quarta-feira, 17 de maio de 2017

ECONOMIA: Crise de Trump afeta emergentes, e dólar sobe 1,2% sobre real, a R$ 3,13

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO / RENNAN SETTI

Ibovespa cai 1,67%, interrompendo sequência de 6 altas

SÃO PAULO - As incertezas políticas geradas nos Estados Unidos pelo presidente Donald Trump fizeram o dólar interromper no Brasil sua sequência de seis quedas. A moeda americana subiu 1,19% ante o real, a R$ 3,134. Em escala global, o dólar caiu 0,5%, mas o movimento favoreceu as divisas consideradas mais seguras, como o iene e o franco suíço. Vindo de mais de uma semana de valorizações, o real foi a divisa que mais perdeu valor frente ao dólar em um grupo de 31 moedas. As moedas de países concentraram as perdas, com o real sendo seguido pelo rand sul-africano, a lira turca, o rublo e o peso mexicano. No mercado acionário, o Ibovespa acompanhou o restante do mercado global e recuou 1,67%, aos 67.540 pontos, também após registrar seis pregões seguidos.
Mais do que uma realização de lucros devido aos ganhos recentes, os investidores respondem ao clima de incerteza gerado pela crise política nos Estados Unidos, que se agravou após a suspeita de que Trump teria pedido ao ex-diretor geral do FBI James Comey para encerrar a investigação sobre Michael Flynn, ex-assessor de segurança nacional, sobre seus laços com a Rússia. Os principais indicadores de ações nos Estados Unidos caem mais de 1% em consequência dessa incerteza.
Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, explica que em um cenário de maior volatilidade como esse, os países emergentes acabam sendo mais afetados. Além disso, é também uma justificativa para os investidores embolsarem os ganhos dos últimos pregões.
— O problema político nos Estados Unidos acaba gerando um aumento do risco global, sobretudo para os emergentes. Os investidores também tiram proveito desse motivo, que é forte, para fazer uma correção nos preços — avaliou.
Em meio a esse cenário, a avaliação de risco do Brasil também sobe. O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote da dívida soberana) registra a primeira alta hoje após seis altas seguidas, a 201,68 pontos.
No Ibovespa, 56 das 59 ações que compõem o índice fecharam em queda. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras caíram 0,57%, cotadas a R$ 15,61, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) registraram desvalorização de 0,56%, a R$ 16,10, apesar da alta do petróleo no mercado internacional — o do tipo Brent subiu 0,95%, a US$ 52,14 o barril.
Na Vale, as PNAs caíram 1,93% (R$ 25,44) e as ONs, 1,54% (R$ 26,84). Recuo também no setor bancário, o de maior peso na composição do Ibovespa. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 2,04% e 1,97%. As ações do Banco do Brasil tiveram queda de 2,71%.
No exterior, os principais indicadores do mercado acionário fecharam em queda. O Dow Jones caiu 1,78% na Bolsa de Nova York e o S&P 500, 1,82%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, caiu 1,35%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 1,63%. Já o FTSE 100, de Londres, registrou desvalorização de 0,25%.
DÓLAR EM ALTA
O dólar registra alta após registrar seis quedas consecutivas e ontem ter fechado o dia cotado abaixo dos R$ 3,10.
O “dollar index”, que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de dez moedas, caiu 0,50%. Isso ocorre porque como a fonte de incerteza é a situação nos Estados Unidos, os investidores correm para outras moedas fortes, como euro e franco suíço, o que tira o poder do dólar. Por outro lado, consegue se manter mais forte em relação às moedas de países emergentes, como o Brasil.
No Brasil, embora a Reforma da Previdência continue no radar dos investidores, o temor de um agravamento na situação política americana aumenta a volatilidade. “Internamente os agentes econômicos continuarão acompanhando o andamento das reformas no Congresso, mas podem adotar ações defensivas como forma de proteção em relação à crise internacional, aproveitando o preço atrativo da divisa estrangeira em relação ao real”, disse Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.

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