quinta-feira, 8 de maio de 2014

VIOLÊNCIA: 325 ônibus foram depredados em greve no Rio, afirma sindicato de empresas

Do ESTADAO.COM.BR
Marcelo Gomes e Thaise Constâncio - O Estado de S. Paulo

Paralisação que teve inicio na madrugada provoca transtornos na capital fluminense
Fabio Motta/Estadão
Sem ônibus, pessoas caminham pela Av. Presidente Vargas
RIO - O Rio Ônibus, sindicato que representa os quatro consórcios que operam o sistema de transporte coletivo no Rio, afirma que 325 ônibus foram depredados na cidade na manhã desta quinta-feira, 8. A paralisação dos rodoviários foi iniciada de madrugada, com piquetes em frente às garagens.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio, Sebastião José, homens em motos e carros, encapuzados, estão parando coletivos nas ruas e forçando os motoristas a parar de trabalhar.
Sebastião calcula que 30% dos motoristas e cobradores (são cerca de 40 mil profissionais) estão parados, mas a adesão parece bem maior. A categoria conseguiu reajuste salarial de 10% e 40% de aumento na cesta básica, que foi de R$ 120 para R$ 150. No entanto, os grevistas querem reajuste de 40% e cesta básica no valor de R$ 400, além do fim do acúmulo das funções de motorista e cobrador. Segundo o sindicato, o acordo havia sido aceito pela maioria.
"Tinha 350 pessoas na assembleia e só 30 queriam greve. Mostramos que conseguimos o melhor reajuste do País, que greve não melhora a proposta patronal. Ninguém conseguiu 10%. Em Porto Alegre e em Belo Horizonte fizeram greve e eles conseguiram 7 ou 7,5%", disse o dirigente. "A tendência é a adesão crescer, porque tem muita gente batendo em motorista na rua. O clima é de guerra, o Rio virou um barril de pólvora. Deve ter interesse político, porque motorista de ônibus não tem essa estrutura, carro, moto."
Piquetes. Desde o início da manhã, vários piquetes prejudicam o trânsito na cidade. Por volta das 8h30, grevistas fecharam duas das três pistas da pista sentido Barra da Tijuca da Avenida Ayrton Senna, na saída da Linha Amarela. Eles tentaram evitar que um ônibus passasse pelo local, mas foram contidos por uma viatura da Polícia Militar. Já o BRT TransOeste (corredor exclusivo para ônibus articulados), que liga a Barra da Tijuca a Campo Grande, circula com 60% da capacidade.
Perto dali, outra manifestação fechou mais cedo a Avenida Edgard Werneck, em Jacarepaguá. Poucos ônibus comuns circulam pelo bairro. Os pontos estão lotados. Os ônibus executivos, conhecidos como frescões, circulam cheios, com passageiros em pé. Os motoristas que não aderiram à greve estão trabalhando sem uniforme.
No centro da cidade, milhares de pessoas que desembarcam dos trens da SuperVia permanecem nos pontos esperando ônibus para seguirem para o trabalho.
Já a estação Central do metrô está com controle de acesso de passageiros para evitar confusão. A concessionária suspendeu a venda dos bilhetes de integração metrô-ônibus nesta quinta. Os ônibus do sistema metrô na superfície também não estão circulando. A concessionária informou que está operando com sua capacidade máxima para atender à demanda. O horário de pico será estendido até 21h15.
Depredação. Por volta das 7h30 um grupo de homens depredou um ônibus na Rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel, zona norte da cidade. De acordo com o motorista que se identificou apenas como Fabio, o grupo estava em um carro particular. Seriam, segundo testemunhas, rodoviários envolvidos com a greve da categoria, e não passageiros revoltados a com a falta de condução para chegar ao serviço.
"Eles me fecharam e jogaram a pedra no para-brisas. Me fizeram abrir a porta e levaram a chave. Não consigo nem tirar o ônibus daqui", afirmou. Para soltar a chave do veículo, que fica presa no painel, os manifestantes usaram uma faca para cortar o cabo.
O ônibus, que seguia de Jacarepaguá, na zona oeste, para o centro, parou no meio do caminho. "Meu único medo era que eles fizessem alguma coisa na serra (estrada que liga os bairros do Grajaú, na zona norte, a Jacarepaguá), porque os passageiros poderiam ficar desesperados. Funcionário da empresa Transportes Barra há 12 anos, Fábio começou como motorista e atualmente trabalha em uma função administrativa.
Ele disse que defende a greve, iniciada à meia noite desta quinta-feira, 8, mas discorda das ações violentas. Por causa da paralisação, precisou voltar para as ruas."Quem fez isso (depredou o ônibus) vai ganhar o mesmo aumento que a gente (que continua trabalhando). Não precisa dessa violência. Todo mundo sai prejudicado", disse. Para fugir de depredações e engarrafamentos, alguns motoristas de diversas linhas de ônibus mudam de rota em busca de trajetos alternativos.

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