terça-feira, 25 de junho de 2013

POLÍTICA: Um mar de especulações

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Na onda de descontentamento da presidente Dilma com os percalços de seu governo na economia e em outros campos, como no Congresso, ampliados pela "voz rouca das ruas", Brasília está tomada por um vagalhão de especulações a respeito de uma reforma ministerial que ela fará em breve. A oportunidade seria o recesso do Congresso Nacional, a partir de 15 de julho (se os parlamentares aprovarem a lei de diretrizes orçamentárias para o Orçamento de 2014) e, naturalmente, o arrefecimento das manifestações populares. Afinal, reza um ditado da política nacional, governo não age pressionado. Uma bobagem, age sim. Haja vista, no caso Dilma, a série de demissões no início do governo levadas pelas denúncias de irregularidades envolvendo nada menos que sete ministros, todos devidamente mandados então para casa. Dilma aproveitaria a ocasião para tentar dar mais eficiência gerencial à sua administração, livrar-se de auxiliares pouco efetivos e melhorar sua interlocução com o Congresso e alguns setores da sociedade - agentes econômicos e movimentos sociais e sindicais. Dilma também anteciparia a saída de alguns ministros que em abril de 2014 devem sair para concorrer a governos estaduais. Imagina-se que 14 deles estariam na boca de espera. Inicialmente esta mudança está prevista para o fim do ano. Antecipada, Dilma já teria a equipe com que pretende terminar este mandato e lugar por mais quatro anos no Palácio do Planalto. A partir desse pano de fundo, há especulação para todos os gostos. O primeiro nome especulado é o do ministro Guido Mantega, da Fazenda, pela óbvia necessidade de o governo recuperar a confiança das chamadas classes produtoras e do dito mercado financeiro. Foi o que provocou os boatos da ida de Henrique Meirelles para o Ministério. É improvável, por enquanto, ainda mais com Meirelles, mas ajustes na equipe econômica são bem viáveis. Há sinais de fumaça dando indicações de que Aloizio Mercadante, cada vez mais um assessor político e eleitoral da presidente e cada vez menos um ministro da Educação, poderia ser transferido para a Casa Civil, para melhorar a coordenação do governo e relações do Palácio com o Congresso e os partidos. Esta especulação já andou no ar no início do ano e é tudo que Mercadante quer. Gleisi Hoffmann voltaria ao Senado, onde assumiria uma das lideranças do governo, ou a do Senado ou a do Congresso, tidas como pouco eficientes. Ela ficaria com mais tempo também para preparar sua candidatura ao governo do PR. Dá-se também como possíveis beneficiários de um bilhete azul o secretário geral da presidência da República, Gilberto Carvalho e o chefe da ABIN, general José Milito. O primeiro por falhas na interlocução com os movimentos sociais e o segundo por falhas na detecção das insatisfações populares. O terreno é ainda de meras especulações, mas que há fumaça há e não de pneus queimados por manifestantes contra os aumentos de transportes ou contra os gastos com a Copa do Mundo.

Não viu quem não quis
A insatisfação contra o mundo político e burocrático que explodiu nas praças, ruas e avenidas nos últimos dias já estava latente há algum tempo e só não viu seus sinais quem não quis. Um deles foi dado nas eleições municipais de 2012, na qual tivemos um recorde de não votantes nos últimos anos no país : o total de votos brancos, nulos e abstenções (ou seja, de quem rejeitou todos os candidatos e partidos) chegou a quase 40% do eleitorado inscrito para votar. Outro dado: caiu para menos da metade, desde que esta possibilidade foi incluída em nossa legislação eleitoral, o número de jovens com idade entre 16 e 18 anos, que tiraram seu título de eleitor. Votar nesta idade é facultativo e o interesse deles diminuiu. Não é preciso perguntar a razão.

Silêncio constrangedor
Nunca se viu tanto tão falantes políticos calados como nesses dias, a começar pelo ex-presidente Lula que fala muito em gabinetes a portas fechadas. Os que se arriscaram, partiram para obviedades - ou bobagens. Mas nada mais constrangedor nesse quadro do que o silêncio da oposição, a mostrar que tanto quanto o governo em Brasília ela não esperava o que se passou e não sabe o que fazer.

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