sexta-feira, 31 de julho de 2015

POLÍTICA: CPI da Petrobras põe empresa de investigação para vasculhar depoimentos de delatores

OGLOBO.COM.BR
POR VINICIUS SASSINE

Objetivo da Kroll é tentar anular delações que complicaram a situação do presidente da Câmara


BRASÍLIA — CPI da Petrobras decidiu usar a empresa de investigações Kroll para vasculhar contas bancárias e patrimônio no exterior de 12 delatores da Operação Lava-Jato. Depois, o número de alvos foi reduzido para quatro, por decisão do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), e do subrelator André Moura (PSC-SE). Os quatro investigados atualmente pela Kroll são todos delatores da Lava-Jato, entre eles o doleiro Alberto Youssef, o consultor Júlio Camargo e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, conforme o relato de deputados próximos a Motta e Moura.
As delações de Youssef e de Camargo foram decisivas para a investigação de denúncias de corrupção envolvendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no âmbito da Operação Lava-Jato. Youssef foi o primeiro a afirmar que Cunha pressionou pelo pagamento de propina a partir de contratos de aluguel de navios-sonda na Petrobras, usando, para isso, requerimentos de investigações na Câmara.
A delação de Youssef foi usada para justificar a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o presidente da Câmara por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No último dia 16, Camargo confirmou o depoimento de Youssef e disse que Cunha pediu pessoalmente US$ 5 milhões em propina, relativos aos contratos dos navios-sonda. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar a denúncia contra Cunha até o fim de agosto.
O deputado Hugo Motta é próximo de Cunha e está no cargo de presidente da CPI por decisão do aliado. André Moura também é um dos mais próximos e fiéis aliados do presidente da Câmara.
LISTA INICIAL TINHA 15 NOMES
O trabalho da Kroll, que consumiu R$ 1 milhão da Câmara e deve ser aditivado para a próxima etapa de investigações, está concentrado em descobrir informações que poderiam levar à anulação dos depoimentos dos delatores de Cunha.
Num acordo de delação, os colaboradores se comprometem a identificar à Justiça todo o patrimônio e todas as contas bancárias alimentadas com dinheiro proveniente dos crimes confessados. As listas de investigados pela CPI — a primeira de 15 nomes, a segunda de 12 delatores e a última, reduzida a quatro — são mantidas em sigilo por Motta e Moura. A alegação oficial é de que a revelação dos nomes, até mesmo aos integrantes da CPI, atrapalharia as investigações da Kroll.
— Não posso dizer quem são essas pessoas — disse Moura.
O subrelator nega qualquer interferência de Cunha nas decisões da cúpula da CPI sobre a Kroll:
— Quem faz um trabalho contra o presidente, internamente e externamente, é quem diz que ele comanda as investigações. Hoje, Cunha é o adversário número um da presidente Dilma e do PT.
Em nota, Cunha afirmou que não participa de “qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia”. Ele disse que a direção da Câmara tratou apenas da “contratação administrativa” da Kroll, a pedido da CPI. A nota foi divulgada por Cunha para contestar reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, que mostrou o uso da Kroll para investigar Júlio Camargo.

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