sexta-feira, 31 de julho de 2015

CORRUPÇÃO: Camargo Corrêa vai colaborar com investigações no setor elétrico

FOLHA.COM
RAQUEL LANDIM, DE SÃO PAULO

A construtora Camargo Corrêa firmou nesta sexta-feira (31) um acordo de leniência com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e vai colaborar com as investigações da Operação Lava Jato que avançam sobre o setor elétrico.
A Polícia Federal deflagrou na terça-feira (28) a 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade, com foco em contratos firmados por com a Eletronuclear – uma subsidiária da Eletrobras –, nas obras da usina nuclear Angra 3 e em pagamentos de propina a funcionários da estatal.
As investigações apontam que o presidente licenciado da Eletronuclear, o almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, recebeu R$ 4,5 milhões em propina.
"Pode parecer um valor pequeno, mas é um primeiro passo da investigação na área de energia", disse, na terça, o delegado Igor Romário de Paula. Othon nega. Em depoimento, disse que o valor refere-se a traduções efetuadas por sua filha e serviços do genro.
ACORDO
Funcionários e ex-funcionários da Camargo Corrêa também participam do acordo – entre eles, o ex-presidente Dalton dos Santos Avancini, que também se tornou delator na Lava Jato.
Dalton afirmou, em depoimento durante as investigações, que a Camargo e outras empreiteiras pagaram propina para garantir contratos em Angra 3 e na usina hidrelétrica de Belo Monte. Disse, também, ter pago R$ 10 milhões em propina ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi ministro de Minas e Energia até 2014. O ministro nega.
Pelo acordo de leniência, os investigados confessam sua participação, fornecem informações e apresentam documentos que comprovem as investigações do alegado cartel nas obras da usina Angra 3, da Eletronuclear.
A empreiteira já vinha negociando esse acordo, exclusivo para a prática cartel e que foi assinado em conjunto com o Ministério Público Federal do Paraná, há aproximadamente quatro meses.
As empreiteiras apontadas como participantes do cartel na Eletronuclear são Andrade Gutierrez, Odebrecht, Queiroz Galvão, EBE (Empresa Brasileira de Engenharia), Technit, UTC, além da própria Camargo Corrêa. Pelo menos vinte e dois funcionários e ex-funcionários teriam participado do esquema, segundo as investigações.
Os alvos da operação
ELETROBRAS
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também sustenta que, a exemplo do que ocorria na Petrobras, empresas privadas também formaram cartéis para atuar em outras áreas do governo: "Eletrobras, construção de hidrelétricas, portos e aeroportos", elencou, em delação premiada, reafirmando o que já havia dito à CPI da Petrobras.
A Eletrobras tem papéis na Bolsa de Nova York, onde é obrigada a prestar informações detalhadas de suas contas. Em abril, a estatal anunciou que não publicaria seu balanço nos EUA devido ao envolvimento na Lava Jato. Isso causou uma perda nas ações da companhia, o que levou investidores a preparar um processo contra a empresa.
O atraso na divulgação dos números se deve à necessidade de uma auditoria interna após o depoimento à Justiça de Dalton Avancini.
Agora, a Eletrobras percorre agora o mesmo caminho da Petrobras, pivô do esquema investigado pela Lava Jato. A Petrobras demorou cinco meses para publicar seu balanço nos EUA, até que uma auditoria interna chegasse ao valor de perdas sofridas com a corrupção (R$ 6,3 bilhões).
Desde o final do ano passado, a Petrobras foi alvo de cinco ações coletivas de indenização nos Estados Unidos (mais tarde unificadas), além de ações individuais de fundos de investimento.

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