Do ESTADAO.COM.BR
São Paulo - O ex-diretor Hussain Aref Saab, investigado por
adquirir mais de 125 imóveis nos sete anos em que ocupou cargo na Secretaria de
Habitação nas gestões José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), também comprou
imóveis subfaturados para ele e para seus filhos no governo Marta Suplicy (PT).
Pelo menos três apartamentos foram comprados pela família abaixo do valor de
mercado entre 2003 e 2004, período no qual Aref era diretor na Secretaria de
Planejamento da gestão petista.
Os imóveis ficam no conjunto Jardin des Arts, composto por três edifícios na
Rua Molière, no Jardim Marajoara, zona sul. As torres foram lançadas em 1999,
ano em que, segundo registros da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio
(Embraesp), o preço de um apartamento variava entre R$ 130 mil e R$ 160 mil. Em
2004, escrituras obtidas pelo Estado mostram que um apartamento no número 354
foi vendido por R$ 230 mil. Os imóveis adquiridos pela família de Aref, de
tamanho similar, custaram menos de 40% disso.
Em 2003, o filho de Aref, o delegado da Polícia Civil Luís Fernando Saab,
pagou R$ 90 mil por um apartamento. No ano seguinte, outro imóvel foi adquirido
pelo ex-diretor e sua mulher pelo mesmo preço. Também em 2004, a filha do casal,
Ana Paula Saab, adquiriu outro por valor ainda menor: R$ 80 mil.
Nessa época, Aref era diretor do Departamento de Planejamento e Normatização
Territorial, órgão, já extinto, responsável pela proposição e revisão da
legislação urbanística municipal, como a Lei de Uso e Ocupação de Solo, a Lei de
Zoneamento e o Plano Diretor.
Dependendo do que fosse decidido, um determinado quarteirão poderia ver seu
valor de mercado despencar ou disparar, caso a construção de prédios fosse
proibida ou liberada. Entre 2003 e 2004, uma nova legislação urbanística foi
aprovada na Câmara.
Os três imóveis em questão não foram os únicos adquiridos por Aref nesses
prédios. Quando ele já ocupava o cargo de diretor do Departamento de Aprovação
de Edificações (Aprov), após nomeação de Serra em 2005, outros cinco
apartamentos foram repassados para sua família por valores abaixo dos praticados
no mercado. Um exemplo é o apartamento 203 do Maison Chartres. Vendido em 2005
para uma administradora por R$ 250 mil, ele foi repassado em 2009 à empresa SB4
Patrimonial, controlada pela família de Aref, por R$ 128 mil - menos da metade
do valor de 2005, sem levar em conta a inflação nem a valorização do mercado em
quatro anos.
Do total de oito imóveis, cinco foram transferidos pela construtora JZM
Planejamento Imobiliário e Construções, responsável por erguer as três torres,
ou por algum de seus sócios. Os outros foram vendidos por terceiros. As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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