terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

ECONOMIA: Dólar cai a R$ 2,41 e Bolsa sobe com menor pressão sobre emergentes

De OGLOBO.COM.BR
BRUNO VILLAS BÔAS
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Moeda americana recua a 0,90% após atingir ontem a maior cotação desde agosto do ano passado
Bolsa sobe puxada por ações do Itaú Unibanco, que fechou 2013 com lucro líquido de R$ 15,696 bilhões
RIO - Após escalar ontem para a maior cotação desde 21 de agosto do ano passado, em meio a preocupações dos investidores sobre a recuperação da economia mundial, o dólar teve um dia de desvalorização pelo mundo. A moeda americana fechou em queda de 0,90% frente ao real, pela cotação comercial, a R$ 2,413 na compra e R$ 2,415 na venda. O movimento foi internamente ajudado pela antecipação da rolagem de contratos de swap cambial - equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro - anunciada pelo Banco Central (BC) ontem.
Segundo Eduardo Suarez, estrategista sênior de câmbio do Scotiabank, sediado em Nova York, os mercados passaram por um “repique” após a turbulência de ontem. Ele acredita que as moedas de países emergentes podem ter um comportamento “mais leve” até a próxima sexta-feira, quando será divulgada a taxa de desemprego da economia americana do primeiro mês do ano, o que pode provocar novas turbulências.
- No Brasil, a questão fiscal segue no centro das atenções. O fiscal está limitado, após os incentivos oferecidos nos últimos anos pelo governo a diferentes setores da economia. E existe ainda o possível corte da nota do Brasil pela Standard&Poor's (S&P) nos próximos meses e ainda a preocupação com a inflação elevada, o que é importante na disputa por recursos globais - explica Suarez.
Na máxima, o dólar chegou a avançar 0,08% frente ao real, a R$ 2,439. Na mínima, caiu 1,23%, a R$ 2,407. Entre as moedas que também se valorizam frente ao dólar estão o rand sul-africano (1,71%), a lira turca (1,81%) e o peso mexicano (1,34%). Divisas de países do Leste europeu recuperam-se parcialmente, como o florim húngaro (1,67%) e o zloty polonês (0,88%), segundo acompanhamento da agência Bloomberg News.
Pela manhã, o BC brasileiro vendeu 4 mil contratos de swap cambial, numa intervenção de US$ 197 milhões. Ontem, a autoridade monetária divulgou que vai começar na quinta-feira a rolagem de US$ 7,4 bilhões em contratos de swap cambial com vencimento em 5 de março. O BC teria antecipado esse tipo de operação: a rolagem dos contratos começou de fevereiro foram realizadas apenas em meados do mês.
O câmbio turismo, referência para compra de papel-moeda e carregamento de cartões pré-pagos, fechou cotado a R$ 2,53, queda de 0,78% frente ao fechamento de ontem.
Juro futuro cai com produção industrial e exterior
Com a menor pressão externa, os juros recuam no mercado futuro brasileiro. Os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2015, os mais negociados do dia, recuam de 11,73% para 11,63%. Os com vencimento em janeiro de 2017 caem de 13,09% para 13,02%. A queda é influenciada pela produção industrial brasileira, que teve queda de 3,5% em dezembro, na comparação a novembro. Os dados vieram abaixo do esperado pelo mercado, de queda de 1,7% na passagem entre novembro e dezembro, segundo a Bloomberg News.
A agência da classificação de risco Fitch destacou nesta terça-feira que as “finanças públicas do Brasil continuam a representar uma relativa fraqueza de seu perfil de crédito”. Num relatório que não configura uma decisão de rating, a agência acrescentou que “um aperto na política fiscal iria melhorar a credibilidade da política macroeconômica brasileira em geral e contribuiria para colocar a dinâmica da dívida do governo em bases mais sólidas”. O Brasil tem nota “BBB” na Fitch, com perspectiva estável.
Itaú Unibanco e BR Malls lideram ganhos do Ibovespa
Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recupera nesta terça-feira uma pequena parcela das perdas dos últimos dias. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, sobe 1,99%, aos 47.068 pontos, num dia sem tendência clara no mercado externo de aços. Apesar da leve recuperação, o estrago segue grande para investidores: o índice acumula baixa de 9% neste ano. Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 3,13%, aos 46.133 pontos, a menor pontuação desde 12 de julho do ano passado.
Entre os destaques do pregão de hoje, o Itaú Unibanco, maior banco privado do pais, divulgou que registrou lucro líquido de R$ 15,696 bilhões no ano passado, um aumento de 15,46% frente ao ano anterior. Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da instituição sobem 3,71%, a R$ 31. Itaúsa PN, a holding do banco, avança 4,13%, a R$ 8,56. O resultado puxou ações de outros bancos, como Bradesco PN (2,25%, a R$ 25,81).
Já as ações ordinárias (ON, com voto) da BR Malls sobem 5,62%, a R$ 15,58, maior avanço dos papéis em duas semanas. A companhia divulgou sua prévia operacional na noite de ontem. O volume consolidado de vendas dos lojistas de shoppings da BR Malls atingiu R$ 7,1 bilhões no último trimestre do ano passado, um aumento de 12,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Em relatório divulgado aos clientes ontem, o banco de investimentos americano J.P.Morgan avaliou que as perdas com ações na América Latina, que chegaram a 9,6% no mês passado, tiveram múltiplas origens, como a “combinação do menor ritmo de crescimento da atividade global, menores preços de commodities e preocupações sobre emergentes: influência do sistema financeiro chinês, turbulências políticas, desvalorização na Argentina e preocupações fiscais no Brasil”.
“O desempenho fiscal (no Brasil) continua desapontando: o setor público consolidado terminou 2013 com um superávit primário de 1,9%, menor que o superávit de 2,4% de 2012. E mesmo que com um resultado melhor que o esperado (produção industrial, vendas no varejo e inflação), a confiança do consumidor e dos empresários declinou. Apesar da menor criação de emprego, a taxa de deemprego marcou um novo recorde histórico (4,3%)”, avaliou Pedro Martins Junior, chefe da área de estatégia para América Latina do J.P.Morgan.
Bolsa de Tóquio tem pior pregão em oito meses
Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, opera em alta de 0,62%. O S&P 500, das 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA, sobe 0,85%. E o Nasdaq, considerado uma referência para o setor de tecnologia, sobe 1,03%.
O indicador econômico mais aguardado do dia foi divulgado às 13h pelo Departamento de Comércio dos EUA. As encomendas às fábricas americanas encolheram 1,5% em dezembro, melhor que a expectativa dos economistas, de uma queda de 1,8%. O número é considerado um indicador antecedente da atividade americana e contribuiu para a alta das ações americanas e brasileiras no período da tarde.
As Bolsas da Europa tiveram um dia sem tendência clara. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, fechou em baixa de 0,25%. O CAC 40, principal índice da Bolsa de Paris, avançou 0,24%. O DAX, de Frankfurt, terminou o pregão em queda de 0,64%.
No mercado de ações da Ásia, a Bolsa de Tóquio teve o pior pregão em oito meses, com investidores preocupados com o cenário da economia mundial. O índice Nikkei fechou em queda de 4,18%, aos 14.008 pontos. Os papéis da Toyota Motor, maior montadora do mundo, fecharam em baixa de 5,7%. Outros mercados da região tiveram fortes perdas, como a Bolsa de Hong Kong, que caiu 2,89% na volta do feriado do Ano Novo Lunar. O destaque foi a queda 16,40% da empresa de tecnologia Lenovo, com investidores preocupados sobre a a compra da Motorola.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |