quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

DIREITO: Médica cubana vai pedir refúgio ao Brasil e quer trabalhar no país

De OGLOBO.COM.BR
EVANDRO ÉBOLI (EMAIL)
ISABEL BRAGA (EMAIL)

Profissional teme pela segurança da filha que mora em Cuba. Pedido de refúgio será analisado pelo Conare, ligado ao Ministério da Justiça
A médica cubana Ramona Matos |Rodriguez Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA - Parlamentares do DEM, que estiveram reunidos nesta quarta-feira com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmaram que a médica cubana Ramona Rodríguez vai entrar na tarde de hoje com um pedido de refúgio. Nesse caso, é preciso comprovar que há perseguição, e o pedido é analisado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça.
Em entrevista dada nesta quarta-feira, no Salão Verde da Câmara, Ramona Rodríguez afirmou que pediu ajuda ao DEM para obter asilo político e trabalhar no Brasil como médica. Ramona voltou a dizer que foi "enganada" pelo governo cubano, que percebeu isso pela diferença salarial entre o que ela recebe e outros médicos estrangeiros e reclamou de estar sendo vigiada por agentes cubanos. Ela disse ainda que é divorciada e tem uma filha médica morando em Cuba que recebe cerca de U$ 35 por mês para trabalhar. Ela disse ainda que a filha está muito preocupada com ela.
- Temo pela segurança da minha família. Falei por telefone com minha filha, que é médica, está preocupada, chorando muito. Pedi proteção do deputado (Caiado), do Congresso, porque fiquei com muito medo por minha vida. Estou certa de que se vou para Cuba, vou estar presa. Fui enganada pelo governo cubano. Fizeram contrato conosco, mas quando vim para o Brasil me dei conta, conversando com médicos colombianos, venezuelanos, que eles recebiam R$ 10 mil por mês. Percebi que não era o que tinham falado para nós - disse a médica.
Ela passou a noite na Liderança do DEM da Câmara em companhia de uma assessora do partido. Embora não tenha cama no local foram improvisados colchões, mas ela preferiu dormir em uma poltrona.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), e o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmaram que o partido dará suporte técnico e jurídico a Ramona. A médica disse ter sido informada, por uma amiga, que a PF procurou por ele em Pacajá, no Pará, onde ela trabalhava, e entrevistou pessoas para saber de seu paradeiro.
- Uma amiga disse que a PF tinha ido a minha casa, rastreado minhas chamadas telefônicas, feito entrevistas com pessoas. Em outros países, médicos cubanos fogem e não acontece nada. Não sou delinquente, porque a polícia faz isso? - indagou Ramona.
A médica disse que trabalhou em programa semelhante na Bolívia por 26 meses, onde recebia US$ 200 dólares. Ela afirmou que disseram que dava para viver com U$ 400 no Brasil. De acordo com Ramona, aqui ela foi bem tratada por brasileiros, mas tinha que informar onde ia, não podia ir a outra cidade, percebeu estar sendo vigiada e deu a entender que era por colegas médicos cubanos, o que não acontecia na Bolívia.
Ela disse que em Cuba não tem acesso a informações da internet, mas que aqui obteve e ficou sabendo que Caiado era um defensor e crítico da forma como cubanos eram tratados. Indagada se outros cubanos reclamavam das condições ou insatisfação com o pagamento a menos, Ramona respondeu:
- As pessoas podem pensar, mas não falar! O que acontece é que, se você fala coisas, é deportada. Eu me sentia vigiada por médicos cubanos. Para fazer isso (fugir), tive que ter coragem.
A fuga
Ramona disse que morava em uma casa em Pacajá com duas outras médicas e atendia em um posto de saúde. Conseguiu fugir com ajuda de amigos. Ela contou ainda que avisou para as médicas que moravam com ela que, no sábado, ela "iria para a roça". Deu a entender que achava que uma das médicas podia estar vigiando seus passos. E relatou que saiu cedo de casa, por volta de 6h30, quando as duas outras médicas ainda dormiam.
Ela foi de carro foi até Marabá, onde pegou um avião para Brasília, onde ficou hospedada em casa de amigos que prefere não revelar os nomes. Segundo Ramona, ela não teve problemas em embarcar para Brasília. Ela tem o passaporte e visto temporário para estrangeiros. Todo o trajeto demorou cerca de 12h a 14h.
Confiante em ficar no Brasil
A médica disse ainda estar confiante de que conseguirá asilo politico. Caiado disse que, além de pedir audiência ao ministro da Justiça, também fizeram contato com a OAB, CNBB e Ministério Público do Trabalho para que possam conversar com ela e se informar das condições de trabalho dos médicos cubanos.
- Não somos contra o programa, mas é inadmissível que eles sejam tratado como são. É utilizar mão de obra análoga a trabalho escravo. Omitem dela o valor recebido e o Brasil aceita contrato manipulado. É um tratamento discriminatório. Ela permanecerá aqui na liderança até que o asilo seja concedido. Espero que seja rápido, como foi para Battisti - alfinetou Caiado.
O líder do DEM disse que pedirá ao governo brasileiro para entrar em contato com o governo cubano e pedir que seja garantida a integridade da filha da médica, no país.
- Fazemos um apelo humanitário. É uma cidadão cubano à mercê do regime ditatorial - disse Mendonça Filho.

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