De OGLOBO.COM.BR
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Separatistas pró-Rússia fogem de confrontos com tropas ucranianas em Slaviansk; quatro militares e uma mulher são mortos
Forças especiais se dirigem à cidade portuária de Odessa, segundo ministro do Interior
Moscou divulga ‘Livro Branco’ denunciando ‘violações em massa’ de direitos humanos na Ucrânia
Soldado levanta bandeira da Ucrânia em cima de um veículo blindado em um posto de controle perto da cidade de Slaviansk, no Leste do país BAZ RATNER / REUTERS
SLAVIANSK — Novos confrontos foram registrados nesta segunda-feira no Leste da Ucrânia, provocando temores de uma possível guerra civil, enquanto o Ocidente tenta retomar o diálogo com a Rússia, que afirma estar preocupada com a “paz” na Europa. Um tiroteio intenso ocorreu durante várias horas nesta manhã nos arredores do reduto insurgente pró-russo de Slaviansk, deixando ao menos quatro mortos e 30 feridos entre os membros das forças de segurança da Ucrânia, e provocando a fuga de rebeldes da cidade. Uma mulher morreu após ser baleada na varanda de sua casa. Há também relatos de mortos do lado dos separatistas, mais ainda não se sabe o número. Durante uma visita a Abu Dhabi, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se ofereceu para mediar a crise.
Os separatistas têm utilizado a população como “escudo” e também atearam fogo em casas, causando vítimas, de acordo com o ministério. Pesados disparos podiam ser ouvidos quase continuamente e pareciam vir de mais perto do centro de Slaviansk, constatou um correspondente da Reuters. Quatro ambulâncias foram vistas na área, onde pelo menos dois veículos blindados de transporte de pessoal e vários rebeldes fugiram.
— Minha missão é eliminar os terroristas — declarou mais cedo o ministro do Interior, Arsen Avakov, em um posto de controle perto da zona de combate. — A única tática é avançar pouco a pouco para o centro de Slaviansk.
De acordo com o comandante da Guarda Nacional, Stepan Poltorak, também no local, “nossos adversários são bem treinados e bem equipados”.
— Eles fazem de tudo para nos obrigar a usar armas pesadas, mas não vamos fazer isso para poupar a população civil — ressaltou.
O comandante rebelde Vadim Orel afirmou que o Exército ucraniano atirou contra os insurgentes a partir de um helicóptero e utilizou foguetes perto de outra localidade 5 km ao sul de Slaviansk. No domingo à noite, a porta-voz dos rebeldes, Stella Khorocheva, afirmou que os insurgentes haviam “recebido reforços” da Crimeia e da Chechênia (Rússia), mas sem especificar um número.
Em Odessa, uma nova unidade de forças especiais se dirige à cidade portuária, depois do fracasso “ultrajante” da polícia em combater os separatistas em um fim de semana de violência que matou dezenas, afirmou o ministro do Interior, Arsen Avakov, que estava em um posto de controle a seis quilômetros do local dos enfrentamentos em Slaviansk.
O caos em Odessa, um porto do sudoeste com uma ampla mistura étnica de russos, ucranianos, georgianos e tártaros, foi o mais mortífero desde que o presidente deposto pró-Moscou Viktor Yanukovich fugiu para a Rússia em fevereiro e militantes pró-russos se rebelaram no Leste do país. A situação é vista como um alerta de perigo caso a rebelião se espalhe para além do Leste ucraniano de língua russa.
Rússia denuncia violações em massa na Ucrânia
A Rússia, acusada pelo Ocidente e Kiev de estar por trás da desestabilização do leste e sul da Ucrânia, afirmou nesta segunda-feira que a crise ameaça a estabilidade e a paz na Europa se a comunidade internacional não responder de maneira adequada às “violações em massa” dos direitos humanos.
Em um “Livro Branco” divulgado nesta segunda-feira, o ministério russo das Relações Exteriores estabelece uma lista das violações cometidas na Ucrânia pelas “forças ultranacionalistas, extremistas e neonazistas”.
O documento apela por uma reação internacional “sem tomar partido”, sem a qual acontecerão “consequências destrutivas para a paz, a estabilidade e o desenvolvimento democrático da Europa”.
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