quinta-feira, 13 de junho de 2013

POLÍTICA: Sem acordo, Câmara se divide e deixa estados sem saber se receberão fundo de participação

De OGLOBO.COM.BR
ISABEL BRAGA

Agora são mínimas as chances de aprovar uma nova proposta antes de 23 de junho, prazo fixado pelo STF
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante seu discurso na sessão de votação das novas regras do FPE 266/2013 do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE)  - Ailton de Freitas / O Globo
BRASÍLIA - Sem consenso em torno dos interesses diversos dos estados, terminou em impasse, nesta quarta-feira à noite, a tentativa da Câmara de votar o projeto de lei complementar que regulamenta a distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Como as regras já aprovadas pelo Senado ferem interesses dos estados, com alguns ganhando e outros perdendo, o plenário se dividiu e nenhuma das duas propostas que foram à voto conseguiu obter o mínimo de 257 votos. Agora são mínimas as chances de aprovar uma nova proposta antes de 23 de junho, prazo fixado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que a regulamentação fosse concluída pelo Congresso. Com o impasse, ficou a dúvida sobre o que acontecerá com o repasse feito mensalmente pela União aos estados. Em tese, a partir do dia 23 o país ficará sem uma lei estabelecendo as regras, cabendo ao Supremo uma nova definição.
— Acabou o pacto federativo. O Supremo deu prazo para o Congresso criar a lei e não fizemos. Depois do dia 23, o governo federal não tem mais lei que assegure o repasse dos recursos aos estados — afirmou o líder da minoria, Nilson Leitão (PSDB-MT), ao final da votação frustrada.
— Foi uma noite melancólica. É lamentável, o Legislativo deveria ter cumprido com seu papel. Agora, vou conversar com os líderes, com o Senado, com o governo. É dever dessa Casa encontrar uma alternativa (para evitar que os estados não recebam os recursos do FPE) — lamentou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Mais cedo, o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), alertou os deputados, no plenário, que, se o projeto não fosse votado hoje, as chances seriam mínimas na próxima semana.
— O prazo é 23 de junho, qualquer alteração, se não votarmos hoje, na próxima semana a pauta estará trancada. Quero aprovar qualquer texto, desde que seja hoje. Não votar deveria preocupar a todos. Se não votarmos, ou passamos pela vergonha do Supremo regulamentar ou a União poderá ficar impedida de repassar recursos do FPE aos estados — disse Chinaglia.
Texto do Senado mantém atual fórmula
Com a derrubada do texto do Senado, são mínimas as chances de a Câmara aprovar novo projeto neste sentido, uma vez que há restrições regimentais a uma nova votação de uma matéria derrotada em plenário.
O texto aprovado pelo Senado em abril mantém a atual fórmula de distribuição do FPE até dezembro de 2015 — que beneficia os estados mais pobres do Norte e Nordeste —, e cria novos critérios para o rateio de parte excedente dos recursos entre 2016 e 2017 (aquilo que ficar acima do montante distribuído até 2015), com base em dados demográficos e de renda familiar per capita.
O relator do projeto, Júlio Cesar (PSD-PI), apesar de discordar do texto do Senado, o acatou assim mesmo:
— Para que não sejamos responsabilizados por omissão, para o bem de todos e para que não haja uma guerra federativa, adoto a redação do Senado como a redação da Câmara — justificou.
Mesmo assim, esse texto não obteve os 257 votos necessários para sua aprovação. Obteve apenas 218 votos a favor, 115 contra e uma abstenção.

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