia do Partido Democrata — que critica as políticas de Trump, mas que não quer tomar passos para seu afastamento antes do fim das investigações — a medida mostra o descontentamento entre parte dos integrantes da legenda e da população. Dois abaixo-assinados pedindo sua renúncia já têm mais de três milhões de assinaturas.
Chuck Schumer, líder democrata no Senado, afirmou que é melhor aguardar o fim das investigações do investigador especial Robert Mueller sobre a influência russa nas eleições antes de propor o afastamento do presidente. O inquérito já gerou acusações contra três membros da campanha de Trump, dois por atos anteriores à corrida eleitoral e outro por ligações com russos, investigadas após uma delação premiada.
— Pode ter um momento para isso. Agora é prematuro e pode atrapalhar esta ação no futuro, quando tiver mais chances — disse o democrata.
Mesmo assim, o grupo insiste no pedido:
— Pedimos à Câmara para começar as audiências de destituição de imediato — garantiu Cohen.
O presidente nacional democrata, Tom Perez, já havia dito que não concorda com o pedido de impeachment agora, ao comentar as ações de Tom Steyer, bilionário que está publicando anúncios em TVs americanas pedindo o afastamento de Trump. Steyer já desembolsou US$ 20 milhões na ação e conseguiu cerca de dois milhões de assinaturas. Um outro abaixo-assinado já soma 1,2 milhão.
— Esta iniciativa mostra como questões locais podem estar motivando estes deputados, que se recusaram a seguir o alinhamento nacional do partido — explicou ao GLOBO Juan Carlos Hidalgo, analista de políticas públicas do Cato Institute.
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