terça-feira, 6 de maio de 2014

SEGURANÇA: Caseiro nega que tenha confessado e participado da morte de Malhães

Da FOLHA.COM
LUCAS VETTORAZZO, DO RIO

O caseiro Rogério Pires, preso por suspeita de ter envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães, negou nesta terça-feira (6) ter confessado à polícia e de ter participado do crime.
Pires foi ouvido por integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, no Rio. A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da comissão, os senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous, visitaram o caseiro que está em uma cela na Delegacia Antissequestro, no Leblon, zona sul.
Além de registrar que a negativa do caseiro contraria as informações apresentadas anteriormente pela Polícia Civil, de que Pires havia confessado participação no crime em depoimento tomado no último dia 29, os senadores verificaram que Pires está sem advogado e declarou-se analfabeto.
A senadora Ana Rita informou que a Comissão Estadual da Verdade do Rio enviará ofício à defensoria pública do Estado para que assuma o caso. Os senadores criticaram à condução do caso pelas autoridades do Estado.
"Esse encontro foi o mais transparente e esclarecedor sobre o caso. O fato de ele não ter advogado e negar a autoria não ter se tornado público mostra que falta transparência na condução do processo", disse Randolfe Rodrigues.
Ontem, o pré-candidato do PSOL à Presidência, Randolfe Rodrigues, criticou a atuação da Polícia Civil do Rio na investigações sobre a morte do coronel Paulo Malhães. "O caminho tomado pela polícia me preocupa muito. Desde o começo, estão tentando descartar qualquer hipótese que não seja a de latrocínio simples", afirmou Randolfe.
Segundo os senadores, o caseiro disse que os homens que invadiram o sítio usaram o telefone fixo da residência para se comunicar com pessoas no lado de fora da casa. A CDH pedirá a quebra dos sigilo dessa linha telefônica. A CDH pedirá também uma cópia do inquérito policial sobre o caso.
Daniel Marenco/Folhapress
O coronel Paulo Malhães foi encontrado morto em sua casa no Rio
Pires disse que foi rendido e ficou amarrado em um cômodo do sítio ao lado da mulher de Malhães, Cristina Batista Malhães, das 13h às 22h. Malhães, segundo o caseiro teria dito aos senadores, foi a amarrado em outro cômodo. Só depois de serem liberados, que perceberam que o coronel da reserva estava deitado de bruços, já morto.
A polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Foram levados dinheiro, joias, armas e computadores do sítio. Três homens teriam invadido o imóvel. Dois dos invasores são irmãos do caseiro, dando força à tese de que Pires teria facilitado a entrada dos ladrões na casa.
SAIA JUSTA
Assim que chegaram à Delegacia Antissequestro, os senadores não foram autorizados a falar com o caseiro. De acordo com os parlamentares, o delegado não havia deixado recado ao delegado de plantão para liberar o acesso ao preso.
Os senadores afirmaram ter informado da visita à secretaria estadual de Segurança Pública e à chefia de Polícia Civil do Estado. Depois de 35 minutos na porta da DP sem poder entrar, os senadores chegaram a cancelar a diligência. No momento em que relatavam à imprensa sobre a situação e acusavam o Estado do Rio de estar dificultando propositadamente o trabalho da comissão, um funcionário da DP trouxe a informação de que o acesso havia sido liberado.
MORTE
No dia 25 de abril, Malhães foi encontrado morto com sinais de asfixia, num dos cômodos de seu sítio, em Nova Iguaçu (RJ). Na ação dos criminosos, a mulher do militar e o próprio caseiro foram amarrados em quartos distintos, após a invasão da casa.
O coronel reformado havia prestado, um mês antes, depoimento à Comissão da Verdade no qual reconhecia ter participado de torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura militar (1964-1985). Membros de comissões da Verdade nacional e do Rio suspeitam de "queima de arquivo".

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