terça-feira, 28 de julho de 2015

ECONOMIA: Após Brasil ter perspectiva rebaixada pela S&P, dólar sobe mais de 1% e passa dos R$ 3,40

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Temor de perda do grau de investimento pressiona cotação; Ibovespa sobe 1,65%
Notas de cem dólares - Xaume Olleros / Bloomberg News/20-7-2015

SÃO PAULO - O dólar comercial acelerou o movimento de alta após a Standard & Poor’s colocar em perspectiva negativa a nota (rating) do Brasil. Isso significa que, nessa agência de classificação de risco, o país pode perder o grau de investimento no curto prazo. Com esse temor, a moeda americana registrava alta de 1,39% ante o real às 13h23, cotada a R$ 3,409 na compra e a R$ 3,411 na venda. Esse é o maior valor desde os R$ 3,424 de 27 de março de 2003. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encontra espaço para recuperação. O índice de referência Ibovespa opera em alta de 1,65%, aos 49.540 pontos, interrompendo, por enquanto, uma sequência de sete quedas.
A nota do Brasil na S&P é BBB-, um degrau acima do nível especulativo. Se perder, o Brasil perde o selo de bom pagador. Na Moody’s e na Fitch, o Brasil ainda está dois níveis acima do especulativo, mas é esperado uma revisão para baixo em breve.
— A alta do dólar não está relacionada a um só fator. A alta teve início na semana passa, com a mudança da meta fiscal, mas de lá para cá a preocupação com a China aumentou, e isso influencia o preço das matérias primas e acaba por impactar na taxa de câmbio dos países exportadores de commodities. E o risco de perda do grau de investimento — avaliou Marcelo Castello Branco, economista da Saga Capital.
Uma nova fase da operação Lava Jato, que resultou na prisão do presidente licenciado da Eletronuclear, também colaborou para aumentar a volatilidade do pregão, impulsionando a pressão por compras da moeda americana.
No exterior, o dólar ganha força, com alta de 0,26% no "dollar index", que mede o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas.
CHINA NO RADAR
Em relação ao mercado acionário, as bolsas da Europa operam em alta e as asiáticas também fecharam em terreno positivo, com exceção dos índices chineses, que voltaram a cair - a Bolsa de Xangai recuou 1,68%, após o tombo de 8,48% na segunda-feira. O DAX, de Frankfurt, opera em alta de 0,37% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, sobe 0,34%, em ritmo menor do que o observado mais cedo. Já o FTSE 100, de Londres, opera com valorização de 0,29%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 0,39% e o S&P 500 registra leve alta de 0,13%.
Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets, lembra que apesar da queda na Bolsa de Xangai não ter refletido para outros mercados nesta terça-feira, é importante ficar atento aos sinais de desaquecimento no maior parceiro comercial do Brasil.
— Já começa a ganhar corpo a hipótese da alta da taxa de juros nos EUA ser postergada por conta da instabilidade no gigante asiático. Caso isso ocorra, poderá haver um rearranjo na distribuição do capital nos mercados emergentes. Outro ponto importante para nosso mercado é o impacto de um desaquecimento mais significativo da economia chinesa”, disse, lembrando que isso poderia agravar a crise brasileira e deixar o país mais próximo da perda do grau de investimento.
Diante da pouca probabilidade de sucesso na intervenção no mercado acionário, começou a se especular que o governo chinês estaria estudando uma nova redução na taxa de juros e até mesmo uma intervenção mais aguda no câmbio.
Nesse pregão de recuperação, as principais ações do Ibovespa operam em alta. Os papéís preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras operam em alta de 4,94%, negociados a R$ 9,98, e os ordinários (ONs, com direito a voto) sobem 6,23%, a R$ 11,07. No caso da Vale, a alta é de 5,21% nas PNs e de 7,63% nas ONs. Os bancos, que possuem o maior peso na composição do índice, também operam com ganhos. As ações do Itaú Unibanco sobem 1,56% e as do Bradesco avançam 1,33%. No caso do Banco do Brasil, as ações estão praticamente estáveis, com leve variação negativa de 0,04%.
Internamente, os investidores estão atentos à decisão da taxa de juros no Brasil. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem início nesta terça-feira, mas só quarta-feira, após o fechamento do mercado, é que será comunicada qual será a nota taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
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