terça-feira, 25 de junho de 2013

POLÍTICA: Primeiro, a eleição, depois os fatos - 1

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

"O diabo nas ruas, no meio do redemunho" (João Guimarães Rosa, "Grande Serão Veredas")

A presidente Dilma Rousseff e seus conselheiros, formais e informais, demoraram mais de uma semana para perceber que o ruído que saía das ruas era muito distinto de um barulho como o das caxirolas que um dia, imprudentemente, ela resolveu tocar em pleno Palácio do Planalto com o músico baiano Carlinhos Brown. Era um barulho político, no seu melhor sentido. Quando o Planalto percebeu o que estava a ocorrer, depois das manifestações da segunda-feira da semana passada, tocou no diapasão errado. Em lugar de mobilizar seu governo para tentar entender o fenômeno e apresentar algumas respostas razoáveis às ruas, tentou em "caco" incluído num discurso sobre o Código de Mineração. Em seguida, partiu para SP para reunir-se com seu comitê eleitoral: o ex-presidente Lula, o ministro (nas horas vagas) da Educação, Aloizio Mercadante, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ministro (sem pasta) de Assuntos de Propaganda, o marqueteiro João Santana. Não é, de modo algum, embora Lula palpite sobre tudo no governo de sua pupila, o grupo mais adequado para discutir as questões postas pelas ruas.

Primeiro, a eleição, depois os fatos - 2
Era óbvio que a preocupação, naquela altura, era com os estragos que as passeatas poderiam causar nos planos reeleitorais da turma. A turma reeleitoral ainda demorou mais dois dias - somente depois das agitações de mais de um milhão e meio de pessoas nas ruas na quinta-feira - para perceber a gravidade do problema. Para perceber que o que estava no ar, muito além das reivindicações pontuais, era uma completa condenação do modo de fazer política e de gerir a coisa pública no Brasil, sem distinções partidárias e de credos. Mais uma vez, porém, Dilma reagiu pelo lado errado. Foi certa, por óbvia, a decisão de fazer o chamado "pronunciamento à Nação". O dito foi apenas correto, protocolar. Mas, há ressalvas : (I) tenta passar, sem tanta sutileza, a maior responsabilidade pelo que não foi feito até agora e está sendo cobrado nas ruas para o Congresso Nacional, os governadores e os prefeitos ; (II) como não acenou com propostas objetivas, o discurso pareceu um requentado do que está parado em algum lugar dos escaninhos públicos ou promessas de longa duração ou difícil aplicação.

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