sexta-feira, 20 de novembro de 2015

TERROR: Jihadistas africanos reivindicam autoria de ataque a hotel no Mali

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Não há mais reféns sob controle; fontes de segurança apontaram 27 corpos recolhidos; França enviou tropa em apoio a resgate

Soldados malineses escoltam a entrada do hotel Radisson Blu em Bamako, após atiradores invadirem o prédio. Há 170 reféns no local - Sebastien RIEUSSEC / AFP

BAMAKO - Um grupo africano extremista assumiu a responsabilidade pelo ataque a filial do hotel Radisson Blu, a oeste do centro de Bamako, capital do Mali, nesta sexta-feira. Forças de segurança do Mali entraram no prédio em uma operação junto a forças americanas e francesas para libertar cerca de 170 reféns das mãos de um grupo de homens armados que invadiu o local nesta sexta-feira. Dois jihadistas morreram. Salif Traoré, ministro de Segurança do Mali, confirmou que não há mais nenhum refém. Agentes das ONU encontraram 27 corpos em contagem preliminar.
— Não têm reféns e as forças (de segurança) agora estão em busca deles — declarou Traoré à imprensa horas depois do início da operação, segundo a agência de notícias.
O porta-voz do Ministério disse que os atiradores ainda resistem à ação policial:
— Eles estão encurralados nos andares superiores. Eles estão sozinhos com as forças especiais malinesas que tentam expulsá-los.
Uma autoridade da ONU disse à Reuters sob condição de anonimato que 12 corpos foram encontrados no subsolo do hotel e 15 no segundo andar. Inicialmente, um porta-voz do ministério disse à agência que três pessoas morreram no incidente: supostamente dois malineses e um francês.
O grupo al-Mourabitoun, baseado no norte do Mali, na região do deserto do Saara, e composto principalmente por tuaregues e árabes, publicou uma mensagem no Twitter em que reivindica a autoria do ataque ao hotel, em parceria com militantes da al-Qaeda no Magreb Islâmico. O grupo se formou há dois anos é chefiado pelo argelino Mokhtar Belmokhtar, dissidente da al-Qaeda, que chegou a ser dado como morto pelos EUA meses atrás.
O al-Mourabitoun está por trás da morte de cinco pessoas em um restaurante de Bamako em março; um ataque suicida a agentes humanitários da ONU em abril no qual três pessoas morreram e um ataque a um hotel na cidade malinesa de Sevare em agosto que deixou 17 mortos.
Ao entrar no local, os atiradores disparavam a esmo gritando "Allahu Akbar" ("Deus é grande", em árabe), disseram fontes policiais. Os atiradores ocuparam o sétimo andar do prédio, informaram testemunhas.
— Bem cedo pela manhã houve disparos. Ao que parece, é uma tentativa de fazer reféns. A polícia está lá e estão isolando área — disse uma fonte das forças de segurança.
'ALLAHU AKBAR'
A invasão dos atiradores - dois ou três segundo a rede hoteleire Rezidor, que administra o hotel - começou por volta das 5h da manhã no horário local (7h da manhã no horário de Brasília). Horas após sob controle do grupo armado com fuzis AK-47, uma primeira incursão policial libertou parte dos reféns. A rede de TV estatal ORTM afirmou que eram 80 entre os 170 reféns, já a empresa afirmou que haviam 125 hóspedes e 13 funcionários no hotel.
Um integrante da equipe de segurança do hotel afirmou que dois guarda-costas privados se feriram no início do ataque, que ocorreu por volta das 7h da manhã (horário de Brasília). Segundo uma testemunha, os agressores chegaram ao hotel em veículos diplomáticos, informou a CNN.
O "New York Times" relatou, com base em informações da imprensa local, que os atiradores pediram aos reféns para recitar uma declaração de fé islâmica para separar muçulmanos e não-muçulamanos. Aqueles que conseguiam reproduzir o trecho podiam sair do local. Grupos extremistas já usaram tática similar, como o al-Shabaab no ataque ao shopping center Westgate em Nairóbi, no Quênia, em 2013.
Um refém liberado ouvido pela Reuters disse que ouviu os atiradores falando em inglês.
— Eu os escutei falando em inglês "Você carregou isso?", "Vamos lá" — disse o homem, que foi liberado com apoio das forças de segurança malinesas. — Não pude vê-los porque nessas situações é difícil.
Imagem da TV estatal ORTM mostra forças de segurança ajudando reféns a sair do hotel Radisson Blu, na capital Bamako - AP

140 HÓSPEDES E 30 FUNCIONÁRIOS
Mais cedo, a rede administradora do hotel confirmou o tiroteio através de um comunicado:
“O Grupo Rezidor Hotel está ciente de que há uma tomada de reféns em andamento no local hoje, 20 de novembro de 2015. Segundo nossas informações, duas pessoas retêm 140 clientes e 30 empregados",anunciou a empresa. "Nossas equipes corporativas e de segurança estão em contato constante com as autoridades locais para oferecer qualquer apoio possível para reinstalar a segurança no hotel".
Ambulâncias foram ao local para tratar feridos cujo número total ainda é desconhecido. A ONU condenou o ataque ao hotel e enviou uma equipe para cooperar com as forças de segurança malinesas na região através da Missão Multidimensional Integrada das Nacões Unidas pela Estabilização do Mali (Minusma).
O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar, anunciou que encurtou sua viagem de visita ao Chade para retornar ao país e lidar com a situação.
Região do hotel Radisson Blu, em Bamako, capital do Mali - Editoria de Arte

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que os 22 funcionários e civis já estão em segurança após o ataque. Cidadãos franceses estavam entre os retidos no local, entre eles, doze funcionários da AirFrance. Os voos da companhia a partir e em direção a Bamako foram cancelados.
No Twitter, a Guarda Nacional da França publicou enviou para ajudar na situação. Cerca de 40 soldados compõem a equipe. O presidente francês François Hollande acompanha a situação, afirmou uma fonte do governo francês. O chefe de Estado expressou seu apoio ao Mali:
— Quero garantir a todos os malineses nossa solidariedade e apoio e peço a todos os cidadãos franceses que foram afetados que fiquem vigilantes nesse momento — disse Hollande, segundo o "The Guardian".
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia informou pelo Twitter que 20 indianos estavam no grupo de reféns. A agência chinesa de notícias Xinhua afirmou que havia sete turistas chineses entre as pessoas encurraladas dentro do prédio. Uma fonte do governo turco afirmou que sete funcionários da companhia aérea Turkish Airlines foram liberados das mãos dos atiradores.
Militantes islâmicos da al-Qaeda tomaram o controle de regiões ao norte do Mali em 2012. No ano seguinte, uma coalizão liderada pela França expulsou os combatentes, mas grupos remanescentes já realizaram ataques extremistas desde então.
Pessoas fogem do hotel Radisson Blu, invadido por atiradores nesta sexta-feira - Harouna Traore / AP

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