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COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Glenn Greenwald diz que ainda está decidindo quando publicará as novas reportagens, com base em documentos obtidos por Edward Snowden
Rússia considera oferecer asilo ao ex-técnico da CIA
Glenn Greenwald, jornalista do “The Guardian”, diz que documentos vazados ainda estão sendo analisados - Vincent Yu / AP
NOVA YORK - Glenn Greenwald, o jornalista que divulgou os programas secretos de vigilância dos Estados Unidos, afirmou nesta terça-feira que haverá novas revelações importantes. Greenwald, que escreve para o “The Guardian” e mora no Rio desde 2005, disse à Associated Press que está decidindo quando publicará a próxima reportagem, com base nos documentos obtidos por Edward Snowden, um ex-técnico da CIA, de 29 anos, que está desaparecido e corre o risco de ser preso.
- Nas próximas semanas e meses, teremos revelações ainda mais importantes - afirmou o jornalista. - Há dezenas de histórias criadas pelos documentos que ele (Snowden) nos entregou e pretendemos averiguar cada uma delas.
O paradeiro de Snowden, que foi para Hong Kong no dia 20 de maio para fugir de uma possível perseguição após liberar os documentos, ainda é desconhecido nesta terça-feira. Ainda não há ordem de prisão contra o autor dos vazamentos, mas a Rússia admitiu considerar um eventual pedido de asilo de Snowden.
- Se recebermos tal pedido, será examinado - disse porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao jornal “Kommersant”.
A presidente da Comissão de Inteligência do Senado, Dianne Feinstein, acusou o ex-técnico de cometer um “ato de traição” e disse que ele deve ser processado. Reportagens de Greenwald revelaram programas do governo dos EUA de coleta de dados telefônicos e registros de internet de milhões de cidadãos e estrangeiros.
Após o “Guardian”, o jornal americano “Washington Post” divulgou informações sobre o sistema de vigilância e também identificou Snowden como sendo a sua fonte, afirmando que ele usava o codinome Verax - um adjetivo em latim que significa “quem conta a verdade”.
Glenn Greenwald, de 46 anos, coletou boa parte das informações de sua casa. Inicialmente, ele afirmou que “um antigo leitor se mostrou confortável” para vazar memorandos confidenciais.
- Os EUA construíram um aparato gigantesco em total sigilo, capaz de destruir a privacidade e o anonimato não só nos EUA como em todo o mundo - acusou Greenwald, que nasceu em Nova York.
As denúncias divulgadas tratam de um mega esquema de espionagem da Agência Nacional de Segurança (ANS) dos EUA para obter registros telefônicos e informações de correios eletrônicos. O governo americano afirma que tal programa não infringe nenhuma lei e que o Congresso do país estava ciente de todos os passos da agência. A polêmica, no entanto, levantou temores também de que o serviço de inteligência dos EUA estivesse compartilhando informações sigilosas de cidadãos de outros países com outros governos.
Autor dos vazamentos corre o risco de ser extraditado
A decisão tomada por Edward Snowden de fugir para Hong Kong pode não poupá-lo de um processo judicial, devido a um tratado de extradição em vigor desde 1998. Após o vazamento dos documentos, republicanos pediram a sua extradição e autoridades americanas ameaçaram processá-lo.
Em uma entrevista ao jornal britânico, Edward Snowden citou “a sólida tradição de liberdade de expressão” em Hong Kong, esperando que as autoridades não o extraditassem para os Estados Unidos, e disse ainda que pretendia pedir asilo ao governo da Islândia, com reputação de apoiar “os que defendem a liberdade na internet”. Para se exilar na Islândia, contudo, Snowden teria de fazer a solicitação pessoalmente, informou à CNN a embaixadora da Islândia na China, Kristin Arnadottir.
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