sexta-feira, 4 de agosto de 2017

MUNDO: Em dia de tensão, militares fecham acesso ao Parlamento venezuelano

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Oposição e oficialismo protestarão em Caracas enquanto Constituinte é instalada

Militares colocaram cercas de metais no entorno do Parlamento no dia de instalação de Constituinte - Reprodução Twitter

CARACAS — A Guarda Nacional Bolivariana (GNB) fechou os acessos ao Parlamento venezuelano deste a madrugada desta sexta-feira, para a instalação da Assembleia Nacional Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. Os militares colocaram cercas de metais no local e proíbem a passagem de veículos. Maduro instalará nesta sexta-feira sua a Constituinte, apesar das dúvidas sobre a transparência da eleição, a ampla rejeição internacional e os incessantes protestos opositores.
Para esta sexta-feira, está previsto que duas mobilizações cheguem à sede do Parlamento, uma dos apoiadores do governo e outra da oposição. Os manifestantes contra Maduro planejam manifestar sua rejeição à Constituinte que consideram fraudulenta. A votação que elegeu os membros que reescreverão a Constitução venezuelana está sendo investigada pela Procuradoria após denúncias de manipulação. A Smartmatic, empresa que deu suporte tecnológico à votação, provocou uma reviravolta ao denunciar nesta semana que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) aumento o número de eleitores.
Segundo o CNE, oito milhões de pessoas participaram da votação, um milhão a mais do que calcula a Smartmatic. A oposição assegura ter conseguido 7,6 milhões de votos contra a Constituinte em um plebiscito simbólico no dia 16 de julho. A denúncia golpeou ainda mais a legitimidade da iniciativa, questionada desde o início porque Maduro a convocou sem consultar os venezuelanos em um referendo .
Dotados de poderes ilimitados por tempo indefinido, os mais de 500 membros da Constituinte ficarão no salão elíptico do Palácio Legislativo, local onde fica o Parlamento, de maioria opositora. A oposição prepara grandes protestos com o objetivo de impedir a posse do órgão de suprapoder.
Com medidas de maior controle, a nova Constituição, segundo Maduro, resgatará a colapsada economia do país petroleiro, que asfixia os venezuelanos com escassez de alimentos e remédios e uma inflação brutal. O presidente afirma ainda que a Constituinte trará a paz a um país convulsionado por protestos opositores que já deixaram cerca de 125 mortos desde que começaram há quatro meses, pedindo sua saída do poder.
REJEIÇÃO INTERNACIONAL
Os Estados Unidos, a União Europeia e uma dezena de países não reconhecem a Constituinte por considerá-la uma ameaça à democracia. O Congresso do Peru pediu a saída do embaixador venezuelano em Lima, em repúdio à Constituinte. Já o Vaticano pediu às forças de segurança da Venezuela que evitem o uso excessivo e desproporcional da força, em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, horas antes da instalação da polêmica Assembleia Constituinte do presidente Nicolás Maduro.
Enquanto isso, o Panamá outorgou asilo político a dois magistrados nomeados a uma Suprema Corte paralela pelo Parlamento venezuelano, que é controlado pela oposição. O governo Maduro não reconhece o tribunal formado no mês passado. Em nota, a chancelaria panamenha disse que respondeu positivamente aos pedidos de asilo político de Gustavo Sosa Izaguirre e Manuel Antonio Espinoza Melet. Outros juízes estão sob proteção da embaixada chilena em Caracas.
Por sua vez, o presidente da França, Emmanuel Macron, se ofereceu para mediar as conversas políticas na Venezuela, enquanto critica com dureza a violência que toma o país. Em comunicado, condenou a detenção de Leopoldo López e Antonio Ledezma, afirmando que a França "apoiará qualquer mediação que permita a retomada de um diálogo confiável, sincero e sério e o fim da espiral de violência".
Parceiros e a Constituinte
Países com os quais Venezuela tem relações comerciais reagiram de diferentes maneiras
Apoia a Constituinte
Condenou a Constituinte
Não se manifestou
Em cima do muro
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Um dia após a eleição, o governo americano impôs sanções financeiras e jurídicas a Maduro, a quem chamou de ditador, e na semana passada, 13 altos funcionários venezuelanos ligados ao presidente também foram sancionados, incluindo a presidente do CNE. A crise venezuelana será tratada pelos chanceleres do Mercosul no sábado. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também convocou uma reunião para debater sobre a Venezuela.
Desde que Maduro convocou a Constituinte no dia 1º de maio, a oposição rejeitou participar da iniciativa ao considerá-la uma fraude pela qual Maduro buscava evitar as eleições e perpetuar-se no poder. Cerca de 80% dos venezuelanos rechaçam o governo Maduro e 72% não apoiam a Constituinte, segundo a Datanálisis. Porém, o presidente contou com o apoio dos poderes judicial, eleitoral e militar para levar a cabo seu projeto.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |