terça-feira, 20 de agosto de 2013

ECONOMIA: Com intervenções do BC, dólar recua, mas se mantém a R$ 2,40

De OGLOBO.COM.BR

Banco Central fez dois leilões de dólares no mercado futuro
BC também ofertou US$ 4 bilhões em leilões de linha, que equivalem a um empréstimo de dólares aos bancos
Tesouro fez nova recompra extraordinária de títulos prefixados para acalmar investidores

JOÃO SORIMA NETO
SÉRGIO VIEIRA 
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

RIO e SÃO PAULO - O Banco Central e o Tesouro Nacional voltaram a fazer nova ofensiva, nesta terça-feira, para reduzir a velocidade de alta do dólar frente ao real, bem como a alta dos juros. O BC fez leilões de dólares no mercado futuro e à vista e o Tesouro recomprou títulos prefixados, que têm perdas quando os juros sobem. Por enquanto, a estratégia está dando resultado. O dólar se mantém em queda, embora em patamar superior ao da semana passada, e as taxas de juros dos Depósitos Interbancários (DIs) recuam. O dólar também se desvaloriza no exterior frente a outras moedas de países emergentes, nesta terça, o que também contribui para a desvalorização frente ao real.
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Às 15h, a moeda americana tinha baixa de 0,66% a R$ 2,398 na compra e R$ 2,400 na venda. Na máxima do dia, o dólar bateu em 2,410, uma alta de 1,1%, enquanto na mínima chegou a R$ 2,385. O dólar subiu frente real nos últimos seis pregões. No cãmbio turismo, usado pelos brasileiros que viajam ao exterior, a divisa recua 0,78% e é negociada a R$ 2,52.
Logo depois da abertura dos negócios no mercado de câmbio, às 9h, a divisa estava sendo negociada com recuo de 0,70%, a R$ 2,399 na venda. O BC aproveitou que o dólar já estava em queda e realizou dois leilões de swap cambial tradicional, que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro. O BC repetiu a estratégia que usou há duas semanas, intervindo quando a moeda americana já se desvalorizava frente ao real. No primeiro leição, foram vendidos US$ 993,4 milhões em 20 mil novos contratos. No segundo, foram rolados mais 20 mil contratos, que venceriam em setembro, o equivalente a US$ 986,3 milhões. Para amanhã, o BC já anunciou um novo leilão de swap cambial de 20 mil contratos, totalizando US$ 1 bilhão.
— A abertura da sessão de hoje foi bastante positiva para a estratégia do BC de tirar a pressão sobre o mercado de câmbio. Apesar da redução dos títulos de dez anos nos EUA hoje também estar ajudando. Mas o recado da nota do Tombini ontem foi bastante contundente — afirma Luis Otavio de Sousa Leal, economista-chefe do ABC Brasil.
As 11h20m, o BC iniciou os dois leilões de linha. A taxa de corte para recompra do leilão "A" de dólares ficou em R$ 2,46. A taxa de venda foi de R$ 2,399 e a recompra acontece em 2 de janeiro de 2014. A taxa de corte para para recompra no leilão "B" ficou em R$ 2,51, com cotação de venda de R$ 2,399. A recompra acontece em 1º de abril de 2014.

Nos leilões de linha, os bancos tomam os dólares no mercado à vista e o BC os recompra numa data futura. O sócio da corretora Pionner, João Medeiros, explica que esses leilões não afetam negativamente as reservas internacionais, já que saem na data da venda e são repostos na data futura da recompra. O BC não fazia esse tipo de oferta desde 20 de junho deste ano.
A moeda mantém a baixa, por enquanto, mas analistas avaliam que a tendência do dólar continua sendo de alta.
— Certamente ele (o BC) não vai poder mudar a tendência estrutural do mercado cambial que é de desvalorização seguindo a situação externa, mas pode mostrar que a recente desvalorização pode ter sido exagerada. Por enquanto a atuação foi efetiva — analisa.
- O BC está certo ao intensificar a oferta de dólares no mercado futuro, fazendo mais leilões de swap cambial, e os leilões de linha. Mas a verdade é que estamos num contexto de alta global do dólar. O BC tenta atenuar a velocidade de alta da moeda americana frente ao real, mas não vai fazer frente ao movimento mundial de alta do dólar - diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.
Ontem, o mercado financeiro também teve um dia tenso, em que nem mesmo a atuação conjunta do Banco Central e do Tesouro foi capaz de impedir a escalada do dólar e a alta das taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs). A moeda americana fechou com valorização de 0,83%, a R$ 2,416, a maior cotação desde 2 de março de 2009, quando a divisa havia alcançado R$ 2,442.
Tesouro Nacional volta a recomprar papéis prefixados
O Tesouro Nacional faz nesta terça um novo leilão extraordinário de recompra de até 2 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e até 2 milhões de Notas do Tesouro Nacional (NTN- série F), ambos títulos públicos prefixados. Com a recompra desses papéis, o Tesouro tenta aliviar a pressão sobre as taxas futuras de juros. Ontem o Tesouro também fez uma recompra extraordinária dos mesmos papéis.
O Tesouro Nacional informou ter comprado 1,550 milhão de Letras Financeiras do Tesouro (LTNs) a R$ 1,122 bilhão e 197 mil unidades de Notas do Tesouro Nacional- Série F (NTN-Fs), totalizando R$ 179,5 milhões. Não foram aceitas propostas para as LTNs com vencimento em julho/2015 e janeiro/2016 e para as NTN-Fs janeiro/2017, janeiro/2018 e janeiro/2019.
Analistas também atribuem a queda das taxas de juros futuros à declaração de ontem do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que "os movimentos recentemente observados nas taxas de juros de mercado incorporam prêmios excessivos", segundo nota divulgada pelo BC. E o recuo das taxas de juros dos títulos de dez anos do Tesouro dos EUA, hoje, além da queda do dólar, ajudam a tirar a pressão dos DIs.
- As declarações de Tombini sinalizaram que os DI estavam com prêmio excessivo e o BC não pretende acelerar o ritmo de alta da Selic - diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 tinha taxa de 9,19% fre aos 9,33% de ontem. O DI para janeiro de 2015 tinha taxa de 10,39% ante 10,66% de ontem. E o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 11,74% ante 11,84% da véspera.
Fed deve iniciar corte de estímulos à economia em breve
Para Rostagno, é possível que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) inicie o corte de estímulos à economia americana, já na reunião de setembro. Por isso, o dólar se valoriza com mais intesidade frente ao real e a outras moedas de países emergentes. Por mês, o Fed compra US$ 85 bilhões em títulos.
- E no caso do Brasil, há ainda os problemas com nossa economia, como baixo crescimento, inflação em alta, déficit em conta corrente, o que contribui para que os investidores levem seus recursos para os EUA, em busca de segurança - diz o estrategista do banco Mizuho.
Bolsa interrompe sequência de altas
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, índice de referência do mercado, está em queda, interrompendo uma sequência de nove altas. Às 15h, o Ibovespa caía 1,31% aos 50.897 pontos e volume negociado de R$ 4,2 bilhões. A maiort alta é apresentada pelos papéis ON da OGX, com alta de 2,94% a R$ 0,70. A maior perda é dos papéis ON da B2W Digital, com baixa de 5,98% a R$ 13, 20.
Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA cai 1,88% a R$ 31,74; Petrobras PN recua 2,29% a R$ 17,43; Itaú Unibanco PN avança 0,72% a R$ 29,14 e Bradesco PN tem queda de 0,84% a R$ 28,21.
Nos EUA, os principais índices acionários estão em alta. O S&P 500 sobe 0,68%; o Dow Jones se valoriza 0,35% e o Nasdaq tem alta de 0,87%.

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