quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

EDITORIAL: E o futuro?

Do blog do NOBLAT
Deu na Folha de S. Paulo

Voltam-se para o passado as tentativas de PT e PSDB de pautar a campanha por comparações de biografias e governos
Retórica inflamada, arroubos verbais, demonstrações de destempero, provocações, ironias e xingamentos. A troca de acusações e as cenas de palanque vão se tornando cada vez mais frequentes no dia a dia da política neste ano eleitoral.
A cerca de oito meses do pleito, PT e PSDB elevam o tom e dão mostras de que o eleitor poderá se ver no meio de um tiroteio cerrado. Não se ignora que palavras mais duras e até mesmo eventuais insultos fazem parte do jogo político, sobretudo durante os processos eleitorais.
Mas, na grande maioria dos casos, costumam produzir muita energia e pouca luz -são de pequena ou nenhuma serventia para o cidadão que vai escolher seus representantes.
"Essa liderança de silicone que está sendo construída precisa começar a ser desmascarada", disse na tribuna o senador tucano Tasso Jereissati (CE), referindo-se à candidata do PT à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
"Quando um partido de oposição não tem o que propor e não tem discurso, então eles tentam impedir que o outro time jogue", ecoou o presidente Lula, recorrendo mais uma vez à metáfora futebolística.
Sob a superfície do bate-boca e das frases de efeito, podem-se discernir duas estratégias de campanha em curso, já delineadas.
O PT, como previsto, mostra-se determinado a cotejar os dois governos de Fernando Henrique Cardoso com os de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os tucanos, de maneira reativa, procuram deslocar a comparação para a biografia dos candidatos -José Serra contra Dilma: quem é mais preparado para presidir o país?
Em ambos os casos, a estratégia das candidaturas procura fixar-se no passado, como se os rivais pudessem, apelando ao retrovisor, cada um a sua maneira, adiar ou contornar a discussão sobre o futuro.
Mesmo levando-se em conta que o período eleitoral, propriamente, não começou, é o pensamento mais geral dos postulantes à Presidência sobre temas de grande interesse nacional que se esquiva do público.
É até compreensível que Serra, líder nas pesquisas de opinião, procure reduzir ao mínimo o tempo de atrito com adversários. É uma lei das campanhas. Mas a opção pelo silêncio abre caminho para que ganhe força e visibilidade um tipo pouco esclarecedor de discussão acerca das conquistas dos últimos anos.
Há um efeito cumulativo nos ganhos sociais obtidos com as políticas públicas desde o Plano Real. O debate tende a se tornar mais pobre -e falacioso- quando se cristaliza em torno de quem fez mais isso ou aquilo.
O que importa para o eleitor é a agenda dos candidatos para o país. Que políticas seriam mais adequadas para as áreas de educação e de saúde? A participação do Estado na economia deve ser ampliada, como sinaliza o PT, ou o governo precisa propiciar condições mais favoráveis ao investimento privado, atuando como guardião das finanças públicas?
São respostas a essas e a outras muitas questões o que se espera daqueles que pretendem governar o país nos próximos anos.

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