terça-feira, 8 de maio de 2018

MUNDO: Procurador-geral de NY, figura de destaque do #MeToo, renuncia após ser acusado de agredir mulheres

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Alegação é de que Eric Schneiderman fazia 'jogos sexuais' sem consentimento

Eric Schneiderman renunciou ao cargo de procurador-geral do estado de Nova York - Brendan McDermid / Reuters

WASHINGTON - O procurador-geral do estado de Nova York, Eric Schneiderman, pediu demissão nesta segunda-feira, apenas três horas depois da publicação de uma reportagem no site da revista "New Yorker" na qual quatro mulheres com quem ele se relacionou o acusam de comportamento violento, ameaças físicas e "jogos sexuais" não consentidos. Ele nega as denúncias.
Ironicamente, Eric Schneiderman, de 63 anos, ganhou muito destaque nos últimos tempos no movimento #MeToo, contra o assédio sexual. Foi ele o responsável por processar o magnata de Hollywood Harvey Weinstein, denunciado por dezenas de mulheres por abuso de poder e assédio. O procurador também liderou uma campanha para exigir uma indenização maior para vítimas dos supostos crimes sexuais de Weinstein.
Na reportagem publicada nesta segunda-feira, duas mulheres denunciaram o procurador-geral abertamente, enquanto outras duas o fizeram em condição de anonimato. Mannig Barish, uma das supostas vítimas, garantiu ter mantido uma relação com Schneiderman entre meados de 2013 e o final de 2015. Outra mulher, identificada como Tany Selvaratnam, revelou ter mantido um relacionamento de um ano com o procurador entre 2016 e 2017.
As duas afirmam que foram agredidas por Schneiderman em várias ocasiões quando ele estava sob o efeito de bebidas alcoólicas. De acordo com as mulheres, essas agressões não tinham o consentimento delas, que interpretaram isso como uma tentativa de dominá-las física e psicologicamente. Segundo as moças, o ex-senador democrata do estado de Nova York chegou a golpeá-las com força e tentou estrangulá-las. As denunciantes alegam que ele as ameaçou de morte caso elas deixassem a relação.
CONSENTIMENTO EM XEQUE
Em um comunicado, Eric Schneiderman nega que tenha havido agressão. Ele define os episódios como parte de "jogos sexuais" consentidos.
"Na intimidade das relações privadas, participei de jogos e outras atividades sexuais consentidas. Não agredi ninguém. Jamais mantive relações sexuais não consentidas", disse o ex-procurador, em nota.
Schneiderman destacou que as acusações não estão relacionadas com sua atividade profissional, mas avaliou que elas o impedem de "dirigir a procuradoria neste período crítico" e anunciou sua renúncia, que será efetivada na noite desta terça-feira.
"Nessas últimas horas, fizeram denúncias sérias contra mim, as quais contesto com firmeza", assegurou Schneiderman.
Uma terceira mulher que também manteve um relacionamento amoroso com ele pediu anonimato porque tem medo de revelar sua identidade. Ela contou histórias semelhantes às de Mannig Barish e Tany Selvaratnam. Uma quarta mulher disse que Schneiderman lhe deu um tapa quando ela o rejeitou, mas também pediu para não ser identificada.
GOVERNADOR TAMBÉM EXIGIU RENÚNCIA
A "New Yorker" informou que examinou as alegações dessa terceira mulher e teve acesso a uma foto que mostra o que seria a lesão ocasionada na quarta mulher, após o suposto episódio de agressão por parte de Schneiderman.
Depois de a revista publicar a reportagem, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou também que faria uma solicitação oficial pedindo a renúncia de Schneiderman.
"Vou pedir a um procurador distrital de Nova York apropriado para iniciar uma investigação imediata e proceder como merecem os fatos", disse Cuomo, em um comunicado.
Procurador desde 2010, Schneiderman se tornou um dos oponentes mais ativos do presidente Donald Trump e abriu numerosas ações legais contra medidas da gestão federal ligadas sobretudo a clima, imigração e neutralidade na internet.
Um dos autores do artigo na "New Yorker" é o jornalista e escritor Ronan Farrow, filho de Mia Farrow e Woody Allen, e recente ganhador do prêmio Pulitzer por sua matéria sobre a onda de acusações de abuso sexual cometido pelo produtor de Hollywood Harvey Weinstein.
No mês passado, quando a "New Yorker" e o "New York Times" receberam o Prêmio Pulitzer em conjunto pela cobertura do escândalo que deu origem ao #MeToo, Schneiderman tuitou elogios aos veículos, mencionando “as bravas mulheres e os bravos homens que falaram sobre o assédio sexual que sofreram nas mãos de homens poderosos. Sem essas pessoas, ele observou, "não haveria a crítica nacional em andamento".

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