quarta-feira, 12 de julho de 2017

LAVA-JATO: 'Lamentável que um juiz se dê ao papel de fazer política', diz presidente do PT

FOLHA.COM
TALITA FERNANDES
LAÍS ALEGRETTI
MARINA DIAS
BRUNO BOGHOSSIAN
DANIEL CARVALHO
DE BRASÍLIA

Nelson Antoine/Folhapress 
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Minutos após o anúncio da primeira condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), fez ataques ao juiz Sergio Moro da tribuna do Senado. Segundo a petista, é "lamentável" que um juiz "se dê ao papel de fazer política" por meio do Judiciário com o objetivo de excluir o ex-presidente da República da disputa eleitoral de 2018.
"É uma decisão eminentemente política, sem provas, baseada unica e exclusivamente no juiz Sergio Moro prestar contas para opinião publica. Fato, aliás, que ele vem mantendo desde o início deste julgamento. Ele disse que só poderia condenar se tivesse apoio da opinião pública", disse Gleisi.
A tese do PT, reverberada pela presidente nacional da sigla nesta quarta-feira (12), é a de que Lula é vítima de uma perseguição política de Moro para que o petista fique fora das eleições de 2018. Ainda segundo Gleisi, prender o ex-presidente neste momento seria "um trauma".
"Ele [Moro] já tentou fazer isso e sabe o trauma que é", afirmou a senadora. "Prender por quê? Qual o risco que ele [Lula] oferece ao país?".
Gleisi acusou Moro de "parcialidade" e disse que o Judiciário é "oportunista do ponto de vista político". "É lamentável que tenhamos uma sentença como essa. Isso deixa cada vez mais evidenciado o papel que a Lava Jato tem, em relação ao ex-presidente Lula, que é de criminalizá-lo para impedir que ele faça parte do processo político do país".
A presidente do PT disse ainda que conversou com Lula por telefone e que ele está "tranquilo" porque sabe que "não deve nada". Segundo a petista, parlamentares do partido viajarão a São Paulo para encontrar com o ex-presidente no fim do dia e a sigla deve recorrer da decisão do juiz de Curitiba em instâncias internacionais.
Lula foi condenado nesta quarta (12) a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). A sentença é a primeira contra o petista no âmbito da Lava Jato.
O ex-presidente não será preso agora. Pelo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), ele só começa a cumprir a pena se a segunda instância confirmar a decisão de Moro. Lula pode recorrer em liberdade ao Tribunal Regional da 4ª Região, com sede em Porto Alegre. Se condenado em segunda instância antes da eleição de 2018, Lula será enquadrado na Lei da Ficha Limpa, tornando-se inelegível.
DEPUTADOS
Deputados petistas fizeram coro à tese de que a condenação de Lula tem viés político e acrescentam que ela serve para "tirar o foco" da denúncia contra o presidente Michel Temer – em tramitação na Câmara dos Deputados.
"Fazer isso no dia em que se discute a denúncia contra Temer [na CCJ da Câmara] é uma tentativa de tirar o foco do Temer e jogar o foco no Lula", disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). "É uma decisão política. Não há provas ou testemunhas além do relato do próprio delator. É uma tentativa de excluir Lula das eleições", completa.
Nesta quarta, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara começou a discutir o relatório a favor do prosseguimento da denúncia por corrupção passiva apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer.
Segundo o líder da minoria na Câmara, José Guimarães (CE), "não houve surpresa" na condenação de Lula, porque a "intenção" de Moro era fazer política.
"A condenação é injusta porque falta materialidade. Nossa expectativa é que a segunda instância reforme essa decisão. Vamos mobilizar o país", afirmou. Para o petista, "não existe eleição democrática" sem Lula.
"Acho difícil ele ser preso. O país não vai aceitar que uma pessoa seja presa injustamente. Não há eleição democrática sem Lula", completou Guimarães.



*Repercussão da condenação de Lula
Aloizio Mercadante (PT)
"Depois do golpe, que retirou do governo uma presidenta eleita sem crime de responsabilidade, e do fim da CLT, que acaba os direitos dos trabalhadores, o povo brasileiro tem que estar preparado para tudo, inclusive para essa injustiça que tenta retirar os direitos políticos do presidente com a melhor avaliação da história.
Um presidente que recuperou a economia, preservou a estabilidade, respeitou o Estado democrático de direito e promoveu uma inédita inclusão social e distribuição de renda. Um presidente que retirou Brasil do mapa da fome, projetou o país internacionalmente e trouxe uma autoestima ao povo brasileiro, que nunca existiu na nossa história.
O Lula e o Brasil não merecem isso: uma condenação sem prova, que certamente será revertida em outras instâncias da justiça".

*
GUILHERME BOULOS, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
"Foi evidentemente um julgamento politico. Desde o princípio o Moro agiu como promotor de toga, atuou com presunção de culpa do Lula e agora comprovou isso numa condenação sem nenhuma prova, que beira o ridículo".
Segundo ele, lideranças de movimentos de esquerda se reunirão hoje para decidir ações de reação à condenação.

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